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Religião

Avisos e Liturgia do III Domingo do Tempo Comum – ano C

A PALAVRA PROCLAMADA E “CUMPRIDA” NA TUA VIDA

A primeira leitura deste Domingo, do livro de Neemias, confirma a célebre frase que diz que o Cristianismo é a religião do livro; esta afirmação vem comprovar que nos livros da Bíblia podemos encontrar sabedoria, força, alegria e esperança. De facto, esta leitura diz-nos que o povo israelita, como nós hoje, em assembleia, ouvia a proclamação do livro da Lei de Deus, e alguns levitas iam explicando o sentido do texto, para que todos compreendessem a leitura. Respondemos a esta leitura, com o salmo que louva a importância da Palavra: “As vossas palavras, Senhor, são espírito e vida”. Na segunda leitura, São Paulo expõe-nos a sua famosa concepção de Cristo, utilizando a imagem do corpo humano: “Assim como o corpo é um só e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, apesar de numerosos, constituem um só corpo”. Muitas vezes, na Igreja, esta unidade na diversidade é difícil de ser compreendida. Neste Domingo, iniciamos a proclamação do evangelho de Lucas, própria deste ano, o qual, depois de um pequeno prólogo, narra o primeiro momento da vida pública de Jesus, numa sinagoga. É importante recordar a última frase deste prólogo: “para que tenhas conhecimento seguro do que te foi ensinado”. Nós consideramo-nos “amigos de Deus”, mas não quer dizer que não tenhamos de fortalecer, continuamente, a nossa fé. No prólogo, Lucas faz referência ao trabalho sério e profundo para dar estabilidade à fé das primeiras comunidades, fundamentada em Cristo morto e ressuscitado. Hoje, também temos de alimentar a nossa fé e viver, em conformidade com ela. As leituras bíblicas narram-nos duas proclamações solenes da Palavra de Deus. A primeira ocorreu durante a reconstrução de Jerusalém, na praça pública, e perante uma multidão de pessoas de todas as idades. A segunda aconteceu, num sábado, com Jesus, na sinagoga de Nazaré. Jesus é um participante activo na liturgia da sinagoga. Cresceu “em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens” (cf. Lc 2,52), convivendo com Maria e José e com a comunidade, que se reunia, semanalmente, para ouvir a Palavra. Era um ouvinte assíduo. Tinha ouvido, muitas vezes, a Palavra, tinha-a reflectido, tinha-a rezado e dialogado com o Pai, aprendendo a viver como Filho, que tem, como alimento, cumprir a vontade do Pai e obedecer a quem O enviou (Heb 5,8; Jo 4,34). Depois de ter proclamado uma leitura do profeta Isaías, Jesus faz o seu comentário e actualiza a passagem, afirmando: “Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir”. Certamente, Jesus tinha escutado este texto de Isaías muitas vezes (talvez, o tenha lido diversas vezes); o tenha meditado e sido objecto do seu diálogo filial com o Pai, até se identificar com o Enviado, o Ungido do Espírito Santo. E quais são as palavras que se referem a Jesus? “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres. Ele me enviou a proclamar a redenção aos cativos e a vista aos cegos, a restituir a liberdade aos oprimidos e a proclamar o ano da graça do Senhor”. Jesus apresenta-se como o libertador de todas as escravidões, o médico para curar todas as feridas e a luz que ilumina todas as trevas. Se a missão de Jesus foi a de atender o sofrimento humano, então, também tem de ser a missão de todos os que O seguem. A nossa missão tem de ser a missão de Jesus. Qualquer evangelização, ou acção pastoral, não será fiel ao espírito de Jesus se não lutar pela libertação de todas as escravidões dos seres humanos. A opção de Jesus pelos pobres e pelos mais necessitados não é uma mera caridade. É lutar para que a vida humana decorra segundo o projecto de Deus. E a nossa missão é levar uma boa notícia de libertação aos oprimidos, aos marginalizados, aos desprezados e a todos aqueles que se encontram no mundo da dor por culpa dos egoístas.

