Início » Saúde (Pagina 10)

Saúde

FNAM exige ao Ministério da Saúde um protocolo negocial com soluções para atrair médicos para o SNS

Em comunicado, a  Federação Nacional dos Médicos (FNAM) refere que:” esteve na segunda reunião com o Ministério da Saúde (MS) liderado por Ana Paula Martins. Não foi possível a assinatura do protocolo negocial por este não incorporar as soluções apresentadas pela FNAM para atrair médicos para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O MS incluiu como temas na proposta de protocolo negocial a avaliação dos médicos (SIADAP) e a formação no âmbito do internato médico. A FNAM exige a inclusão da revisão da grelha salarial de forma transversal para todos os médicos – sejam médicos em contratos de função pública, sejam CIT pré ou pós 2013 – reposição da jornada semanal de trabalho para 35 horas e a revisão da legislação publicada pelo anterior executivo relativa à Dedicação Plena, Unidades de Saúde Familiares (USF), Centros de Responsabilidade Integrados (CRI) e Unidades Locais de Saúde (ULS).

O MS mostrou abertura para rever a inclusão destas matérias. Estaremos de volta no dia 25 de junho, às 15h, para avaliarmos se o Governo tem vontade política para agir em conformidade. Apenas será possível assinar um protocolo negocial que incorpore soluções que valorizem a carreira e atrair médicos para o SNS, e por isso mesmo a FNAM reafirmou a pertinência das suas soluções.

O caminho não se resolve estruturalmente com planos de emergência para um verão ou um inverno em concreto, sendo crucial um plano estratégico para salvaguardar um SNS público, universal e acessível a toda a população”.

Campanha “Dê Troco a Quem Precisa” nas Farmácias do Distrito da Guarda

 

Trata-se de uma iniciativa solidária para apoiar os mais vulneráveis no acesso ao medicamento está de volta, e decorre de 20 a 29 de maio, onde qualquer cidadão vai poder doar o troco em cerca de 600 farmácias de todo o país para ajudar quem mais precisa a comprar medicamentos.

A 11.ª edição desta iniciativa começou hoje em cerca de 600 farmácias aderentes em todo o país. Durante este período, qualquer cidadão poderá doar o troco das suas compras ao Programa abem: Rede Solidária do Medicamento, da Associação Dignitude. Os donativos angariados vão ajudar famílias em situação de pobreza a acederem aos medicamentos de que precisam.

Segundo o Índice de Saúde Sustentável desenvolvido pela Nova Information Management School, 1 em cada 10 portugueses não consegue comprar os medicamentos de que precisa porque não tem dinheiro para os pagar.

Para apoiar esta causa basta ir a uma farmácia aderente ou poderá fazer o donativo por MB WAY (932 440 068) ou transferência bancária (PT50 0036 0000 9910 5914 8992 7).

“Ao doar o troco numa farmácia aderente do nosso distrito, está a contribuir para o acesso ao medicamento nas famílias que mais necessitam. Um gesto simples, mas impactante. Seja solidário e participe!», explica Ana Filipe, Vereadora da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa.

“Decorre entre 20 e 29 de maio, nas farmácias aderentes do distrito da Guarda, mais uma edição da Campanha “Dê Troco a Quem Precisa”. O seu troco terá impacto na vida de milhares de pessoas carenciadas, que de outra forma não conseguiriam ter acesso aos medicamentos de que necessitam para viver.”, explica Raquel André, farmacêutica da Farmácia Moderna. Ler Mais »

Artigo opinião-Hipertensão arterial: combater o “assassino silencioso” é mais importante do que nunca

O aumento da esperança média de vida, inegavelmente uma das maiores concretizações da sociedade moderna, trouxe o inevitável preço do aumento das doenças neurológicas associadas à idade, onde se inclui o acidente vascular cerebral (AVC), uma doença que,
para além de elevada mortalidade, se associa a incapacidade funcional e dependência.

