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Avisos e Liturgia do XXIII Domingo do TEMPO COMUM – ano C

 

a)       Os discípulos de Jesus já se tinham apercebido e também expressado este sentimento comum: “estas palavras são demasiado duras”. Jesus anuncia a Boa Nova, através de palavras e de gestos, com uma firmeza e uma exigência que, por vezes, nos assusta e que nos faz procurar esclarecimentos ou interpretações, ou seja, procurar “desculpas” para adaptar a mensagem evangélica à nossa vida. Porventura não teremos medo de ajudar os outros a encontrarem-se com Deus? É evidente que já caminhámos muito no contacto directo, no conhecimento pessoal e vivencial com a Palavra de Deus, apesar de ainda estar muito por fazer. O cardeal Danneels disse esta frase: “Poucas pessoas entram em contacto com a verdade do Evangelho. Os canais de comunicação estão saturados de informações vazias, de pequenas novidades mesquinhas e escandalosas. Tudo isto procura penetrar na pessoa, apostando na curiosidade e no interesse pessoal. São raros os convites à reflexão e à meditação. Raramente se tem a oportunidade de compreender o Evangelho na sua pureza e na sua verdade”. É importante não ter medo de enfrentar a Palavra de Deus.

 

b)       Tantas vezes o evangelho não chega a muitos membros da nossa sociedade e das nossas comunidades paroquiais, ou chega sob a forma de “obrigações e de proibições” morais, ou sob a forma de afirmações dogmáticas rígidas, ou influenciado por determinadas páginas “negras” e de crise da História da Igreja. Perante isto, Danneels interroga-se: “Quem ainda pode escutar? Nestas condições, quem ainda tem acesso à Boa Nova? A casca ainda estará tão dura que não se consegue chegar ao fruto?”. A leitura da Palavra de Deus é um elemento central da nossa celebração, é a primeira das “mesas” da Eucaristia. Procurar que a sua leitura pública seja bem feita – leitores bem preparados, preparação remota e próxima daquele que irá ler, atenção ao género literário da citação, boa qualidade sonora – é um elemento central para uma vida cristã que responda verdadeiramente à proposta de Jesus. É importante velar pela formação bíblica de todos os membros da comunidade cristã, animá-los e dar-lhes subsídios para sua formação contínua. Uma formação bíblica tem que abranger todos os cristãos, desde os que têm alguma responsabilidade pastoral até àquele que aparece em algumas celebrações. Esta formação tem de encontrar na nossa celebração litúrgica uma primeira e simples expressão, mas terá que ter uma linha de continuidade.

 

c)       S. Francisco de Assis afirmava: “Evangelium sine glossa”. É algo que hoje temos de fazer: o evangelho no seu estado puro, sem demasiadas notas de rodapé, sem demasiados comentários que acrescentam sempre um “mas” ao que de radical tem o texto: “Se alguém vem ter comigo, e não Me preferir ao pai, à mãe…Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo”. Sim, mas… Quantos ainda não deram a sua resposta de fé, porque nunca entraram em contacto directo com a mensagem original, sem filtros. Cada celebração é um momento para ajudar a “mergulhar” na originalidade da mensagem do evangelho.

 

07-09-2025

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Leitura Espiritual

Oferecer a Deus o nosso verdadeiro tesouro

 

Muitos dos que, para seguirem a Cristo, desprezaram fortunas consideráveis, enormes quantias de ouro e de prata e propriedades magníficas, mais tarde deixaram-se apegar a um raspador, a um estilete, a uma agulha, a um junco de escrita. […] Depois de terem distribuído todas as suas riquezas por amor a Cristo, recuperaram a anterior paixão e aplicaram-na a futilidades, sendo capazes de se deixar levar pela cólera para as manter. Não tendo a caridade de que fala São Paulo, a sua vida foi tocada pela esterilidade. O bem-aventurado apóstolo previu essa infelicidade: «Ainda que eu distribua todos os meus bens pelos pobres e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, de nada me aproveita», dizia (1Cor 13,3). Prova evidente de que não atingimos de imediato a perfeição pela simples renúncia a todas as riquezas e pelo desprezo de todas as honras, se a isso não juntarmos a caridade cujas características o apóstolo descreve.

Ora, esta caridade apenas se encontra na pureza do coração. Porque rejeitar a inveja, a arrogância, a ira e a frivolidade, não procurar o próprio interesse, não se alegrar com a injustiça, não guardar ressentimento e tudo o resto (cf 1Cor 13,4-5), que é tudo isso se não oferecer continuamente a Deus um coração perfeito e puro, e mantê-lo livre das moções das paixões? Assim, a pureza do coração deve ser o fim último das nossas acções e dos nossos desejos. (São João Cassiano (c. 360-435), fundador de mosteiro em Marselha, Conferências, I, 6-7).

 

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Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

De 07 a 14 de setembro

Avisos e Liturgia do XXII Domingo do TEMPO COMUM – ano C

O ELOGIO DA PEQUENEZ

No evangelho deste Domingo, encontramos a imagem do banquete nupcial, que foi utilizada muitas vezes por Jesus. Uma imagem que nos recorda a comunhão, a alegria de estar juntos. Portanto, esta imagem recorda-nos que todos fomos convidados para estas núpcias, porque Deus assim o quis, porque pensou em todos, porque quer partilhar a sua alegria connosco. Um banquete de casamento também nos faz recordar que a alegria provém da doação, da entrega mútua de dois esposos. Na vida de casal, quem vive procurando a sua própria felicidade pessoal, dificilmente a encontrará, porque a natureza do casamento é outra. No casal, a felicidade não é pessoal e egoísta, mas mútua e doada. É assim também no Reino de Deus. Não devemos procurar os primeiros lugares, nem ter uma atitude narcisista perante a vida. A grandeza que temos de desejar é a grandeza do coração. Por isso, a primeira leitura diz-nos que quanto “mais importante fores, mais deves humilhar-te, e encontrarás graça diante do Senhor”. Deus, imensamente rico em amor e na capacidade de se doar, rebaixou-se até ao extremo, em Jesus Cristo. A cruz de Cristo recorda-nos sempre a grandeza do seu amor por todos nós. Todos conhecemos exemplos da humilde grandeza que, por serem tão rotineiros, não lhe damos a importância devida: os pais que cuidam dos seus filhos, os nossos amigos que nunca nos deixam de apoiar e de estar presentes, os que se dedicam aos mais necessitados, sacrificando, por vezes, o pouco tempo que já têm para si; podíamos dar muitos mais exemplos. A alegria e a satisfação que estas pessoas experimentam no coração, sentindo que nesta entrega recebem mais do que dão, acontece, porque participam na maneira de ser e de agir de Deus, da sua inesgotável riqueza. Com o amor oferecido gratuitamente, quanto mais se dá, mais se tem. No evangelho, Jesus diz-nos para convidarmos aqueles que não podem dar nada em troca. Recebemos muito em troca, mas de outra maneira, como pode constatar que já esteve perto dos que sofrem e lhes prestou atenção. Necessitamos de ter um coração compassivo, que privilegie os outros. Se tal não acontecer, podemos viver confortavelmente, mas sentimo-nos vazios, como mortos por dentro. Quanto mais queremos ser e ter, mais pequeno fica o nosso coração, porque deixamos menos espaço a tudo o que é entrega e generosidade. Infelizmente, a sociedade actual não envereda muito por aqui: há a preocupação de cultivar uma imagem, a procura da popularidade; tudo leva a uma forma de ser em que a humildade e a entrega são desconhecidas e pouco apreciadas. Nesta sociedade, temos de procurar e promover encontros de qualidade, cultivar relações humanas enriquecedoras, profundas; aproximarmo-nos dos que sofrem e evitar deslumbramentos das miragens da fama e do bem-estar. Jesus convida-nos a sentarmo-nos no lugar mais humilde, tal como Ele fez. Ali descobriremos o que significa ser o primeiro no Reino de Deus: viver para amar, ter um coração livre que permita ser sem necessidade de máscaras, nem de imagens pré-fabricadas. É chegar à essência do que somos, sentindo-nos amados, sem necessidade de escalar posições sociais nem reconhecimentos do mundo e dedicarmo-nos àquilo que viemos fazer nesta vida: partilhar a plenitude que já nos foi dada e já nos pertence.

