O texto do evangelho deste Domingo mostra-nos Jesus a fazer milagres. Porém, a primeira leitura, descreve-nos a angústia e o desespero de Job: “os meus dias passam mais velozes que uma lançadeira de tear…os meus olhos nunca mais verão a felicidade”. Estes dois textos colocam-nos diante do sofrimento e da dor dos homens e das mulheres de todos os tempos. Recordemos sempre aquilo que Jesus disse e fez aos que sofrem, porque o jugo pesado, o medo e o sofrimento fazem parte da humanidade que Ele quer salvar. Quando Jesus cura os doentes e os possessos revela, pouco a pouco, o grande mistério que Ele vem anunciar: o amor misericordioso do Pai que concede ao homem débil e mortal o Espírito do Amor e da Vida, que nos dá coragem para enfrentar a nossa debilidade e aprender a amar até ao perdão, a sofrer sem nunca perder a esperança, e a morrer para ressuscitar. A leitura evangélica descreve-nos um dia de Jesus, em que cumpre as palavras que São Pedro pronunciou diante da multidão no dia de Pentecostes, referindo-se a Jesus: “passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo Maligno” (Act 10,38). Curou a sogra de Simão e “todos os que Lhe trouxeram ao cair da tarde, já depois do sol posto”, reconhecendo, assim, que Jesus é, verdadeiramente, “o sol nascente que das alturas nos visita, para iluminar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte” (Lc 1,78-79); e é sinal de que o Reino de Deus já chegou. Jesus faz estas coisas, porque sabe que está nas mãos do Pai, conduzido por Ele que O enviou, porque “tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que crê nele não se perca, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16-17). Os milagres de Jesus convertem-se em símbolos da salvação. Esta relação de Jesus com o Pai é visível naquele dia, em que não se esperava que acontecesse algo de extraordinário. De facto, “de manhã, muito cedo, levantou-Se e saiu. Retirou-Se para um sítio ermo e aí começou a orar”. A oração frequente e intensa de Jesus mantém este vínculo íntimo de Filho com o Pai. A oração é a fonte onde Jesus bebe para anunciar o Reino, e para passar pelo mundo fazendo o bem, através da sua acção curadora e libertadora com os milagres. Este anúncio será sem exclusivismos, sem se fechar somente aos habitantes de Cafarnaum, tal como lhe pediam os discípulos: “Todos Te procuram”. Jesus atende a todos, porque a sua missão é universal: “vamos aos outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de pregar aí também, porque foi para isso que Eu vim”. São Paulo, vivendo a sua vocação de anunciar o Evangelho, compreendeu perfeitamente qual é a sua missão primordial: o anúncio do Evangelho. É importante salientar um aspecto essencial da evangelização: “sendo livre, de todos me fiz escravo, com os fracos tornei-me fraco, fiz-me tudo para todos, a fim de ganhar alguns a todo o custo”. Esta é a “arte do acompanhamento”, da qual nos falava o Papa Francisco (Evangelii Gaudium 169), sem ditaduras, mas com simplicidade, proximidade, respeito, diálogo, tolerância e humildade. Hoje, a Igreja, ou seja, todos nós, tem a mesma missão: passar fazendo o bem. É o grande milagre que cada um pode fazer, estando nesta sociedade como “especialistas em humanidade”, como afirmava o Papa São Paulo VI. Também são necessários momentos de silêncio e de serenidade para elevar ao Pai uma oração que brota do coração, porque a oração brota sempre de um coração agradecido, arrependido ou necessitado. Tiago e João, Simão e André são testemunhas de um dia de Jesus em Cafarnaum. Nós somos testemunhas do dom que o Senhor nos concede em cada dia.
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paroquiasagb
Leitura Espiritual
«Jesus retirou-Se para um sítio ermo e aí começou a orar»
Porque nos dispersamos à procura do que devemos pedir na oração? Digamos com o salmo: «Uma só coisa peço ao Senhor, por ela anseio, habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para saborear a doçura do Senhor e frequentar o seu Templo» (Sl 26,4). Esse Templo onde os dias não se sucedem, começando um quando o outro acaba, mas existem como unidade que não tem fim, pois a própria vida não tem fim. Para obtermos esta vida feliz, Aquele que é a verdadeira vida ensinou-nos a rezar. Mas não quer que rezemos com uma sucessão de palavras, para ficarmos satisfeitos connosco; de facto, como o próprio Senhor diz, nós rezamos Àquele que sabe do que necessitamos mesmo antes de Lho pedirmos (Mt 6,8). Ele sabe do que necessitamos antes mesmo do Lho pedirmos? Então porque nos exorta à oração contínua (cf Lc 18,1)? Compreendamos que Deus nosso Senhor não quer ser informado dos nossos desejos, que não ignora; o que Ele quer é que os nossos desejos sejam excitados pela oração, para sermos capazes de acolher o que Ele Se dispõe a dar-nos. Pois esse dom é grande, enquanto nós somos pequenos e de reduzida capacidade! Por isso, está escrito: «Abri por completo o vosso coração» (2Cor 6, 13). É um dom muito grande; e seremos tanto mais capazes de o receber com quanta mais fé crermos, com quanta mais segurança esperarmos, com quanto mais ardor o desejarmos. É, pois, na fé, na esperança e no amor, pela continuidade do desejo, que rezamos continuamente. (Santo Agostinho, 354-430, bispo de Hipona, norte de África, doutor da Igreja, «Carta a Proba sobre a oração», 8-9; CSEL 44, 56 ss.).
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Programação de Celebrações e Missas da Semana, 10 e 11 de fevereiro na Unidade Pastoral P. Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã, Algodres e Freixiosa.