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Religião

Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) reage em comunicado

O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) dedicou a sua reunião de hoje a dar seguimento ao processo de reflexão, discernimento e ações em curso, a partir da primeira reunião conjunta dos Bispos portugueses realizada após a apresentação do Relatório Final da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais da Igreja Católica em Portugal.

2. As vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica em Portugal continuam a ser a nossa prioridade em todo este processo. Reafirmamos a nossa disponibilidade para acolher e escutar as vítimas que o desejarem e mantemos o firme compromisso de assumir as nossas responsabilidades e disponibilizar às vítimas todas as ajudas necessárias para o seu acompanhamento espiritual, psicológico e psiquiátrico, e outras formas de reparação do crime cometido.

3. Estamos a encetar contactos para a criação de um grupo responsável pelo acolhimento e acompanhamento das vítimas. Este grupo operativo, com carácter de autonomia, constituído por pessoas que garantam credibilidade e confiança perante as vítimas, será articulado com a Equipa de Coordenação Nacional e com as Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis.

4. Reconhecemos o trabalho realizado pelos Bispos e Administradores diocesanos em relação aos suspeitos de abusos, nomeadamente quanto à identificação de situações ainda não esclarecidas, com a ajuda da ex-Comissão Independente e do Grupo de Investigação Histórica dos arquivos. Quando for entregue em finais de abril à Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), a lista com os nomes dos alegados abusadores relativos aos Institutos de Vida Consagrada terá o devido seguimento por parte dos Superiores Maiores das congregações.

5. No decorrer da nossa reunião contámos com a presença online de alguns membros da ex-Comissão Independente para consolidar o trabalho conjunto que tem sido feito com as Dioceses e os Institutos de Vida Consagrada. Renovamos a nossa gratidão pelo trabalho que foi desenvolvido e que tem permitido cruzar informações entre os testemunhos das vítimas e os dados dos arquivos para determinar eventuais responsabilidades e o tipo de abusos cometidos, de modo a adotar as medidas necessárias.

6. As Diretrizes da Conferência Episcopal Portuguesa sobre o abuso de menores e adultos vulneráveis estão a ser revistas tendo em conta as sugestões e recomendações do Relatório Final, à luz do manual de procedimentos (Vademecum) da Santa Sé, revisto em junho de 2022, o qual define o tratamento destes casos e que é seguido por todos os responsáveis eclesiásticos.

7. A “tolerância zero” perante as situações de abusos é assumida pela Conferência Episcopal Portuguesa, respeitando a autonomia de cada Diocese que faz parte da identidade e da presença da Igreja Católica em cada país, também o nosso, onde queremos dar continuidade à missão evangelizadora da Igreja.

8. As Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis, criadas por determinação do Papa Francisco, estão já em processo de reestruturação e serão constituídas por leigos com competências profissionais necessárias à sua atuação. A par da Equipa de Coordenação Nacional destas comissões, estas são organismos da Igreja em Portugal cada vez mais capacitadas para o adequado tratamento da problemática dos abusos de menores, e com as quais continuamos a contar para implementar políticas de formação, prevenção e acompanhamento, contribuindo para um ambiente mais seguro nos espaços eclesiais.

9. A reações dos católicos e de outros membros da sociedade portuguesa às decisões tomadas na Assembleia Plenária extraordinária de 3 de março foram também alvo da nossa reflexão. Gostaríamos de agradecer e dizer que valorizamos o escrutínio público. Estamos totalmente disponíveis para caminhar com toda a sociedade na erradicação do drama dos abusos sobre menores, no apoio permanente às vítimas e no julgamento dos agressores. Lamentamos que, diante da complexidade do tema, nem sempre tenhamos comunicado as nossas intenções com clareza.

10. Acreditamos que estamos num ponto sem retorno e continuaremos a trabalhar, dando atenção aos muitos indicadores que estão presentes no Relatório Final. O caminho que a Igreja em Portugal está a percorrer, seguindo os passos de um processo que o Papa Francisco indicou para toda a Igreja e que tem por objetivo essencial proteger as vítimas e garantir a segurança e confiança nos ambientes da Igreja Católica, abre portas à esperança e ao compromisso para que comportamentos e atitudes do passado não se voltem a repetir. Entre outros gestos, mantemos o propósito de realizar um memorial e uma jornada nacional de oração pelas vítimas de “abusos sexuais, de poder e de consciência na Igreja” (Papa Francisco) no dia 20 de abril.

Semana Santa da Guarda de 17 de março a 8 de abril

Música, teatro religioso, exposições, culto, são as varias propostas na Guarda, para a celebração da Quaresma e da Semana Santa. O Município da Guarda volta a promover, entre 17 de março e 8 de abril, com a parceria de várias entidades, o Ciclo Semana Santa – Cultura e Fé com atividades na cidade, mas também por várias localidades do concelho como Faia, Pousade, Marmeleiro, Famalicão da Serra, Maçainhas, Quinta de Gonçalo Martins, Carvalhal Meão, Vila Fernando ou Castanheira. Mais do que um evento religioso, a Semana Santa – Cultura e Fé assume uma forte componente cultural e social, apresentando uma programação constituída por música, exposições e teatro religioso num momento de exaltação do património material e imaterial que carateriza as celebrações da Quaresma, da Semana Santa e da Páscoa.

O programa tem início a 17 de março, na Sequeira, com o primeiro de sete concertos de César Prata e Sara Vidal juntamente com as coletividades do concelho. O concerto “Cantos da Quaresma”, que decorre até 31 de março, reúne músicas tradicionais portuguesas alusivas deste período antes da Páscoa.

Em todas as apresentações, o grupo local fará, na primeira parte do concerto, a apresentação dos seus cantos de Quaresma no Adro da Igreja, e de seguida César Prata e a Sara Vidal interpretarão também temas da Quaresma. Os concertos acontecem ainda na Faia (18), Marmeleiro (19), Famalicão (24), Maçainhas (25), Quinta de Gonçalo Martins (26) e Castanheira (31).