31-08-2025

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Leitura Espiritual

«O banquete está pronto, tudo está preparado: vinde às bodas» (Mt 22,4)

O Senhor tinha sido convidado para umas bodas. Ao observar os convivas, reparou que todos escolhiam os primeiros lugares, desejando sentar-se adiante de todos os outros e passar à frente de todos. Então, contou-lhes uma parábola (Lc 14,16ss), que, mesmo tomada no seu sentido literal, é muito útil e necessária a quantos gostam de usufruir da consideração dos outros e têm receio de ser rebaixados. Como esta história é uma parábola, possui um significado que ultrapassa o seu sentido literal. Estas bodas realizam-se diariamente na Igreja. Todos os dias o Senhor celebra bodas, todos os dias Se une às almas fiéis por ocasião do seu baptismo ou da sua passagem deste mundo para o Reino dos Céus. E nós, que recebemos a fé em Jesus Cristo e o selo do baptismo, somos convidados para estas bodas, onde foi posta uma mesa sobre a qual diz a Escritura: «Preparais-me um banquete à vista dos meus adversários» (Sl 22,5). Aí, encontramos os pães da oferenda, o vitelo gordo e o Cordeiro que tira os pecados do mundo (cf Ex 25,30; Lc 15,23; Jo 1,29); são-nos oferecidos o pão que desceu do Céu e o cálice da Nova Aliança (cf Jo 6,51; 1Cor 11,25); são-nos apresentados os evangelhos e as epístolas dos apóstolos, os livros de Moisés e dos profetas, quais alimentos extremamente deliciosos. Que mais poderíamos desejar? Porque havemos de escolher os primeiros lugares? Seja qual for o lugar que ocupemos, temos tudo em abundância e nada nos faltará. (São Bruno de Segni (c. 1045-1123), bispo, Comentário ao Evangelho de Lucas, 2, 14; PL 165, 406).

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De 31 de agosto a 07 de setembro

Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

Avisos e Liturgia do XX Domingo do TEMPO COMUM – ano C

  1. a)       Não há alternativa. Ou acolhemos a Palavra de Deus e, por ela, o Deus da Palavra – fogo que queima, julga, purifica, salva – ou nos gastaremos na busca incessante de seguranças para a vida, que resultarão sempre limitadas, inconsequentes, falhadas. A mensagem da Palavra de Deus deste Domingo é, por si mesma, desconcertante. Esperaríamos do Deus da Palavra “paz”, “segurança”, “felicidade”. Mas ela diz-nos que se “apoderaram de Jeremias e meteram-no dentro de uma cisterna”. Que Jesus sofreu, da parte dos pecadores, uma total oposição à Sua pessoa: “Eu vim estabelecer a desavença… “. É a Palavra de Deus convertida em palavra de contradição, de julgamento.

  1. b)       Na primeira leitura, o profeta Jeremias é o protótipo acabado do mártir pela Palavra de Deus, que será “figura” de Jesus, na missão e no martírio, pela Palavra e pelo Reino. No ano 588, Nabucodonosor, rei de Babilónia, à frente do seu exército, avança para Ocidente e domina os vários pequenos estados em rebelião contra o Império. Depois, segue para Sul e cerca a cidade de Jerusalém. A Babilónia é o grande poder político e militar do tempo. Contra ele nada pode o pequeno Reino de Judá. É, então, que entra em cena o profeta Jeremias. Preocupado com a sorte do povo, insta com as autoridades de Jerusalém para que dialoguem com o rei babilónico e negoceiem com ele a paz. Mas o poder político de Jerusalém está sobretudo voltado para o Egipto. De facto, o Faraó Hofra entra em acção e, para melhor enfrentar o exército egípcio, a tropa babilónica levanta o cerco de Jerusalém. Parece evidente a vitória da classe política judaica e a derrota do profeta. Contudo, o profeta vê mais longe e intui que tentar resistir ao poderio babilónico significará, a breve prazo, a destruição da cidade e o suicídio colectivo da nação. Assim o pensa e assim o proclama, alto e bom som, a todo o povo que o quer escutar. Torna-se uma voz incómoda, desestabilizadora. É preciso eliminá-lo. Apoderam-se dele e metem-no dentro de uma cisterna. Mas a intervenção amiga de um estrangeiro salva-lhe a vida. Como homem ao serviço da Palavra de Deus, ganhará novo alento para, com coragem renovada, continuar a pregar os desígnios do Senhor.

  1. c)       No evangelho, S. Lucas mostra-nos como Jesus assume, claramente, o mesmo caminho do Profeta. Sendo a “Palavra incarnada” do Pai, Ele vive-a, proclama-a e dá-lhe dimensões insuspeitadas. Este evangelho de hoje faz parte de uma composição mais vasta em que São Lucas agrupa o ensinamento de Jesus quanto ao modo como os discípulos e a própria comunidade se devem comportar em relação ao mundo. Na primeira sentença – “Eu vim lançar o fogo sobre a terra e só quero que ele se tenha ateado” – a forma utilizada sugere que o fogo deverá ser ateado no futuro. A palavra “fogo”, entre outros matizes, poderá expressar, aqui, o estado de tensão e de guerra contra o mal, que Jesus vem eliminar. Neste sentido, assume a significação profética de “juízo” e “julgamento” de Deus que purifica os eleitos e extermina os ímpios. Jesus anunciaria, assim, a realização escatológica de um Povo purificado e santo. O “fogo” será o instrumento de formação e purificação da comunidade dos discípulos de Jesus. E porque não ver nele também o “fogo” do Pentecostes, o “fogo” do Espírito, que é dom do Ressuscitado à Sua Igreja, e a antecipação dos últimos dias?

  1. d)       Seja como for, o próprio Jesus está implicado neste combate, que é de luta e tensão dentro do Reino, pois Ele mesmo declara que tem um “baptismo” para receber, e este baptismo, de acordo com Mc 10, 38, é claramente um baptismo de sofrimento, de paixão e de morte. “Pensais que Eu vim estabelecer a paz na terra? Pois Eu digo-vos que não: O que Eu vim estabelecer foi a desavença”. Mas não era a paz um dos temas mais decantados e ardentemente esperados pelo povo judeu, para os tempos messiânicos? Não cantam os Anjos essa paz no nascimento de Jesus em Belém? Jesus vem, efectivamente, trazer a “paz messiânica” prometida e cantada pelos profetas. Mas a paz messiânica exige a decisão pessoal de fé. E tal decisão acarreta consigo crises, riscos, rupturas, desavenças. São Mateus substitui a palavra “desavença” pela palavra “espada”. Exprimem ambas a mesma realidade: a cisão provocada pelo próprio Evangelho. As “desavenças” familiares descritas em S. Lucas e em S. Mateus são uma citação de Miqueias referida expressamente ao fim dos tempos, aos tempos da decisão. Aliás, os elementos aduzidos não serão mais do que um pequeno retracto do que estaria já a acontecer em muitas famílias de Jerusalém, por causa dos que aderiam, de alma e coração, à mensagem de Jesus. Dito de outra maneira: Quem acolhe e aceita o Evangelho de Jesus Cristo começa a experimentar, dentro de si mesmo, a guerra e a divisão. É que não se pode aceitar, com a mesma naturalidade, o bem e o mal, a verdade e a mentira, a justiça e a opressão. A imagem de um cristianismo fácil, contemporizador com todos os valores do mundo, tem de dar lugar a um cristianismo adulto, feito de decisões de Fé, marcado por atitudes assumidas, à luz do Evangelho. É neste sentido que a Palavra de Deus introduz a crise no mais íntimo do homem, porque contesta os valores da ordem estabelecida e exige uma decisão por Cristo ou contra Cristo. O homem actual é um homem de opções adiadas. Inserido num mundo de mediocridade e consumismo, treme perante as opções fundamentais da vida e da sua própria fé. Pretende, simultaneamente, dizer “sim” e “não” à sua vocação transcendental. Tem medo do risco. Ora o Evangelho é risco, que projecta o crente para a aventura sedutora de um futuro eterno e feliz em Deus.

