O secretário-geral do PS, António José Seguro, assegurou, domingo, que o partido não aceita a redução das freguesias do Interior do país pelo critério do «número de pessoas».
«Considero que é importante diminuir as despesas, mas para isso não há necessidade de extinguir freguesias que têm anos de história e fazem parte da nossa identidade», defendeu o líder socialista em Seia, no segundo encontro distrital de autarcas socialistas organizado pela Federação do PS/Guarda. Referindo-se às zonas rurais do Interior, António José Seguro disse que «só quem não conhece essas freguesias, onde vive tão pouca gente, é que pode dizer o contrário, porque nessas freguesias já levaram o médico, já levaram o professor, a única coisa que resta de contacto com o Estado é o presidente da junta de freguesia». «Nós não podemos aceitar que o único critério para reformar as freguesias em Portugal seja o critério da quantidade do número de pessoas», acrescentou. O socialista disse que para o PS «as pessoas estão primeiro, não são os números que estão primeiro”: “Isso é para este Governo, para nós são as pessoas». No seu discurso, escutado por cerca de 200 militantes e simpatizantes socialistas, o secretário-geral do partido defendeu que, em vez da extinção, o Governo pode optar pela associação de autarquias, «sempre de acordo e respeitando a vontade das populações e ouvindo os autarcas» de cada local. «Se o Governo julga que vai reformar as freguesias em Portugal com um grupo de técnicos no Terreiro do Paço, que agarram na calculadora, na régua e num esquadro, estão enganados», afirmou. «Os portugueses não aceitam isso e o PS dará voz a essa indignação». António José Seguro também referiu que o seu partido «está disponível para cooperar, para trabalhar, de modo a que se respeitem as pessoas, a sua história e a sua identidade» e, simultaneamente, «seja possível, através da racionalidade da gestão dos dinheiros públicos, conseguir continuar a prestar serviço de qualidade às pessoas, mas com uma melhor organização». Seguro referiu ainda que qualquer mudança na legislação do poder local «não pode sair de um impulso repentista», tem de ser «pensada, reflectida» e «não pode estar à disposição de uma qualquer maioria parlamentar conjuntural». O dirigente disse que fica «perplexo» quando olha para as medidas anunciadas recentemente pelo Governo em relação às mudanças previstas para as câmaras municipais, por o executivo não estar «preocupado com uma verdadeira reforma do poder autárquico», mas «interessado em passar a mensagem que vai contar despesas nas autarquias e nas juntas de freguesia».
fonte:Jornal de Notícias