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Artigo de Opinião- A Terapia da Fala na Gaguez

Quando se suspeita que uma determinada criança apresenta uma gaguez, é essencial determinar se se trata de um período de disfluências ou se já apresenta sinais característicos de uma gaguez. A maioria das crianças lida bem com a gaguez mas existem situações específicas, no seu futuro académico ou mesmo a nível social, em que tal não irá suceder, como por exemplo a leitura em voz alta, a apresentação oral de trabalhos ou até mesmo falar ao telemóvel.

A Terapia da Fala foca-se na identificação dos comportamentos associados à mesma, na aprendizagem de estratégias de relaxamento, no controlo respiratório e na alteração do padrão de fala. Todos estes passos vão permitir a modificação voluntária da gaguez e tornar mais fáceis todas as situações referidas anteriormente.

É crucial que a criança com gaguez se sinta confortável e confiante quando fala, pelo que o interlocutor deverá ser um bom ouvinte. Como é importante que se potencie um ambiente construtivo que promova a fluência, de seguida apresentam-se algumas estratégias que pode adotar:

  • Aceitar as disfluências no decorrer do discurso;
  • Mostrar interesse na conversação;
  • Não interromper nem completar as palavras/frases da criança;
  • Não transparecer que a fala da criança o preocupa;
  • Servir de modelo e para isso falar pausadamente e de forma descontraída.

Quando os pais e familiares sentem que algo não está dentro do esperado, ficam naturalmente preocupados e assustados. Antes de tentar ajudar é muito importante que deixe de lado as ideias falsas sobre a gaguez. Os mitos em torno desta patologia são muitos e também são muitas as pessoas que os tomam como adquiridos! Este tipo de crenças para além de não corresponderem à verdade, podem ter um impacto negativo na evolução da gaguez.

Saiba aqui quais os mitos mais comuns na nossa população. Ficar informado não custa!

  • A pessoa gagueja porque apanhou um susto!
  • A gaguez começou devido à rigidez/exigência em casa! ­
  • A gaguez desparece com o tempo!
  • O stress, a ansiedade e a baixa autoestima causam gaguez!
  • Dar indicações à pessoa com gaguez como “calma”, “falar devagar” ajudam a aumentar a fluência!
  • Quem gagueja é menos inteligente!

Lembre-se que existem técnicos qualificados para intervir e ajudar a criança a falar de uma forma mais fluente e a sentir-se mais confiante nas suas competências comunicativas. Por isso, em caso de dúvidas consulte um Terapeuta da Fala.

Ana Carolina Melo Marques C-046322175

Terapeuta da Fala na APSCDFA e na Clínica Nossa Srª da Graça

Artigo de Opinião- Hipnose Clínica no controlo da dor

A subjugação da Hipnose Clínica às várias áreas da psique humana é notória, esta não só engloba as questões referentes à depressão, perdas emocionais, ansiedade, baixa autoestima e fobias, mas também tem um papel muito importante no controlo da dor. Quando falamos de dor, falamos de uma experiência muito própria, que compreende tanto a realidade física como emocional. Já se questionou como é gerado este conceito?! Ao contrário, do que possa pensar, a dor é produzida pelo nosso cérebro. Quando nos magoamos, pequenos receptores nervosos vão transportar-se pela medula espinhal enviado informações ao cérebro para que este consiga processar a localização e a intensidade da dor. Este sistema de receção e processamento é real tanto para a dor física como para a dor emocional.

Na verdade, este circuito funciona como um painel de sistema de alarme, tornando a dor numa luz amarela que nos avisa que algo não está bem com o nosso organismo. Mas se a experiência da dor é algo que é essencial ao ser humano enquanto indicativo do estado de saúde, quando é que devemos pedir ajuda?

O consulente deve procurar intervenção profissional para o controle da dor quando esta se torna persistente e incapacitante, condicionando as tarefas rotineiras e o seu dia a dia.

Como a Hipnose Clínica pode ajudar no controlo da dor?