  1. e)       Não será esta, precisamente, a mensagem da segunda leitura? Depois de enumerar uma “nuvem” de testemunhas “ a atestar-nos as grandezas da fé”, a Carta aos Hebreus apresenta-nos Cristo como modelo supremo da nossa “corrida” para a perfeição. Com Ele, “guia da nossa fé” e sinal de contradição para o mundo, também nós atingiremos a meta final.

17-08-2025

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Leitura Espiritual

«Eu vim trazer o fogo à Terra e que quero Eu senão que ele se acenda?»

Nosso Senhor Jesus Cristo vive neste mundo nas almas, crescendo nelas segundo as operações da sua graça, como fazia na sua infância, conversando com sua Mãe; e prossegue a sua vida interior em nós quando somos exclusivamente dele. Aquilo que começou em Si mesmo, prossegue-o na sua Igreja, de modo que a vida divina que lhe comunica, e que tão gloriosa é para Deus seu Pai, não terá fim na eternidade. Ele deseja que toda a Terra esteja cheia de fogo, pois enviou-o cá para baixo com o único fim de que esse fogo devore o mundo […].

Não há nada melhor, nem que dê mais descanso e consolo à alma, do que ser arrebatada para fora de si mesma por Jesus Cristo e pelo seu Espírito divino, que, para tal, não precisa do carro de fogo de Elias (cf 2Rs 2,11), pois nos eleva da Terra ao Céu pelo seu próprio poder, e do fundo de nós mesmos nos transporta para o seio de Deus. E eu seria infiel a Jesus se não pressionasse incessantemente a vossa alma, a fim de impedir que ela descanse, um momento que seja, voltada para si mesma. (Jean-Jacques Olier (1608-1657), fundador dos padres de São Sulpício, Leituras espirituais, 44).

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Avisos Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

De 17 a 24 de Agosto

Avisos e Liturgia do II Domingo da Páscoa- ano C

OS DONS DO RESSUSCITADO: PAZ, ESPÍRITO E PERDÃO

 

Enquanto que, no Domingo passado, nos concentrávamos na celebração do anúncio da ressurreição de Jesus, neste Domingo, na Oitava da Páscoa, a nossa atenção orienta-se para o mistério desta ressurreição. Não ficamos somente no facto de que, em cada oito dias, nos reunimos para celebrar a Ressurreição do Senhor, mas também nos seus efeitos, tanto naquele dia de Páscoa, como na oitava, e, também, hoje. Jesus mostrou aos apóstolos as mãos e o lado, como, depois, também mostrou a Tomé, porque este não acreditou no testemunho dos seus companheiros. Mas, o evangelho deste Domingo também nos apresenta o mistério, o qual não podiam ver nem tocar, mas somente experimentar: a paz que Jesus ressuscitado concede à sua Igreja, o Espírito Santo que oferece como fruto da sua ressurreição, e o perdão dos pecados para alcançar a salvação que a ressurreição de Jesus nos dá. Como Tomé, muitas pessoas, hoje, também procuram certezas e provas, querem ver e tocar. Mas o Senhor, além de mostrar, as mãos e o lado, dá-lhes, a ele e a todos, uma vida que não podem ver, mas que podem sentir. Em primeiro lugar, a paz, aquela paz que, noutra passagem do evangelho, Jesus diz: “Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz. Não é como a dá o mundo, que Eu vo-la dou” (Jo 14,27). Uma paz que inunda plenamente cada pessoa, porque não é somente ausência de guerra, mas edifica um coração pacífico, vivendo a bem-aventurança: “Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). O Ressuscitado também concede o Espírito, o Espírito da verdade e da fortaleza, que fará dos apóstolos, e de quantos partilhamos a mesma fé, homens novos num mundo enfraquecido, homens novos pelo baptismo que a todos converte numa criatura renovada. E, ainda, nos oferece o perdão dos pecados. Jesus concede à Igreja a capacidade e o dom de perdoar, de nos sentirmos perdoados e de partilhar o perdão que Deus concede, pela sua grande misericórdia. Os discípulos, e Tomé passados oito dias, viram as chagas do Senhor e acreditaram, mas não viram com os seus olhos, não tocaram com as suas mãos os dons do Ressuscitado; acreditaram e a sua fé espalhou-se como a sombra de Pedro, o primeiro dos apóstolos, que, como nos diz a primeira leitura, dos Actos dos Apóstolos, confortava e curava “os enfermos e atormentados por espíritos impuros”. Se no Domingo passado, eramos convidados a “tomar” a palavra, como Pedro, para anunciar a ressurreição de Jesus, neste Domingo, tanto a segunda leitura do Apocalipse com a parte final do texto evangélico, convida-nos a “escrever” o que vimos e ouvimos, o que experimentámos, para que, também hoje, acreditemos no Ressuscitado e, mesmo não vendo as feridas das mãos e do lado, acreditemos que o Senhor dá-nos a sua paz, derrama sobre nós o seu Espírito e concede-nos o perdão, para que sejamos instrumentos de reconciliação para a sociedade em que vivemos. Neste Domingo, recordamos a dúvida do apóstolo Tomé, mas o mais importante é contemplar o Senhor ressuscitado que, tomando a iniciativa, vai ao encontro dos seus amigos e concede-lhes toda a força e a vida da ressurreição, para que dela sejam testemunhas. Hoje, repete-se o que aconteceu “há oito dias”, ou seja, em cada Domingo, a Igreja é convocada para celebrar o Senhor ressuscitado. De oito em oito dias, repetem-se os dons do Senhor, que está presente na Igreja, para que cada geração experimente e viva os dons que o Ressuscitado nos concede: a paz que edifica, o Espírito que estimula e o perdão dos pecados que salva e nos convida a renascer de novo.

