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Bienal Art(e)facts junta artistas e artesãos em residências nas aldeias do interior

A Bienal Art(e)facts, que integra a área de Arquitetura e Território de Guarda 2027 – Região Candidata Capital Europeia da Cultura, prossegue o programa da sua edição inaugural com seis residências para a criação de projetos artísticos, que juntam artistas e artesãos em Alcongosta, Janeiro de Cima, Telhado, Famalicão da Serra, Fundão e Gonçalo.

A Bienal do Conhecimento pretende motivar colaborações entre artistas e artesãos e constituir um património contemporâneo de obras artísticas que privilegiam a valorização do território e a reinterpretação dos saberes tradicionais de territórios da Beira Interior. “Supernatural Togetherness” é o tema da primeira edição de Art(e)facts e propõe criar alianças entre espécies e gerações para salvar o futuro.

O programa de Art(e)facts está em curso até setembro de 2021 e integra a realização de residências artísticas, uma exposição coletiva alargada a pontos distintos do território e um Fórum de Ideias online. As atividades da Bienal iniciaram-se em fevereiro, com o lançamento de uma Open Call internacional para a apresentação de projetos propostos por artistas, arquitetos e designers, e produzidos em residência, com a colaboração de artesãos locais que trabalham técnicas ancestrais de cestaria, tecelagem e olaria.

Até ao final do mês de maio estão em curso seis residências em seis localidades dos municípios do Fundão e da Guarda, que vão resultar na criação de seis projetos artísticos inéditos. Quatro destes projetos foram vencedores da Open Call e os seus autores juntam-se à artista Fernanda Fragateiro e ao Colectivo Warehouse, convidados para esta edição pela organização, para desenvolver práticas artísticas e estabelecer uma rede entre a arte e o artesanato ligadas aos ecossistemas locais.

Na sequência do elevado número e grau de qualidade das 110 propostas apresentadas a concurso, sendo 69 de candidatos e coletivos estrangeiros e 33 de portugueses, o júri – constituído por Pedro Gadanho, diretor executivo da Candidatura Guarda 2027, Andreia Garcia, programadora da área de Arquitetura e Território da Candidatura Guarda 2027 e curadora da Bienal Art(e)facts 2021, Miguel Rainha da Câmara Municipal do Fundão e diretor de produção da Bienal Art(e)facts 2021, e pelos curadores Miguel von Hafe Pérez e Carlos Fernandes –, decidiu selecionar quatro propostas, ao contrário das duas inicialmente previstas.

As propostas vencedoras “caraterizam-se pelo ecletismo nacional e internacional e destacam-se pela criação de cenários e novas linhas de reflexão, que permitem preservar o legado da região e renovar o seu futuro como património para as novas gerações, de forma colaborativa”, destaca a curadora Andreia Garcia. Desde a Casa das Tecedeiras, na aldeia histórica de Janeiro de Cima, passando por oficinas na Alcongosta, Telhado, Famalicão da Serra e Gonçalo, onde se mantêm vivas artes de trabalhar o barro, o castanho e o vime, até ao FAB LAB Aldeias do Xisto, na cidade do Fundão, as residências Art(e)facts traçam hoje um roteiro entre o passado e o futuro da Beira Interior.

O artista Andrea Canepa e a matemática Vanessa Foster estão em residência na Casa das Tecedeiras, em Janeiro de Cima, e contam com o acompanhamento das mestras de tecelagem Sónia Latado e Rosa Pereira para tecer a partir de algoritmos. Os estudantes de arquitetura Diogo Rodrigues, Fernando Pimenta e João Oliveira estão a “Construir em cesta” nas oficinas de cestaria de castanho dos artesões António Nunes dos Santos e Luís Paulo, na Alcongosta. O artista Nuno Vicente está a moldar “Enxertos Húmidos” com o apoio da técnica Cátia Pires da Casa do Barro, na aldeia do Telhado. A dupla de designers Anja Lapatsch e Annika Unger, investigam a ligação entre a resina e o artesanato em cestaria de castanho na oficina de Joaquim e Irene Venâncio, em Famalicão da Serra.

O Colectivo Warehouse, de arquitetura e arte, está em residência no FAB LAB Aldeias do Xisto, no Fundão, e com o apoio dos técnicos João Milheiro e Nuno Alves explora o potencial da fabricação digital para a criação de sinergias e novas ideias, adaptadas ao território e aos produtos craft. A artista Fernanda Fragateiro decidiu investigar a cestaria em vime, ou “cestaria fina”, e aplicar esta arte à criação de um novo projeto que está a ser produzido em colaboração com o artesão Alberto Carvalhinho, na aldeia de Gonçalo.

As residências culminam no dia 2 de julho com a apresentação dos seis projetos produzidos numa exposição coletiva, que estará patente até setembro e será instalada em várias oficinas de artesanato e noutros equipamentos da região. Nos dias 9 e 10 de julho realiza-se o Fórum de Ideias, uma conferência internacional online, de participação livre e gratuita, que pretende refletir sobre a aprendizagem adquirida durante a Bienal, particularmente nas residências artísticas, bem como abordar conhecimentos e práticas profissionais, partilhadas por um painel de criadores e pensadores portugueses e estrangeiros.

A Bienal Art(e)facts 2021: Supernatural Togetherness é promovida pela Câmara Municipal do Fundão e pela Guarda 2027, é financiada por estas entidades, pela ADXTUR- Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto e iNature (Estratégia de Eficiência Coletiva PROVERE iNature – Turismo Sustentável em Áreas Classificadas), e conta com o apoio das seis Juntas de Freguesia envolvidas no programa de residências.

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