Início » Tag Archives: artigo de opinião (Pagina 10)

Tag Archives: artigo de opinião

Artigo de Vitor Santos-Desporto: Insultos dão multa

Desporto: Insultos dão multa

A prática desportiva tem vindo a ser influenciada por mudanças e transformações sociais verificadas nas últimas décadas, bem como por referências modeladas pelos meios de comunicação social e pelas redes sociais.

Em resultado dessas influências, assiste-se hoje a uma generalização do conceito de competição-conflito, que é um processo social em que se acentuam as diferenças objetivas entre os clubes e se minimizam os traços comuns entre eles existentes. Entre os adeptos e os agentes desportivos, tende‑se cada vez mais a salientar as más práticas dos adversários, minimizando as qualidades técnicas e desportivas que são comuns a todos eles. Criam-se desse modo rivalidades mesquinhas que são exteriores à prática e à competição desportiva.

As entidades organizadoras e reguladoras das competições profissionais nacionais não conseguem descolar-se dos clubes “eucaliptos”. Os outros clubes também não. Não será tão cedo que teremos uma competição profissional que prestigie a modalidade e o desporto.

Os profissionais de futebol, pagos a peso de ouro, deviam ser um exemplo e não transformarem muitos jogos em arte circense. Cada profissional no seu lugar, porque os do circo não competem com os futebolistas! Estes deviam fazer o mesmo e respeitar a modalidade, o desporto e o público.

O pior é que o futebol não profissional, sénior e formação, tende a copiar o que de pior a competição máxima tem. Escudam-se atrás do “somos um clube pequeno, mas honrado”, como se os outros fossem clubes de bandidos. É a vitimização bacoca copiada dos clubes grandes. Grandes em tudo, desde número de adeptos e títulos até buscas judiciais, passivos financeiros, casos de violência e martirológios.

Os adeptos anónimos são, também eles, fatores de destabilização e promotores de ódio, só porque não querem perceber que o desporto é mais do que só ganhar. Dá‑lhes jeito o discurso do ódio por motivos financeiros ou sociais. Daí a paineleiros é um saltinho!

Outros que se dizem desportistas e têm carteira de treinador, jornalista, árbitro, dirigente, agente ou outra não são respeitadores e por isso não merecem crédito. São falsos moralistas e envergonham, porque eles não têm vergonha, qualquer cidadão bem formado. As televisões, os jornais e as redes sociais estão cheias destes paladinos da verdade e da razão – o clube deles é sempre inocente!

Seres humanos normalmente civilizados, educados e serenos transformam-se em verdadeiros hooligans através da palavra! Urge banir a violência verbal promotora de ódios. Urge educar o sonho desportivo dos nossos jovens, mostrando que nem sempre somos os melhores, mas podemos sempre dar o melhor de nós mesmos.

O número de casos desviantes nos bancadas e o número de conflitos dentro dos campos (na formação) têm aumentado. A Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto tem vindo a atuar e a violência verbal começa a ser punida.

 

Vítor Santos

Embaixador do Plano Nacional de Ética no Desporto

Artigo de Augusto Falcão—- Abril da esperança

Abril, é o primeiro mês totalmente varrido pela primavera. O tempo começa a aquecer, os dias tornam-se mais longos, há mais luz. O ânimo melhora, depois dos dias curtos e frios do inverno.

Mas, abril também nos traz o dia 25. Esse feriado que ainda hoje, ao fim de tantos anos, e apesar de muitas vezes me sentir desiludido com a nossa classe política, ainda me faz “arrepios na espinha” como diz a sabedoria popular.

O meu filho, esse talvez nunca vá perceber este “arrepio na espinha”; nasceu totalmente na liberdade e democracia, muitos anos depois desse dia de abril.

Eu também já nasci na liberdade de abril; dois anos depois. Mas já sou filho da liberdade e da democracia.

Mas como todos os homens e mulheres dessa geração, cresci a ouvir as histórias da minha família, que diziam sempre “antes do 25 de abril” ou “no tempo do Salazar”.

Não sou a favor do tempo do Salazar, nem do antes do 25 de abril; muito pelo contrário; aprendi na escola, que a democracia, afinal é o pior regime político, à exceção de todos os outros, segundo Winston Churchill.

Essa mesma democracia que foi defendida na antiga Grécia, pelos Atenienses e seus aliados, contra a opressão e tirania do império Persa.