Mas há muito mais neste cartaz da Semana Santa Guardense. Dia 19 de março, domingo, realiza-se a Via Sacra em Vale de Estrela, às 16h00, a partir da zona do cruzeiro. Segue-se no dia 25 de março, no Carvalhal do Meão, o Enterro do Senhor, pelas 21h00.

A 26 de março, às 15h00 a Procissão do Senhor dos Passos com sermões do Pretório, Encontro, Calvário e Saudade, sai às ruas no Carvalhal Meão. Pelas 16h00, a Procissão dos Passos parte da Igreja da Misericórdia para a cidade da Guarda.

A iniciativa prossegue no dia 31 março com a inauguração, às 18h00, da Exposição “A Palavra e a imagem”, no Espaço ExpoEcclesia. A exposição, que estará patente até 30 de novembro, desafia o visitante a caminhar da Quaresma, “tempo favorável” de conversão, até à Pascoa da “eterna salvação”. Este itinerário pretende ilustrar a passagem do crer ao viver, do fazer ao ser.

No dia 1 de abril, sábado, a Associação de Jogos Tradicionais irá fazer o Percurso Alminhas entre Vila Fernando e o Marmeleiro, com início às 9h00. As inscrições para a participação devem ser feitas através do email: marmeleiroccs@sapo.pt. Durante a tarde, às 15h00, inicia-se o Workshop de Folares de Marmelada, na freguesia do Marmeleiro.

E porque a tradição ainda se mantém em algumas aldeias do concelho da Guarda, dia 1 de abril, às 21h00, em Vila Fernando cumpre-se o rito de louvor aos mortos com a Encomendação das Almas. Um rito do período quaresmal que leva um grupo de pessoas à rua durante a noite, normalmente num lugar de elevação, para fazerem orações pelas almas dos que já partiram.  A iniciativa contará com a participação dos Grupos de Encomendação das Almas da Sequeira, Faia, Quinta de Gonçalo Martins, Maçainhas, Famalicão da Serra, Grupo de Cantares “A Mensagem”, Marmeleiro e Castanheira. Estes Grupos, tem participado nos últimos anos em várias manifestações populares de caráter religioso com o intuito de preservar e vivenciar tradições do sagrado. De ressalvar que na região a oração “As Palavras Ditas e Retornadas” é unicamente rezada pelo Grupo de Encomendação das Almas da Faia.

No Domingo de Ramos, 2 de abril, às 10h30, decorrerá entre Misericórdia e a Sé da Guarda a Bênção e Procissão de Ramos, seguida de celebração de Missa de Domingo de Ramos. Nesse mesmo dia, na freguesia da Castanheira, às 16h00, decorrerá a Missa e Via Sacra com o Senhor dos Passos. De realçar ainda a “La Pasion”, cuja a encenação decorre na Praça Luís de Camões, às 21h00. A encenação da Paixão de Cristo estará a cargo do Grupo “El Manantial” de Ciudad Rodrigo, que se caracteriza pela vivacidade das cenas no templo, pelas falsas testemunhas e pela provocação do público para torná-lo cúmplice da condenação de Cristo.

No dia 3 de abril, às 21h00, realiza-se em Famalicão da Serra a Via Sacra.

Já no dia 5 de abril, a Sé da Guarda recebe o concerto de Nektaria Karantzi, pianista virtuoso, compositor e maestro, e Vassilis Tsapropoulos, vocalista com carreira na música sacra e bizantina, pelas 21h30. Durante a atuação os músicos apresentarão hinos e canções ortodoxas e balcânicas para a “Theotokos” (Mãe de Deus), resultando um diálogo transfixante em palco entre a cultura musical ocidental e a tradição oriental.

A Sé da Guarda recebe, durante o dia 6 de abril, a Missa Crismal e Bênção dos Óleos, às 10h30 e Missa Vespertina da Ceia do Senhor – Lava-pés, às 19h00. Ainda nesse dia, pelas 21h00, decorrerá uma visita e adoração na Igreja de São Vicente, Sé da Guarda, Igreja da Misericórdia e Igreja de São Miguel.

A anteceder o sábado de aleluia, a Sé da Guarda é palco para a celebração da Paixão do Senhor, com a adoração à Cruz, pelas 17h00. À noite, às 21h30, terá lugar na Igreja da Misericórdia, o Enterro do Senhor.

O programa de celebração termina dia 8 de abril, na Sé da Guarda e em Pousade. No sábado de Aleluia, pelas 21h00, decorrerá na Sé da Guarda a Noite da Vigília Pascal. À mesma hora em Pousade, Daniel Cruz, apresenta “A Cruz Jaz no Meu Regaço”. Um teatro religioso de índole comunitária que pretende respeitar a tradição centenária de teatro religioso e popular de Pousade, mas ao mesmo tempo aponta para a integração e revitalização desta tradição através da sua própria atualização e interpretação mais aberta dos textos sagrados, promovendo, assim, o aparecimento de novos textos que reinterpretem e proponham um olhar mais humano e atual sobre o tema da Paixão de Cristo. O espetáculo será interpretado pela comunidade de Pousade e pelos atores do Grupo Cultural e Desportivo Pousadense.

A iniciativa Semana Santa, Cultura e Fé é promovida pelo Município da Guarda em parceria da ExpoEcclesia, Diocese da Guarda, Santa Casa da Misericórdia e o Grupo Cultural e Desportivo Pousadense.

Conversa com Luís Miguel Ginja (Provedor da ISCMFA)

                                                     “Os utentes deverão ser sempre a nossa prioridade e o nosso foco”

  Depois de ter tomado posse recentemente para mais um mandato, na liderança da Mesa da ISCMFA, fomos conversar com Luís Miguel Ginja, a fim de nos traçar algo do presente e do futuro desta instituição.

Magazine Serrano (MS) – Depois da reeleição e ter tomado posse para mais um mandato a liderar a ISCMFA, sente que foi uma prova de confiança e vai ser mais um desafio?