Ver: https://liturgia.diocesedeviseu.pt/LITURGIAEVIDA/index.html

26-01-2025

paroquias agb

Leitura Espiritual

«Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura»

Quando lerdes: «Ensinava nas sinagogas e era elogiado por todos», tende cuidado de não considerar felizes unicamente os ouvintes de Jesus, julgando-vos privados dos seus ensinamentos. Se a Escritura é a verdade, a palavra de Deus não foi comunicada só outrora, nas assembleias judaicas, é comunicada ainda hoje na nossa assembleia. E não é só aqui, na nossa, é em todas as outras e em todo o mundo: Jesus ensina e procura instrumentos que transmitam os seus ensinamentos. Orai para que também eu esteja disposto e apto a cantá-lo. Assim como Deus Todo-Poderoso, ao procurar os profetas no tempo em que a profecia era necessária aos homens, encontrou, por exemplo, Isaías, Ezequiel e Daniel, assim também Jesus procura hoje instrumentos que transmitam a sua palavra, que ensinem nas sinagogas e sejam elogiados por todos. Hoje, Jesus é muito mais elogiado por todos do que no tempo em que era conhecido numa única província. (Orígenes (c. 185-253), presbítero, teólogo, Homilia 32 sobre São Lucas 4).

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Avisos e Liturgia do II Domingo do Tempo Comum – ano C

 

A HORA DA BODA DEFINITIVA E PLENA

Terminado o tempo de Natal e da Epifania, iniciamos uma etapa litúrgica que se denomina de Tempo Comum, sendo interrompida pelo 1º Domingo da Quaresma. Estamos no ciclo C, e o evangelista deste ano é São Lucas; todavia, neste Domingo, excepcionalmente, proclamamos um texto exclusivo de São João, que se pode considerar como outra epifania de Jesus, porque, no final da narração, diz-se que Jesus “manifestou a sua glória e os discípulos acreditaram n’Ele”. Em toda a sua vida terrena, Jesus dá a conhecer a sua glória, a sua dignidade e a sua identidade como homem e Filho de Deus. É um caminho que culmina com a sua elevação na cruz, a sua ressurreição e o seu regresso ao Pai. Mas, olhemos para as outras leituras bíblicas. As palavras de Isaías sobre a presença amorosa de Deus entre o povo de Israel podem ser hoje aplicadas à mesma presença de Deus no novo povo de Deus, que é a Igreja. A Igreja não se deve sentir “abandonada” e “deserta”, porque Deus a ama. O Senhor é o esposo da Igreja. Ele está presente na Igreja e nós tempos de ser capazes de sentir a sua presença. Por outro lado, São Paulo convida-nos a colocar à disposição dos outros os nossos dons, “para o bem comum”. É um convite tão urgente e necessário numa sociedade cada vez mais individualista. Todos temos algo para partilhar. O texto do evangelho é a narração das bodas de Caná. Mais do que a narração de um milagre espectacular, como um fundamento ao sacramento do matrimónio, ou como uma prova do poder intercessor de Maria, temos, diante de nós, um texto de catequese muito eloquente. É narrado um banquete de casamento, e este momento evoca as relações entre Deus (o esposo) e a humanidade (a esposa), ou seja, uma relação de fé e de religiosidade. Diz o texto que havia umas talhas de pedra vazias que foram cheias de água, que será transformada em vinho. Elas são a prova de que se está a cumprir o que diz Isaías, na primeira leitura: “serás a predilecta do Senhor e a tua terra terá um esposo… como a esposa é a alegria do marido, tu serás a alegria do teu Deus”. Havia água para a purificação, ou seja, a religiosidade judaica tinha ficado reduzida ao que era puro ou impuro, permitido ou proibido. Mas Jesus vem restabelecer a festa e a alegria de uma boda (o vinho evoca sempre a alegria e a festa). A religiosidade da proibição tem de se converter na alegria do encontro íntimo e pessoal com Deus. É nisto que Maria acredita. Maria é uma mulher israelita fiel à aliança com Deus. Recordemos que Jesus a chama de “Mulher”, como acontecerá, também, na cruz, porque não a vê como sua Mãe, mas como uma israelita fiel; por isso, ela recorda as palavras do Êxodo (19,8): “Fazei o que Ele vos disser”. E se Jesus mostra algumas reservas (“Mulher, que temos nós com isso? Ainda não chegou a minha hora”), é porque a “hora” de Jesus é o momento da sua ressurreição, quando for, definitivamente, restabelecida a “nova aliança entre Deus e a humanidade”. Mas, há um pormenor que não pode passar despercebido: a progressiva qualidade do vinho; o melhor vinho é o último a chegar à mesa. A hora da plenitude, da grande festa ainda não tinha chegado, porque a vinda definitiva de Cristo, símbolo da definitiva e plena aliança entre Deus e a humanidade, só acontecerá no final da história. Porém, apesar desta interpretação mais catequética da passagem das bodas de Caná, é evidente que não podemos esquecer o sacramento do matrimónio. Não tenhamos medo de usar a imagem do amor entre esposos para falar da fidelidade de Deus para com a humanidade. É bom darmos conta que existem tantos casais fiéis ao seu projecto e generosos na sua vida partilhada, agradecendo a Deus todos os dons recebidos. Rezemos por todos os casais que estão a viver situações dolorosas e difíceis. Peçamos que Maria seja, mais uma vez, a grande intercessora, diante de Deus, dos pais e das mães, na sua missão de educar os seus filhos e de lhes transmitir os valores do evangelho.