 

27-04-2025

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Leitura Espiritual

A tripla paz

 

«Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: “A paz esteja convosco”». Disse por três vezes «A paz esteja convosco!», porque foi uma tripla paz que o Senhor restabeleceu: entre Deus e o homem, reconciliando-o com o Pai pelo seu sangue; entre o anjo e o homem, tomando a natureza humana e elevando-Se acima dos coros dos anjos; entre o homem e o homem, unindo em Si mesmo, pedra angular, o povo judeu e o povo gentio. Jesus veio, pois, e pôs-Se no meio deles (cf Jo 20,19): «Eu estou no meio de vós como aquele que serve» (Lc 22,27). Ele mantém-Se no centro de cada coração. No centro, porque é dele, como eixo, que todos os raios da graça recaem sobre nós, que nos mantemos na circunferência e andamos à sua volta. «Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: “A paz esteja convosco”». Há uma tripla paz: a do tempo, a do coração, a da eternidade. Deves, pois, ter a primeira para com o teu próximo, a segunda para contigo mesmo e assim terás a terceira para com Deus, no Céu. Mantém-te, também tu, no «meio» e terás paz com o teu próximo. Se não te mantiveres no meio, não poderás ter paz. Na circunferência, não há nem paz nem tranquilidade de espírito, mas movimento e instabilidade. Dizem que os elefantes, quando enfrentam um combate, têm um cuidado especial com os feridos: encerram-nos no centro do grupo, juntamente com os mais fracos. Acolhe tu também, no centro da caridade, o teu próximo fraco e ferido. Assim, o Senhor, depois de lhes ter mostrado as mãos e o lado, disse novamente: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós»: tal como o Pai Me enviou para a Paixão, apesar do amor que Me tem, também Eu, com o mesmo amor, vos envio. (Santo António de Lisboa (c. 1195-1231), franciscano, doutor da Igreja, Sermão para o Domingo da Oitava da Páscoa).

 

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Avisos
De 28 de abril a 04 de maio

Avisos e Liturgia do VI Domingo da Quaresma – ano C

Domingo de Ramos

O DOMINGO DOS CONTRASTES

O Domingo de Ramos dá singular importância a uma personagem colectiva dos evangelhos: a multidão. Um grupo grande de pessoas, que caminham juntas, estendem as suas capas no caminho por onde passa Jesus, montado num jumentinho. Louvam a Deus, junto ao monte das Oliveiras, símbolo da paz. Esta multidão tem consciência de que aquele que vai montado no jumentinho é alguém importante, de linhagem real, que fala e actua humildemente em nome do Senhor. Tem consciência de que estão a acontecer coisas maravilhosas. Também nós, neste dia, com os nossos ramos nas mãos, queremos expressar a nossa admiração e união ao Messias que afirmou que o seu Reino é dos pequeninos, daqueles que é preciso defender de qualquer escândalo. Mas, será que sabemos, verdadeiramente, quem aclamamos? Conhecemos a sua realeza e a sua importância para a nossa vida? Saciamo-nos na sua mesa e com as suas palavras? Este é o Domingo dos contrastes, em que se inicia a Semana Santa de maneira multitudinária e que, pouco a pouco, se vai reduzindo à fidelidade dos mais próximos, até, no final, à mais absoluta e terrível das solidões. A multidão caminha e acompanha Jesus. É esta atitude que a Igreja tem de continuar a valorizar, cuidando da comunhão, para participar na missão do Messias. Mas, pôr-se a caminho é comprometedor. Subir a Jerusalém custa! Quem nos ajuda ao longo do caminho? Quem nos anima nos carreiros da vida? Precisamos de fazer caminho, individual e comunitariamente, porque, assim, nos preparamos para a entrega radical do Senhor.

Ele oferece-nos o seu corpo e o seu sangue, culminando o itinerário no único sacrifício da cruz, em comunhão com todos os crucificados do mundo e da história. Sem vaidades, como afirma São Paulo, Cristo submeteu-se à humilde condição de servo, que, infelizmente, persiste de diversas formas entre os explorados de hoje. Só assim podia elevar em Si todos aqueles que, desprovidos de nome e de dignidade, foram oprimidos ao longo da história e no silêncio cúmplice do nosso tempo. O mal não terá a última palavra, porque ao nome de Jesus todos se ajoelharão e toda a língua proclamará que Ele é o Senhor. Esta é a garantia da nossa esperança, sem esquecer que não está isenta de cruz, a exemplo de Jesus. Este é o Domingo, que começa com uma procissão, repleta de alegria, e que culmina com uma desoladora narração, onde impera o insulto, a falta de respeito, a violência física e o escarnio. Esta narrativa continua a repetir-se todos os dias nas mulheres agredidas e violentadas, nos que fogem das guerras, nos discriminados, naqueles que não contam para nada! O evangelista Lucas, amante e pintor de contrastes, oferece-nos uma narração com um momento de ternura, diante de tanto drama. Em pleno suplício, um dos condenados volta o seu coração para o Senhor. Só lhe pede que se lembre dele. Jesus promete-lhe o paraíso. Antes de se entregar nas mãos de Deus Pai, o Crucificado termina a sua missão neste homem arrependido. O Crucificado revela-nos como é o seu coração, capaz de amar e de dar oportunidades até ao fim. Hoje, entrando em Jerusalém, aclamamos que o Amor nunca abandona o seu povo. O Amor inspira-nos com a força da sua debilidade, encorajando-nos a fazer caminho até à Jerusalém do Céu, pátria da multidão que alcançou um mundo sem fronteiras. Lá, a alegria será plena, superior a alegria de Domingo de Ramos.

13-04-2025

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Leitura Espiritual

Eis que o nosso Bem-amado Se encaminha para a morte

Eis que o nosso Bem-amado, o ramo de nardo, a bolsa de mirra (cf Cant 1,12-13), depois de ter celebrado um festim abundante e refinado, e cantado o hino, sai com os seus discípulos para o Monte das Oliveiras, onde passa toda a noite sem dormir, preocupado com a realização da obra da nossa salvação; afasta-Se dos apóstolos, cai sobre Ele uma tristeza de morte, dobra os joelhos diante de seu Pai e pede-Lhe que, se for possível, aquela hora passe longe dele, mas submete a sua vontade à do Pai (cf Mt 26,38-39). Entrando em agonia, corre-Lhe pela testa um suor de sangue (cf Lc 22,44). A seguir, é atraiçoado com um beijo por um dos seus discípulos, preso e levado como um malfeitor. O seu rosto velado será coberto de escarros, arrancar-Lhe-ão a barba. Batem-lhe na cabeça com uma cana, dão-Lhe bofetadas, flagelam-no na coluna, coroam-no de espinhos, condenam-no à morte. Carregam-Lhe às costas o madeiro da cruz e Ele dirige-Se ao calvário, onde é despojado das suas vestes e crucificado entre dois ladrões; dão-Lhe a beber fel e vinagre, insultam-no, ouve as blasfémias de quem por ali passa. O que poderemos juntar a tudo isto? A Vida morre pelos mortos, que somos nós. Ó olhos do nosso Bem-amado, fechados na morte! Ó rosto no qual os anjos amam fixar o seu olhar, caído e exangue. Ó lábios, raios de mel que destilam palavras de vida eterna, tornados lívidos! Ó chefe que faz tremer os anjos, pendendo inclinado! Ó mãos, cujo toque fez desaparecer a lepra, devolveu a vista, expulsou o demónio, multiplicou os pães, perfuradas por pregos, banhadas de sangue! Irmãos bem-amados, recolhamos todas estas coisas para compor um ramo de mirra, coloquemo-lo sobre o peito e tragamo-lo no coração, para podermos ressuscitar com Ele ao terceiro dia. Que Aquele que é bendito pelos séculos dos séculos nos obtenha tudo isto. Amen! (Santo António de Lisboa (c. 1195-1231), franciscano, doutor da Igreja, Sermão para a Ceia do Senhor).