A Hipnose estimula o relaxamento da mente e do corpo, e por sua vez vai produzir a serotonina e as beta-endorfinas, o que vai neutralizar a percepção da dor reduzindo os níveis de cortisol. A técnica aplicar para o controle é variável consoante o background e as queixas do consulente. No entanto, através das várias técnicas disponíveis é possível, mudar a localização da dor para um local que não condicione a vida do utente, e sobretudo modificar a intensidade da dor, reorganizando a transmissão inicial para uma transmissão que reporte o alívio parcial ou total da dor.

Alerto, no entanto, que a Hipnose Clínica é eficaz no controlo da dor mas não na cura total da causa da mesma, pelo que é importante identificar a causa da dor e procurar o tratamento mais adequado para a mesma.

Dra. Sara Morais Hipnoterapeuta

Mais informações: Consultas Fornos de Algodres Espaço São Ferreira Estética 919539401 / smoraishipnose@gmail.com

Artigo de Opinião- Terapia da Fala na Neonatologia

Nas últimas décadas, os progressos ao nível da medicina foram evidentes e proporcionaram a sobrevivência de recém-nascidos de baixa idade gestacional, de muito baixo peso, bem como com doenças embrionárias e genéticas, malformações e lesões encefálicas.

O prognóstico de desenvolvimento destas crianças tem mostrado uma grande incidência de sequelas do desenvolvimento global. As disfunções são múltiplas e incluem desde dificuldades na função alimentar, de aprendizagem, comportamentais e alterações neuromotoras.

A intervenção do terapeuta da fala na neonatologia já é uma realidade em muitos serviços. Esta intervenção visa aspetos relacionados com a alimentação, com a relação pais/bebé e com o desenvolvimento da comunicação/linguagem. A intervenção tem um caráter preventivo primário e secundário, pois envolve a orientação e o aconselhamento aos pais, como também a deteção e intervenção direta.

As principais situações que requerem intervenção do terapeuta da fala são: alterações do padrão de sucção – deglutição – respiração; utilização de sonda; sucção débil; apneia durante a alimentação; recusa do alimento; perda de peso; reflexos orais ausentes ou exacerbados; alterações da sensibilidade oral e facial; preocupação com possível aspiração do alimento; letargia durante a alimentação; períodos longos de alimentação; engasgos excessivos ou tosse recorrente durante a alimentação; refluxo nasal e gastroesofágico e dificuldades na amamentação.

A primeira abordagem é efetuada em três momentos distintos, sendo eles: a observação do bebé de risco em repouso e enquanto manipulado pela equipa de enfermagem, o segundo momento consiste na avaliação específica do Terapeuta da Fala, ou seja, a avaliação da motricidade orofacial e da alimentação, de posturas e padrões de movimento, dos padrões respiratórios; dos estados de consciência; da prontidão para a alimentação e habilidade de atenção e da resposta à estimulação propriocetiva; da habilidade de regulação e da observação da interação pais – bebé; e o terceiro momento será após a alimentação. Para além da intervenção direta junto ao recém-nascido, cabe ao Terapeuta promover competências comunicativas e de vínculo afetivo entre o bebé e família; cooperar na otimização do ambiente da unidade de cuidados intensivos neonatais e trabalhar em intrínseca parceria com a restante equipa e família, promovendo o bem-estar do bebé e contribuindo assim para a sua alta hospitalar.

Ana Carolina Melo Marques C-046322175

Terapeuta da Fala na APSCDFA e na Clínica Nossa Srª da Graça

 

Uma reflexão sobre a educação por JPClemente

Para que haja uma formação académica feliz e solidificada, urge previamente uma formação efetiva de afeto.
Hoje, a sociedade encontra-se refletida na escola. A sala de aulas é um dos palcos onde se experiência o viver e o sentir dos alunos, resultado da sua história familiar e social. Os primeiros educadores (encarregados de educação), construtores da sociedade atual, fazem refletir nos seus educandos os valores em que acreditam e influenciam-nos profundamente (positivamente ou negativamente) através do seu agir e do seu sentir. A primeira motivação, para que nas salas de aulas haja aprendizagens e construção de cidadãos completos, começa em casa. Ora, infelizmente, há muitos alunos que transportam consigo experiências familiares que são um grave obstáculo aos formadores na transmissão desses saberes. Na verdade, se o aluno afetivamente não está bem, será mais difícil incutir no mesmo o prazer de aprender.