 

19-01-2025

paroquiasagb

Leitura Espiritual

«Mas tu guardaste o vinho bom até agora»

 

Participando Cristo nesta boda e estando os convivas a festejar, faltou-lhes o vinho e a alegria transformou-se em desilusão. Vendo isso, a puríssima Maria foi dizer a seu Filho: «Não têm vinho. Peço-Te, meu Filho, mostra que tudo podes, Tu que tudo criaste com sabedoria». Diz-nos, Virgem venerável, na sequência de que milagres soubeste que teu Filho, sem ter vindimado as uvas, podia conceder o vinho? Explica-nos porque disseste a teu Filho: «Dá-lhes vinho, Tu que tudo criaste com sabedoria». «Eu mesma ouvi Isabel chamar-me Mãe de Deus antes do parto; depois do parto, Simeão cantou-me e Ana celebrou-me; os magos acorreram ao presépio vindos da Pérsia porque uma estrela anunciara o nascimento; os pastores, com os anjos, fizeram-se arautos da alegria e a criação rejubilou com eles. Teria de procurar milagres maiores do que estes para crer que o meu Filho é Aquele que tudo criou com sabedoria?». Quando Cristo, pelo seu poder, mudou a água em vinho, toda a multidão rejubilou, achando admirável o seu sabor. Hoje, participamos no banquete da Igreja, onde o vinho é transformado no sangue de Cristo, que todos bebemos com santa Alegria, glorificando o Esposo. Porque o Esposo verdadeiro é o Filho de Maria, o Verbo que é desde toda a eternidade, que tomou a forma de escravo e tudo criou com sabedoria. Ó Altíssimo, Santo e Salvador da humanidade, Tu, que a tudo presides, guarda sem alteração o vinho que está em nós. Expulsa de nós toda a perversidade e os maus pensamentos, que tornam aguado o teu vinho santíssimo. Pelas orações da Santíssima Virgem, Mãe de Deus, liberta-nos da angústia do pecado que nos oprime, Deus misericordioso, Tu que tudo criaste com sabedoria. (São Romano, o Melodista (?-c. 560), compositor de hinos, Hino nº 18, sobre as bodas de Caná).

 

Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

De 20 a 26 de janeiro

D. António Luciano na posse dos órgãos sociais da Santa Casa da Misericórdia de Santar

O Bispo da Diocese de Viseu, D. António Luciano, esteve presente na cerimónia da tomada de posse dos órgãos sociais da Santa Casa da Misericórdia de Santar, concelho de Nelas, seguindo-se a visita aos Cuidados Continuados e à Estrutura Residencial para Idosos (ERPI).

D. António Luciano aproveitou a ocasião para cumprimentar os utentes e os funcionários da instituição, deixando-lhes votos de um bom ano. À nova equipa, desejou as maiores felicidades e manifestou o apreço pelo trabalho que estas instituições de solidariedade social desempenham, em conjunto com a Igreja.

No mesmo dia, da parte da manhã, presidiu à celebração da Solenidade da Epifania do Senhor, uma das festas centrais do tempo litúrgico do Natal, conhecida popularmente como Dia de Reis, na Igreja Paroquial de Santar.