Já no século passado, muitas nações desiludidas com as suas classes políticas e dirigentes, viraram-se contra os valores democráticos e preferiram ditaduras; períodos esses em que se cometeram os mais bárbaros crimes contra a Humanidade em maior ou menor escala; Hitler, Stalin, Mussolini; nessa altura pela nossa Península Ibérica, aqui ao lado, Franco travou e venceu uma guerra civil que instituiu em Espanha uma ditadura, e aqui nas nossas terras Salazar comandou os destinos de Portugal desde 1932 até 1968.

Cresci a ouvir as histórias deste Estado Novo; a memória do Salazarismo, ainda estava presente nas conversas da minha avó e do meu avô, onde a fome, a opressão, a miséria, campeavam pelo nosso Portugal; era frequente ouvir histórias de prisões feitas pela PIDE, aos opositores do regime; prisões que além de arbitrárias faziam desaparecer durante tempos infinitos os detidos, impedidos de terem acesso a advogados ou de contactar as suas famílias; cresci a ouvir estas histórias na minha família, já que tinha um familiar que sofreu estes abusos às mãos da PIDE; detido numa noite, deixou a mulher grávida,  e levado para Peniche, somente por ser comunista; quando foi libertado era Pai.

Cresci ainda a ouvir as histórias da Guerra Colonial, que hoje tanta celeuma causa entre certos grupos da nossa sociedade; cresci a ouvir as histórias do meu Pai, ex combatente, das motivações que havia na época e da propaganda do Estado Novo de que Portugal era uma nação pluricontinental e multirracial, posição essa plasmada na constituição de 1951.

Hoje, à distância de pelo menos 40 anos, recordo todas estas histórias convosco e as partilho; recordo ainda as imagens daquele dia de abril, em que Salgueiro Maia, saiu de Santarém, e rumou a Lisboa, para fazer parte da revolução.

Abril é mais que uma revolução, mais que cravos, mais que “Grândola, vila Morena” ou “e depois do adeus”.

Abril representa a vontade de mudança, de um governo ditatorial para governo do povo, pelo povo e para o povo conforme proclamou Lincoln um dia durante a sua presidência.  De mudar o estado em que as coisas estavam; porque tal como disse Salgueiro Maia, antes de sair de Santarém em direção a Lisboa:

Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados socialistas, os estados capitalistas e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos!”

 

Augusto Falcão

Artigo de Sara Morais — A Carência do Ego: Parte 1: Aprovação e o Reconhecimento

Não é à toa que o leitor é a personagem principal da novela da sua existência, e que se sinta como um verdadeiro pináculo da criação, isto porque é dotado de Ego – um arquétipo da perfeição, que caracteriza, por si só, a personalidade de cada indivíduo. Sem este defensor da personalidade era impossível para o leitor diferenciar os seus processos interiores da realidade que o envolvem. No fundo, se o ego não existisse a noção de existência seria posta em causa.

No entanto, o “eu”, por vezes, entra em carência quando as suas necessidades e desejos são postos de parte. No imediato, surgem pensamentos ruminantes e desgastantes, que se espelham numa procura incessante pela aprovação e reconhecimento, como também uma dependência do que os outros pensam, acabando por perder a sua autoestima e ceder ao sofrimento de querer agradar a gregos e a troianos. Neste processo de hipoteca de si mesmo, o seu “eu” fica fragmentado, como se tivesse partido em vários pedaços, e a sua autenticidade – aquilo que representa a sua essência como única – perde-se como um grão de areia entre esses mesmos filamentos do ser.  E, tudo o que resta é o medo de rejeição, da crítica, o impedimento em expressar a sua opinião, o medo da rejeição de não se sentir aceite e não agradar, o que apadrinha um grande sofrimento emocional. Neste estado, o passado e o futuro tornam-se presentes e deixa de viver o tempo como ele realmente existe, e os seus problemas sobem à ribalta tornam-se estes protagonistas da sua história.

Neste seguimento, o leitor poderá reconhecer esta necessidade de aprovação e reconhecimento quando se sente inibido de partilhar a sua própria opinião sempre que estiver a conversar com outras pessoas com o objetivo de angariar aceitação e simpatia; ou por exemplo se o seu estado de humor e autoestima dependem de como foi tratado por outrem. Se for elogiado, o seu humor será, certamente, positivo, caso contrário, ficará triste e insatisfeito. Existe, também, a dificuldade em dizer “não” deixando as suas prioridades para atender as necessidades do outro. Por fim, a excessiva atenção à imagem física é comum, pois, é através desta que poderá arrecadar elogios o que acaba por sustentar o seu bem-estar.