Infelizmente, os líderes educativos ainda não perceberam que hoje, as famílias necessitam de formação e sensibilização para que possam ajudar a motivar os seus filhos.
Como dizia o Pai Américo, Fundador da Casa do Gaiato, Não há rapazes maus! Na verdade, o que encontramos são rapazes sem referências (ou com referências negativas) quer ao nível familiar quer ao nível social. Atenuar este facto passa pelo professor, ele próprio, se tornar um agente educativo não só pela palavra, mas fundamentalmente pelo exemplo.

Urge incutir Valores! Urge consciencializar pais e alunos de que para se atingir o sucesso é necessário esforço e concentração. Paralelamente, a escola necessita de se transformar. Como afirma a Dra. Ariana Cosme … hoje pela heterogeneidade dos seus alunos deixou de ser possível continuar a defender a ideia que educar, nesses contextos, é ensinar tudo a todos, como se todos fossem um só. Esta realidade transforma de imediato o tradicional paradigma de Ensino /Aprendizagem. A escola tem que se adaptar aos novos tempos e a novos contextos. É necessário lembrar que os pais de hoje são muitos daqueles que há 10, 15 ou 20 anos receberam do nosso sistema de ensino a ideia de que é possível transitar sem esforço. As estatísticas europeias, de então, assim o exigiam! Esta farsa teve um preço que a escola de hoje está a pagar. Os filhos de alguns desses antigos alunos, de forma direta ou indirecta, vão sentindo essa cultura do facilitismo. Consequentemente, em famílias desestruturadas, ainda é mais vincada essa interiorização. Assim, os comportamentos disruptivos e a desmotivação surgem naturalmente.
Perante este cenário, a escola de hoje apresenta já algumas respostas. Os professores tutores de hoje vieram substituir a outra parte da formação que deveria ter vindo de casa: a formação para os valores e a formação para a exigência.
A Tutoria como um espaço onde o professor tenta conhecer bem o aluno ajudando-o, primeiramente, a conhecer-se bem a si próprio, para que depois possa alterar a sua forma de estar quer perante a família, quer perante a escola quer perante os amigos …em suma, perante a vida.
“O palco” da sala de aulas como espaço para se fazer notar e chamar a atenção, resultado de tanto vazio interior tem de desaparecer! A estratégia de falar individualmente com o aluno e chamá-lo atenção é hoje fundamental!
Um aluno com interesses divergentes dos escolares é a imagem da falta de referências parentais e sociais. A escola mediante este facto tem pois que se reinventar e continuar a encontrar formas de tornear esta questão. Para além da tutoria e dos Serviços de Psicologia e Orientação, há disciplinas como EMRC, Cidadania, Introdução às Políticas, Formação cívica que deveriam ter um papel mais relevante na formação do “Saber ser e do Saber estar”.
Por isso, hoje, principalmente ao nível do ensino básico, estou certo que os Curricula tem que estar envolvidos cada vez mais numa preocupação de ensinar numa perspetiva de Cidadania, como o documento “Perfil do aluno para o sec. XXI “ tão bem espelha!
Por:JP Clemente

Artigo de opinião–A Terapia da Fala na Reabilitação do AVC

artigo opiniao terapia da falaO AVC é uma das principais causas de morte em Portugal, acarretando consequências devastadoras na própria pessoa e nos familiares. No geral, a pessoa apresenta sequelas devido à lesão cerebral, que vão variar de acordo com a zona do cérebro afetada, gravidade da lesão e da própria saúde no momento em que ocorre o AVC. O estilo de vida sedentário, bem como a hipertensão arterial são fatores de risco para a ocorrência de um AVC.

Leia o restante artigo na nossa edição em papel de 30 de abril

Artigo de opinião- Terapia da Fala na 3ª Idade

tp 3ªO Terapeuta da Fala pode intervir na população mais idosa?