A pressão arterial pode ser definida como a força que o sangue exerce na parede das artérias. A hipertensão arterial (HTA) ocorre quando o fluxo sanguíneo exerce demasiada “força” ou pressão nas artérias. Define-se pelo registo de valores, para a pressão arterial sistólica, superiores ou iguais a 140 mmHg e/ou para a pressão arterial diastólica, superiores ou iguais a 90 mmHg, em mais do que uma avaliação. A longo prazo, pode causar pequenas lesões nas artérias resultando em zonas de maior fragilidade que podem sofrer rotura e resultar numa hemorragia intracerebral, assim
como promover a formação de placas de aterosclerose ou mesmo a formação de coágulos sanguíneos. De acordo com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia, a HTA
afeta cerca de 40% da população adulta. Destes, menos de metade está medicada com medicamentos anti-hipertensores e estima-se que só cerca de 11% tenham a HTA
controlada. Ler Mais »

Artigo de Luís Miguel Condeço — E depois…de Abril

Autor

Luís Miguel Condeço

Professor na Escola Superior de Saúde de Viseu

 

Falar de Abril não nos deve remeter apenas para a imagem da revolução e dos cravos, que apesar de se apelidar de pacífica levou consigo a vida de cinco portugueses. Mas não podemos esquecer os direitos, liberdades e garantias que este acontecimento trouxe à vida de todos nós.

Gostava de enaltecer o trabalho estatístico extraordinário, que a Fundação Francisco Manuel dos Santos já nos vem habituando com o seu portal Pordata. Não poderia por isso deixar de referir alguns dados que nos permitem refletir sobre os ganhos em saúde para os portugueses nestas últimas cinco décadas.

Em 50 anos, a população portuguesa aumentou cerca de dois milhões de habitantes, contudo a “nossa” pirâmide etária inverteu-se, correspondendo hoje as pessoas com mais de 65 anos de idade a 1/4 da população residente em Portugal (dois milhões e meio). Como tal, a esperança média de vida aumentou cinco anos (ambos os géneros), representando um acréscimo no consumo de cuidados de saúde – serviços e terapêutica.

Os cuidados de saúde têm sofrido constantes reorganizações nos últimos anos, mas é importante recordar que no início do século XX, apenas os “abastados” tinham acesso a cuidados médicos privados e os muito pobres à proteção do estado, prova disso é a criação da Direção-Geral da Saúde (e Beneficência Pública) por Decreto Real em 1899 e a criação da Assistência Nacional aos Tuberculosos (no mesmo ano) pela rainha D. Amélia, que possibilitou a construção de várias instalações, como o Sanatório Sousa Martins, inaugurado em 1907. Em 1971, o denominado “Movimento das Carreiras Médicas” conseguiu que fosse legislado a regulamentação das carreiras médicas, concretizando um desejo antigo, dividindo as carreiras destes e de todos os outros profissionais de saúde em saúde pública e hospitalar.

Não podemos esquecer que antes do 25 de abril (de 1974), a saúde materna e infantil era “frágil”, muito por culpa dos partos realizados fora de instituições de saúde (apenas 39% eram realizados sob cuidados médicos e de enfermagem), e à época contabilizávamos praticamente o dobro dos nascimentos (171.979) que temos hoje. A taxa de mortalidade infantil (crianças que faleciam com menos de 1 ano de idade) atingia os 38 óbitos por cada 1.000 crianças nascidas vivas.

A “fratura” com o passado e que possibilitou que Portugal proporcionasse nestas últimas décadas cuidados de saúde abrangentes e gratuitos, deve-se a um homem – António Arnaut.

O Ministério da Saúde tinha-se autonomizado da Assistência em 1973, e cinco anos depois, movido pelo espírito da Constituição da República Portuguesa, António Arnaut elabora um Despacho (“Despacho Arnaut”) que permite “a todos os portugueses o acesso gratuito aos serviços médico-sociais e aos hospitais, bem como à comparticipação medicamentosa”, o ideal do Serviço Nacional de Saúde (SNS). No entanto, o seu nascimento só iria acontecer com a Lei de Bases da Saúde no dia 15 de setembro de 1979.