Os órgãos sociais foram eleitos no dia 15 de dezembro, para um período de quatro anos, sendo que Maria Infância Pamplona continua como provedora, cargo que ocupa desde 2008. O conselho fiscal é assumido pelo presidente Filipe Costa, pelo vice-presidente Paulo Morais, e pelo secretário José Pais. A assembleia geral é constituída pela presidente Maria Batista, pelo vice-presidente José Paiva, e pelo secretário Francisco Sampaio.

Durante a cerimónia, a provedora Maria Infância Pamplona agradeceu a confiança e sublinhou o “compromisso de apostar em projetos e obras que apoiam socialmente os mais necessitados, os idosos, os doentes e os deficientes, mantendo a qualidade das respostas sociais da Santa Casa, tornando-a ainda mais inclusiva e inovadora”.

A responsável destacou, ainda, “o entusiasmo e a determinação para enfrentar os desafios, apoiada no rigor da gestão, no debate e na reflexão sobre as estratégias a adotar, para poder corresponder a todos os objetivos, em prol da Misericórdia e dos cidadãos”, para que continue a ser uma referência.

Também foi enaltecida a importância do trabalho em equipa, dos seus colaboradores e da colaboração com as entidades públicas e privadas, para continuar a responder aos desafios e necessidades da população que serve.

fonte:DV

Avisos e Liturgia do I Domingo de Natal- ano C

DOMINGO DA SAGRADA FAMÍLIA

 

PROCURAR JESUS EM FAMÍLIA

No Domingo a seguir à Solenidade do Natal do Senhor, somos sempre convidados a contemplar Jesus, Maria e José, como a sagrada família de Nazaré. Diante de nós, é apresentado um relato teológico, narrado por São Lucas, que é mais do que uma verdade histórica. No evangelho, encontramos uma verdade salvífica que, certamente, pode iluminar a nossa vida familiar na actualidade da Igreja. Naquele tempo, a tradição judaica determinava três peregrinações anuais à cidade santa, o que, para muitos, que viviam muito longe, era muito difícil cumprir. Por isso, era normal para uma família judaica daquele tempo subir, ao menos uma vez por ano, a Jerusalém para celebrar as festas pascais. O texto diz-nos que Jesus tinha doze anos. A idade não é um pormenor narrativo, porque a obrigação de peregrinar a Jerusalém começava aos treze anos. Assim, Lucas salienta que os pais do Menino eram cumpridores e que O estavam a educar nas tradições judaicas. A sagrada família de Nazaré era uma família de fé, crente e cumpridora. Este é o contexto que Deus quis para o seu Filho. E este é o convite feito, hoje, às nossas famílias. Para qualquer sociedade, secularizada ou não, a Igreja sabe como é importante cuidar do seu núcleo fundamental. Mas, como? Maria e José dão-nos a resposta. Fé e vida caminham de mãos dadas, ou seja, não basta sermos crentes, mas também credíveis; fazer uma vida em conformidade com a vontade de Deus. Não se é cristão “à la carte”, “à minha maneira”; só se é cristão à maneira do evangelho. Esta linha de pensamento encontramos no primeiro livro de Samuel. Ana, desejando agradecer a Deus, manifesta-se crente e credível. Por isso, levou o seu filho, Samuel, ao templo para que o sacerdote Eli o consagrasse a Deus. Também São João, na sua primeira carta, diz-nos: “É este o seu mandamento: acreditar no nome de seu Filho, Jesus Cristo, e amar-nos uns aos outros, como Ele nos mandou”. Esta é a condição normal de um cristão que decidiu não só acreditar, mas também viver a fé: acreditar e amar. E isto, em primeiro lugar, deve brotar do seu seio familiar. O texto evangélico fala-nos de duas perturbações distintas. Os doutores da Lei estavam “surpreendidos” com a inteligência e as respostas de Jesus. Mas é uma perturbação negativa, ou seja, estavam incomodados; por isso, faziam perguntas ao jovem Jesus. O Antigo Testamento analisado à luz de Cristo desconcertava os escribas. Por outro lado, os pais, José e Maria, estavam também aflitos com a perda do Menino. Não compreenderam, totalmente, a resposta de Jesus, mas tudo aceitavam, conservando tudo nos seus corações. Hoje, somos convidados a surpreendermo-nos com a novidade de Deus. E cada pessoa é um dom para os outros. Nela repousa a novidade de um filho ou de uma filha de Deus, o qual, compreendido à luz de Cristo, será sempre um motivo de surpresa e de alegria evangélica. Por isso, procuremos evitar a rigidez, as intrigas pessoais ou a norma do “tem de ser assim” que tanto prejudica as relações humanas. Em cada um, está a boa nova de Deus. “Filho, porque procedeste assim connosco? Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura”. Procurar Jesus! Esta é a missão da família. Juntos, sem imposições, mas em liberdade, que cada um possa procurar Jesus. E esta procura deve ser feita sem opressão. José e Maria estavam aflitos, porque procuravam Jesus, segundo os seus critérios humanos. E Jesus procedia segundo os critérios de Deus Pai. Que em cada família cristã haja o clima para que cada membro possa ser estimulado na sua procura de Jesus. Que seja o lugar onde não se “é” por imposição, mas segundo os critérios divinos, na liberdade dos filhos de Deus. Procurar Jesus, em família, é permitir que Deus Pai se revele e modele cada membro, ajudando-o a alcançar a sua plena realização humana.