O envelhecimento não tem uma data de início estabelecida. Sem nos apercebermos os cabelos ficam esbranquiçados, a pele enrugada e o tempo parece que voa. Com o envelhecimento surgem as dificuldades em funções e atividades que antes nos pareciam tão simples, como é o caso do falar, do comer ou do escrever. É aqui, que começamos a ter consciência que nem sempre as coisas mais simples estão garantidas. Com todas as alterações na vida da pessoa, muitas das vezes surge a ideia de incapacidade porque se perdeu o seu lugar na sociedade, o que pode desencadear frustrações, alterações emocionais e isolamento (porque reduzem drasticamente as interações).

À medida que as pessoas envelhecem, ficam mais propícias a desenvolver patologias que têm repercussões negativas na comunicação e na deglutição, como é o caso do AVC, Parkinson, Alzheimer, entre outros. A capacidade de articular com precisão as palavras, compreender e expressar mensagens verbais pode também estar alterada nestas patologias.

Se quisesse dizer obrigada ao seu filho ou parabéns ao seu neto e as palavras não saíssem? Como se sentia? O que ponderava fazer? E se não conseguisse comer porque se engasgava com frequência ou porque não conseguia engolir? Como ficava? Onde ia procurar ajuda? Qualquer pessoa pode vir a ter problemas ao nível da comunicação e/ou da deglutição ao longo do processo de envelhecimento, quer este seja fisiológico (natural) ou patológico.

As alterações na comunicação são das mudanças mais evidentes e que por vezes advêm da presbiacúsia (envelhecimento do aparelho auditivo) porque a pessoa não compreende o que lhe é dito. Estas condições influenciam negativamente a pessoa, levando-a à solidão e à deterioração da imagem a nível social. Deste modo, podemos concluir que as alterações comunicativas podem também advir de condições patológicas.

As alterações na voz e na fala dizem muito sobre a nossa saúde. A presbifonia (envelhecimento da voz) pode surgir em qualquer momento e depende da saúde física/psicológica da pessoa, da alimentação, estilo de vida ou mesmo fatores ambientais. Assim, é necessário estar atento aos sinais porque podem ser indicativos de problemas neurológicos, funcionais ou orgânicos que não podemos ignorar.

As dificuldades na alimentação (disfagia), nomeadamente em engolir os alimentos de forma segura, são muito comuns e podem ter como causa os problemas neurológicos (AVC, TCE, Parkinson, Alzheimer, Paralisia Cerebral…). As dificuldades podem evidenciar-se na mastigação, manipulação do alimento ou mesmo no transporte deste. Este tipo de perturbação pode implicar consequências assoladoras na qualidade de vida da pessoa, desde desidratação, subnutrição, depressão, asfixia, até, eventualmente, a morte.

A intervenção direta do Terapeuta da Fala abrange o envelhecimento fisiológico mas também o patológico, onde, de forma geral, se promove sempre a autonomia, qualidade de vida e realização pessoal. É também efetuada uma intervenção indireta, onde os cuidadores fazem parte de todo o processo de reabilitação, já que a comunicação com estes são requisitos fundamentais para manter a qualidade de vida.

A formação do Terapeuta da Fala qualifica-o para dar resposta às necessidades da pessoa idosa considerando os fatores biopsicossociais, aconselhando-a e reabilitando algumas das funções. Deste modo, o tratamento adequado e o envolvimento dos cuidadores permite atuar não só no foco da patologia mas também no contexto da pessoa, tentando ultrapassar as barreiras e superando as suas dificuldades.

Em caso de dúvidas, consulte um Terapeuta da Fala.

Por:Ana Carolina Melo Marques – Terapeuta da Fala na APSCDFA

 

Artigo de opinião–CUIDAR DE QUEM CUIDA

hp_20110209_PorqueEprecisoCuidarDeQuemCuidaNuma sociedade cada vez mais envelhecida, onde impera um aumento significativo das necessidades em saúde dos idosos, devido a doenças crónicas e incapacitantes, emerge como foco de atenção o cuidado informal à pessoa idosa, cuja responsabilidade cabe prioritariamente à família. No entanto, cuidar de quem cuida, além de uma responsabilidade, deve ser uma prioridade de todos nós, enquanto sociedade.

O acto de cuidar surge como um acto inerente à condição humana, na medida em que, ao longo da vida, vamos sendo alvo de cuidados ou prestadores dos mesmos.

MAS, DE QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS DE CUIDADORES INFORMAIS?

