Atualmente o Terapeuta da Fala é associado a crianças e a problemas de dicção ou gaguez, contudo são várias as áreas de atuação assim como as faixas etárias da intervenção.
O Terapeuta da Fala é um profissional de saúde com competências para intervir desde o nascimento. Intervém em recém-nascidos, na área da alimentação e no desenvolvimento de competências comunicativas, junto dos pais e equipa multidisciplinar nas Unidades de Cuidados Neonatais. Também efetua uma intervenção junto de crianças em idade pré-escolar, centrando-se na prevenção, diagnostico e intervenção na promoção das competências linguísticas, vocais e de comunicação assim como na intervenção das suas perturbações. Em crianças e jovens em idade escolar a intervenção centra-se nas perturbações da leitura e da escrita, patologia vocal, na potencialização da comunicação e na gaguez. Sendo que nos dois últimos grupos etários é essencial desenvolver todo o trabalho junto dos educadores, professores e família.
Na idade adulta, o campo de atuação é maioritariamente em perturbações da linguagem adquiridas, após acidente vascular cerebral (AVC), demências, tumores, Parkinson ou traumatismo crânio encefálico (TCE), patologias vocais e da deglutição (dificuldade a beber e/ou engolir líquidos), sendo que mais uma vez o trabalho em equipa multidisciplinar é essencial.
Existem algumas ideias preconcebidas que levam a que o diagnóstico seja feito tardiamente e que inviabilize o sucesso da intervenção. Ou seja, a intervenção precoce ajuda a prevenir problemas que podem comprometer uma aprendizagem saudável, um normal desenvolvimento, uma comunicação eficaz assim como a qualidade de vida da pessoa. É importante que as pessoas estejam atentas a vários sinais de alerta, para que seja possível, ao Terapeuta da Fala, avaliar e diagnosticar precocemente possíveis patologias e intervir adequadamente.
Ao contrário do que muitas vezes é mencionado, podemos recorrer a um Terapeuta da Fala mesmo quando ainda as crianças não sabem falar. Se, por exemplo, a criança tem dificuldades em mastigar ou fazer uma boa sucção devemos pedir uma avaliação por um Terapeuta da Fala ou se trocar sons ao falar ou se apontar para fazer pedidos, junto da família ou dos seus pares na escola, não se deve rotular como “preguiçosa” e uma avaliação atempada é essencial.
Há ainda a ideia de que antes dos 5 anos não vale a pena pedir uma avaliação contudo, se esta ideia não é aceitável aos 3 anos, está completamente errada aos 5 anos. Se a criança não se faz entender com os seus pares ou se os pais não percebem o que ela diz com 3 anos é um sinal de alerta importante, assim como ter dificuldade em ter interesse pelos sons do ambiente, por exemplo.
Nem todas as crianças usufruem de intervenção direta precisamente porque há conhecimentos técnicos que nos permitem realizar uma prevenção primária e secundária para cada caso. Muitas vezes não irá ser trabalhada logo a fala, mas sim um conjunto de competências essenciais ao desenvolvimento da comunicação e da linguagem, que irão preparar a criança para produzir sons e usar as palavras. Pedir ajuda quando uma gaguez que já dura há mais de um ano também não é aconselhado. Uma rouquidão que dura há mais de 15 dias não é normal, e aqui também devemos pedir uma avaliação por um Otorrinolaringologista.
Como se verificou, a idade não é o fator determinante para procurar ou não a opinião de um Terapeuta da Fala, mas sim as dificuldades que a criança ou o adulto poderá apresentar.
Ana Carolina Melo Marques C-046322175
Terapeuta da Fala na APSCDFA, na Clínica Nossa Srª da Graça e na CliViseu