Uma das formas para lidar com esta carência é melhorar a sua auto estima. A Hipnose Clínica permite o leitor identificar os pensamentos e explorar as crenças e atitudes irracionais em relação a este sentimento de vazio que o leva a procurar a aprovação e reconhecimento ininterrupto. Neste processo, são trabalhados vários registos que favorecem o autocuidado das suas necessidades e desejos. É validado um novo olhar sobre como o ser humano é sensível e falho e, por esse motivo, não precisa de ser perfeito, cada caminho é um caminho, de aperfeiçoamento e de crescimento. Após a tomada de consciência sobre estes aspetos, é possível que o leitor possa mudar a sua forma de pensar e de agir através da criação de novos objetivos e de um novo registo de crenças que vão alicerçar a sua autoconfiança e, consequentemente, as suas competências.

No próximo boletim de saúde poderá verificar mais sobre a autoafirmação enquanto patologia e o respetivo papel da Hipnose Clínica.

Sara Morais

Hipnoterapeuta

 

Artigo de Luís Miguel Condeço—Abril Azul

 

Autor

Luís Miguel Condeço

Professor na Escola Superior de Saúde de Viseu

 

A violência contra a criança é infelizmente uma realidade, manifestada de diferentes formas e em diversas sociedades. Historicamente, apresenta-se como um fenómeno social e cultural de extrema relevância, considerado por muitos como um problema de saúde pública, além do cariz judicial e criminal.

A Organização Mundial de Saúde estima que 300 milhões de crianças com idades entre os 2 e 4 anos, sofrem regularmente punições físicas ou violência psicológica infligida pelos pais ou familiares, significando que três em cada quatro crianças são alvo de violência a nível global.

Um estudo publicado no mês passado referente aos dados sobre a violência e maus-tratos infantis no Brasil nos últimos dez anos, refere que os meninos são mais suscetíveis à violência física na infância (até aos 4 anos de idade) com uma taxa de 248 crianças por 100 mil habitantes, e as meninas são mais suscetíveis à violência física na adolescência (10 aos 14 anos de idade) com uma taxa de 232 adolescentes por 100 mil habitantes. Quanto à natureza dos agressores continua a ser o núcleo familiar, o local de proveniência, com o pai (41,1%) e a mãe (39,8%) a destacarem-se negativamente.

Em Portugal, dados de 2021 indicavam que cerca de 35 mil crianças estavam a ser acompanhadas e vigiadas por sofrerem de maus-tratos, e mais de metade destas com idade inferior a 3 anos. Todos os comportamentos moldam a vida das crianças, essencialmente nos primeiros mil dias de vida.

Em 1989 no estado da Virgínia, nos Estados Unidos da América, Bonnie Finney passava os fins de semana com os seus netos como grande parte das avós que conhecemos, contudo começou a estranhar o silêncio e a tristeza dos netos, e a recusa em retirar os casacos. A violência física infligida contra eles acabou por levar à morte o neto, e deixou profundas marcas físicas e psicológicas na neta. Então para demonstrar a sua dor face aos acontecimentos trágicos de que tinham sido vítimas as crianças, esta avó colocou uma fita azul (cor representativa das equimoses visíveis na pele) na antena do seu automóvel e começou a alertar toda a comunidade para violência sobre as crianças. O “Movimento Laço Azul” que Bonnie Finney acabara de criar impulsionou a comunidade internacional para a evocação no mês de abril como o Mês Internacional da Prevenção dos Maus-Tratos na Infância, simbolizado pelo laço de cor azul.

As práticas punitivas por um comportamento inadequado caracterizaram-se no passado por palmadas, puxões de orelhas ou violência verbal, atos que são totalmente inaceitáveis. Estas práticas têm consequências várias, no entanto, destaco as mais comuns ou facilmente percetíveis pela comunidade escolar e profissionais de saúde: dificuldades na aprendizagem, ansiedade, angústia, medo, hostilidade, retribuição da violência, sequelas das lesões, e em última instância a morte.

A Universidade de Maastricht (Países Baixos) apresentou recentemente um estudo, mostrando que homens e mulheres são afetados de forma diferente pelos traumas na infância, elas mais pelos traumas emocionais e abuso sexual e eles mais pela negligência emocional e física. A exposição a maus-tratos na infância aumenta o risco de sintomatologia psiquiátrica na idade adulta.

