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Uma reflexão sobre a educação por JPClemente

Para que haja uma formação académica feliz e solidificada, urge previamente uma formação efetiva de afeto.
Hoje, a sociedade encontra-se refletida na escola. A sala de aulas é um dos palcos onde se experiência o viver e o sentir dos alunos, resultado da sua história familiar e social. Os primeiros educadores (encarregados de educação), construtores da sociedade atual, fazem refletir nos seus educandos os valores em que acreditam e influenciam-nos profundamente (positivamente ou negativamente) através do seu agir e do seu sentir. A primeira motivação, para que nas salas de aulas haja aprendizagens e construção de cidadãos completos, começa em casa. Ora, infelizmente, há muitos alunos que transportam consigo experiências familiares que são um grave obstáculo aos formadores na transmissão desses saberes. Na verdade, se o aluno afetivamente não está bem, será mais difícil incutir no mesmo o prazer de aprender.

Infelizmente, os líderes educativos ainda não perceberam que hoje, as famílias necessitam de formação e sensibilização para que possam ajudar a motivar os seus filhos.
Como dizia o Pai Américo, Fundador da Casa do Gaiato, Não há rapazes maus! Na verdade, o que encontramos são rapazes sem referências (ou com referências negativas) quer ao nível familiar quer ao nível social. Atenuar este facto passa pelo professor, ele próprio, se tornar um agente educativo não só pela palavra, mas fundamentalmente pelo exemplo.

Urge incutir Valores! Urge consciencializar pais e alunos de que para se atingir o sucesso é necessário esforço e concentração. Paralelamente, a escola necessita de se transformar. Como afirma a Dra. Ariana Cosme … hoje pela heterogeneidade dos seus alunos deixou de ser possível continuar a defender a ideia que educar, nesses contextos, é ensinar tudo a todos, como se todos fossem um só. Esta realidade transforma de imediato o tradicional paradigma de Ensino /Aprendizagem. A escola tem que se adaptar aos novos tempos e a novos contextos. É necessário lembrar que os pais de hoje são muitos daqueles que há 10, 15 ou 20 anos receberam do nosso sistema de ensino a ideia de que é possível transitar sem esforço. As estatísticas europeias, de então, assim o exigiam! Esta farsa teve um preço que a escola de hoje está a pagar. Os filhos de alguns desses antigos alunos, de forma direta ou indirecta, vão sentindo essa cultura do facilitismo. Consequentemente, em famílias desestruturadas, ainda é mais vincada essa interiorização. Assim, os comportamentos disruptivos e a desmotivação surgem naturalmente.
Perante este cenário, a escola de hoje apresenta já algumas respostas. Os professores tutores de hoje vieram substituir a outra parte da formação que deveria ter vindo de casa: a formação para os valores e a formação para a exigência.
A Tutoria como um espaço onde o professor tenta conhecer bem o aluno ajudando-o, primeiramente, a conhecer-se bem a si próprio, para que depois possa alterar a sua forma de estar quer perante a família, quer perante a escola quer perante os amigos …em suma, perante a vida.
“O palco” da sala de aulas como espaço para se fazer notar e chamar a atenção, resultado de tanto vazio interior tem de desaparecer! A estratégia de falar individualmente com o aluno e chamá-lo atenção é hoje fundamental!
Um aluno com interesses divergentes dos escolares é a imagem da falta de referências parentais e sociais. A escola mediante este facto tem pois que se reinventar e continuar a encontrar formas de tornear esta questão. Para além da tutoria e dos Serviços de Psicologia e Orientação, há disciplinas como EMRC, Cidadania, Introdução às Políticas, Formação cívica que deveriam ter um papel mais relevante na formação do “Saber ser e do Saber estar”.
Por isso, hoje, principalmente ao nível do ensino básico, estou certo que os Curricula tem que estar envolvidos cada vez mais numa preocupação de ensinar numa perspetiva de Cidadania, como o documento “Perfil do aluno para o sec. XXI “ tão bem espelha!
Por:JP Clemente

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