Volvidos cinquenta anos, os portugueses, mas não só, todos os residentes em território nacional têm acesso a cuidados de saúde universais e tendencialmente gratuitos. Praticamente a totalidade dos partos são realizados em instituições de saúde (públicas e privadas) com o adequado acompanhamento das equipas médicas e de enfermagem. A taxa de mortalidade infantil está entre as dez mais baixas do mundo (2,6 crianças por 1.000), tendo em 2020 atingido um mínimo histórico de 2,4.

Quanto aos recursos humanos, temos hoje em Portugal mais profissionais de saúde disponíveis para a população. O número de médicos aumentou cinco vezes e o número de enfermeiros aumentou quase quatro vezes quando comparados com 1974.

Passadas cinco décadas, num novo milénio, o nosso país tem hoje um sistema de saúde eficiente, organizado (a última reorganização este ano), e próximo das populações. Os programas em vigor, como da Diabetes, Saúde Infantil e Juvenil, Saúde Mental e muitos outros, têm melhorado a saúde das populações, refletindo um compromisso político e institucional com a saúde, permitindo melhores condições de vida dos portugueses.

Não foi só Liberdade que Abril trouxe, apesar de muitas vezes nos esquecermos disso.

Colesterol elevado: inimigo da fertilidade em homens e mulheres

Embora a maioria da população saiba que o “mau” colesterol (LDL) é responsável por grande parte das doenças cardiovasculares, poucos estão conscientes da sua relação com a infertilidade. O colesterol, só por si não causa infertilidade, mas somado, por exemplo, a uma dieta desequilibrada, hipertensão, ao excesso de peso, também gera circunstâncias desfavoráveis para se alcançar uma gravidez.

O colesterol, precursor essencial das hormonas esteroides, desempenha um papel crucial na reprodução humana. Estradiol, progesterona e testosterona, hormonas-chave para a fecundação, têm a sua origem em células que estão presentes nos ovários e testículos.

“Nas mulheres, altos níveis de colesterol LDL podem criar desequilíbrios hormonais que dificultam tanto a fertilidade, como uma gravidez de termo. Nos homens, pode causar um menor número de espermatozoides e com pior qualidade, ou mesmo espermatozoides que apresentam morfologia anormal. E se estivermos a falar de um casal em que ambos têm hipercolesterolemia, especialmente se for acompanhada por outros fatores de risco, mais provável será a dificuldade em engravidar”, alerta a Dra. Gunes Karakus, médica especialista em ginecologista e obstetrícia.

No entanto, o estrogénio influencia o metabolismo das gorduras, o que favorece a produção do chamado colesterol “bom” (HDL), que é benéfico para a fertilidade, já que os ovários contêm muitos recetores para esse tipo de gordura. Por todas estas razões, é importante manter valores acima de 35 mg/dl nos homens e 40 mg/dl nas mulheres para este tipo de colesterol.

Em maio, mês dedicado ao coração, a Dra. Gunes Karakus, do IVI Lisboa, deixa alguns conselhos e chama a atenção para a importância de ter hábitos saudáveis para desfrutar de uma boa saúde cardiovascular e equilíbrio hormonal, melhorando assim as hipóteses de conseguir engravidar:

• Opte por uma dieta variada baseada no modelo mediterrânico: rica em elementos vegetais, leguminosas, cereais integrais, carnes magras e peixe ómega-3. E, acima de tudo, evite alimentos processados que contenham grandes quantidades de sal e açúcar.
• Pratique atividade física regularmente e mantenha-se ativa no dia a dia com caminhadas, opte pelas escadas em vez de usar o elevador.
• Se fuma, pare de fumar, mesmo que seja apenas ocasionalmente, e não consuma álcool regularmente.
• Se tem tendência para ter níveis elevados de colesterol, e tem diabetes ou hipertensão, é aconselhável realizar análises periódicas para melhor controlar os níveis de lípidos no sangue.

“Os níveis de colesterol são mais um indicador na análise que fazemos na primeira consulta de avaliação para depois delinear um tratamento personalizado. Da mesma forma, antes de iniciar um tratamento de reprodução assistida, é sempre recomendado monitorizar os hábitos de vida para que sejam o mais saudáveis possível, pois será a melhor base para trabalhar em termos de fertilidade”, conclui a médica.

