O seu filho não mastiga bem? Saiba o que pode estar a acontecer!
– O Terapeuta da Fala também intervém nestas dificuldades! O seu papel é bastante diversificado e não se centra só na fala, como pode ver! A motricidade Orofacial é outra das valências da responsabilidade da terapia da fala.
Cada vez mais os pais/cuidadores se deparam com as dificuldades que as crianças apresentam nas transições alimentares, podendo estas estar associadas aos hábitos orais tardios (eg. uso do biberão até à idade escolar) ou a alterações na integração sensorial oral. A necessidade de procurar o Terapeuta da Fala é cada vez maior, para que o treino específico e individualizado seja iniciado com a criança.
As alterações na mastigação podem aparecer devido à introdução tardia da variação alimentar, no que diz respeito à consistência, textura e até mesmo ao sabor. Quanto mais tardias forem as transições alimentares, maiores serão as dificuldades dos pais/cuidadores em passar de consistências mais liquidas para as mais sólidas.
Os pais/cuidadores devem estar atentos quando percebem que a criança não está a progredir no processo da mastigação. Aprender precocemente a mastigar, é a peça chave para fortalecer a língua, lábios e bochechas, que posteriormente são utilizadas na fala.
Para saber se está perante dificuldades na introdução de novas texturas e consistências, deve estar alerta para alguns sinais. De seguida são apresentados os mais comuns:
- A Nível Oral
- Reflexo de vómito exagerado
- Engasgos constantes
- Manter o alimento muito tempo na boca (bochecha)
- Lamber o alimento ou cuspi-lo.
- A Nível Tátil
- Não gosta de ter as mãos sujas
- Evita tocar nos alimentos
- Limpa constantemente a boca
- Rejeita novos alimentos.
Algumas crianças já apresentam estes comportamentos orais e/ou sensoriais por existir uma maior predisposição para estas dificuldades, podendo estar relacionadas com algum tipo de sensibilidade oral ou freio lingual curto. Outras crianças têm estas dificuldades porque são privadas da estimulação sensorial. Na sociedade atual, são estimuladas a passar grande parte do tempo em frente à televisão ou a jogar no Tablet ou Playstation (entre outros jogos), e não lhes proporcionam experiências como o brincar na rua/jardim. Deste modo, são estimuladas as capacidades visuais e auditivas ao invés das áreas sensoriais (tátil, percetiva e vestibular), que a nível do desenvolvimento vão influenciar as capacidades orais mas também as motoras orais para a fala.
Não esquecer que insistir, forçar ou distrair a criança para comer alguns alimentos pode potencializar a recusa alimentar e uma panóplia de comportamentos associados (orais ou táteis), já referidos anteriormente.
Sempre que detete dificuldades, é importante que se efetue a avaliação na Terapia da Fala, na vertente da Motricidade Orofacial, para que sejam identificadas as causas destas dificuldades. A sensibilidade oral, as dificuldades na perceção do sabor, a dificuldade na organização do bolo alimentar, a alteração na mobilidade da língua, a privação de vivências táteis e orais, podem ser possíveis causas mas é preciso identificá-las precocemente.
É crucial que os pais/cuidadores estejam conscientes da importância da mastigação para o desenvolvimento de uma alimentação eficaz. Em caso de alerta, procurem o profissional capacitado para vos ajudar e ensinar a ultrapassar qualquer dificuldade.
Aproveito para desejar um Feliz Natal a todos os que acompanham mensalmente estas publicações.
Por:Ana Carolina Marques – Terapeuta da Fala na APSCDFA