Cuidadores informais, são pessoas que, sendo familiares ou pessoas próximas, se responsabilizam pela assistência da pessoa idosa no seu dia-a-dia, na promoção da sua qualidade de vida e garantindo que as suas necessidades diárias são satisfeitas. São pessoas que desempenham esta função numa base informal, sem formação profissional prévia ou qualquer vínculo contratual e sem qualquer tipo de remuneração.

O papel do cuidador informal passa por garantir que o idoso, no seu dia-a-dia, consegue alimentar-se de forma adequada, dormir e repousar, gerir adequadamente a sua medicação e vigiar os seus problemas de saúde, que consegue cuidar de si e do seu corpo de forma a manter um quotidiano digno e nas melhores condições possíveis. É, portanto, um papel complexo, não só pela exigência física e emocional que acarreta, mas também pelas alterações que introduz no seu próprio dia-a-dia.

Apesar da maioria das pessoas que desempenham esta função referirem que este é um papel que lhes proporciona um grande sentimento de prestabilidade e satisfação, principalmente quando sentem que o idoso está bem e igualmente satisfeito, é também uma missão de grande cansaço e desalento.

Cuidar de um idoso dependente é uma missão árdua que envolve compromisso e dedicação e, por isso mesmo, não podemos remetê-la para a invisibilidade da esfera privada, como uma função sem relevância social.

Muitas destas pessoas referem frequentemente problemas de falta de apoio e falta de tempo para si próprias. Os sentimentos de solidão, tristeza e depressão são comuns. Muitas têm que recorrer a terapêutica para controlar os sintomas de ansiedade ou para conseguir dormir, e descuidam o seu próprio auto-cuidado ou o cuidado dos seus dependentes (como os seus filhos, por exemplo), em detrimento do cuidado do outro.

OBSTÁCULOS COM QUE SE DEFRONTAM

A política pública de cuidados de saúde tem desenvolvido, ao longo dos tempos e de forma a acompanhar as necessidades expressas, variadas formas de apoio e cuidados aos idosos dependentes. Contudo, em alguns países, nomeadamente em Portugal, a família continua a ser a unidade básica na prestação de cuidados.

Apesar dos cuidados aos mais dependentes estarem largamente institucionalizados, as respostas sociais não são suficientes e, por isso, continua a apelar-se à responsabilidade das famílias pelos seus elementos mais vulneráveis.

A legislação nacional actual, no que concerne aos cuidados continuados, define que são destinatários das Unidade e Equipas da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) as pessoas em situação de dependência funcional, transitória decorrente do processo de convalescença ou outro; de dependência funcional prolongada; pessoas idosas em situação de fragilidade; incapacidade grave, com forte impacto psicossocial; doença severa, em fase avançada ou terminal. No entanto, as enormes insuficiências, sejam elas a falta de camas ou a falta de profissionais, deixam cerca de 90% da população com mais de 65 anos, com baixo acesso a cuidados continuados.

Portugal é, em simultâneo, o país onde existe uma das menores taxas de cobertura de cuidados formais e o país da Europa com maior taxa de cuidados domiciliários informais.

O Estado, não está, portanto, a conseguir garantir as respostas que deveria dar às famílias e às pessoas que por dependência funcional, fragilidade, ou incapacidade necessitam de continuidade de cuidados.

Tendo em conta este cenário, torna-se imperativo cuidar de quem cuida e valorizar o papel dos cuidadores e não ficarmos indiferentes a todo a complexidade inerente ao acto de cuidar.

É fundamental aumentar a consciencialização sobre o contributo significativo dos cuidadores informais para a sociedade, e em particular no contexto do sistema de saúde, serviço social e economia do país.

Garantir, que são dadas condições para que as famílias possam cuidar, em ambiente domiciliário, dos seus ascendentes e descendentes em situação de dependência, que possam gozar dos seus direitos e de apoios específicos que valorizem os cuidados que são prestados pelos mesmos e que, por último, os cuidadores informais não sejam prejudicados nem a nível profissional, nem a nível pessoal.

A importância da elaboração do Estatuto do Cuidador que lhe confira protecção e reconhecimento, torna-se premente, na medida em que se prevê no futuro, um aumento substancial do envelhecimento da população.