 

Por:IVI

Artigo de opinião: TERMALISMO: A CURA PARA NÃO ADOECER

Ao redor do modesto público que já conhece a realidade das termas, começa uma cacofonia de vozes indistinguíveis. As termas, antes envoltas de luxo, com casinos eram frequentadas pelas elites como centros de lazer e recuperação onde socializavam e “matavam a sede” de uma boa conversa. Numa névoa de silêncio e reflexão, as termas transformam-se de repente num remoinho de atividades nefastas e pejorativas. A palavra Termalismo, ainda hoje é rodeada pela reputação da sua ancestralidade. Entre momentos de glória e outros depreciativos, o termalismo persiste no tempo e é na confluência de práticas ancestrais com os avanços científicos contemporâneos que o termalismo se procura reinventar.

Curiosa e despertada pelas histórias, fui experimentar a umas termas, não importa quais…. Podem ser apenas paredes e meras banheiras ou marquesas, sendo a água a sua unicidade. Permaneço imóvel numa banheira de água parada… Receio que os detalhes do testemunho sobre as propriedades terapêuticas das águas minerais, se desvaneçam da minha mente se eu me mover. Como refere Fernando Pessoa, “Há tanta suavidade em nada se dizer e tudo se entender”. Fecho os olhos, as minhas células vibram e esqueço as horas… aqui é “um lugar com tempo para tudo”. Na sala de repouso observo as pessoas a partir apressadamente, e questiono-me como podem voltar à sua rotina com tanta facilidade? Será que compreenderam a importância do termalismo como eu? Será que perceberam que esta prática ancestral pode ser a chave para uma vida mais saudável e equilibrada? Será que sabem que o termalismo pode ser a cura para não adoecer?

A sensação de comunicar termalismo toma conta de mim. O que será do termalismo? Será que conseguimos comunicar eficazmente os seus benefícios à sociedade? Na reflexão, percebo que o futuro do termalismo e, consequentemente, da saúde e do bem- estar, parece incerto… No entanto, uma luz de esperança brilha no horizonte, alimentada pela convicção de que a união entre tradição e a ciência pode abrir novos caminhos para um futuro mais saudável e equilibrado.

Determinada em contribuir para a valorização e progresso do termalismo, mantenho viva a esperança de que o termalismo continuará a ser uma fonte de cura e bem-estar
para as gerações futuras e por isso vos escrevo. A procura pela melhoria da qualidade de vida e a tendência global do inevitável envelhecimento, contribui para o crescimento do turismo de saúde e bem-estar. Paralelamente, as áreas da saúde, do turismo e do desenvolvimento regional têm sido alvo de estudo, mas maioritariamente de forma independente e desconexa, perdendo- se a oportunidade de valorização das sinergias associadas. Numa geração em que a inteligência artificial, os medicamentos e a inovação ganham destaque, é fácil esquecer o poder regenerador que reside nas profundezas da terra, nas águas minerais naturais. É hora de lembrar, de comunicar os benefícios do termalismo. A cura para não adoecer está mais próxima do que imaginamos…

A colaboração intersectorial, unindo saúde, turismo e desenvolvimento regional numa abordagem integrada é urgente. O termalismo combina na perfeição a saúde e o bem-
estar, sendo um importante elo de ligação. Nos últimos anos, têm sido realizados vários estudos que refletem a mudança de paradigma, quer na gestão dos estabelecimentos
termais, quer no perfil do seu utilizador. A necessidade de associar à vertente médica, as dimensões de qualidade de vida e de bem-estar, na linha do que é o conceito global e
contemporâneo de saúde é evidente. Esta perspetiva interdisciplinar é essencial para abordar os diversos pilares do termalismo, desde o impacto na saúde pública e bem-
estar psicológico das comunidades até à sustentabilidade ambiental. Na vertente saúde e bem-estar, o termalismo está fortemente alinhado com as tendências globais de promoção da saúde e bem-estar, valorizando não apenas os benefícios dos tratamentos termais na cura e na prevenção, mas também o seu impacto psicológico positivo, associado ao relaxamento e à conexão com a natureza. As termas recorrem a práticas de turismo e saúde sustentáveis, alinhadas com as diretrizes dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da agenda 2030, nomeadamente no Objetivo 3 – Saúde de Qualidade.