Luís Miguel Ginja (LMG)– Após o resultado eleitoral alcançado, é para mim revelador, do mandato claro e inequívoco que os irmãos nos quiseram atribuir. É com base, nesta confiança que nos atribuíram, que afirmamos tudo fazer para revitalizar e reerguer esta instituição secular que conta já com 356 anos de existência. Embora difícil e trabalhoso, procuraremos sempre alicerçados na união e no envolvimento de todos os irmãos tudo fazer para continuar a merecer a confiança que em nós depositaram.

  Tenho a honra e o privilégio de ter voltado a tomar posse como provedor da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Fornos de Algodres, juntamente com os restantes elementos que constituem os corpos gerentes desta casa, que me irão acompanhar nesta missão.

  Sinto uma grande honra e muito orgulho, mas simultaneamente também sinto uma enorme responsabilidade pela nobre missão que nos foi confiada, porque a Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Fornos de Algodres é um desafio que nos obrigará a estar permanentemente atentos no sentido de alcançarmos os objetivos que a instituição merece e que, a comunidade espera ver realizados.

  Vamos todos encarar este novo percurso ainda com mais sentido de responsabilidade, primeiro porque é nossa obrigação, e depois porque sabemos que enfrentamos tempos muito difíceis que exigem o melhor de nós.

MS – Neste âmbito social cada vez o grau de exigência é maior para o futuro no sentido de satisfazer a necessidade dos utentes/clientes?

LMG – Consideramos que o trabalho a desenvolver deve assentar na promoção e garantia de serviços de excelência aos Utentes, na valorização e motivação dos recursos humanos, no fortalecimento e desenvolvimento do apoio da irmandade, na conservação, na manutenção e reabilitação das infraestruturas, na reabilitação do património, tendo sempre em atenção a garantia da sustentabilidade financeira da instituição e o financiamento de projetos ancorados nos novos quadros de apoio.

  Para nós, as pessoas estarão sempre em primeiro lugar. Assim os utentes deverão ser sempre a nossa prioridade e o nosso foco, pelo que, seguindo a tradição da instituição, será necessário manter e promover obras no âmbito da Ação Social, garantindo o bem-estar, o conforto de vida dos utentes, através dos serviços de excelência e de cuidados especializados.

MS – Finalmente, as condições estão reunidas para as obras de ampliação avançarem?

LMG – Sonhámos, um dia, ter melhores condições para os nossos idosos e esse sonho já está a transformar-se em realidade. O sonho passou da intenção, do papel e estará brevemente no terreno e crescerá de dia para dia, e isso só nos pode orgulhar muito.

  Depois de um percurso complicado pelas circunstâncias de todos conhecidas, julgamos estarem agora reunidas todas as condições para avançarmos com as obras de ampliação, julgo que as mesmas iniciarão durante o mês de março próximo, a procura pelos serviços da instituição é grande e só com esta ampliação daremos resposta a esta procura, a taxa de ocupação das valências da instituição, Estrutura Residencial para pessoas idosas e Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração, têm um taxa de ocupação na ordem dos 100% o que denota que continuamos a ser uma referência para quem nos procura.

  Continuaremos a dar o nosso melhor, a lutar contra as adversidades e a procurar sempre a excelência, porque a nossa capacidade de sonhar, de acreditar, não têm limites, nunca o teve.

MS – Na sociedade de hoje cada dia que passa, o papel das Misericórdias é mais preponderante na vida dos cidadãos?

LMG – As Misericórdias de todo o País estão a passar por tremendas dificuldades e a Misericórdia de Fornos de Algodres não é alheia a esta situação.

  Num País, como o nosso em que mais de dois milhões de portugueses se encontram em situação de pobreza ou exclusão social, não podemos imaginar o que seria a gravidade da situação social sem o trabalho das Misericórdias e de outras instituições de solidariedade social.

  O Governo deveria prestar uma atenção muito particular àqueles que, dedicando muito do seu tempo, da sua generosidade, contribuem para minorar a situação de sofrimento de pobreza e às vezes, de carência alimentar.

  Uma palavra especial a todos os que diariamente contribuem para que o Estado Social e a nossa função continue a ser uma obrigação e um dever em prol de todos os que de nós necessitam!

MS – Em breve, vamos ter as cerimónias da Semana Santa, com o Jubileu, Sr. dos Passos e Sexta-Feira Santa, onde espera grande adesão por parte dos irmãos?

LMG – Uma das cerimónias com mais enfâse da instituição Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Fornos de Algodres e na comunidade Fornense, comemora-se no dia 23 de março, isto é, o Jubileu da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Fornos de Algodres.

  Recordaremos como no passado, todos aqueles que ao longo dos últimos 356 anos desempenharam as suas funções e disponibilidade em prol desta Instituição com mais de três séculos.

  Só reconhecendo o passado e respeitando o presente, acreditaremos e teremos futuro.

Este dia, assim como estes dias antes da Páscoa demonstram a Vitalidade e Força desta Instituição!

  No dia 26 de março, realizaremos a Procissão do Senhor dos Passos, presididas pelo Sr. Padre Nino Georgetown, capelão da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia.

  A Procissão dos Passos representa um momento de profunda religiosidade popular, a devoção ao Senhor Jesus dos Passos, no caminho de sofrimento, crucificação, morte e ressurreição de Cristo.

Já no dia 7 de abril, Fornos de Algodres reviverá a tradicional Procissão do Enterro do Senhor!

A união dos Fornenses demonstrará mais uma vez a nossa vontade e a nossa força!

  Misericórdia de Fornos de Algodres, GNR, Bombeiros de Fornos de Algodres, Batuta d´ Alegria, Escuteiros e toda a comunidade Fornense, contribuirão para mais esta demonstração de Fé!

  Ao longo da Procissão, o esquife do Senhor morto será acompanhado por todos os que continuam a Acreditar e a Crer!  Uma Procissão carregada de emoção e fé que atrai à nossa vila muitos Fornenses.  Viver esta época pascal é também viver Fornos de Algodres.