*O autor não escreve segundo o acordo ortográfico.

                                                                                                               Por:Rita Amaro, Psicóloga Clínica,C.P.:16527–ISCMFA

Foto:PV

Artigo de opinião – Cápsula de Café, a Inimiga Ambiental

imagesQuando o café veio para Portugal os clientes do café “A Brasileira”, em Lisboa, queixavam-se diariamente que o café era extremamente amargo. O dono do estabelecimento após matutar no assunto, no final do dia de trabalho ao encerrar o estabelecimento, chegou a uma conclusão: colocar um letreiro grande à frente do café com a palavra BICA. Na manhã seguinte um cliente habitual bastante intrigado, com tal letreiro, questionou-o sobre o seu significado. O dono do estabelecimento, após tirar um café e com um sorriso de orelha a orelha, disse-lhe: “Aqui tem o seu cafezinho amigo, mas, por favor, Beba Isto Com Açúcar”. Depois da explicação, ambos sorriram. Assim nasceu a famosa “BICA”.

Nunca fiz, nem pretendo fazer, nenhuma pesquisa aprofundada relativamente à veracidade desta história pois, como foi contada por um grande amigo meu e gostei tanto da explicação, vou considerá-la como uma verdade inquestionável.

Hoje, para além da “BICA”, existem mil e uma maneiras de pedirmos um café. Pode ser, “normal”, “cheio”, “curto”, “pingado”, “sem princípio”, “sem fim”, “sem princípio e sem fim”, “em chávena escaldada”, “em chávena fria”, “com gelo”, “com açúcar”, “sem açúcar”, “cimbalino”, “cafezinho” ou simplesmente “um café, por favor”. Certamente que no seu dia-a-dia se revê numa destas palavrinhas mágicas.

A International Cofee Organization em 2016 estudou o consumo de sacos de café entre 2012 e 2015 no mundo. Olhando para os dados da Europa, deparamo-nos com um consumo de 50,1 milhões de sacos de 60 kg de café. Segundo o mesmo relatório, existiu um aumento de 0,4% do consumo desde 2012 até 2015. Felizmente que estes sacos consumidos não tem todo o mesmo destino, “As Cápsulas”.

Entre comigo numa aventura simples.

Imagine uma empresa com 50 trabalhadores que labora 5 dias por semana e que tem na sua copa uma máquina de café de cápsulas. Destes 50 trabalhadores, 40 bebem café sendo que, 30 bebem 2 cafés por dia e os restantes 10 bebem apenas 1 café por dia. Resumidamente: no final do dia são consumidos nessa empresa 70 cafés (30×2 + 10×1). No final da semana são consumidos 350 cafés (70×5), no final de um mês 1.400 cafés (350×4) e no final do ano 16.800 cafés (1.400×12).

O problema não está no facto de os trabalhadores tomarem café aliás, até existem estudos internacionais que afirmam que o consumo desta bebida ajuda na prevenção do Alzheimer. O grande problema está na quantidade de resíduos produzidos e acima de tudo na grande complexidade da sua reciclagem.
Uma simples cápsula é constituída, variando de marca para marca, por: 1g de alumínio; 4g de plástico e 3g de borras de café. Se cruzarmos estes dados com as cápsulas consumidas anualmente na empresa – 16.800 – obtemos as seguintes quantidades de resíduos produzidos: 16.8 Kg de alumínio, 67.2 Kg de plástico e 50,4 Kg de borras de café. Ficou surpreendido com a quantidade de resíduos produzidos? Agora imagine em todas as empresas e em nossas casas. Bem, até assusta!

Com as formações e as campanhas que nos últimos anos surgiram em Portugal, os trabalhadores das empresas e a população em geral estão devidamente consciencializados e educados para o tema da reciclagem. É verdade que, pela complexidade em separar cada um dos resíduos de uma só cápsula torna-se uma missão impossível e o mais fácil e apetecível é coloca-la “onde calhar”. Tendo consciência que apesar de existirem lojas que aceitam estes resíduos, a grande percentagem destas cápsulas não entram novamente no circuito. Ou seja, não são reciclados.

