Autor
Luís Miguel Condeço
Professor na Escola Superior de Saúde de Viseu
Agosto é por tradição o mês do calor, das férias e das principais romarias deste nosso Portugal.
No entanto, temos observado nos últimos anos, muito por culpa (conforme lhe é atribuída) das alterações climáticas, um escalar abrupto das temperaturas na Europa. Apesar de muito se ter divulgado valores térmicos do ar acima dos 40ºC na Itália, Grécia e Espanha nas últimas semanas de julho, recordo que a temperatura mais elevada registada no continente europeu remonta a 11 de agosto de 2021 em Floridia, pequena cidade da província siciliana de Siracusa, onde os termómetros marcaram 48,8ºC.
As elevadas temperaturas são nocivas e muitas vezes mortais para as espécies animais e vegetais, e como é claro, também para o Homem. Factos corroborados pelo estudo publicado no início de julho da revista Nature Medicine, onde indica que cerca de 61 mil mortes de pessoas na Europa no verão de 2022, foram devido ao calor.
Mas o calor e as altas temperaturas devem servir de alerta para o nosso comportamento em período de férias e no verão, uma vez que, a exposição à radiação ultravioleta pode causar sérios danos na nossa pele.
Invisível a olho nu, a radiação solar pode ser considerada inofensiva ou até benéfica na perspetiva de que 90% da vitamina D absorvida pelo nosso organismo provém da luz solar, ou porque melhora o humor e fortalece o sistema imunitário. Contudo, até mesmo nos dias mais nublados os riscos associados aos raios UVA e UVB, devem ser tidos em atenção.
Os raios UVA (radiação ultraviolenta de onda longa, também conhecida por luz negra) representam 95% a 99% de toda a radiação que chega à superfície terrestre, atuando na camada mais profunda da pele, favorecendo o envelhecimento precoce e podendo propiciar o desenvolvimento de cancro da pele.
Os raios UVB (radiação ultravioleta de onda média) são parcialmente absorvidos pelo ozono na atmosfera, chegando uma parcela muito pequena desta radiação à superfície terrestre, e a que atinge a pele (camada superficial) pode provocar queimaduras solares cutâneas, reconhecendo-os os períodos do dia entre as 10 e as 16 horas como a faixa horária mais preocupante. Além de ser considerada a radiação mais perigosa para a pele, pelas queimaduras que pode provocar, os raios UVB também podem favorecer o aparecimento de cancro de pele.
A luz solar emite também raios UVC (de onda curta), que são totalmente absorvidos pelo ozono e oxigénio da atmosfera terrestre, sendo por isso inofensivos para o Homem. No entanto, possuem um efeito germicida ou bactericida, isto porque, bactérias e vírus quando expostos aos raios UVC ficam inativos por alteração do seu ADN.
A Skin Cancer Foundation (Fundação para o Cancro de Pele), apresentou no início deste ano de 2023, alguns dados que nos devem deixar muito preocupados:
- Está cientificamente comprovado que a radiação UV é cancerígena para o ser humano;
- O sol é responsável por 90% do envelhecimento de pele;
- 5 ou mais queimaduras solares (“escaldões”) duplicam o risco de melanoma cutâneo;
- 1 em cada 5 americanos desenvolverá cancro de pele até aos 70 anos de idade;
- Mais de 2 pessoas morrem de cancro de pele a cada hora nos Estados Unidos da América.
Por isso, no verão deve abrigar-se ou procurar uma sombra sempre que possível, evitando as horas de maior calor, deve utilizar um chapéu de abas largas e óculos de sol com proteção ultravioleta, a pele de estar totalmente protegida pelo vestuário, privilegiando as cores mais escuras, o exercício físico deve estar reservado para períodos com menos intensidade solar (manhã ou fim da tarde), e deve usar por rotina um protetor solar com elevado fator de proteção.
Nem todos os protetores solares disponíveis no mercado proporcionam o mesmo nível de proteção, assim, aconselha-se a utilizar um produto com proteção UVA e UVB, com Fator de Proteção Solar igual ou superior a 30, que deve ser aplicado 30 minutos antes da exposição solar e com repetição da aplicação a cada 2 horas.
A pele deve ser autoexaminada, e para isso deve considerar como sinais de alarme, a presença de lesões cutâneas com: A – mancha assimétrica; B – bordos irregulares; C – cores variadas; D – diâmetro superior a 5 milímetros; E – evolução no tamanho e forma.