Além disso, de acordo com o despacho 8899/2019 de 07 de outubro, o termalismo encontra-se também alinhado com o Plano Nacional de Saúde e na vertente médica e
de gestão da saúde, pode contribuir para o tratamento e prevenção de patologias crónicas, bem como para uma eventual redução da despesa para o Serviço Nacional de
Saúde e para os cidadãos, nomeadamente em termos da prestação de cuidados de saúde evitáveis e dos custos com a prescrição de meios complementares de diagnóstico
e terapêutica e de medicamentos.

Ao auscultar as pessoas envolvidas no termalismo sabemos que o termalismo faz bem, sabemos que existem utilizadores que frequentam as termas há mais de 30 anos porque
sentem melhorias na sua condição física e redução na medicação, mas não chega. A literatura científica demonstra que o termalismo pode desempenhar um papel crucial
na prevenção de doenças crónicas, visto que as águas minerais naturais possuem compostos que, ao serem absorvidos pelo corpo, podem melhorar a circulação sanguínea, reduzir processos inflamatórios e fortalecer o sistema imunológico. A existência de evidências científicas de que a água mineral natural é benéfica no tratamento de patologias associadas aos diferentes sistemas: músculo-esquelético; respiratório; gastrointestinal; cardiovascular; neurológico, incluindo o sistema neurovegetativo; dermatológico e até perturbações psiquiátricas abre novos caminhos na ciência. Estes efeitos biológicos não apenas contribuem para a manutenção da saúde, mas também auxiliam na prevenção de patologias diversas. A abordagem do termalismo não se limita aos benefícios físicos, simultaneamente, motivam ao bem- estar psicológico que é igualmente importante na prevenção de doenças. A serenidade e o relaxamento proporcionados pelo ambiente das estâncias termais são elementos chave na redução do stress e na promoção da saúde mental. Este aspeto holístico dotermalismo, que engloba tanto o corpo quanto a mente, é fundamental para uma abordagem preventiva de saúde.

Contudo, é imperativo destacar que o termalismo não deve substituir tratamentos médicos convencionais, mas sim complementá-los. A integração do termalismo em
programas de prevenção de saúde requer uma abordagem multidisciplinar e oreconhecimento da comunidade médica. Neste sentido, a colaboração entre médicos,
terapeutas e investigadores é essencial para maximizar os benefícios do termalismo.

Na vertente da sustentabilidade, é também, preciso dar a conhecer medidas que demonstram que o uso dos recursos termais é efetuado de maneira sustentável, como
são o caso dos projetos District heating das Termas de Chaves e de São Pedro do Sul. Os projetos representam uma iniciativa inovadora na gestão sustentável de recursos energéticos e no aproveitamento de fontes renováveis para aquecimento urbano. Ao utilizar as águas termais como fonte de energia térmica, estes projetos visam reduzir a dependência de combustíveis fósseis e mitigar as emissões de carbono associadas ao aquecimento de edifícios municipais e hoteleiros na área envolvente. Esta abordagem sustentável contribui, também, para a eficiência energética e para a redução dos custos de energia para os utilizadores finais.

Do ponto de vista socioeconómico, as termas no âmbito da promoção do turismo de saúde e bem-estar também têm o potencial de transformar significativamente a economia local. Este impacto inclui a criação de empregos, a atração de investimentos, o incentivo de vitalidade nas economias locais, particularmente pertinentes para as
áreas do interior que enfrentam desafios como a desertificação e a estagnação económica.

Apesar dos inúmeros benefícios do termalismo, ainda enfrenta desafios significativos.
Há a questão da perceção pública, muitas pessoas ainda veem o termalismo como um luxo indulgente, em vez de uma parte legítima, complementar e eficaz para a saúde. O
Termalismo não é para velhos! O Termalismo não é caro! O Termalismo é autêntico e precisa ser visto como uma nova forma de estar na vida. O termalismo baseia-se na
utilização das propriedades terapêuticas das águas, que são ricas em minerais e outros compostos que se acredita terem efeitos benéficos para o corpo humano. As águas que
caíram há milénios são as que hoje nos confortam nas termas, oferecendo uma conexão intemporal com os poderes terapêuticos da natureza. O que distingue positivamente o
termalismo relativamente a outros produtos é a água mineral natural, que pode ser, ainda mais, potenciado se lhe acrescentarmos outros valores.