Os maus-tratos infantis não podem ser esquecidos, apesar de ser reconhecida a sua subnotificação, e todos podemos ser agentes de mudança. Hoje a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, disponibiliza online um formulário para a comunicação de situações de perigo, bastando o acesso à página da internet (https://www.cnpdpcj.gov.pt/comunicar-situacao-de-perigo).

Cada um de nós tem um papel importante no direito a crescer com igualdade, “serei o que me deres… que seja amor” (frase da campanha nacional de 2021).

Artigo de Paula Miranda— Máscaras Conscientes Vs Inconscientes

Máscaras!

Então o que é que este título tem a haver com o desenvolvimento pessoal?

Aproveito esta altura do ano em que se viveu o Carnaval e pego neste tema com muito respeito e carinho…

No Carnaval, utilizámos as máscaras enquanto crianças para nos vestirmos dos nossos super-heróis, aproveitámos aqueles dias para sonhar e vestir a pele do que imaginamos e sonhamos.

Enquanto adultos, e para os que gostam destas festarolas, uns colocam máscaras para que não sejam conhecidos, outros colocam máscaras para “gozar” o pagode de alguém, acima de tudo usamos este dia para nos divertir.

E estas são algumas das máscaras que usamos conscientemente.

E existem as máscaras conscientes e a máscaras inconscientes…

Durante o nosso dia a dia, quando queremos “esconder” algo, não é normal em nós vestirmos a capa e usarmos uma máscara invisível? Acontece com quase todos nós… e é normal. Estas também são as chamadas máscaras conscientes. Sabemos bem o que estamos a fazer, e estamos a fazer com intenção, logo conscientes.

E então, o que são máscaras inconscientes?

São todas as nossas atitudes, reações, e comportamentos quer seja para connosco quer seja com quem nos rodeia, quando algo nos acontece.

Ah? Não estou a perceber nada!

Está estudado por uma senhora chamada Lise Bourbeau, que todos os seres humanos, usam máscaras para esconder as suas feridas, e essas feridas são as chamadas feridas emocionais.

Existem pelo menos 5 feridas descritas pela autora:

 

  • ABANDONO
  • INJUSTIÇA
  • REJEIÇÃO
  • HUMILHAÇÃO
  • TRAIÇÃO

Lise Bourbeau, no seu livro As Cinco feridas Emocionais, descreve como sendo as feridas que impedem a felicidade.

Para cada uma das feridas há uma causa, onde e como foram instaladas em cada um de nós, e também há para cada ferida as máscaras que cada um de nós usa para se defender.

Um trabalho aprofundado sobre este tema, ajuda-nos a identificar as nossas feridas e a ganhar consciência das máscaras que estamos a utilizar.

É aqui que se dá a magia do processo, encontrar clareza para curar as nossas feridas, através de um trabalho diário sobre as máscaras e aí podermos passar a viver de uma forma mais feliz.

São estas algumas das nossas máscaras inconscientes, apenas e só porque não temos consciência de que forma e porque as temos, não fomos ensinados a olhar para as nossas emoções, nem a geri-las, logo quando não as identificamos não sabemos, e se não sabemos é inconsciente.

Eu enquanto estudante fui identificando tanta coisa que fez todo o sentido e mudou a minha vida, a minha maneira de ser e estar.

Agora enquanto treinadora comportamental tenho treinado outros com intenção de os ajudar na identificação e trabalho sobre as suas emoções e feridas emocionais.

E é o meu maior presente ver quem se permite trabalhar em si, vê-los crescer e subir cada vez mais escadas no sentido da felicidade.

E TU? Vais querer descobrir as tuas?

Se este tema te interessa, não hesites, eu estou …

Sempre por perto  treecoach9@gmail.com

O verdadeiro segredo da felicidade, é sermos nós próprios.

Com Amor e Gratidão

Paula Miranda

Coach Profissional, Kid Coach & Trainer

Especialista em Comunicação e PNL

Atendimento Parental e Escolar

Analista Comportamental

Tlm 932 688 567

treecoach9@gmail.com

Artigo de Augusto Falcão–Desfibrilhação

Antes de mais nada, devo referir, que tudo o que eu escrever aqui, está devidamente referenciado nos manuais do INEM no capítulo de SBV / DAE adulto.

