Atualmente, os inúmeros avanços ao nível da medicina proporcionaram a sobrevivência de recém-nascidos de 26 semanas de idade gestacional, recém-nascidos de muito baixo peso, bem como bebés com doenças embrionárias e genéticas, malformações e lesões encefálicas.
O prognóstico de desenvolvimento dessas crianças, conforme demonstram diversos estudos, tem mostrado uma grande incidência de sequelas do desenvolvimento global na população de recém-nascidos de pré termo e recém-nascidos de risco. Os distúrbios são múltiplos e incluem desde dificuldades ao nível da alimentação, da aprendizagem, comportamentais a alterações neuromotoras. Estes dados justificam a necessidade de uma equipe multidisciplinar intervir precocemente, no sentido de minimizar sequelas, proporcionando uma boa qualidade de vida a estes bebés e famílias.
A intervenção do terapeuta da fala ao nível do atendimento neonatal é já uma realidade do nosso quotidiano. Integrando esta equipa, a sua intervenção assume um papel de relevância nos cuidados prestados ao recém-nascido. No campo de atuação encontra-se com frequência a vertente da alimentação, do desenvolvimento neurosensoriomotor e a eficácia da comunicação.
A intervenção tem um caráter preventivo primário e secundário, pois envolve a orientação e o aconselhamento dos pais, como também a deteção e intervenção direta no recém-nascido. Esta intervenção inicia após a avaliação e elaboração de um programa de tratamento, tendo sempre em conta as necessidades específicas de cada bebé. As técnicas específicas do conhecimento do terapeuta da fala visam a facilitação do desenvolvimento normal sensório-motor oral do bebé para o sucesso da função alimentar (seja esta ao peito e/ou ao biberão) bem como o desenvolvimento normal do seu sistema estomatognático (sistema composto pelas estruturas da face, cabeça e pescoço que agem harmoniosamente na realização de variadas tarefas funcionais, entre as quais a sucção e a deglutição) e da interação/comunicação.
Ana Carolina Melo Marques C-046322175
Terapeuta da Fala na APSCDFA, na Clínica Nossa Srª da Graça e na CliViseu