Nas últimas décadas, a oferta tem vindo a assistir a um desenvolvimento significativo em Portugal, conseguindo atingir um público muito diversificado. Atualmente, temos
mais de 40 estâncias termais ativas pelo país, a facilidade de acesso hoje, permite que a distância deixe de ser uma barreira, mas antes uma oportunidade para as frequentar. É a unicidade das águas distribuídas pelo território que começa a atrair pessoas de todo o país e além-fronteiras. As termas começam, finalmente, a ser vistas como tratamentos naturais para uma variedade de condições de saúde, seja na prevenção, no tratamento ou simplesmente pelo lazer.

A par desta evolução, consolidam-se passos relevantes para as políticas de saúde pública, nomeadamente, na fixação da comparticipação dos tratamentos termais. A
demonstração da eficácia do termalismo como um complemento aos métodos tradicionais de tratamento e cuidados de saúde começa a ser uma realidade. Para além
disso, a integração das termas nos Conselhos Municipais de Saúde, fortalecem o sistema de saúde local, através de uma abordagem mais holística, preventiva,
descentralizada e sustentável da saúde, enquanto contribui para comunidades mais saudáveis e felizes. A tranquilidade e o ambiente sereno das estâncias termais podem
ajudar a reduzir o stress e promover o bem-estar emocional.

Em conclusão, o termalismo apresenta-se como uma abordagem promissora na prevenção de doenças. A conjugação dos seus benefícios físicos e psicológicos, aliada à
crescente evidência científica dos seus efeitos preventivos, destaca o potencial desta prática milenar. Contudo, a sua eficácia enquanto ferramenta de prevenção de saúde
depende da colaboração entre a prática tradicional, a investigação científica, o governo, bem como do compromisso com a sustentabilidade dos recursos naturais e da sua
comunicação à sociedade. O termalismo não é apenas uma cura para não adoecer, é uma ponte entre o passado e o futuro da medicina preventiva.

A intenção é voltar a colocar o termalismo na chamada “Idade de ouro”. Para o efeito é preciso pensar globalmente, agir localmente e contribuir para combater a perceção
pública. Estas não são meras frases de efeito, são apenas alguns dos princípios que têm inspirado o meu trabalho e que partilho hoje com a comunidade.

Num mundo onde a saúde é cada vez mais preciosa e o bem-estar é cada vez mais fugaz, o termalismo oferece uma luz de esperança, uma nova forma de estar na vida,
com a promessa de cura e renovação para todos aqueles que procuram uma vida mais plena, saudável e um bem-estar duradouro.

Autora Vera Antunes – Técnica Superior na Universidade da Beira Interior Investigadora nas áreas da Comunicação Estratégica e Termalismo | LabCom
Sócia da GIROHC

Dicas de sintomas da Síndrome do Intestino Irritável (SII)

Dores abdominais recorrentes, inchaço, obstipação e/ou diarreia. Estes são apenas alguns dos sintomas da Síndrome do Intestino Irritável (SII), distúrbio de comunicação no eixo intestino-cérebro que afeta 10 a 14% da população mundial e é duas vezes mais comum nas mulheres do que nos homens.

Com elevado impacto na qualidade de vida, quer a nível físico como psicológico, a SII é uma doença ainda pouco conhecida, feito muitas vezes por exclusão de outras patologias. Os sintomas geralmente incluem dor abdominal, distensão abdominal, flatulência e obstipação ou diarreia, e a sua intensidade varia de pessoa para pessoa.

As causas da SII ainda não são claras para a comunidade científica. Há estudos que referem que o risco de desenvolver SII é cinco vezes superior após uma infeção (viral, por parasitas ou bacteriana). Outros sugerem que a alteração na comunicação intestino-cérebro pode ser causada por um desequilíbrio na microbiota (flora) intestinal, ou seja, disbiose. Neste campo, existem investigações que indicam que a disbiose é mesmo uma causa plausível de SII1.