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Avisos Paroquiais – Semana Santa – Ano 2025

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Avisos e Liturgia do V Domingo da Quaresma – ano C

 

PARA RECOMEÇAR, APONTA O DEDO AO TEU CORAÇÃO E VAI

Chegámos ao quinto Domingo da Quaresma. Depois deste itinerário quaresmal, somos convidados a olhar os outros de outra maneira, com ternura, a ter um coração bondoso e a perdoar. Este é o objectivo para avançarmos numa vivência cristã; esta é a meta, para a qual devemos orientar a nossa vida. Trata-se de um objectivo importante. O caminho quaresmal ajudou-nos a lutar para o alcançarmos. Que nos ajude a viver e a celebrar a Páscoa. Perante as situações de incerteza que existem na vida das pessoas, há uma certa tendência para olhar para trás, para idealizar os tempos passados como os melhores, para ver mais o que está mal do que o que está bem. Como também há pessoas mais confiantes, encaram todas as situações com pensamentos positivos, vão à raiz das dificuldades com convicção, fixam objectivos, planificam etapas a percorrer, enfrentam novos desafios. E o que caracteriza estas duas tendências? Numa, predominam horizontes curtos e fechados, medo das mudanças, procura de seguranças e certezas, preferência por confinamentos; noutra, predominam o sonho, a criatividade, o dinamismo, a esperança, a abertura. Não podemos classificar as pessoas de boas e más. Porque em todas há incoerências e limitações, mas também boa vontade e virtudes. A forma como olhamos as pessoas e as situações da vida revela o que predomina no nosso interior. Sobre isto, o que nos dizem as leituras bíblicas deste Domingo? O profeta Isaías, em nome de Deus, convida o povo, que ainda estava no exílio, a olhar em frente, com coragem e esperança: “Não vos lembreis mais dos acontecimentos passados, não presteis atenção às coisas antigas. Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a aparecer; não a vedes?” (Is 3,18). Numa situação de sofrimento, Isaías, como os outros profetas, levanta a voz para proclamar uma mensagem de esperança no futuro. E São Paulo fala-nos da sua experiência pessoal: “Só penso numa coisa: esquecendo o que fica para trás, lançar-me para a frente, continuar a correr para a meta” (Fl 3,13). Não fica agarrado às suas tradições que lhe davam segurança, pois vivia “legalmente”, cumprindo a Lei, mas abre-se para acolher a novidade da justiça e da salvação, oferecida por Deus, em Jesus Cristo. Esta “prenda” de Deus dava-lhe entusiamo para viver com esperança, apesar das contrariedades. Actualmente, vivemos tempos que clamam por confiança, coragem, verdade, justiça, liberdade e autenticidade. O texto evangélico de São João narra-nos o acontecimento da mulher apanhada em flagrante adultério. A acusação estava influenciada pela ideia de pecado, por um espírito mesquinho e pelo castigo. Diante de nós, temos o contraste entre a mentalidade religiosa ancorada no passado e a novidade de Jesus. Trata-se da novidade do perdão, em nome do amor e da misericórdia que libertam, perante a antiga condenação que se faz, em nome da lei. É a supremacia da misericórdia que abre novas oportunidades, sobre a dureza de alguns costumes e leis que castigam, destroem e fecham todas as portas da misericórdia. As palavras de Jesus desarmam os escribas e os fariseus, que são obrigados a retirarem-se: “Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra”. Uma frase que se eternizou, afirmando que todos somos culpados, ou co-responsáveis, dos pecados sociais. Será que podemos dividir o mundo entre justos e pecadores? As palavras de Jesus à mulher abrem-lhe as portas do acolhimento e da esperança. “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou? Ela respondeu: Ninguém, Senhor. Disse então Jesus: Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar”. É como se Jesus a convidasse a olhar para si mesma, com as suas próprias debilidades e pecados. Como é tão fácil apontar os outros com um dedo, em vez de apontar ao nosso coração! Há alguém sem pecados? Não necessitaremos todos da ternura e do perdão de Deus? Jesus ama com olhos compassivos e perdoa com uma ternura sublime; assim, inunda-nos de paz, de reconciliação e de vida. Mas, exige bom comportamento no futuro. Não tenhamos medo de começar uma nova vida! Só o amor, a ternura e o perdão podem iluminar a nossa vida. Com o perdão, desfazem-se mal-entendidos, caem rótulos, apagam-se críticas corrosivas e juízos precipitados. Aprendamos de Jesus a maneira de amar, perdoando e dando novas oportunidades.

 

06-04-2025

Leitura Espiritual

Abriu-se um oceano de misericórdia

 

Ó meu Jesus, para Vos agradecer por tantas graças, ofereço-Vos alma e corpo, inteligência e vontade e todos os sentimentos do meu coração. Pelos votos, entreguei-me toda a Vós, já não tenho nada que Vos possa oferecer. Jesus disse-me: «Minha filha, não Me ofereceste o que é essencialmente teu». Aprofundei-me em mim e conheci que amo a Deus com todas as faculdades da minha alma, mas, não podendo saber o que era que não havia entregado ao Senhor, perguntei: «Jesus, dizei-me o que é, que logo com generosidade Vo-lo hei de confiar». Jesus, bondosamente, disse-me: «Filha, dá-Me a tua miséria, já que ela é tua exclusiva propriedade». Nesse momento, um raio de luz iluminou a minha alma e apercebi-me de todo o abismo da minha miséria; nesse mesmo instante, refugiei-me no Sacratíssimo Coração de Jesus com tanta confiança que, ainda que tivesse sobre a minha consciência os pecados de todos os condenados, não duvidaria da misericórdia divina e seria, afinal, com o coração reduzido a pó que me havia de lançar no abismo desta vossa misericórdia. Creio, ó Jesus, que não me afastaríeis de Vós, mas me haveríeis de absolver pela mão do vosso representante. Ao expirardes, ó Jesus, a fonte da vida brotou para as almas e abriu-se o oceano da misericórdia para todo o mundo. Ó fonte da vida, misericórdia insondável de Deus, abraçai o mundo inteiro e derramai-vos sobre nós! (Santa Faustina Kowalska (1905-1938), religiosa, Diário, Fátima, Marianos da Imaculada Conceição, 2003,1318-1319).

 