  Os Fornenses não esquecem as suas raízes!

MS – A nível financeiro, os tempos são difíceis, como está a saúde da ISCMFA?

LMG – É do conhecimento de todos, que NÃO atravessamos momentos fáceis, uma pandemia que não nos deu tréguas, uma guerra, uma crise económica, um património a defender, mas sobretudo e mais importante, é termos uma família de Colaboradores e Utentes/Clientes que merece todo o nosso maior respeito, reconhecimento, e dedicação, e será para eles, que o nosso trabalho estará virado em 1º Lugar.

A título de exemplo, o aumento do salário mínimo que tem repercussões enormes no equilíbrio financeiro das instituições, para já não falarmos no aumento generalizados dos preços, sem serem aumentadas as prestações pagas pelos utentes.

As Instituições atravessam hoje a nível financeiro uma das piores etapas da sua vida secular, no entanto saberemos atravessar estas dificuldades com persistência e acreditando num futuro melhor. O ano que agora se iniciou é um ano de incertezas e cujas consequências financeiras para a Instituição serão certamente de muito esforço financeiro para honrarmos os nossos compromissos.

MS – Para concluir esta conversa, que mensagem deixa aos irmãos e comunidade em geral?

LMG – Aos Irmãos que são mais de duas centenas e à comunidade fornense, deixo uma palavra de respeito por tudo o que fizeram e fazem diariamente em prol da instituição e dos fornenses.

Antes de terminar, não quero deixar de sublinhar, o reconhecimento e gratidão ao trabalho desenvolvido pelos nossos colaboradores, sabendo que temos de enfrentar os tempos difíceis e desafios que todos temos pela frente.

A todos quero deixar a expressão do meu profundo agradecimento, pelo trabalho que desenvolvem todos os dias. E faço votos para que continuem a desempenhar com zelo e paixão o trabalho que vos está confiado.

Assim, fica o meu muito obrigado por tudo o que deram e dão a esta causa. Ganha a Santa Casa, ganha a comunidade e ganhamos todos nós.

A Misericórdia é uma causa que nos alimenta e nos faz acreditar numa sociedade mais justa e fraterna tudo farei para a Honrar!

“Com Maria a Virgem do Sim, caminhemos juntos e com alegria da reconciliação para a Páscoa de Jesus Cristo. Ámen.”(António Luciano, Bispo de Viseu)

Avisos e Liturgia do III Domingo da Quaresma – ano A

 

Nesta Quaresma, pela 1ª leitura, já vimos que Deus criou o homem livre (1º Domingo) e dá-lhe uma vocação (2º Domingo). Neste 3º Domingo, apesar de ter sido libertado, por Deus, da escravidão, o povo começa a desconfiar de Deus, quando surgem as tribulações. Com a simbologia da água, Deus responde a esta desconfiança: na 1ª leitura, a água libertará da sede o povo, e no evangelho ajudará a samaritana a reflectir sobre a acção do Espírito de Deus para saciar a verdadeira sede, porque a água viva será a imagem do Espírito de Deus que brota do interior, de tal maneira que, na 2ª leitura, é-nos dito que “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”.

O Êxodo faz-nos ver que o caminho da vida nem sempre é plano. As dificuldades podem fazer perder o sentido da vida. O povo escolhido, a caminho da terra prometida, começa a protestar, perante as dificuldades. Começa a duvidar da presença de Deus. A passagem pela vida é como a travessia do deserto, não se faz sem água. Mas, temos de sede de quê? De riqueza, de poder, de afecto, de justiça, de reconhecimento? A partir da leitura do Êxodo, de que é que tenho sede, o que desejo? Para a samaritana, o seu desejo era ir buscar água ao poço. O povo de Israel já nem se recordava que era o povo de Deus e do objectivo da sua vida. Também nós, com as nossas frustrações, podemos esquecer a vocação a que fomos chamados. Pela 1ª leitura, somos convidados a aprender a confiar em Deus. A água para a travessia da vida virá de Deus.

Na leitura do evangelho deste Domingo, e dos dois seguintes, descobriremos três aspectos da pessoa e da missão de Jesus. O diálogo com a samaritana apresenta-nos a simbologia baptismal da água. No próximo Domingo, a cura do cego convidar-nos-á a uma nova maneira de olhar, ver e entender. No último Domingo, com a ressurreição de Lázaro, veremos como a vida vence a morte. No diálogo com a samaritana, é Jesus quem toma a iniciativa de a levar à realidade da sua vida. É uma catequese que ajuda uma realidade frustrante e escravizadora a abrir-se a uma vida interior, onde descobrirá os valores libertadores. O diálogo passa da constatação de uma situação material, ter sede, e de inimizade, judeus e samaritanos, para uma situação satisfatória de saciedade, que é Jesus, Fonte da Água Viva: “Senhor, dá-me dessa água”. Jesus situa no interior do homem a fonte de água viva; já não se adora Deus em Jerusalém ou em Garizim: “vai chegar a hora – e já chegou- em que os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e verdade”. Para Jesus, já não é o Templo que importa, mas a relação que se estabelece entre o Pai e o Filho, uma relação profunda de amor, fundamentada na fé. De seguida, Jesus revela-se à mulher como o Messias, o Ungido, o Salvador. Assim, Jesus revela a proximidade de Deus.

Na figura da samaritana, podemos ver a nossa vida. É o amor de que nos falava a 2ª leitura: “o amor de Deus foi derramado em nossos corações”. Quando ela regressa a casa, dá testemunho do que viveu: “Já não é por causa das tuas palavras que acreditamos. Nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é realmente Salvador do mundo”. Todos temos de passar pela escuta de Jesus.

12-03-2023

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LEITURA ESPIRITUAL

«Porventura és mais do que o nosso patriarca Jacob?»