   E digo adulto porque a desfibrilação, apesar de ser indicada em crianças, tem um peso maior nos adultos. Isto porque a grande maioria das paragens cardiorrespiratórias em adultos tem causas cardíacas, logo passíveis de uso de desfibrilhadores, enquanto nas crianças a maioria das causas das paragens cardiorrespiratórias tem origens respiratórias.

   Sendo assim, e antes de falar de desfibrilhadores e do que é a desfibrilhação vamos falar um pouco do coração.

   O coração, é um órgão que conjuntamente com os vasos sanguíneos, constitui o sistema cárdio-circulatório,  sistema essa que tem como função primordial enviar sangue rico em oxigénio e açúcar ( de uma forma muito simples) para as células de todo o corpo para que, essas mesmas células possam produzir energia para que a gente possa fazer tudo o que possam imaginar; é responsável também por receber o sangue que contém dióxido de carbono ( que resulta do uso de oxigénio nas células) e de remover os produtos resultantes da produção de energia nas células.

   O coração é um órgão musculoso, com ritmo próprio; ou seja, todo o coração é um músculo, e que ao contrário dos outros músculos do corpo, não depende de ordens do cérebro para trabalhar; enquanto os outros músculos do corpo necessitam de ordens do cérebro, para trabalharem (ordens dadas por ritmos elétricos), o coração tem duas “pilhas” inseridas no próprio coração, que produzem esse ritmo elétrico, que depois faz com o que coração trabalhe de forma organizada.

   Ou seja, de uma forma muito simples, o coração tem dois ritmos diferentes; um elétrico que depois, se corretamente feito, se traduz num ritmo mecânica que é aquilo que nós chamamos de batimentos cardíacos.

   O coração tem ainda em termos anatómicos 4 cavidades; duas aurículas e dois ventrículos, sendo o mais importante o ventrículo esquerdo, que é o responsável pelo envio de todo o sangue oxigenado e rico em açúcar para o corpo inteiro.

   Falando agora da desfibrilhação, é importante que se perceba em que contexto pode ser usada. A PCR é um acontecimento súbito, constituindo-se como uma das principais causas de morte na Europa e nos Estados Unidos da América. Afeta entre 55-113 pessoas /100,000 habitantes, estimando-se entre 350,000-700,000 indivíduos afetados por ano, só na Europa. A análise efetuada aos equipamentos de DAE utilizados logo após uma paragem cardíaca, indica uma elevada percentagem (76%) de vítimas com um incidente arrítmico particular: Fibrilhação Ventricular. Está demonstrado que a desfibrilhação precoce, realizada entre 3 e 5 minutos após o colapso da vítima, resulta em taxas de sobrevivência de 50 a 70%.

   O International Liaison Committee On Resuscitation (ILCOR) recomenda que, em muitas circunstâncias, profissionais não médicos possam ser autorizados e incentivados a utilizar desfibrilhadores automáticos externos e o European Resuscitation Council defende que cada
ambulância seja dotada de capacidade de desfibrilhação automática externa.  O desenvolvimento técnico dos denominados “desfibrilhadores automáticos externos” (DAE) permite hoje a sua utilização segura, desde que operados por pessoal treinado especificamente para o efeito.

   Ou seja, o objetivo é que quando alguém sofrer uma PCR, a recomendação é que a desfibrilhação seja o mais precoce possível, sendo que dentro daquilo a que se convencionou chamar a cadeia de sobrevivência, a desfibrilhação precoce é de extrema importância.

Continuarei a falar disto na próxima edição com a introdução da cadeia de sobrevivência.

 

Augusto Falcão

Artigo de Sandra Correia – A profissão das profissões

Vamos falar de professores. Não, não pare agora. Muito tem sido dito e escrito sobre os professores. A sociedade é bombardeada por notícias televisivas, entrevistas a ministros e debates confusos sobre os professores. A verdade é que tanta informação controversa provoca ideias erradas sobre uma profissão que, em tempos, era nobre. Quem não se lembra da valorização e dignificação do Sr. Professor?

Hoje, remamos em sentido inverso. O professor, que mantém a profissão das profissões, deixou de ser respeitado, quer por quem governa, quer pela população, em geral. Eu sou professora, por paixão, gosto mesmo do que faço, desde ensinar português, promover e desenvolver atividades que propiciem ferramentas para os futuros cidadãos e criar laços de afeto com os meus alunos. É verdade, nem sempre corre tudo bem: a falta de interesse, de empenho, a indisciplina são pedras que procuro afastar do caminho, das mais variadas formas e acreditem, é possível ter sucesso, é possível mover os alunos para cumprirem o seu objetivo: aprender, querer aprender, questionar…obviamente, haverá sempre exceções. Sim, ponho o meu amor à profissão, por ter a sorte de estar numa escola onde me sinto feliz, à frente da minha luta contra o sistema, mas não deixei, nunca, nem deixo de reivindicar os meus direitos e revoltar-me contra as injustiças.

