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Avisos e Liturgia – Sagrada Família – ano B

 

Continuando com as festas solenes do Natal, neste domingo a Igreja recomenda contemplar a Sagrada Família. Esta celebração não ofusca este tempo litúrgico; recordamos e celebramos Deus que quis nascer numa família para que tivesse alguém que Dele cuidasse. Jesus, o Filho de Deus, ao nascer numa família, santificou a família humana. Por isso, veneramos a Sagrada Família como modelo importante e fundamental da família humana. Numa sociedade em que a família não disfruta do mérito e prestigio que merece, é muito importante celebrar esta festa instituída em 1921 pelo Papa Bento XV e colocada no calendário universal da Igreja. A oração colecta recorda-nos que Deus quis dar-nos o modelo da Sagrada Família para que, imitando as suas virtudes familiares e o seu espírito de caridade, possamos um dia reunir-nos na Sua casa para gozarmos as alegrias eternas.

Mas, quais são essas virtudes familiares? O texto do evangelho pode ajudar-nos a encontrar a resposta. José e Maria levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor, para cumprirem os preceitos da lei de Moisés relacionados com a purificação. Esta particularidade do início do texto ajuda-nos a entender que José e Maria eram uma família que cumpria os preceitos da sua religião judaica. Por isso, não é difícil imaginá-los na sua casa a rezar juntos os salmos e a ensinar o Menino Jesus no ritmo diário de oração. É isto que as nossas famílias cristãs deveriam imitar com os mais pequenos da casa para que aprendam a importância de rezar nos diversos momentos do dia. Mas sigamos o texto para encontrar outras virtudes a imitar desta família. A visita ao templo supõe um encontro com duas pessoas interessantes.

Sabemos que Simeão era um homem justo e piedoso e que esperava a hora da consolação de Israel. Movido pelo Espírito Santo vai ao templo e ali encontra-se com a Sagrada Família. Desta maneira, cumpre-se a promessa que o Espírito Santo lhe tinha feito: ver o Messias antes de morrer. Com o menino Jesus nos braços, Simeão entoa um dos hinos mais importantes para a liturgia da Igreja que é rezado na hora de completas, antes do repouso da noite. Este hino é de acção de graças por ter conseguido ver o Messias. Sabemos que Ana foi casada sete anos após o tempo de donzela e viúva até aos oitenta e quatro. Tinha uma vida sóbria dedicada à oração e ao jejum, não se afastando do templo. O texto não nos revela nenhum diálogo entre ela e a Sagrada Família, mas podemos imaginar uma grande alegria ao conhecer o menino Jesus, a qual deu origem à sua acção de graças a Deus. Falava daquele menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Em ambos os encontros a Sagrada Família proporciona um momento de acção de graças a Deus. Assim, temos uma nova virtude, digna de ser imitada: eles dão a conhecer o Messias e, com Ele, geram a consolação e a esperança que vêm de Deus depois de uma vida longa e provavelmente dura. E se nós também fossemos mensageiros desta consolação e esperança, dando a conhecer o Messias em todos os momentos da nossa vida? Talvez a nossa sociedade pudesse converter-se numa autêntica família que louva a Deus e é capaz de imitar os exemplos da família da qual Deus fez parte.

Elo de Comunhão (3)

Finalmente, na festa da Sagrada Família rezemos especialmente pelas nossas famílias. No seio da nossa família nascemos e crescemos. Foi nela que Deus estabeleceu o alicerce das nossas vidas. Os nossos pais e padrinhos ajudaram-nos a crescer na fé, nos valores de uma vida cristã. Recordemos os membros falecidos das nossas famílias e agradeçamos os novos membros que nela se incorporaram. Diante de Deus, agradeçamos todos os membros da nossa família e peçamos a protecção da Sagrada Família. Que o nosso lar, por intercessão da Sagrada Família, se converta num modelo da Igreja doméstica, como afirmou o Concílio Vaticano II.

 

LEITURA ESPIRITUAL

Nazaré é a escola em que se começa a compreender a vida de Jesus, é a escola em que se inicia o conhecimento do Evangelho. Aqui se aprende a observar, a escutar, a meditar e a penetrar o significado tão profundo e misterioso desta manifestação do Filho de Deus, tão simples, tão humilde e tão bela. Talvez se aprenda também, quase sem dar por isso, a imitá-la. Aqui se aprende o método e o caminho que nos permitirá compreender facilmente quem é Cristo. Aqui se descobre a importância do ambiente que rodeou a sua vida, durante a sua permanência no meio de nós: os lugares, os tempos, os costumes, a linguagem, as práticas religiosas, tudo o que serviu a Jesus para Se revelar ao mundo. Aqui tudo fala, tudo tem sentido. Aqui, nesta escola, se compreende a necessidade de ter uma disciplina espiritual, se queremos seguir os ensinamentos do Evangelho e sermos discípulos de Cristo. Quanto desejaríamos voltar a ser crianças e acudir a esta humilde e sublime escola de Nazaré! Quanto desejaríamos começar de novo, junto de Maria, a adquirir a verdadeira ciência da vida e a superior sabedoria das verdades divinas! Mas estamos aqui apenas de passagem e temos de renunciar ao desejo de continuar nesta casa o estudo, nunca terminado, do conhecimento do Evangelho. No entanto, não partiremos deste lugar sem termos recolhido, quase furtivamente, algumas breves lições de Nazaré.  Em primeiro lugar, uma lição de silêncio. Oh se renascesse em nós o amor do silêncio, esse admirável e indispensável hábito do espírito, tão necessário para nós, que nos vemos assaltados por tanto ruído, tanto estrépito e tantos clamores, na agitada e tumultuosa vida do nosso tempo! Silêncio de Nazaré, ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensina-nos a necessidade e o valor de uma conveniente formação, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que só Deus vê. Uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua austera e simples beleza, o seu carácter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré como é preciosa e insubstituível a educação familiar e como é fundamental e incomparável a sua função no plano social. Uma lição de trabalho. Nazaré, a casa do Filho do carpinteiro! Aqui desejaríamos compreender e celebrar a lei, severa mas redentora, do trabalho humano, restabelecer a consciência da sua dignidade, de modo que todos a sentissem; recordar aqui, sob este tecto, que o trabalho não pode ser um fim em si mesmo, mas que a sua liberdade e dignidade se fundamentam não só em motivos económicos, mas também naquelas realidades que o orientam para um fim mais nobre. Daqui, finalmente, queremos saudar os trabalhadores de todo o mundo e mostrar-lhes o seu grande Modelo, o seu Irmão divino, o Profeta de todas as causas justas que lhes dizem respeito, Cristo Nosso Senhor. (Paulo VI, Alocução em Nazaré, 5 de Janeiro de 1964).

 

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Ano B - Tempo do Natal - Sagrada Família - Boletim Dominical II

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