E acaba agosto com uns dias frescos, mas recordam-se da minha última crónica? Foi sobre os incêndios; naquela altura havia 3 grandes ocorrências: Ponte da Barca, Arouca e Penamacor;
E vai daí que agosto nos prega uma grande partida; calor quase todo o mês; consequência disto?
Grandes incêndios; incêndios com vários dias de duração, com muitas horas de diretos nas televisões que mostravam o HEROÍSMO das populações, muitas vezes sem ajuda, a tentarem salvar os seus pertences; Bombeiros que lutavam com um verdadeiro inferno de chamas, que teimava em não dar tréguas; relatos imensos da descoordenação entre terreno e comando, eram o prato de cada dia; em qualquer canal de televisão era uma chuva de especialistas sobre incêndios florestais, onde havia desde especialistas de comunicação até comandantes de Bombeiros, que no fundo, ainda cestão entre os técnicos com credenciação para falar das operações de combate.
Mas era um verdadeiro desfile de estrelas; recordo-me particularmente de alguém dizer que tinha passado 1 semana no interior do País e que conhecia o território de que se falava…
Omitiu-se que mais de 90% dos incêndios nascentes foram dominados à sua nascença porque esses não dão direito a imagens catastróficas, nem a um rol de especialistas poderem debitar sempre ou quase sempre a mesma mensagem;
Recordo-me de quando era miúdo, de ir com os meus avôs para as hortas que povoavam a nossa paisagem; todos tinham um bocadinho que terra para plantar; essas terras cuidadas eram bons tampões ao incêndios; também me recordo de que tudo o que se podia apanhar no meio das matas, tudo era aproveitado para as lareiras aquecerem as casas; matas limpas também dificultam a propagação dos incêndios; e também me recordo que havia mais castanheiros e carvalhos e menos pinheiro e eucalipto, árvores estas que são mais resistentes ao fogo, mas também ardem, ao contrário do que também ouvi dizer numa televisão nacional; foi um momento de humor….
Ora a vida mudou; o clima também; e se estes dois fatores mudaram a nossa paisagem, o nosso território também mudou; tornou-se mais seco e quente; e se as terras deixaram de ser tratadas, a carga combustível como aumenta, aumenta também a intensidade dos incêndios; se juntarmos a isto um isqueiro ou uma trovoada seca ( o apurar das causas dos incêndios são da responsabilidade das autoridades policiais) vamos ter um incêndio; e se juntarmos todas as estrelinhas certas teremos um incêndio muito difícil de controlar;
Mas até aqui não há novidades; todos nós sabemos isto; e basicamente foi isto que o rol de especialistas e comentadores debitaram nas televisões; diagnósticos já feitos há bastante tempo, e sempre repetidos de ano para ano, porque todos os anos andamos a falar nisto; e quando caem as primeiras pingas, a nossa comunicação social tão expedita a dar voz a um desfile de especialistas, também esquece o assunto; até dá a sensação que haver fogos dá jeito as televisões senão o que noticiar? Os mergulhos do Presidente da República no Algarve? Afinal estamos na silly season certo?
Afinal não precisamos de mais diagnósticos; porque eles estão todos feitos; precisamos é de ação; precisamos de o governo arregace as mangas e se ponha a trabalho; coloque em prática os planos de prevenção e limpeza do território, começando pelas propriedades do estado; que crie legislações exequíveis e não feitas a “martelo” após a ocorrência ( casa roubada, trancas na porta); que crie um sistema de combate simples e descomplicado para que as necessidades fluam cadeia acima sem ser preciso (“requerimentos em papel selado) como se dizia antigamente; que as Câmaras e juntas assumam as suas responsabilidades nas suas áreas de influência , relativamente às limpezas dos terrenos, mesmo em ano de eleições ( sei que é pouco eleitoral, mas é um mal necessário); não precisamos é do passa culpas sistemático que existe neste País; sim, porque os investigadores dos incêndios afirmam que o futuro próximo vai ser com incêndios mais difíceis de extinguir… precisamos de ação e não de palavras e grupos e comissões de estudo: porque parece-me que tudo está estudado e com recomendações; tudo o resto é empurrar os problemas com a barriga e deixar o problema para o próximo ano.
Espero pelo ano que não se fale nisto… mas estou cada vez mais a desistir.
Tenham cuidado; evitem comportamentos de risco; sigam os conselhos das autoridades….
Um bom setembro.
Augusto Falcão