 

A vista da beleza de Raquel fortaleceu Jacob, que assim conseguiu levantar a enorme pedra de cima do poço e dar de beber ao seu rebanho (Gn 29,10). Raquel, com quem se casou, era um símbolo da Igreja. Por isso, ao beijá-la, teve de chorar e de sofrer (v. 11), prefigurando deste modo, pelo seu casamento, os sofrimentos do Filho. Quão mais belas são as núpcias do Esposo real do que as dos seus embaixadores! Jacob chorou por Raquel, ao desposá-la; Nosso Senhor cobriu a Igreja com o seu sangue, ao salvá-la.

As lágrimas são o símbolo do sangue, porque não é sem dor que elas jorram dos olhos. O choro do justo Jacob é o símbolo do grande sofrimento do Filho, pelo qual a Igreja das nações foi salva. Vem, contempla o nosso Mestre: Ele veio ao mundo, aniquilou-Se para fazer o seu caminho na humildade (Fl 2,7). Vendo as nações como rebanhos sedentos e a fonte da vida fechada pelo pecado, como que por uma pedra, derrubou o pecado, que era pesado como uma rocha. Ele abriu o baptistério à Esposa e foi aí buscar água para dar de beber às nações da Terra, como aos seus rebanhos.

Com a sua omnipotência, levantou o pesado fardo dos pecados e pôs a descoberto a fonte de água doce. Sim, pela Igreja, Nosso Senhor deu-Se a grandes trabalhos. Por amor, o Filho de Deus vendeu os seus sofrimentos para poder desposar, à custa das suas chagas, a Igreja abandonada. Por ela, que adorava os ídolos, sofreu na cruz. Por ela quis entregar-Se, para que ela fosse completamente imaculada (Ef 5,25-27). Conduziu às pastagens todo o rebanho dos homens, com o grande cajado da cruz, e não rejeitou o sofrimento; aceitou conduzir raças, nações, tribos, multidões e povos, para poder reaver a Igreja, sua única Esposa (Ct 6,9). (São Tiago de Sarug, c. 449-521, monge e bispo sírio, Homilia sobre Nosso Senhor e Jacob, sobre a Igreja e Raquel).

 

Quaresma 2023 iniciou em Quarta-feira de Cinzas

A Igreja Católica  iniciou esta quarta-feira o tempo da Quaresma, de preparação para a Páscoa, este ano em ligação ao processo sinodal lançado por Francisco, que pede abertura à “novidade”.

“O caminho sinodal está radicado na tradição da Igreja e, ao mesmo tempo, aberto para a novidade. A tradição é fonte de inspiração para procurar estradas novas, evitando as contrapostas tentações do imobilismo e da experimentação improvisada”, escreve, na sua mensagem para o novo tempo litúrgico, com o tema ‘Ascese quaresmal, itinerário sinodal’. Ler Mais »

Avisos e Liturgia do VII Domingo do Tempo Comum- ano A

 

A temática do evangelho deste Domingo é o perdão e o amor. Havia uma norma ética e nobre da justiça retributiva, que é a base do direito antigo e moderno da justiça distributiva. Mas Jesus quer fazer uma proposta teológica e interior, anti-violenta, fundamental para a vida pessoal e social do cristão e da Igreja. Não responder ao mal com o mal: “se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda; se alguém quer ficar com o manto, dá-lhe também a túnica…dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem te pede emprestado”. Trata-se de uma nova estratégia, aberta para criar uma nova relação com o adversário, livre da lógica da injustiça violenta.

“Amai os vossos inimigos”. É a grande novidade da doutrina cristã. Se o amor de Deus é infinito, assim também tem de ser o amor do cristão. Um amor que procura a perfeição e não tem limites, amar como Jesus ensinou e mandou. A 1ª leitura do Levítico prepara o evangelho: “sede santos, porque Eu sou santo. Não te vingarás nem terás rancor dos outros. Amarás o próximo como a ti mesmo”. O amor de Jesus não exclui ninguém, é a plenitude do amor.

Na 2ª leitura, S. Paulo recorda-nos que somos templo de Deus, do qual fazemos parte pelo amor de Cristo. Exalta a sabedoria cristã, distinguindo-a da sabedoria humana. A sabedoria cristã consiste no conhecimento de Cristo crucificado por amor à humanidade. Finalmente, S. Paulo diz que não podemos seguir diferentes líderes religiosos, porque “vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus”. Com estes três exemplos do templo, da sabedoria divina e de pertença a Cristo, faz-nos sentir unidos ao imenso amor de Deus. Há que promover a pastoral do perdão, da não-violência, da paz, lutando contra as tensões humanas, sociais, políticas e também eclesiais, contra a falta de diálogo para construir a paz e reconhecermo-nos como irmãos e filhos de Deus.

O amor tem de resplandecer mais na vida dos cristãos. Temos de ajudar, de servir, de ser mais tolerantes, de rezar, de ter pequenos gestos de amor e de caridade para com os outros. A primeira forma de amar os inimigos é rezar por eles. Saber ter um coração grande e aberto para acolher e amar. Temos de promover a educação do amor nas crianças e jovens, nas famílias e nas comunidades paroquiais. O evangelho não é concêntrico, amando-me somente a mim próprio, mas excêntrico, de coração aberto para amar a todos. Para que um dia se estabeleça plenamente o reino da caridade, é preciso cultivar a paciência e o perdão que, muitas vezes, custa ter com os outros.

Custa muito perdoar, mas custa muito mais amar. Os sentimentos humanos e os ressentimentos procuram o ódio e a vingança; por isso, custa tanto perdoar, saudar, amar. Neste ponto é preciso que sempre recordemos a atitude de Jesus, cravado na cruz, perante os seus inimigos (Lc 23,34). É preciso converter o inimigo em amigo. Procure cada um não ser inimigo de ninguém, nem ter inimigos; só assim terá paz e bem-estar. Trata-se de ser perfeito como é o nosso Pai que está no céu (Mt 5,48).

