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Avisos e Liturgia do Domingo VI de Páscoa – ano B

 

Chegámos à última etapa do itinerário pascal que terminaremos com a Ascensão e o Pentecostes. Continuamos a viver com uma atitude pascal numa fé cheia de esperança, fundamentada em Cristo Ressuscitado.

Vivemos tempos difíceis e, ao mesmo tempo, interessantes. São estes os nossos tempos, os quais devemos amar. Todos os tempos têm as suas incertezas, as suas queixas e os seus objectivos. Surgem novos tempos, novas necessidades, novas perspectivas na vida, as quais gostaríamos de controlar, mas que nos apanham sempre desprevenidos. Por vezes, geram nostalgia, desculpas, críticas, decepções, profetismos. Sobre isto, o Concílio Vaticano II foi muito claro: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (Gaudium et Spes 1). Sendo assim, e nós, que dizemos sobre isto, o que andamos fazer nesta matéria? Será que amamos os tempos da nossa vida? Esforçamo-nos e colaboramos para que haja tempos melhores, sendo testemunhas e arautos de uma esperança resplandecente e pascal?

A primeira leitura, dos Atos dos Apóstolos, deste Domingo é um cântico ao apreço da maior riqueza: a pessoa humana e a sua vida. Pedro diz a Cornélio: “Levanta-te, que eu também sou um simples homem”. E disse-lhe ainda: “Na verdade, eu reconheço que Deus não faz acepção de pessoas, mas, em qualquer nação, aquele que O teme e pratica a justiça é-Lhe agradável”. Deus não inventou as exclusões nem criou os descartáveis. Os muros, os receios, as discórdias de todo o tipo, as diferenças são obras dos homens e mulheres. Muitas vezes foram esquecidas as palavras de S. João que encontramos na segunda leitura: “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amámos a Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados”. É preciso repetir isto: Deus é Amor e revela-se em e por Cristo e esta é a nossa fonte para vivermos e espalharmos a paz e a fraternidade.

O texto do evangelho deste Domingo (Jo 15,9-17) é uma página sublime da Sagrada Escritura. Situa-nos na Última Ceia quando Jesus fala ao coração dos seus discípulos: “Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor”. Pede-nos a perseverança nesta comunhão para que sejamos dignos. Por isso, as últimas palavras do testamento de Jesus são estas: “O que vos mando é que vos ameis uns aos outros”. Este mandamento novo não se resume a uma questão de sentimentos, de atracção, de desejo, de benevolência, mas de doação, de entrega, de serviço, de solidariedade. É este o amor que se manifesta claramente na vida, na morte e na ressurreição de Jesus. Dele recebemos o testemunho essencial e de referência para amar. Um amor aberto a todos, um amor afectivo e efectivo, oferecerá uma diversidade de formas de convivência pacífica, de justiça e de respeito pelas diferenças.

Tantas vezes já ouvimos ser proclamado este mandamento novo do amor! Será que já o levamos a sério na nossa vida? Ou ficamos somente pelo encanto das palavras? Nunca se deverá separar a dimensão evangelizadora da dimensão litúrgica nem da solidária para com os pobres. O mandamento novo une-nos na vivência da fé em Cristo Ressuscitado. Sabendo relacionar a nossa experiência pessoal e comunitária da salvação de Deus, que gera paz, serenidade e alegria, com a dor e as incertezas da vida humana, poderemos encantar, sensibilizar e aproximar muitos homens e mulheres que encontramos na nossa vida. Pensemos nos casais, na nossa família, nos nossos vizinhos, nos colegas de trabalho, nas pessoas que se cruzam connosco, naqueles que não concordam ou não têm as mesmas ideias religiosas e culturais. Não fiquemos somente na preocupação de os amar discretamente. Será que eles se sentem amados? Quem são as pessoas que mais te amam? Quem são as pessoas que mais amo? Quem são as pessoas que tenho mais dificuldade em amar? Que a celebração da Eucaristia nos ajude a viver nesta atitude feliz e pascal, ou seja, amando e sentindo-nos amados.

Elo de Comunhão 09-05-2021

LEITURA ESPIRITUAL

O Evangelho, onde resplandece gloriosa a Cruz de Cristo, convida insistentemente à alegria. Apenas alguns exemplos: «Alegra-te» é a saudação do anjo a Maria (Lc 1, 28). A visita de Maria a Isabel faz com que João salte de alegria no ventre de sua mãe (cf. Lc 1, 41). No seu cântico, Maria proclama: «O meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador» (Lc 1, 47). E, quando Jesus começa o seu ministério, João exclama: «Esta é a minha alegria! E tornou-se completa!» (Jo 3, 29). O próprio Jesus «estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo» (Lc 10, 21). A sua mensagem é fonte de alegria: «Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa» (Jo 15, 11). A nossa alegria cristã brota da fonte do seu coração transbordante. Ele promete aos seus discípulos: «Vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há-de converter-se em alegria» (Jo 16, 20). E insiste: «Eu hei-de ver-vos de novo! Então, o vosso coração há-de alegrar-se e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria» (Jo 16, 22). Depois, ao verem-No ressuscitado, «encheram-se de alegria» (Jo 20, 20). O livro dos Atos dos Apóstolos conta que, na primitiva comunidade, «tomavam o alimento com alegria» (2, 46). Por onde passaram os discípulos, «houve grande alegria» (8, 8); e eles, no meio da perseguição, «estavam cheios de alegria» (13, 52). Um eunuco, recém-baptizado, «seguiu o seu caminho cheio de alegria» (8, 39); e o carcereiro «entregou-se, com a família, à alegria de ter acreditado em Deus» (16, 34). Porque não havemos de entrar, também nós, nesta torrente de alegria?

Há cristãos que parecem ter escolhido viver uma Quaresma sem Páscoa. Reconheço, porém, que a alegria não se vive da mesma maneira em todas as etapas e circunstâncias da vida, por vezes muito duras. Adapta-se e transforma-se, mas sempre permanece pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de, não obstante o contrário, sermos infinitamente amados. Compreendo as pessoas que se vergam à tristeza por causa das graves dificuldades que têm de suportar, mas aos poucos é preciso permitir que a alegria da fé comece a despertar, como uma secreta mas firme confiança, mesmo no meio das piores angústias: «A paz foi desterrada da minha alma, já nem sei o que é a felicidade. Isto, porém, guardo no meu coração; por isso, mantenho a esperança. É que a misericórdia do Senhor não acaba, não se esgota a sua compaixão. Cada manhã ela se renova; é grande a tua fidelidade. Bom é esperar em silêncio a salvação do Senhor» (Lm 3, 17.21-23.26). (Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 5-6.

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Ano B - Tempo Pascal - 6º Domingo - Boletim Dominical II

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