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De 07 a 13 de abril

Avisos e Liturgia do IV Domingo da Quaresma – ano C

RECONCILIAÇÃO – VOU TER COM O MEU PAI

Depois de cisões e de mal-entendidos, a reconciliação permite começar de novo, sem ressentimentos e censuras. Ambas as partes, a devem desejar, sem gerar ambientes de vencedores e de vencidos, mas humildade e generosidade. Nos nossos dias, é urgente um novo mundo relacional, onde reine a bondade e o bem! Somos seres em relação e esta necessidade pode crescer e tomar formas diferentes, da mesma maneira que pode esmorecer, deteriorar-se, romper-se. Podemos pensar em roturas de todo o tipo: familiares, de amizade, de vizinhança; e, também, causadas por interesses contrários, ou por mal-entendidos, ou por pretextos justificados. Em qualquer caso, deveremos pensar nas vítimas, e nos pactos e mediações oportunas. Mesmo assim, deveremos sempre perguntar: será que, apesar de todos os meios, prevalecerão os direitos e os deveres? Far-se-á justiça? Haverá perdão e reconciliação? Podemos ter uma experiência de perdoar e de não reconciliar: “isto, não consigo perdoar”, “não lhe posso perdoar”, “perdoo, mas as coisas não irão ser como eram”. A reconciliação consiste no nosso reencontro com a paz e em ter paz relacional. Isto conduz-nos ao reconhecimento dos nossos erros, à vontade de recomeçar de novo, à generosidade sem atirar as culpas para os outros; tudo isto, repleto de esperança. Será que somos pessoas de paz e de reconciliação? Nas leituras deste Domingo, encontramos a hipótese de uma reconciliação, em que Deus toma a iniciativa, o convite a sermos seus mensageiros e obreiros, e a parábola que nos descreve o processo de reconciliação entre um pai e os seus filhos. O livro de Josué apresenta-nos o povo de Israel no momento em que, depois da longa travessia do deserto, livre da escravidão do Egipto, entra na sua terra e celebra a festa da liberdade, da dignidade e da aliança renovada, que é a Páscoa (Jos 5, 9a.10-12). São Paulo diz-nos que em Jesus Cristo “as coisas antigas passaram; tudo foi renovado…é Deus que em Cristo reconcilia o mundo consigo, não levando em conta as faltas dos homens e confiando-nos a palavra da reconciliação” (2Cor 5,17-21). Fica bem claro que Deus quer a reconciliação. Deus quer o reencontro com aqueles que, seja quais foram os motivos, as razões, os mal-entendidos, se afastaram Dele. A Igreja tem de fazer chegar a todos esta mensagem que transforma tantas situações angustiantes, fracturantes e discriminatórias. No evangelho de São Lucas, encontramos, neste Domingo, uma parábola sublime e de uma riqueza inesgotável. A parábola do “filho pródigo” também se pode chamar a do “homem que tinha dois filhos”, ou do “pai que nunca deixa de amar”. O filho mais novo, rebelde e inconformista, pediu ao pai a sua parte da herança, pensando na sua liberdade; “partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida dissoluta”. O filho mais velho, zeloso e cumpridor, ficou em casa e disse ao pai: “Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos”. Um filho rompe a relação de família, porque deseja a sua liberdade; o outro mantém a relação, de uma forma aparente, ajustando-se às ordens do pai, e não sabe perdoar ao irmão. Um teve que experimentar a pobreza para reconhecer o seu erro e regressar a casa, acreditando na bondade do seu pai, confiando que se podia reconciliar com ele. O outro, tendo ficado em casa, nunca entendeu o que o seu pai lhe recordou: “Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu”, ou seja, não sabia amar suficientemente. Cada um de nós pode reconhecer-se em algum destes dois filhos, ou um pouco em cada um deles. Na nossa vida, podemos contemplar a atitude do pai no coração de Deus que respeita, espera pacientemente, acolhe e faz a festa do reencontro e da reconciliação. Será que nas nossas paróquias encontramos indiferença e consumo religioso, ou são lugares de reconciliação e de oração? Será que se poderá dizer dos cristãos de hoje aquela bela expressão atribuída a Tertuliano: “vede como se amam”? A grandeza de um homem não está em cumprir leis como um servo, mas em viver o amor, a grandeza do perdão, saber entender o outro e abraçá-lo.

 

30-03-2025

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Leitura Espiritual

O caminho dos filhos

 

Se alguém quer tender à perfeição, partirá do primeiro degrau, que é o do temor, estado propriamente servil, e elevar-se-á, em progresso continuado, até às vias superiores da esperança. Esta espera a recompensa, mas ainda não alcançou aquele sentimento do filho, que, confiando-se à indulgência e à liberalidade paternas, não duvida de que tudo o que é de seu pai também é seu. O filho pródigo do evangelho não ousa a aspirar, depois de tudo o que perdeu, ao nome de filho. Reparai que ele invejava as arrobas que os porcos comiam, ou seja, o alimento sórdido do vício, e ninguém lhas dava a comer. Então, voltou-se para si mesmo e, tocado por um temor salutar, encheu-se de horror pela imundície dos porcos e rejeitou o cruel tormento da fome, sentimentos que, de certa maneira, fazem dele um escravo. Porém, sonhando com o salário que se paga aos mercenários, cobiçou a situação destes, dizendo: «Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores». Entretanto, o pai foi ao seu encontro e acolheu estas palavras de arrependimento humilde, ditadas pela ternura, ainda com maior ternura: ele não quer conceder ao filho bens de menor valor, mas restitui-o à dignidade de filho, fazendo-o subir imediatamente os dois degraus inferiores. Apressemo-nos, também nós, a subir, pela graça de uma indissolúvel caridade, a este terceiro grau, o dos filhos, que consideram seu tudo o que pertence ao pai; mereçamos receber em nós a imagem e semelhança do nosso Pai dos Céus. E então, tal como o Filho verdadeiro, poderemos proclamar: «Tudo o que é do Pai Me pertence também» (Jo 16,15). (São João Cassiano (c. 360-435), fundador de mosteiro em Marselha, Sobre a perfeição, cap. VII; SC 54).

 

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De 31 de março a 06 de abril

 

Avisos e Liturgia do II Domingo da Quaresma- ano C

 

a)       Assim como no primeiro Domingo da Quaresma o evangelho narra sempre as tentações de Jesus no deserto, segundo a versão dos três evangelistas sinópticos, também no segundo Domingo da Quaresma o evangelho é a narração da transfiguração do Senhor. Neste ano escutaremos a versão de São Lucas (ano C) que nos relata a subida de Jesus com Pedro, Tiago e João ao cimo do Monte Tabor. Aí, estes discípulos fizeram uma forte experiência espiritual: contemplam Jesus transfigurado, reconhecem-no como Filho de Deus (a voz do céu certifica esta realidade), em quem se cumpre a Lei e os Profetas (representados por Moisés e Elias). Esta experiência espiritual marcou profundamente estes três discípulos para toda a vida, especialmente para a sua missão. Todos podemos fazer esta experiência dos discípulos: contemplar Jesus na sua dimensão mais profunda, através da escuta da Palavra e do alimento espiritual para fortalecer a nossa fé e o nosso caminho de discípulos do Senhor. A Oração Colecta deste Domingo realça isto mesmo: “Deus de infinita bondade, que nos mandais ouvir o vosso amado Filho, fortalecei-nos com o alimento interior da vossa palavra, de modo que, purificado o nosso olhar espiritual, possamos alegrar-nos um dia na visão da vossa glória”. O objectivo da Quaresma é aprofundar o conhecimento de Jesus Cristo, sobretudo a sua paixão, morte e ressurreição, para “celebrarmos dignamente as festas pascais” (Oração sobre as Oblatas). O Prefácio deste Domingo também nos diz: “Cristo nosso Senhor depois de anunciar aos seus discípulos a sua morte, manifestou-lhes no monte santo o esplendor da sua glória, para mostrar, com o testemunho da Lei e dos Profetas, que pela sua paixão alcançaria a glória da ressurreição”.

 

b)       As tentações ocorreram no deserto. Hoje, Jesus, acompanhado de três discípulos, sobe a uma alta montanha e ali se transfigura. Deserto, Montanha… são lugares privilegiados para se ter uma experiência de relação com Deus, de encontro com o Senhor, de contemplação, de meditação. O tempo da Quaresma é óptimo para este tipo de experiências: procurar espaços de reflexão, de oração e de retiro. Evidentemente, existe um perigo: ficar na montanha: “Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas”. É um perigo de uma vida espiritual intensa, mas fechada, isolada, sem contacto com o mundo e com a vida. Isto não é bom. Jesus convida-os a descer a montanha e a regressar para a realidade da vida, transformados, renovados e fortalecidos pela experiência da transfiguração. Os momentos de retiro e de oração que poderemos procurar servem para regressar ao quotidiano da vida com mais força, mais firmeza, mais esperança.

 

c)       A vida de um cristão nem sempre é fácil. É necessário ter um espírito firme, uma fé renovada cada dia. Uma fé que vem de longe. Seguindo os grandes momentos da história da salvação, que iremos escutando na primeira leitura do Antigo Testamento nestes Domingos da Quaresma, hoje escutamos a aliança que Deus fez com Abraão, como pai do povo de Israel, do povo escolhido. Deus promete-lhe uma terra e uma grande descendência. Jesus renovou a aliança de Deus com os homens. São Paulo, na segunda leitura, anima os seus leitores e a nós também, a ir configurando a vida ao estilo de Jesus que supõe muitas vezes a cruz, mas que leva à salvação. São Paulo diz que aqueles que somente apreciam as coisas terrenas irão para a perdição, mas aqueles que são capazes de reconhecer que são concidadãos do céu vivem com outros valores e com outras perspectivas. Um estilo de vida “transfigurado”, cheio da experiência profunda de sentir Deus como nossa luz e nossa salvação (salmo responsorial), coerente com a esperança que professamos.