 

19-02-2023

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LEITURA ESPIRITUAL

A arte de amar a Deus

 

Bem-aventurado o homem que sabe amar todos os homens igualmente. Bem-aventurado o homem que não se prende a nada que seja corruptível e passageiro. Aquele que ama a Deus também ama totalmente o seu próximo. Esse homem não sabe guardar o que tem, antes o dispensa como Deus, dando a cada um aquilo de que tem necessidade. Aquele que dá esmola, à imitação de Deus, ignora a diferença entre o mau e o bom, o justo e o injusto (cf Mc 5,45), quando os vê sofrer. Mas dá igualmente a todos, segundo as suas necessidades, ainda que prefira, pela sua boa vontade, o homem virtuoso ao homem depravado.

Assim como Deus, que é por natureza bom e impassível, ama igualmente todos os seres como obra sua, mas glorifica o homem virtuoso porque este está unido a Ele pelo conhecimento e, na sua bondade, tem piedade do homem depravado e fá-lo voltar instruindo-o neste mundo, assim também aquele que, pelo seu movimento próprio, é bom e impassível ama igualmente todos os homens: ama o homem virtuoso pela sua natureza e a sua vontade boa; e ama o homem depravado pela sua natureza e a sua compaixão, porque tem piedade dele como dum louco que avança nas trevas.

Não é só partilhar o que se tem que revela a arte de amar, ainda mais o revela transmitir a palavra e servir os outros nos seus corpos. «Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem». (São Máximo o Confessor, c. 580-662, monge, teólogo, Centúria I sobre o amor, nos. 17, 18, 23-26, 61).

 

Avisos e Liturgia do VI Domingo do Tempo Comum-ano A

 

Se observarmos a vida das pessoas, é fácil dar conta do seguinte: noutros tempos, vivia-se com esforço e exigência, respeitando as normas e fazendo sacrifícios; hoje, parece que se vive a relativizar tudo, numa superficialidade de relações. Parece que andamos saturados, esgotados, porque não é fácil a vida! Mas, alguma vez foi? Deus dá-nos a Sua Palavra como ajuda para rever, iluminar e transformar a nossa vida. E de todas as palavras do Evangelho, o Sermão da Montanha é uma das passagens fundamentais. Talvez já tivemos a tentação de dizer que o Evangelho não se pode cumprir, porque é muito idealismo e é muito exigente. Mas a exigência não é defeito, é virtude! “Ser fiel depende da tua vontade” (1ª leitura). Deus deu-te a liberdade; por isso, és responsável pelas tuas decisões: “estenderás a mão para o que desejares”. Em nossa ajuda, vem a Lei de Deus.

No texto evangélico deste domingo, Jesus recorda-nos a Lei antiga e depois convida-nos a fazer caminho: “Foi dito”; “Eu, porém, digo-vos”. Ele não anula a Lei de Moisés nem a relativiza, mas aumenta o seu grau de exigência. A Lei não perde valor, mas Jesus assume-a como essencial para entrar no Reino dos Céus. Para isso, é necessário que transforme interiormente o olhar e o coração e não ficar somente por respostas mecânicas e ritualismos externos.

Por isso, Jesus alarga o sentido de alguns preceitos da Lei. Ao mandamento “Não matarás”, afirma que existe outro tipo de homicídio. Pode-se não matar fisicamente, mas a agressividade para com um irmão acaba por o matar interiormente com a ofensa, a difamação e a intriga. Conflitos todos temos na vida, mas terão sempre de ser resolvidos. Pois, se não tivermos vontade e humildade para os resolver, também não podemos aproximarmo-nos da mesa da Eucaristia. Não pode haver comunhão, sem perdão e reconciliação.

Jesus avisa-nos que o nosso estilo de vida não pode consistir na simples resposta a preceitos, mas a uma atitude interior. Assim cometer adultério não é somente uma infidelidade a uma pessoa com quem já se assumiu um compromisso, mas obscurece a riqueza da sexualidade humana e a grandiosidade de um compromisso definitivo. Quando se perde o equilíbrio, tudo se precipita, tudo cai.   

Jesus é radical. A salvação é uma questão de vida ou de morte, não pode haver “meios termos”. Temos de rever a nossa vida constantemente para detectarmos o que está a minar a nossa saúde espiritual e moral. Diante do mal, não pode haver complacências: tem de ser destruído, mesmo que seja difícil. Para tal, somos convidados a sabe discernir onde andamos e com quem andamos.

A nossa linguagem tem de ser “sim, sim; não, não”. Sintonizados com o Evangelho, a nossa vida tem de ser um “sim” a Deus” e um “não” ao pecado. “Quem quer o que Deus quer, tem tudo quanto quer”, “antes perder tudo do que perder a Deus” (Santo Afonso Maria Ligório).

 

12-02-2023

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LEITURA ESPIRITUAL

«Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, mas completar»

 

Em todos os tempos e em todas as nações, é agradável a Deus aquele que O teme e pratica a justiça (cf Act 10,35). Contudo, aprouve a Deus salvar e santificar os homens, não individualmente, excluída qualquer ligação entre eles, mas constituindo-os em povo, que O conhecesse na verdade e O servisse santamente. Escolheu, por isso, a nação israelita para seu povo. Com ele estabeleceu uma aliança; a ele instruiu gradualmente, manifestando-Se a Si mesmo e ao desígnio da própria vontade na sua história, e santificando-o para Si.

Mas todas estas coisas aconteceram como preparação e figura da nova e perfeita Aliança que em Cristo havia de ser estabelecida, e da revelação mais completa que seria transmitida pelo próprio Verbo de Deus feito carne. «Eis que virão dias, diz o Senhor, em que estabelecerei com a casa de Israel e a casa de Judá uma nova aliança. Porei a minha lei nas suas entranhas e a escreverei nos seus corações, e serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Todos Me conhecerão, desde o mais pequeno ao maior, diz o Senhor» (Jer 31,31-34).