Dito isto, vou ao cerne do assunto deste meu artigo: elucidar o que está na base da batalha entre Ministério da Educação e professores. É de extrema relevância que a sociedade compreenda o que fundamenta a luta da classe docente. Com um novo governo, nasce um novo ministro que se lembra de alterar o diploma dos concursos de colocação. Há muito que se pede a redução das zonas pedagógicas e prevê-se que seja feita e uma colocação por graduação. O problema está no facto dos professores de quadro de zona virem a ser colocados em escolas por decisão ou escolha do grupo de diretores dessa zona. Simplificando: imaginem os diretores da CIM das Beiras e Serra da Estrela reunidos para escolherem os professores que lá ficaram colocados. O ministro não mente quando diz que não haverá municipalização nos concursos, omite como será feita a colocação nas CIM. Cai assim a regra da graduação. Outra situação que tem vindo a desgastar os professores é a sua avaliação de desempenho para progressão na carreira aos quinto e sétimo escalões, onde impera o sistema de quotas. São milhares de professores retidos nas listas, à espera de vaga. Em nenhuma área da administração pública isto acontece. Para não falar da não contagem de tempo de serviço de mais de seis anos de serviço efetivo, no tempo do congelamento da Troika.

Prossigo com outra luta, mais delicada, a mobilidade por doença, este ano restrita a vagas decididas pelos diretores e a um concurso num raio de 50 km, em linha reta, e professores do quadro de escola impedidos de concorrer a escolas que distem 20 km em linha reta da sua residência. Ainda acusaram os docentes de falsear declarações médicas! Contrataram juntas médicas para verificar declarações médicas!! Até hoje, faleceram três docentes que não obtiveram a mobilidade. Poderiam ter morrido na mesma?

Não sabemos. Emocionalmente e fisicamente, estas alterações não deixaram indiferentes milhares de docentes a necessitar de colocação para os seus cuidados médicos. Como toda a classe média, os vencimentos não têm tido aumentos dignos, em 2026, o vencimento mínimo estará nos 900 euros e um professor com 28 anos de carreira ganhará pouco mais de 1300€ a avaliar pela taxa de aumento que têm vindo a aplicar. Poderia elencar outras situações, fico por aqui. Reitero que não trocaria a minha profissão por outra, vou buscar a gratificação nos meus alunos, na soma de amigos-alunos que criei para a vida, em muitos anos de trabalho de conquistas e reconhecimento, no entanto, uso a minha voz e as minhas palavras para apelar à justa e merecida valorização e dignificação dos professores, ao respeito das suas funções. Os professores formam os futuros profissionais da sociedade, seja qual for a área de trabalho. A Educação é um pilar da sociedade, a par da Saúde, e tem sido literalmente descurada da visão dos vários governos dos últimos anos. Os professores têm, na sua grande maioria, mais de cinquenta anos, muitos mais de sessenta, estão cansados das sucessivas injustiças e iniciaram uma luta, que espero, não seja abafada.

É a hora de quem manda, olhar com olhos de ver esta realidade, sob pena de não ter professores para colocar nos próximos anos. É a hora de sermos compreendidos pela sociedade, nomeadamente, os pais e encarregados de educação que só podem desejar o melhor para os seus educandos: uma educação de qualidade.

 

Artigo de Luís Condeço—Quente e Frio – cuidados a ter no Inverno

Autor

Luís Miguel Condeço

Professor na Escola Superior de Saúde do IP da Guarda

No passado dia 21 de dezembro, pelas 21 horas e 47 minutos ocorreu o Solstício de inverno, evento astronómico que marca o início da estação mais fria do ano – o Inverno. Este momento em que o sol se posiciona mais a sul do planeta, também se chama de “inverno boreal” no hemisfério norte, e caracteriza-se pelo dia com a noite mais longa.

Estes factos meteorológicos são do conhecimento geral das populações circundantes da cidade mais alta do país, a Guarda, que além de Farta, Forte, Fiel e Formosa, é também – Fria, registando-se temperaturas médias máximas de 8ºC e mínimas de 1ºC no mês de janeiro, com as noites a rondar os -5ºC de temperatura média.