 

d)       As exortações de São Paulo podem ser aproveitadas para a homilia deste Domingo, destacando as seguintes palavras: “meus amados e queridos irmãos, minha alegria e minha coroa, permanecei firmes no Senhor”. Assim seremos “transfigurados” e convertidos, tornando fecundo o nosso caminho quaresmal.

16-03-2025

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Leitura Espiritual

A glória da cruz

 

O Senhor revela a sua glória na presença de testemunhas escolhidas, fazendo que se difunda pelo seu corpo, aliás semelhante ao nosso, uma luz tão deslumbrante que o seu rosto se torna resplandecente como o sol e as suas vestes de brancura refulgente. Ao transfigurar-se desta maneira, o seu primeiro objectivo era afastar o escândalo da cruz do coração dos seus discípulos, para que a vergonha da sua morte, que Ele sofreu deliberadamente, não perturbasse a fé daqueles que teriam assim visto a grandeza da sua dignidade escondida.

Mas não era menos importante para Ele fundar a esperança da Santa Igreja, para que os membros do corpo de Cristo compreendessem a transformação que um dia se operará neles, pois todos eles são chamados a participar um dia da glória que viram resplandecer na sua Cabeça. […]

«Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O. […] Escutai aquele que vos abre o caminho do Céu e, através do suplício da cruz, vos prepara os degraus para ascenderdes ao Reino. Porque temeis ser redimidos? Porque receais ser curados, vós que estais feridos? Seja feita a minha vontade, como Cristo quer. Rejeitai os medos deste mundo e armai-vos com a constância que a fé inspira. Porque não convém temerdes na Paixão do Salvador aquilo que, com a sua ajuda, já não receareis na vossa própria morte». […]

Nestes três apóstolos, a Igreja inteira aprendeu tudo o que eles viram com os seus olhos e ouviram com os seus ouvidos (cf 1Jo 1,1). Que a fé de todos seja, pois, fortalecida pela pregação do Santo Evangelho e que ninguém se envergonhe da cruz de Cristo, pela qual o mundo foi redimido. (São Leão Magno (?-c. 461), Papa, doutor da Igreja, Sermão 51, 2-3, 5-8 ; PL 54, 310-313).

 

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Avisos Paroquiais
-Quarta-feira, 19 – Dia do Pai
– Celebração da Eucaristia no Lar de Maceira – 10.30h
– Celebração da Eucaristia no Centro de Dia de Figueiró – 15.30h
– Sexta-Feira, 21
– Celebração da Eucaristia em Figueiró da Granja : 18h .
– Sábado, 22 – Confissões Quaresmais
Casal Vasco – 9h
Infias – 10h .
Missas Vespertinas
– Fuínhas – 16h .
– Mata – 17.30h .
Domingo, 23 – 3º Domingo da Quaresma
– Muxagata – 9.15h .
– Maceira – 10.30h .
– Figueiró da Granja – 11.45h .
– Celebração da Palavra em Sobral Pichorro – 10.30h .
– Peregrinação Jubilar Arciprestal à Sé : 14.30h . ( Concentração no Seminário Maior de Viseu ) .

Avisos e Liturgia do VIII Domingo do Tempo Comum – ano C

O ESPELHO DA VIDA INTERIOR

Neste Domingo, ouvimos a conclusão do discurso que Jesus fez “num sítio plano”, depois de descer do monte. Nos últimos Domingos, Jesus apresentou o seu projecto de vida, com as bem-aventuranças, o amor aos inimigos, e vencer o mal com a força do bem. Agora, temos de reflectir sobre o que fazer para vivermos as bem-aventuranças, para aprendermos a sermos misericordiosos como o nosso Pai do céu. A Palavra de Deus responde-nos com diversas imagens, que se completam umas às outras. As leituras bíblicas convidam-nos a fazer uma reflexão sobre as palavras que proferimos e sobre o que somos, ou seja, sobre o uso das palavras que saem da nossa boca para ilustrar as nossas acções e exprimir as nossas ideias e sentimentos. A palavra pode servir para revelar o interior das pessoas, como também para o ocultar e expressar, até, o contrário do que pensamos, sentimos e somos, na realidade. Portanto, a linguagem pode ser como um espelho límpido, ou como um espelho sujo, ou embaciado, que pode ser utilizado para deformar o que vai, realmente, no coração das pessoas. De facto, não se pode afirmar que alguém seja totalmente transparente. A primeira leitura, do Livro de Ben-Sirá, convida-nos a analisar a forma como as outras pessoas falam, tal como o oleiro põe à prova os vasos no forno e como o agricultor submete as sementes à prova com o crivo, terminando a dar um conselho muito habitual nas pessoas do campo: “O fruto da árvore manifesta a qualidade do campo”. “O homem é posto à prova pelos seus pensamentos…Não elogies ninguém antes de ele falar, porque é assim que se experimentam os homens”. No evangelho, Jesus é muito claro: as palavras põem à prova as pessoas, “pois a boca fala do que transborda do coração”. Esta afirmação complementa-se com outra: “Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto”. Portanto, as “árvores”, ou seja, nós, damos o fruto que corresponde à nossa plantação e cultivo, à nossa vida interior. Se cultivarmos bem, daremos bons frutos; se descuidarmos o campo, a semente não germina e a árvore não dá fruto. As palavras nunca podem encobrir as acções. Há, ainda, outro aspecto a considerar: quando uma pessoa não se aceita como é, tem a tendência de desvalorizar os outros: indulgentes connosco, duríssimos com os outros. Desta forma, convertemo-nos em cegos que querem guiar outros cegos, sem admitirmos a nossa própria cegueira. Temos de nos deixar guiar por um bom mestre. E isto supõe sermos suficientemente humildes para reconhecer que estamos pouco ou muito cegos, pedindo a iluminação interior do Espírito Santo. Supõe, também, a capacidade de reconhecer as “traves” que existem nos nossos olhos. Há que investir no nosso interior, para que possamos dar frutos saborosos. Há que insistir na necessidade que temos de cultivar o nosso interior, o centro dos nossos desejos, projectos, amores e ódios, para que se possa construir, pouco a pouco, um tesouro de bondade, que nos faça viver segundo o Evangelho, que nos permita ver cada pessoa e o mundo com os mesmos olhos de Jesus e convertermo-nos em seus autênticos discípulos. Na comunidade cristã, os membros trocam entre si ideias e projectos. Por isso, é preciso que esta comunicação seja sempre aberta e sincera, partilhada e participada para não fazermos das nossas comunidades autênticas “torres de Babel”, onde ninguém se entende. Portanto, as palavras, além de brotarem do fundo do coração, têm de ser palavras passadas pela reflexão e pela oração, palavras iluminadas pelo Espírito Santo que habita em nós. O bom tesouro do coração cultiva-se com a oração, a leitura e a reflexão assídua da Palavra de Deus e uma participação activa na comunidade cristã, onde se vai discernindo os caminhos a percorrer para sermos, hoje, discípulos e testemunhas de Cristo Ressuscitado. É um trabalho que não fazemos sozinhos; por isso, todos precisamos de pessoas de confiança que nos ajudem a descobrir as traves que temos nos olhos e a que se cumpra em nós a Palavra de Deus.