John Sylvan que inventou as cápsulas K-Cup em 1995, tendo vendido a patente em 1997 à empresa Keurig Greeb Mountain, atualmente “sente-se mal” pelas consequências ambientais causadas pelas cápsulas. Hoje, a polémica em torno das cápsulas está na ribalta depois de ter sido lançada uma campanha intitulada “Kill the K-Cup”, que acusa a empresa de ter produzido cápsulas suficientes para dar a volta à Terra 10,5 vezes anualmente. Veja AQUI.

Infelizmente, em Portugal este é um assunto que não tem sido debatido na praça pública. Não existindo, para já, uma cápsula 100% amiga do ambiente e olhando para o problema de frente, no meu ponto de vista, poderão existir três soluções que surtiram efeitos a curto prazo: 1) fomentar através da comunicação social, numa linguagem simples e acessível, que a cápsula de café, quando não entregue nos locais específicos, a longo prazo, tornar-se-á “inimiga ambiental”, 2) aumentar o iva deste tipo de produtos com o objetivo de minimizar o consumo e 3) como o Estado deve dar sempre o exemplo, através de legislação específica, proibir a utilização de cápsulas de café nas empresas públicas, seguindo assim o exemplo da cidade de Hamburgo, a segunda maior da Alemanha.

Até lá, se beber café na “inimiga ambiental” – a cápsula -, por favor, não se esqueça no final da semana ou do mês, entregar as suas cápsulas em fim de vida nos depósitos das lojas específicas. Caso não exista nenhuma loja por perto, e como último recurso, no ecoponto amarelo.

Bom café ou se preferir, “Boa BICA”.

Este artigo é da exclusiva responsabilidade do autor.

Por:Bruno Costa

Artigo de opinião–REDES SOCIAIS OU ASSOCIAIS?

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Mó digital

REDES SOCIAIS OU ASSOCIAIS?

A internet mudou significativamente a maneira como nos comunicamos e percebemos o mundo. Graças a ela, temos acesso a toda a informação à distância de apenas um “clique”.

A distância não existe mais, e a comunicação é instantânea.

Comummente, são relatadas histórias em que a internet, nomeadamente as redes sociais, têm um papel meritório na promoção do reencontro de pessoas, bem como na aproximação de outras que por imposição geográfica se encontram distantes.

Todavia, regista-se uma diminuição acentuada do contacto social “face to face” (cara a cara), levando as pessoas a deixar de praticar competências sociais como a empatia, o contacto visual e a leitura emocional do outro. De facto, é mais fácil investir na imagem que projectamos virtualmente de nós do que na nossa verdadeira imagem, investir mais em relações virtuais, acessíveis e práticas do que nas reais, que implicam ir ao encontro do outro.

De forma paradoxal, nunca estivemos tão ligados entre nós – as redes sociais, são a prova “viva” disso – e nunca nos sentimos tão sozinhos e com tanta necessidade de falar e comunicar.

As redes sociais tornaram-se então, autênticos “esconderijos emocionais”, pois, na maioria das vezes, não favorecem o conhecimento, a reflexão, a prudência e o auto-controlo.

Assiste-se a uma efervescência da impulsividade, da superficialidade, da expressão de sentimentos discriminatórios e a uma indiscriminada manifestação de comportamentos preconceituosos.

A afirmação narcísica das pessoas, a agressividade e os juízos de valor sobre tudo e sobre nada, passa a ser o lema.

Mas porque é que isto acontecerá?

A falta de tempo e as frustrações do dia-a-dia, podem justificar a permanência cada vez maior das pessoas nas redes sociais, na medida em que, “aqui” tudo é imediato e cómodo e a gratificação e o reconhecimento são instantâneos.

Um estudo realizado pela Universidade de Pittsburgh avaliou o comportamento de 1,8 mil pessoas com idades compreendidas entre os 18 e os 32 anos e encontrou uma correlação entre o uso das redes sociais e a probabilidade de desenvolver depressão, baixa auto-estima e isolamento. A pesquisa conclui que não são as redes sociais que provocam depressão, mas que, com o acesso exagerado, a tendência a ficar deprimido aumenta.