As temperaturas negativas ou quase negativas do inverno são já habituais para as gentes do distrito da Guarda, contudo vale sempre a pena relembrar que esta variação climática é a causa de agravamento de doenças e problemas de saúde.

A proteção do frio em segurança deve ser uma preocupação de todos, mas com especial cuidado para os grupos mais vulneráveis:

– Adultos com mais de 65 anos;

– Recém-nascidos e crianças com menos de 5 anos de idade;

– Pessoas portadoras de doença crónica;

– Pessoas com carências económicas;

– Grávidas;

– Pessoas com doença mental.

Em geral, devem ser adotados comportamentos preventivos: 1) evitar sair de casa nos períodos em que a temperatura do ar atinge o seu mínimo (no caso dos grupos vulneráveis, estes devem manter-se em locais abrigados e solicitar a familiares a entrega de alimentos, medicamentos e outros bens); 2) adequar o vestuário ao local onde se encontram, usando várias peças de vestuário e que não restrinjam a mobilidade (facilita a circulação sanguínea); 3) utilizar calçado confortável, quente, com boa aderência ao piso (que por vezes pode ser escorregadio) para evitar quedas; 4) proteger adequadamente as extremidades do corpo (a cabeça com gorro e cachecol / as mãos com luvas); 5) hidratar adequadamente a pele mais exposta às baixas temperaturas; 6) reforçar a hidratação corporal com a ingestão de líquidos, preferencialmente líquidos quentes como os chás e as sopas; 7) a ingestão de bebidas alcoólicas deve ser evitada; 8) ingerir por dia pelo menos 5 refeições onde estejam incluídos legumes e frutas; 9) o exercício físico deve ser mantido, desde que não seja intenso e no exterior quando está muito frio.

A adequação de comportamentos e atitudes a adotar devem ter em conta o local onde as pessoas se encontram: se no exterior, e tendo em conta a circulação automóvel, os cuidados devem incidir nas manobras em segurança perante o piso escorregadio devido à neve ou ao gelo, devendo a temperatura dentro do veículo ser amena e confortável; se em um espaço interior, domicílio ou local de trabalho, recomenda-se:

  • O espaço deve ser ventilado e arejado, permitindo a regeneração do ar, nos períodos em que a temperatura exterior é mais elevada. Depois, devem as portas e janelas estar bem fechadas, evitando correntes de ar;
  • Se estiver com pessoas dos grupos vulneráveis, a temperatura ambiente deve se mantida perto dos 18ºC. No caso de indivíduos saudáveis, aceitam-se temperaturas inferiores desde que se sintam confortáveis;
  • Verifique o normal funcionamento dos equipamentos de aquecimento antes de os usar e certifique-se que tem um abastecimento suficiente (lenha, gás, eletricidade ou outros) para estes equipamentos;
  • Mantenha as crianças e idosos, longe dos equipamentos de aquecimento, de modo a evitar queimaduras, assim como, materiais potencialmente inflamáveis de modo a evitar incêndios;
  • Os equipamentos de aquecimento exterior não devem ser utilizados no interior das habitações, ou vice-versa;
  • Se utilizar lareiras, braseiras, ou equipamentos a gás, mantenha o local bem ventilado de modo a evitar a acumulação de gases nocivos como o monóxido de carbono. Segundo o Instituto Nacional de Emergência Médica, a inalação deste gás foi responsável pela morte de 42 pessoas entre 2012 e 2018, em Portugal;
  • Quando aquecer a cama, se utilizar botija de água quente nunca se deite sem a retirar antes, pois o rebentamento das botijas de água quente é responsável por queimaduras nos pés e membros inferiores, com necessidade de hospitalização. Se utilizar cobertores elétricos, deve sempre desligá-lo antes de se deitar;
  • Nunca saia de casa, sem se certificar que desligou todos os equipamentos de aquecimento.

A utilização inadequada de fontes de calor e equipamentos de aquecimento nos períodos de inverno, é por vezes mais nociva e de risco, que a exposição a baixas temperaturas.

