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Avisos e Liturgia do 16º Domingo do Tempo Comum – ano B

O medo não é um bom conselheiro, mas este sentimento pode ajudar-nos a sermos prudentes e a manifestar uma coragem e valentia mais madura. Os profetas, como Jeremias, tinham medo, mas não se demitiram da sua responsabilidade de servir o povo de Israel, apesar das críticas, das perseguições e até da morte. Não é fácil construir caminhos de paz e de bem se estamos bloqueados pelo medo do que os outros nos possam fazer, ou tirar, ou das feridas que possam surgir.

Em cada um de nós há sempre um coração dividido, porque temos muita vontade de fazer o bem, mas, muitas vezes, deixamo-nos levar pelo egoísmo e pelos nossos interesses. Somos capazes de expressar sentimentos de compaixão com todas as vítimas de alguma desgraça, como também facilmente desconfiamos das campanhas solidárias e ficamos numa indiferença irresponsável. Sentimos que, por vezes, desconfiamos do projecto de paz e de fraternidade para a nossa sociedade e para o mundo. Jesus é o bom pastor que nos ajuda a construir pontes para unir a humanidade, como um só povo.

Depois de ter enviado os Doze dois a dois em missão, eles “voltaram para junto de Jesus e contaram-Lhe tudo o que tinham feito e ensinado. Então Jesus disse-lhes: Vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco”. Como é importante interiorizar, rezar, contemplar, dar graças, pedir a força do Espírito Santo e a sabedoria de coração! Não se pode construir nada de bom com a cabeça quente, prisioneiros de interesses, de pessoas, de amizades estratégicas e aduladoras, pagando favores a quem nos deixámos vender. Para quem tem a missão de ser pastor e de orientar pessoas, o que foi dito anteriormente nunca deve entrar no programa das suas vidas. Ser pastor, ser guia, supõe sempre respeitar a dignidade e a liberdade de todas as pessoas. Não pode haver escolhas de pessoas, de famílias. Aparentemente parece que se ganha muito ao fazer escolhas, mas perde-se tudo quando nos deixamos vender. Não pode haver predilecção por pessoas com títulos, com brasões, com influência na sociedade. Ser pastor, ser guia, é acolher todos da mesma forma, tendo em conta as suas angústias e as suas preocupações. Ser pastor, ser guia, supõe estar atento às necessidades de todas as pessoas que clamam por serem escutadas e amadas.

Ser discípulo de Jesus é ser pastor e ser guia. Supõe ser enviado por Ele e descansar Nele, nunca esquecendo que Ele é a nossa justiça e a nossa paz e repouso. Sim, há uma justiça humana que impõe normas e dá sentenças de acordo com os critérios de cada lugar e de cada cultura. Há também uma paz humana, condicionada sempre pelos poderes políticos, nem sempre orientados para o bem comum. A Justiça e a Paz de Jesus fundamentam-se no amor, na confiança de que Deus quer a liberdade e o melhor para os seus filhos, para todos os seus filhos. Jesus sofreu muito e acabou a morrer na cruz. É da cruz, com os braços bem abertos, que quer reconciliar todo o mundo. A paz de Jesus gera homens e mulheres novos, livres e fraternos.

Jesus enviou os seus discípulos em missão mas não os abandonou. Espera por eles, acompanha-os, ouve-os. Um bom pastor, um bom guia, deve ter sempre presente na sua missão estes três verbos: esperar, acompanhar, ouvir. Jesus procedeu assim para que os pastores aprendam a acompanhar todos aqueles que precisam de ser apoiados e animados ao longo da vida. Não se escolhem pessoas, acolhem-se todas as pessoas!

Como S. Paulo e Jeremias, sabemos que a amizade e a misericórdia de Deus nunca nos abandonarão. Por isso, não devemos abandonar ninguém, mas sermos pontes de afecto e de generosidade, porque todos são filhos de Deus.

17-07-2021

LEITURA ESPIRITUAL

Jesus Cristo, que morreu, que ressuscitou, que está à direita de Deus, que intercede por nós” (Rm 8, 34), está presente na sua Igreja de múltiplos modos: na sua Palavra, na oração da sua Igreja, “onde dois ou três estão reunidos em Meu nome” (Mt 18, 20), nos pobres, nos doentes, nos prisioneiros, nos seus sacramentos, dos quais é o autor, no sacrifício da missa e na pessoa do ministro. Mas está presente “sobretudo sob as espécies eucarísticas”. O modo da presença de Cristo sob as espécies eucarísticas é único. Ele eleva a Eucaristia acima de todos os sacramentos e faz dela “como que a perfeição da vida espiritual e o fim para que tendem todos os sacramentos”. No santíssimo sacramento da Eucaristia estão “contidos, verdadeira, real e substancialmente, o corpo e o sangue, conjuntamente com a alma e a divindade de nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, Cristo completo”. “Esta presença chama-se “real”, não a título exclusivo como se as outras presenças não fossem “reais”, mas por excelência, porque é substancial, e porque por ela se torna presente Cristo completo, Deus e homem”. É pela conversão do pão e do vinho no corpo e no sangue de Cristo que Ele Se torna presente neste sacramento. Os Padres da Igreja proclamaram com firmeza a fé da mesma Igreja na eficácia da Palavra de Cristo e da acção do Espírito Santo, para operar esta conversão. Assim, São João Crisóstomo declara:

“Não é o homem que faz com que as coisas oferecidas se tomem corpo e sangue de Cristo, mas o próprio Cristo, que foi crucificado por nós. O sacerdote, figura de Cristo, pronuncia estas palavras, mas a sua eficácia e a graça são de Deus. Isto é o Meu corpo, diz ele. Esta palavra transforma as coisas oferecidas”. A presença eucarística de Cristo começa no momento da consagração e dura enquanto as espécies eucarísticas subsistirem. Cristo está presente todo em cada uma das espécies e todo em cada uma das suas partes, de maneira que a fracção do pão não divide Cristo. Na liturgia da Missa, nós exprimimos a nossa fé na presença real de Cristo sob as espécies do pão e do vinho, entre outras maneiras, ajoelhando ou inclinando-nos profundamente em sinal de adoração do Senhor. É de suma conveniência que Cristo tenha querido ficar presente à sua Igreja deste modo único. Uma vez que estava para deixar os seus sob forma visível, Cristo quis dar-nos a sua presença sacramental; e visto que ia sofrer na cruz para nos salvar, quis que tivéssemos o memorial do amor com que nos amou “até ao fim” (Jo 13, 1), até ao dom da própria vida. Com efeito, na sua presença eucarística, Ele fica misteriosamente no meio de nós, como Aquele que nos amou e Se entregou por nós, e permanece sob os sinais que exprimem e comunicam este amor. (Catecismo da Igreja Católica, 1373-1380)

 

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Ano B - Tempo Comum - 16º Domingo - Boletim Dominical II

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