 

29-12-2024

paroquiasagb

Leitura Espiritual

Viveu em tudo a nossa condição humana

 

Quase imediatamente após o nascimento de Jesus, a violência gratuita que ameaça a sua vida abate-se também sobre tantas outras famílias, provocando a morte dos Santos Inocentes. Ao recordar esta terrível provação vivida pelo Filho de Deus e pelas crianças da mesma idade, a Igreja sente-se convidada a rezar por todas as famílias ameaçadas, a partir do seu interior ou a partir do exterior. A Sagrada Família de Nazaré é para nós um desafio permanente, que nos obriga a aprofundar o mistério da «Igreja doméstica» e de cada família humana. Ela é para nós um estímulo, que nos incita a rezar pelas famílias e com as famílias, e a partilhar tudo o que para elas constitui alegria e esperança, mas também preocupação e inquietação. Com efeito, a experiência familiar é chamada a tornar-se um ofertório quotidiano, como que uma oferenda santa, um sacrifício agradável a Deus. O evangelho da apresentação de Jesus no Templo no-lo sugere igualmente. Jesus, «luz do mundo» mas também «sinal de contradição» (Lc 2,32-34), deseja acolher este ofertório de cada família tal como acolhe o pão e o vinho na Eucaristia. Quer unir ao pão e ao vinho destinados à transubstanciação estas esperanças e estas alegrias humanas, mas também os inevitáveis sofrimentos e preocupações próprios da vida de cada família, assumindo-os no mistério do seu Corpo e do seu Sangue. Este Corpo e este Sangue, Ele os dá em seguida na comunhão como fonte de energia espiritual, não só para cada pessoa singular, mas também para cada família. Que a Sagrada Família de Nazaré nos queira abrir a uma compreensão cada vez mais profunda da vocação de cada família, que encontra em Cristo a fonte da sua dignidade e da sua santidade. (São João Paulo II, 1920-2005, papa, Audiência Geral de 29/12/1993).

 