02-03-2025

Jubileu2025_panfleto-Dão

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Leitura Espiritual

«O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem»

Aquele que abençoa com a boca mas despreza no coração esconde a hipocrisia sob a capa do amor (cf Sl 61,5,LXX). Quem adquiriu o amor suporta sem se perturbar as coisas aflitivas e penosas que os inimigos suscitam. Só o amor une a criação a Deus e os seres entre si, na concórdia. Possui amor verdadeiro aquele que não suporta suspeitas nem palavras contra o próximo. Quem nada empreende que possa destruir o amor é honrado por Deus e pelos homens. Própria do amor sincero é a palavra verdadeira que tem origem numa boa consciência. Quem relata a um irmão as censuras provenientes de outro esconde a inveja sob a capa da benevolência. Protege-te da intemperança e do ódio e nada encontrarás que te impeça o tempo da oração. Assim como não é possível sentir perfumes na lama, assim também é impossível sentir o bom odor do amor numa alma rancorosa. Aquele que não inveja os bons e tem compaixão dos maus ama a todos. Não confies no pensamento que julga o próximo, porque o seu tesouro é mau (cf Mt 6,21.12,35) e ele considera o mal. (Talássio o Africano, hegúmeno na Líbia, Centúria I, nos. 3-9, 15-16, 78, 84).

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Sobral Pichorro, Figueiró da Granja, Mata, Muxagata, Maceira, Fuinhas
Avisos Paroquiais
– Segunda-Feira, 3 : Confissões e Exposição do Ssmo, na Igreja da Misericórdia em Fornos : 9.30 – 11h .
– Quarta-Feira, 5 – 4ªFeira de Cinzas ( Dia de Jejum e abstinência )
– Confissões na Misericórdia de Algodres : 9.30h – 11h.
– Missa e imposição das Cinzas em Sobral Pichorro : 17.15h .
– Missa e imposição das cinzas em Figueiró da Granja : 18.30 h
– Sexta-Feira, 7 – Apostolado da Oração
– Exposição do Ssmo, com tempo Confissões em Figueiró da Granja 17h – 18h.15h . / Benção do Ssmo .
– Eucaristia : 18.30h .
Sábado, 8
– Confissões Quaresmais em Fuinhas : 9h .
– Confissões Quaresmais em Sobral Pichorro : 10.30h.
– Confissões Quaresmais em Muxagata : 11.30h .
Missas Vespertinas :
– Mata : 16h .
– Muxagata : 18.30h ( com imposição das cinzas ) .
Domingo, 9 – 1ºDomingo da Quaresma
– Maceira : 9.15h ( com cinzas ) .
– Fuinhas : 10.15h ( com cinzas ) .
– Figueiró da Granja : 11.45h .
– Celebração da Palavra em Sobral Pichorro : 11 30h .

Avisos e Liturgia do IV Domingo do Tempo Comum – ano C

 

Apresentação do Senhor

 

A Festa da “Apresentação do Senhor” coincide com a celebração do Dia da Vida Consagrada. Ao olhar para o mistério da consagração aqui expresso, os consagrados são convidados a revisitar os fundamentos da sua consagração, vivida no seguimento de Jesus, por amor do Reino.

Poderíamos dizer que se celebra hoje em toda a Igreja um singular “ofertório”, no qual os homens e as mulheres consagradas renovam espiritualmente o dom de si. Agindo desta forma, ajudam as comunidades eclesiais a crescer na dimensão oblativa que as constitui intimamente, as edifica e as estimula a testemunhar Jesus pelos caminhos do mundo.

A “apresentação do Senhor” no Templo de Jerusalém revela que, desde o início da sua caminhada entre os homens, Jesus escolheu um caminho de total fidelidade aos mandamentos e aos projectos do Pai. Ao oferecer-Se a Deus em oblação, ao ser “consagrado” ao Pai, Jesus manifesta a sua disponibilidade para cumprir fiel e incondicionalmente o plano salvador do Pai até às últimas consequências, até ao dom total da própria vida em favor dos homens.

O “ecce venio” de Jesus é o modelo da doação e da entrega de todos os consagrados, chamados a seguir Jesus mais de perto, numa oblação total a Deus e ao Reino. A vocação de consagrados concretiza-se na entrega de toda a existência nas mãos do Pai, na fidelidade absoluta à sua vontade e aos seus planos.

Jesus é-nos apresentado, neste texto, como “a salvação colocada ao alcance de todos os povos”, a “luz para se revelar às nações e a glória de Israel”, o messias com uma proposta de libertação para todos os homens.

Que eco tem esta “apresentação” de Jesus no coração dos consagrados? Jesus é, de facto, a luz que ilumina as suas vidas e que os conduz pelos caminhos do mundo? Ele é o caminho certo e inquestionável para a salvação, para a vida verdadeira e plena? É n’Ele que colocam a sua ânsia de libertação e de vida nova? Este Jesus aqui apresentado tem real impacto na sua vida, nas suas opções, nos passos que dão no seu caminho de consagração, ou é apenas uma figura decorativa de um certo cristianismo de fachada?

Simeão e Ana são, na cena evangélica que nos é proposta, figuras do Israel fiel, que foi preparado desde sempre para reconhecer e para acolher o messias de Deus. Na verdade, quando Jesus aparece, eles estão suficientemente despertos para reconhecer naquele bebé o messias libertador que todos esperavam e apresentam-n’O formalmente ao mundo.

Hoje, os consagrados – discípulos que acolheram Jesus como a sua luz e que aceitaram segui-l’O – têm a responsabilidade de O apresentar ao mundo e de O tornar uma proposta questionadora, libertadora, iluminadora, salvadora, para os homens nossos irmãos.

 

02-02-2025

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Leitura Espiritual

«Aí está o vosso Deus; vem para fazer justiça. […] Abrir-se-ão os olhos dos cegos» (Is 35,4-5)

 

O Pai das luzes convida os filhos da luz (cf Lc 16,18) a celebrar esta festa de luz: os que se voltam para Ele ficarão «radiantes», o seu rosto «não se cobrirá de vergonha» (Sl 34,6). Com efeito, «Aquele que habita numa luz inacessível» (1Tm 6,16) decidiu tornar-Se acessível; Ele abaixou-Se na nuvem da carne para que o fraco e o pequeno possam subir até Ele. Que descida misericordiosa! «Inclinou os céus», isto é, os cumes da divindade, e «desceu», tornando-Se presente na carne, «com densas nuvens debaixo dos seus pés» (Sl 18,10). […]

Obscuridade necessária para nos dar a luz! A luz verdadeira escondeu-Se na nuvem da carne (cf Ex 13,21), nuvem obscura pela sua semelhança com a nossa «carne pecadora» (Rm 8,3). […] Uma vez que a luz verdadeira fez da carne seu esconderijo, nós, que somos seres de carne, aproximemo-nos do Verbo feito carne […] para aprendermos a passar, pouco a pouco, da carne ao espírito. Aproximemo-nos agora, pois hoje um novo sol brilha mais que o habitual. Até agora, tinha estado fechado em Belém, na estreiteza de um berço, e muito pouca gente O tinha conhecido; mas hoje, em Jerusalém, apresenta-Se a muitos no Templo do Senhor. […] Hoje o Sol eleva-Se para irradiar sobre o mundo inteiro. […]

Quem me dera que a alma me ardesse com o desejo que inflamava Simeão, para que eu merecesse ser portador de tão grande luz! Mas, se a alma não for purificada dos seus pecados, não poderá ir ao encontro de Cristo «sobre as nuvens», ao encontro da verdadeira liberdade (1Ts 4,17). […] De facto, só então poderá alegrar-se com Simeão na luz verdadeira e, como ele, partir em paz (Adão de Perseigne (?-1221), abade cisterciense, Sermão 4 para a Purificação).

 

Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

Avisos de 03 a 09 de fevereiro