Esta nova aliança foi instituída por Cristo no novo testamento do seu sangue (cf 1Cor 11,25), chamando o seu povo de entre os judeus e os gentios, para formar um todo, não segundo a carne mas no Espírito, e fazer dele o Povo de Deus: «raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo conquistado, que outrora não era povo, mas agora é povo de Deus» (1Ped 2,9-10). Mas, assim como Israel segundo a carne, que peregrinava no deserto, é já chamado Igreja de Deus (cf 2Esd 13,1; Nm 20,4; Dt 23,1ss), assim o novo Israel, que ainda caminha no tempo presente e se dirige para a futura e perene cidade (cf Heb 13-14), se chama também Igreja de Cristo (cf Mt 16,18), pois que Ele a adquiriu com o seu próprio sangue (cf Act 20,28), a encheu com o seu espírito e a dotou dos meios convenientes para a unidade visível e social. (Concílio Vaticano II, Constituição dogmática sobre a Igreja «Lumen gentium», 9).

 

Missa de celebração – 1

Avisos e Liturgia do V Domingo do Tempo Comum – ano A

 

O Sermão da Montanha é a Carta Magna do Cristianismo, é um verdadeiro compêndio que contém o fundamental da novidade cristã, os alicerces fundamentais da fé cristã. Mais do que palavras, são desafios que nos desinstalam e nos convidam a não ficarmos nos ritualismos. Jesus está sentado no cimo de um monte e faz um discurso aos que O seguiam. Assim, Jesus é apresentado como o “Novo Moisés” e o conteúdo do seu ensino como a “Nova Lei”.

Jesus quer “refrescar” a religião judaica que tinha caído num individualismo fechado aos problemas sociais. Mas, a Palavra de Deus condena uma religião ligada a Deus, mas desligada da Humanidade, um culto meramente exterior, sustentado por práticas rituais, mas apático na vontade de transformar corações. Já o profeta Isaías, no seu tempo, critica esta situação, como podemos ver na primeira leitura: “reparte o teu pão, dá pousada aos pobres, leva roupa ao que não tem que vestir, não voltes as costas ao teu semelhante”. Se assim procederes, “a tua luz brilhará na escuridão…se chamares, o Senhor responderá…seguir-te-á a glória de Deus”. Sem esta “liturgia da vida”, a liturgia da Igreja torna-se um rito vazio e hipócrita, não conseguindo mostrar a entrega de Deus, através do seu Filho, Jesus Cristo.

É isto que Jesus quer combater através das palavras do Sermão da Montanha. Por isso, Jesus não quer que os seus discípulos sejam somente piedosos, zelosos e cumpridores da Lei. Não interessa a Jesus robôs e fantoches que cumprem ordens e nada mais. Ele quer discípulos que, depois de acolher os dons de Deus, os vivam com os outros. Por isso, Jesus utiliza estas duas imagens: o sal e a luz.

“Vós sois o sal da terra”. Para os povos antigos da Bíblia, “sal” é igual a “sabedoria”. “Ser salgado” equivale a “ter sabedoria”, a sabedoria de Jesus e a viver segundo o Evangelho. Ser sal é dar sabor à vida. O sal tem duas propriedades: conservar e dar sabor. Nós temos a missão de conservar a Palavra de Deus, vinda de Jesus, e de a apresentar como a única que dá um novo paladar à vida. Sem Jesus, a vida torna-se insossa, destemperada. Mesmo sem se ver, o sal torna uma refeição boa ou não: é a diferença entre viver com Jesus ou sem Jesus. Mas, cuidado! Demasiado sal faz mal, não se consegue comer! Na nossa vida de fé, é preciso, também, equilíbrio: nem ausência de sal nem sal em excesso, ou seja, nem moleza nem fanatismo.

“Vós sois a luz do mundo”. Jesus diz aos seus discípulos que não se escondam das suas responsabilidades. Se Ele se chamou a si próprio “Eu sou a Luz do mundo”, “Quem me segue, não andará nas trevas”, como pode um seu discípulo não ser luz para os outros? Através de cada um de nós, Jesus quer continuar a iluminar a humanidade. As capacidades e os dons que Deus nos concede não são para serem colocados “debaixo do alqueire”, mas para serem postos a render ao serviço da evangelização.

Onde quer que estejamos, sejamos Evangelho vivo para todos os que nos rodeiam, amando, sem criticar os outros, ajudando os mais necessitados, mudando a nossa vida e ajudando os irmãos a mudarem também a vida. Deixemos que o Espírito Santo atue em nós e através de nós para dar sabor e luz à nossa sociedade. Só assim, colaboraremos para que também hoje se possa dizer: vede como se amam e glorificam o Pai que estás nos céus. 

 

05-02-2023

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LEITURA ESPIRITUAL

Jesus ilumina o espaço do coração

 

O sal sensível dá sabor ao pão e a todos os alimentos, impede certas carnes de apodrecerem, conservando-as durante muito tempo. Considera que o mesmo acontece com a guarda da inteligência, pois ela cumula de sabor divino tanto o homem interior como o homem exterior, expulsa o odor fétido dos maus pensamentos e permite-nos perseverar no bem. De uma sugestão nascem numerosos pensamentos e destes, más acções sensíveis; mas quem, com Jesus, apaga imediatamente a primeira, evita as suas consequências e poderá enriquecer-se com o suave conhecimento divino pelo qual encontrará Deus, que está presente em toda a parte.

Estando o espelho da inteligência diante de Deus, é continuamente iluminado, à imagem do puro cristal e do sol sensível. Então, tendo alcançado o cume definitivo dos desejos, a inteligência repousa nele de qualquer outra contemplação. Quem olha o sol não pode deixar de ficar com os olhos inundados de luz. Da mesma maneira, quem se debruça permanentemente sobre o espaço do seu coração não pode deixar de ficar iluminado.