Avisos e Liturgia do IV Domingo do Advento – ano C

A ARCA DA ALEGRIA E DA PAZ

Na iminência do Natal, a Liturgia do Advento apresenta-nos, como modelo e companheira de caminhada, a Virgem Maria, esperando o Seu Filho. Os textos cristãos apresentam-na como a arca da nova aliança que nos acompanha, derramando a justiça divina. Durante muito tempo, o texto evangélico deste Domingo foi considerado como uma linda crónica da vida de Maria e de Jesus. Actualmente, sabemos que é um relato redigido por São Lucas, onde cada palavra e imagem do acontecimento narrado foram tiradas do Antigo Testamento. Aqui ressoam os textos do Êxodo, dos livros de Samuel e outras passagens alusivas à arca da antiga aliança. Maria é apresentada como a arca da nova aliança, porque nela repousa a sombra do Espírito Santo (“O Espírito Santo virá sobre ti”). Este texto não é somente uma manifestação do espírito de serviço da jovem de Nazaré, mas também do estilo de vida de todos aqueles que acolhem a Palavra de Deus. São Lucas afirma que Maria, cheia do Espírito Santo, “pôs-se a caminho”. Ela recebe o Verbo Eterno no seu seio e compreende que Aquele que a gerou exige dela a mesma atitude que Ele tem e que O levou a encarnar: “Eu venho, ó Deus, para fazer a tua vontade”. A vontade de Deus, para quem acolhe a Sua Palavra, não é ficar no sossego de uma vida intimista, mas sair para partilhar e ser testemunha da obra de Deus. Maria diz-nos que, se queremos celebrar o Natal, acolhendo o Verbo Eterno, temos de estar disponíveis para nos “incomodarmos”, ou seja, saindo da nossa passividade existencial para transmitir aos outros a Palavra de Deus feita carne. Quando São Lucas escreve que Maria saudou Isabel, certamente não está a referir-se a uma cortesia habitual, como “bom dia” ou “boa tarde” (se fosse assim, não teria a preocupação de o deixar por escrito); mas é uma saudação importante. É a ressonância da saudação que percorre todo o Antigo Testamento, como anúncio de que Deus cumprirá as suas promessas: “Shalom”, paz. Maria, enquanto arca da nova aliança, e hoje a comunidade cristã, põem-se a caminho para levar a paz de Deus. A paz é o primeiro sinal da presença de Cristo entre a humanidade. E o presépio deve continuar a aparecer nas nossas casas, ruas e praças como uma bela tradição. As figuras do presépio ajudam-nos a compreender e a viver a paz de Jesus. Tendo o Menino Jesus, como o centro, todas estas figuras simbolizam o silêncio da esperança que irradia paz. O Advento ensina-nos que celebrar o Natal não consiste somente em receber o autor da paz, mas em comprometermo-nos a sermos instrumentos dessa paz. Maria, a arca da nova aliança, é portadora de paz e o fruto dessa paz é a alegria. Assim como o rei David dançou diante da arca da antiga aliança, quando ela chegou a Jerusalém, São Lucas narra que João Baptista saltou de alegria com a presença de Maria, saudando a sua mãe, Isabel. Hoje, ao acolher a Palavra de Deus, a comunidade cristã é presença do mistério da encarnação. Onde há pessoas baptizadas, deve existir alegria, porque Cristo está presente com a sua paz. Semear e propagar alegria é fruto de uma sã vivência cristã. Significa ter deixado Cristo, Rei da paz, entrar na vida, até nas áreas mais dolorosas. Maria, Isabel e João ensinam-nos que viver o Evangelho tristemente é compreensível, mas não é cristão. Dificuldades e sofrimentos todos têm na vida; por isso, a mensagem da Boa Nova tem como fundamento a plena felicidade da pessoa humana que só se encontra em Jesus Cristo. Já falta pouco tempo para terminar o Advento. Não há tempo a perder. Sigamos o exemplo de Maria que, cheia do Espírito Santo, portadora do Verbo, pôs-se a caminho, anunciou a paz e semeou a alegria. Como Ela, coloquemos a nossa vida ao serviço de Deus, para que a mensagem do amor divino chegue ao coração de todo.

 

22-12-2024

paroquiasagb

Leitura Espiritual

«O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas» (Lc 1,48)

 

Quando toca um coração, é típico do Espírito Santo afastar dele toda a tibieza. Ele ama a prontidão, é inimigo dos adiamentos, dos atrasos na execução da vontade de Deus: «Maria dirigiu-se apressadamente». Que graças não se terão derramado sobre a casa de Zacarias quando Maria ali entrou! Se Abraão recebeu tantas graças por ter albergado três anjos em sua casa, que bênçãos não se terão derramado sobre a casa de Zacarias, onde entrou o Anjo do Grande Conselho (Is 9,6), a verdadeira Arca da Aliança, o divino profeta, Nosso Senhor, escondido no seio de Maria! Toda a casa ficou repleta de alegria: o menino estremeceu, o pai recuperou a fala, a mãe ficou cheia do Espírito Santo e recebeu o dom da profecia. Vendo Nossa Senhora entrar em sua casa, ela exclamou: «Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?» E Maria, ouvindo o que a sua prima dizia em seu louvor, humilhou-se e rendeu glória a Deus de todo o coração. Confessando que toda a sua felicidade procedia desse Deus que tinha posto «os olhos na humildade da sua serva», entoou o belo e admirável cântico do seu Magnificat. Também nós devemos estar transbordantes de alegria quando o divino Salvador nos visita, no Santíssimo Sacramento ou através de graças interiores, das palavras que, dia a dia, nos diz no coração! (São Francisco de Sales, 1567-1622, bispo de Genebra, doutor da Igreja, «Ephata»).