Existem recomendações que podem melhorar a qualidade de vida dos doentes, não só ao nível da alimentação, como na alteração de estilos de vida. Em abril, mês da consciencialização para a SII, deixamos 5 dicas para conviver melhor com esta patologia.

5 DICAS PARA CONVIVER COM A SII

A alimentação é muito importante para quem vive com SII. É necessário excluir da dieta alimentos potencialmente mais propensos a dar origem a crises. Contudo, o estilo de vida e a exposição ao stress são também muito importantes na gestão diária da doença.

Fazer refeições regulares e comer devagar. Evitar saltar refeições ou ficar longos períodos sem comer.
Cuidado com as bebidas. Ingerir água e evitar bebidas com cafeína. Beber pelo menos 8 copos de água diariamente e reduzir o consumo de café ou chá a três por dia. Evitar também o consumo de bebidas gaseificadas.
Ajustar o consumo de fibras e evitar o açúcar e adoçantes. O ideal é recorrer a um nutricionista, que possa compreender que tipo de fibras e que respetivas quantidades devem ser ingeridas diariamente.
Estilo de vida mais saudável e ativo. Praticar exercício físico de forma regular e abandonar um estilo de vida mais sedentário é também importante na gestão da doença.
Controlo dos níveis de stress. O stress tem um papel muito importante na SII. Picos de stress e ansiedade podem exacerbar os sintomas e inclusivamente desencadear crises. É, por isso, fundamental, controlar os níveis de stress, recorrendo, por exemplo, a meditação ou terapia.

Na SII o exame clínico e as imagens estão normalmente normais3.

Há cerca de um ano, o Biocodex Microbiota Institute lançou uma ferramenta que ajuda os profissionais de saúde no diagnóstico da SII. Esta ferramenta, desenvolvida por três especialistas em gastroenterologia de renome internacional, contém conteúdos inovadores que ajudam a melhor compreender esta doença e a sua ligação com a microbiota intestinal.

NEG RUN angaria 1600 Euros para o IPO de Coimbra

O IPO de Coimbra congratula-se com o sucesso da “NEG RUN”, organizada pelo Núcleo de Estudantes de Gestão da Associação Académica de Coimbra, realizada no passado dia 17 de março, que contou com a participação de 300 inscritos. Esta iniciativa alcançou um resultado muito positivo, com uma doação total de 1600 euros ao IPO.

Numa cerimónia simbólica de entrega do montante angariado, estiveram presentes a Dra. Margarida Ornelas, Presidente do Conselho de Administração do IPO de Coimbra e o Presidente do Núcleo de Estudantes de Gestão, Moisés Reis, acompanhados por outros membros representativos das duas entidades.

Durante a cerimónia, a Dra. Margarida Ornelas expressou o seu reconhecimento ao Núcleo de Estudantes de Gestão pela organização do evento, destacando a dedicação e solidariedade envolvidas para o seu sucesso. Sublinhou, ainda, a importância da missão do IPO de Coimbra na sensibilização para a prevenção do cancro, enfatizando que uma elevada percentagem de casos de cancro, podem ser evitados com hábitos de vida saudáveis, pelo que a promoção destas iniciativas é muito salutar.

Moisés Reis, presidente do Núcleo de Estudantes de Gestão da AAC, agradeceu as palavras de apoio e reiterou o seu compromisso em contribuir para uma causa nobre. Destacou que o evento não só fortaleceu os laços com a comunidade académica, como, também, permitiu uma significativa angariação de fundos para o IPO de Coimbra.

Esta bem-sucedida ação reforça o compromisso do Núcleo de Estudantes de Gestão e dos estudantes em contribuir para causas sociais relevantes, demonstrando solidariedade e responsabilidade social.