A fronteira entre o que é uma utilização saudável das redes sociais e o uso excessivo é definida pelo bom senso. O equilíbrio que procuramos no dia-a-dia (conjugando momentos de prazer com trabalho, contrabalançando partilha com privacidade) aplica-se também às redes sociais. É necessário evitar os extremos e as dependências, tanto na vida real como na virtual.

As redes sociais são, efectivamente, uma ferramenta com múltiplas possibilidades, descartá-las ou não lhes dar a devida atenção seria não aceitar que vivemos em plena Era da informação e do conhecimento.

Assim, cabe a cada um de nós, ter senso crítico na utilização desta ferramenta. Cada um deverá definir o seu ponto de equilíbrio, entre ser utilizador ou escravo do sistema.

*O autor não escreve segundo o acordo ortográfico.

Psicóloga Clínica, Rita Amaro–ISCMFA

 C.P.: 16527

Artigo de opinião–A Importância da Respiração

aop Será a respiração uma função inata com a qual não precisamos de nos preocupar?

A respiração é um processo fisiológico que se dedica à troca de oxigénio e dióxido de carbono com o meio ambiente, pelo que é uma das funções vitais. A respiração nasal, a par da mastigação, favorece o crescimento craniofacial e portanto mantém saudáveis as estruturas orofaciais.

Fisiologicamente, a via nasal é a principal em todo o processo respiratório. O nariz favorece a filtração, humidificação e o aquecimento do ar. Todas estas características são promotoras de um sono adequado, de menores infeções (otites e/ou amigdalites) e de um crescimento facial harmonioso.

A respiração é uma característica tão inata, que por vezes desvalorizam-se alguns sinais atípicos que só uma equipa multidisciplinar (Terapeuta da Fala, Otorrinolaringologista, Ortodontista, entre outros) consegue detetar, avaliar e intervir corretamente, minimizando os impactos na vida das pessoas.

Quando ocorre uma modificação na função respiratória, pode desencadear-se um padrão de respiração oral, que consequentaopiemente desencadeia alterações miofuncionais e também no sistema estomatognático. Este padrão pode causar diversas alterações ao nível da fala (fonética), da linguagem (fonologia), do processamento auditivo e até nas competências cognitivas (atenção e memória).

Apesar de ser muito mais vantajoso efetuar-se uma respiração nasal, a hipertrofia das amígdalas e/ou adenoides, a flacidez dos músculos faciais, a rinite, as alergias respiratórias e o desvio do septo nasal podem alterar o padrão respiratório e torná-lo oral. É preciso salientar que a respiração oral só se torna um problema quando se torna um hábito. Quando se adota constantemente essa respiração, as consequências variam de acordo com a causa do hábito, a idade da pessoa e o tempo de instalação desta alteração. As repercussões podem relacionar-se com alterações na forma e posicionamento de estruturas rígidas (ossos faciais e dentes), na função e posicionamento dos músculos orofaciais e na postura global. Todas as alterações referidas implicam possíveis dificuldades na fala, mastigação e deglutição.

Os respiradores orais evidenciam alguns sinais que podem ser observados, com alguma facilidade, por um profissional especializado. Deste modo, os sinais mais comuns relacionam-se com alterações na fala, alterações na mastigação (sendo esta unilateral), otites frequentes, olheiras, alterações no sono, alterações na postura corporal, face alongada e assimétrica, má oclusão dentária, palato alto e estreito, alterações no paladar e no olfato, lábios secos, flacidez nos músculos da mastigação, cansaço frequente, baba noturna, reduzido rendimento físico e intelectual e tensão do músculo do queixo.

Quando identificar algum dos sinais apresentados deve consultar o Terapeuta da Fala. Quando mais cedo for identificada a causa deste hábito, melhores serão os resultados obtidos na terapia. Não se esqueça que a intervenção precoce é a chave de um maior sucesso na intervenção!

No próximo mês fique a saber o que deve fazer caso o seu filho apresente uma respiração oral e qual é o papel do Terapeuta da Fala nestas situações!

Um Feliz 2017 a todos os leitores! Que este ano seja tão bom ou melhor que no de 2016 !

Por:Ana Carolina Marques- Terapeuta da Fala na APSCDFA