 

Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres 23 a 29 de dezembro de 2024

Agenda Pastoral na quadra natalícia :
– Terca-Feira, 24 : Missa do Galo em Figueiró da Granja : 0.00h.
– Quarta- Feira, 25 – Natal do Senhor :
– Maceira – 10.30h
– Figueiró da Granja – 11.45h .
– Fuinhas – 14.15h.
– Muxagata – 15.30h.
– Sobral Pichorro – 16.30h.
– Mata – 17.30h .

Avisos e Liturgia do III Domingo do Advento-ano C

A ALEGRIA CRISTÃ DE UMA VIDA SOLIDÁRIA

Este Domingo é conhecido como o Domingo da alegria: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Exultai de alegria: o Senhor está perto” (Antífona de Entrada); e João Baptista apresenta-nos mais uma exigência cristã. Antes, convidou-nos à conversão, a mudar de mentalidade, a modificar a nossa escala de valores; agora, convida-nos a dar frutos, a demonstrar, por obras, que a nossa vida mudou. É um convite à vivência alegre de uma vida com frutos cristãos concretos. Por três vezes, perguntaram a João Baptista: “Que devemos fazer”? Em primeiro lugar, foram as multidões, não se especifica quem. João responde: “Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma; e quem tiver mantimentos faça o mesmo”. Não é um convite a uma vida piedosa e de “consumo devocional”. O fruto da conversão é vencer o pecado de omissão para com o próximo, levando uma vida onde o próximo, especialmente o que sofre, tem um lugar de relevo. O fruto da conversão é viver descentralizado do “eu” para me centralizar no “tu”. Esta é a dinâmica do Natal: o Filho de Deus que se rebaixa para trazer a salvação aos outros. Em segundo lugar, uns publicanos fizeram a mesma pergunta: “Que devemos fazer”? João responde: “Não exijais nada além do que vos foi prescrito”. A profissão dos publicanos não era bem aceite, pois cobravam os impostos para o império romano e desviavam muito dinheiro para si; é o que sucede quando há muito dinheiro e pouca transparência na sua administração. Com efeito, pela classe sacerdotal judaica, eram considerados pecadores públicos. A resposta de João é surpreendente. Não os convida a deixar o seu trabalho, sabe que é necessário, mas que o exerçam de uma nova maneira: com justiça e rectidão. Cada um de nós tem a sua profissão e os seus encargos. João Baptista está a dizer-nos que a conversão das nossas vidas se note no exercício dos nossos empregos. O que fazemos, devemos fazer bem, com justiça e rectidão. Para o cristão, a injustiça não tem lugar. Devemo-nos contentar com o essencial. A forma como exercemos a nossa contribuição social e o nosso trabalho é muito importante: a saudação, o acolhimento, as palavras, o olhar, saber ouvir; em tudo, se deve manifestar a nossa conversão, marcada pela justiça, rectidão e bondade. Em terceiro lugar, foram os soldados a perguntar: “Que devemos fazer”? E João responde: “Não pratiqueis violência com ninguém nem denuncieis injustamente; e contentai-vos com o vosso soldo”. João compreendia a necessidade de uma “força armada” para manter a paz social, mas também sabia que possuir armas, existindo, ao mesmo tempo, descontentamento por causa da cobrança dos impostos e da ambição do poder, poderia levar a um grave abuso da autoridade e, mesmo, à violência. A vinda de Cristo traz uma mensagem muito clara: não aos abusos! Aos publicanos e aos soldados, João faz um sério convite: controlar o desejo excessivo de riqueza. Os bens materiais são necessários, mas há que saber dar-lhes o lugar justo na vida, travando todo o indício de ganância. Viver o Advento, seguindo as directrizes de João Baptista, consiste em conversão e dar frutos de vida cristã. É aqui que reside a alegria cristã. “Exulta, rejubila de todo o coração” (1ª leitura), “Alegrai-vos sempre no Senhor. Novamente vos digo: alegrai-vos” (2ª leitura). A alegria da proximidade do Natal não é uma questão de sentimentos, mas de esperança e de conversão activa. A conversão consiste em deixarmos levantar “a pá para limpar a sua eira” do Senhor, para que o vento do seu Espírito sopre para deixar, somente, os frutos cristãos nas nossas vidas e que a “palha” (o que está a mais e nada serve) vá para longe.