Quando as nuvens se dissipam, o ar fica limpo; da mesma maneira, quando os fantasmas das paixões se dissipam diante de Jesus Cristo, o Sol da Justiça, nascem no coração pensamentos luminosos, semelhantes às estrelas. Pois Jesus ilumina o espaço do coração. (Hesíquio do Sinai, dito de Batos, por vezes assimilado a Hesíquio, sacerdote de Jerusalém (séc. V?), monge, «Sobre a sobriedade e a vigilância», 87, 88, 108, 197).

 

Avisos e Liturgia do IV Domingo do Tempo Comum- ano A

 

Para o Tempo Comum do ciclo A, a Liturgia propõe para a nossa reflexão extractos do Sermão da Montanha. Uma parte deste texto aparecer-nos-á também na quarta-feira de Cinzas. O evangelista S. Mateus, segundo os estudos exegéticos, organiza a sua narração em cinco sermões, colocando Jesus em diversos contextos e a falar para pessoas diferentes. O primeiro sermão é conhecido como o Sermão da Montanha que é mais uma página programática da sua mensagem. Muitos fiéis que participam nas nossas celebrações estão habituados a ler os textos de uma maneira fragmentada, tal como acontece na liturgia. Por isso, seria bom lembrar de que o evangelho forma uma unidade e os que extractos que se apresentam obedecem a uma determinada sucessão com a finalidade de apresentar a mensagem de Jesus, estando relacionados uns com os outros. O evangelho forma uma unidade literária e de conteúdo.

O centro da nossa fé está Jesus. É Ele que queremos seguir, porque é Ele que nos dirige a sua palavra e que se dá como alimento de vida eterna na Eucaristia no aqui e agora da nossa vida. A nossa relação, individual e comunitária, será mais profunda, mais radical, mais cheia de afecto e de amizade se nos aproximarmos cada vez mais de Jesus e da sua palavra. Nunca conseguiremos conhecer totalmente Jesus, estar perto dele e ser seus discípulos em pleno. A introdução do Sermão, onde Jesus é apresentado como o novo Moisés, no cimo do monte, sentado como faz um Mestre, preparado para apresentar ao seu povo a “nova Lei”, um texto programático, fala-nos da presença de multidões e “rodearam-no os discípulos”. Até agora o texto só nos apresentou quatro (domingo passado), e é necessário chegar ao capítulo 9º para se ler a vocação de Mateus e ao início do capítulo 10º para a eleição dos Doze. Estes são os primeiros discípulos que Jesus instruirá. Hoje somos nós, os que preparamos a celebração e que depois participaremos dela, a escutar as palavras e as instruções de Jesus.

A mensagem de Jesus começa com uma palavra que repetirá nove vezes: “Bem-aventurados”. Hoje e sempre, o mundo procura e propõe caminhos concretos para alcançar a felicidade. Em alguns momentos, a sua proposta para chegar à felicidade corresponde com a proposta de Jesus; outras vezes, não. Contudo, o desejo de felicidade é a base para apresentar a proposta de Jesus. Um caminho de felicidade a ser percorrido enfrentando múltiplos caminhos e situações (cada bem-aventurança). O mais importante é saber a orientação que se quer dar à vida. Neste sentido, a última bem-aventurança resume o efeito dos comportamentos adoptados “por minha causa”, porque ultrapassa os critérios e as consequências de seguir Jesus. “É grande nos Céus a vossa recompensa”.

 

29-01-2023

LEITURA ESPIRITUAL

«Deles é o reino dos Céus»

 

«Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus.» Sim, bem-aventurados aqueles que rejeitam os fardos sem valor, mas cheios de peso, deste mundo; aqueles que não querem ser ricos, a não ser pela posse do Criador do mundo, e só por Ele; aqueles que, nada tendo, por Ele tudo possuem (2Cor 6,10). Pois tudo possuem estes que possuem Aquele que tudo contém e de tudo dispõe, estes de quem Deus é a parte e a herança (Nm 18,20). «Nada falta aos que O temem» (Sl 34,10): Deus dá-lhes tudo o que sabe ser-lhes necessário; e se lhes dará a Si mesmo um dia, para que eles encontrem a alegria. Glorifiquemo-nos, pois, meus irmãos, pelo facto de sermos pobres por Cristo, e esforcemo-nos por ser humildes com Cristo. Pois não há coisa mais detestável nem mais miserável que um pobre orgulhoso.

«O reino de Deus não é uma questão de comer e beber, mas de justiça, paz e alegria no Espírito Santo» (Rm 14, 17). Se sentimos que temos tudo isto em nós, proclamemos com segurança que o reino de Deus está dentro de nós (Lc 17,21). Ora, aquilo que está dentro de nós pertence-nos verdadeiramente; ninguém nos pode arrancar. É por isso que, quando proclama a bem-aventurança dos pobres, o Senhor não diz: «deles será o reino dos Céus», mas: «deles é o reino dos Céus». E é deles, não apenas por um direito firmemente estabelecido, mas também por um penhor inteiramente seguro, que já é uma experiência da felicidade perfeita. E não apenas porque o reino foi preparado para eles desde o começo do mundo (Mt 25,34), mas também porque eles já começaram a entrar na sua posse: eles já possuem o tesouro celeste em vasos de barro (2Cor 4,7), já trazem a Deus no seu corpo e no seu coração. (Beato Guerric de Igny (c. 1080-1157), abade cisterciense, Sermão para a Festa de Todos os Santos, 3.5-6).

 

Jovens de Paróquia de Torredeita vencedora do Festival Diocesano da Canção Jovem

Decorreu esta noite, em Viseu, com grande animação , o Festival Diocesano da Canção Jovem e temas muito interessantes.
Uma forma de os jovens aproveitarem a música para mostrar os seus dotes, na vertente cultural.
Estiveram a concurso, cinco canções das paróquias de Abraveses, Côta, Mangualde, Torredeita e Viso.
Todas elas são vencedoras pela coragem de participar, mas a canção vencedora foi a da  Paróquia  de Torredeita, com letra e música do Tota e interpretada pelo grupo “Notas de Fé”, com o tema “Por ti contigo e em ti”.
foto:PT