Foto:IPOCoimbra

Candidaturas ao concurso “Ossos em Foco” estendidas até ao mês de junho

A Sociedade Portuguesa de Osteoporose e Doenças Ósseas Metabólicas (SPODOM) anuncia que o prazo de candidatura para o concurso “Ossos em Foco” foi alargado por dois meses, até 30 de junho do corrente ano. Esta é uma iniciativa que conta com o apoio da Amgen Biofarmacêutica destinada a doentes, profissionais de saúde e cuidadores informais que convivem, direta ou indiretamente, com a Osteoporose. Ler Mais »

Artigo de Luís Miguel Condeço—-Até que a Voz me doa

 

 Autor

Luís Miguel Condeço

Professor na Escola Superior de Saúde de Viseu

É já no mês de maio que todos podemos assistir ao sempre aguardado Festival da Eurovisão, e que tantas alegrias nos traz ao recordarmos o Salvador, o Zé, o Carlos ou a Simone. E destes extraordinários artistas há uma caraterística comum, a sua voz única e cativante.

As vozes melodiosas fazem emergir em nós sensações agradáveis e de bem-estar, independentemente de se tratar de uma soprano ou de um tenor, como o Andrea Bocelli, um dos meus preferidos.

A capacidade de vocalizar sons deve-se ao complexo aparelho que possuímos e que podemos dividir em três partes distintas: os pulmões que geram um fluxo de ar e que por ação conjunta com o diafragma, expulsam o ar que passa pela laringe (onde estão as cordas vocais), e que sai pelos lábios e fossas nasais. A vibração das cordas vocais e a ação dos músculos e estruturas da cavidade oral contribuem para articular e modelar o som (voz), conferindo a sua própria unicidade a cada um de nós.

No ser humano as cordas vocais podem vibrar entre 125 ciclos por segundo no homem (voz grave), a 250 ciclos por segundo na mulher (voz aguda). Correspondendo a uma frequência (velocidade de propagação do som) entre 100 a 200 hertz nos homens e 200 a 400 hertz nas mulheres, enquanto que nas crianças a frequência da voz não é inferior a 300 hertz. É claro, que a capacidade de absorção (audição) do som atinge frequências mais elevadas, mas nunca tanto como outros mamíferos (golfinhos).

Tal como na natureza, também o homem depende da emissão de sons para comunicar, interagir ou relacionar-se, e a má utilização do seu aparelho vocal é responsável por um diverso número de doenças. Foi pelos crescentes episódios de disfonia (alterações na emissão vocal) e com o objetivo de promover a saúde do aparelho vocal e prevenir doenças da laringe, que a Sociedade Europeia de Laringologia e principalmente pela iniciativa do seu presidente português (Professor Mário Andrea), que em 2003 se começou a comemorar o Dia Mundial da Voz, no dia 16 de abril.

Proteger a voz é possível, basta que adote alguns cuidados:

  • A hidratação é fundamental, deve beber água à temperatura ambiente com frequência;
  • Reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas e gaseificadas, assim como, as bebidas muito quentes (café e chá);
  • Não deve fumar, e os espaços com presença de fumo devem ser evitados;
  • Evitar os ambientes onde existam partículas inaláveis (pó e/ou ar condicionado);
  • Falar de forma pausada, articulando bem as palavras;
  • Evitar os ambientes ruidosos, pois vão propiciar a elevação do tom da voz;
  • Não sussurrar, pois provoca um esforço acrescido na voz;
  • Adotar estilos de vida saudáveis.

Estes cuidados não dispensam a nossa atenção quanto a sinais de alerta, que devemos ter em conta: a rouquidão (ou alterações na voz), dificuldade em engolir, sensação de corpo estranho, perda súbita de peso, falta de ar, tosse com presença de sangue, hemorragia nasal e tumefação cervical (pescoço).

Os tumores da orofaringe, laringe e traqueia devem ser alvo de uma rápida intervenção multidisciplinar, mas para isso é fundamental evitar os fatores de risco e realizar rastreios com alguma frequência. Além da vacinação contra o Vírus do Papiloma Humano, da evicção de inalação de partículas e da realização de uma correta higiene oral, não fume nem ingira álcool, pois estes dois fatores de risco aumentam 35 vezes o risco de aparecimento deste tipo de tumores.

Apesar da Maria da Fé apelar à utilização da voz até ao extremo, hoje sabemos que é essencial preservá-la e protegê-la. Podemos cantar, mesmo que os dotes artísticos não sejam inatos para todos, mas sem que a voz nos doa.