Artigo de opinião de Madalena Fonseca—Artes e o poder da informação

Desde há séculos atrás que o teatro tem vindo a servir o povo e as populações com o seu entretenimento, mas mais importante ainda com informação verídica ou muitas vezes manipulada. Apesar de poder ser visto maioritariamente como um meio de entretenimento, o teatro sempre teve uma grande importância para o conhecimento e informação das pessoas – o que explica o porquê de esta ser uma atividade relativa aqueles que possuem maior poder económico, dadas algumas exceções na história. Atualmente, e com o nascimento do cinema, podemos observar como estas duas formas de arte perpetuam este trabalho “informativo” e reflexivo em relação ao seu público. Todo o teatro e filme, têm inerente uma mensagem a ser transmitida, mesmo através de uma metáfora ou um simbolismo, e é esse o seu poder, transmitir algo de uma forma mais suave e mais facilmente aceitável pelo público. As artes no geral possuem este poder de consciencializar as pessoas, e de concretizar o dever público de informar e fazer pensar em temas de extrema importância no nosso mundo, para que este seja um lugar melhor.

Opinião de Sandra Correia —Um curso profissional, um percurso feliz!

A importância da participação ativa dos jovens na sociedade

Partindo das premissas de que a educação é uma ação intencional cuja finalidade é a formação integral do aluno e de que todo o conhecimento é uma construção social e dialógica e não uma imposição, dou por mim a refletir sobre as angústias e frustrações que a Escola proporciona, para além, do sistema de avaliação de desempenho e todos os constrangimentos vindos da tutela. No entanto, o meu espírito revolucionário não vence o meu amor à profissão. Sou profundamente feliz na minha sala de aula, leciono a disciplina de Português.

Se, por um lado, no ensino regular, consigo concretizar variadíssimas atividades “fora da caixa” e chegar ao final do ano, com um “afinal professora, português é fixe”, por outro, no ensino profissional, nem a “fazer o pino”, perdoem a expressão, consigo fazê-los sentir interesse pela disciplina, pelo “aprender a escrever e falar melhor.” A minha experiência de cinco anos, neste percurso formativo, permite tirar algumas ilações. A grande maioria destes alunos, prossegue por causa da escolaridade obrigatória dos 18 anos. A saída profissional raramente é fundamento para a escolha do curso, mas, sim, as dificuldades de aprendizagem, a fixação na mesma escola e a imagem que já levam de um certo “facilitismo”.

Ao desinteresse somam-se o não cumprimento de regras e de perspetivas futuras. Passou pouco mais de um mês do ano letivo, poucas aulas efetivas de português dei. Tenho tido momentos de cem minutos de diálogo, debates, monólogos, discursos desafiadores sobre o assunto. Ao longo dos anos, fui ouvindo: lá fora é diferente, aqui na escola fazemos o que queremos. Será assim? um dos muitos debates que já tive, perguntei o que era a escola para eles. A resposta dada individualmente foi: nada, passar o tempo, ter o décimo segundo ano. Mudei a pergunta para: o que representa, para vós, a escola, o que levam daqui? A resposta dada individualmente foi: uma seca, uma obrigação, um lugar para fazer amigos. Resumindo: pouco ou nada levam… perguntei: são felizes? Todos: sim! Mudei a pergunta: são felizes na escola? sim, no intervalo e quando não tem vigem muito de nós. Comecei a mudar a minha estratégia em sala de aula, sem fugir ao currículo, do qual teria muito que falar -fica para outra altura- e tem sido um estímulo para mim e para eles. Participarem ativamente no Plano Anual de Atividades permite-lhe mostrar à comunidade do que são capazes, ficam orgulhosos e eu também! Se fizer o balanço dos anos em que dei ensino profissional, considero que os cursos profissionais carecem de um planeamento estratégico e visionário, numa escola secundária, devemos remar contra a maré do desinteresse e do negativismo.

Não pode a Escola fazer ouvidos moucos aos interesses dos alunos e às necessidades do mercado de trabalho local, não pode permitir permissividade e falta de exigência. Acredito que há sempre uma solução para um problema, se não correr bem à primeira tentativa, tentamos outra. Fui diretora, já participei na distribuição dos cursos, nem sempre é fácil fazer valer a nossa vontade e a vontade dos nossos alunos e Encarregados de Educação, mas quando a vontade é grande tudo se alcança. Hoje, os municípios, com a delegação de competências, têm uma voz ainda mais poderosa na delineação da oferta formativa. O sucesso da Educação de um concelho não se pode resumir a rankings e a taxas de sucessos do ensino regular. Os cursos profissionais têm cada vez mais relevância, saibamos todos coordenar uma mesma vontade: o sucesso de todos os nossos alunos.