15-12-2024

paroquiasagb

Leitura Espiritual

«Com estas e muitas outras exortações, João anunciava ao povo a Boa Nova»

João não falou apenas no seu tempo, anunciando o Senhor aos fariseus e dizendo: «Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas» (Mt 3,3). Ainda hoje ele brada em nós e o trovão da sua voz abala o deserto dos nossos pecados. A sua voz ressoa ainda hoje, dizendo: «Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas». Pede-nos que preparemos o caminho do Senhor pela pureza da nossa fé. O Senhor não toma os caminhos deste mundo, mas penetra no segredo dos corações. Se esta estrada for áspera devido aos maus costumes, for dura pela nossa brutalidade, estiver manchada pelo nosso comportamento, pede-nos que a limpemos, que a aplanemos, que a nivelemos. Deste modo, aquando da sua vinda, o Senhor não tropeçará, mas encontrará um caminho balizado pela castidade, aplanado pela fé, decorado com as nossas esmolas. O Senhor tem o hábito de percorrer este género de vias, porque o profeta clama: «Abri caminho àquele que galopa sobre as nuvens; o seu nome é Senhor!» (Sl 67,5). O próprio João traçou na perfeição e ordenou o seu caminho para a chegada de Cristo, porque foi em todas as coisas sóbrio, humilde, pobre e virgem: «João trazia um traje de pêlos de camelo e um cinto de couro à volta da cintura; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre» (Mt 3,4). Pois não há maior sinal de humildade que o desprezo de vestes sumptuosas e o uso de peles por tratar; nem há maior sinal de fé que estar sempre preparado, com os rins cingidos, para qualquer dever de serviço; nem há sinal mais notável de renúncia que alimentar-se de gafanhotos e mel silvestre. (São Máximo de Turim, ?-c. 420, bispo, Sermão 88, PL 57, 733-736).

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres de 16 a 22 de dezembro.

Avisos e Liturgia do I Domingo do Advento- ano C

SINTONIZADOS COM O PENSAMENTO DE DEUS

“Quando estas coisas começarem a acontecer, erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”. Não seria melhor iniciar o tempo do Advento com um texto evangélico menos aterrador? É um texto com uma linguagem apocalíptica, o qual, longe de querer gerar medo, procura revelar-nos uma grande esperança. Jesus encontra-se no templo de Jerusalém, na última semana da sua vida terrena, no designado átrio das mulheres; ali, os seus discípulos convidam-no a contemplar a sumptuosidade do templo, construído por Herodes. Olhando para essas pedras, admiravelmente esculpidas e adornadas, o Mestre afirma: “virá o dia em que, de tudo isto que estais a contemplar, não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”. Os discípulos, para quem o templo era o sinal da presença de Deus nesta terra, ficaram cheios de medo, pensando que Jesus falava do fim do mundo. Se o templo era destruído, significava que a humanidade tinha chegado ao seu fim. Mas, o que há de mais estável que os astros do céu e o seu percurso? Na antiguidade, e hoje, contemplamos o céu e sabemos o percurso dos planetas e estrelas. É normal ver o sol, todas as manhãs, no oriente, e a lua manifestar-se nas suas fases. Ao dizer-nos que haverá sinais no sol e na lua, Jesus pretende dizer-nos que esta estabilidade do mundo irá ter o seu fim e que uma grande novidade estará para chegar. Aproxima-se um momento decisivo em que cada um terá de tomar uma decisão para a sua vida. No tempo de Jesus, o mar e as suas criaturas eram considerados como o lugar das trevas, onde habitavam as forças do mal. Ao chegar o novo Reino, estas forças iriam cair no desespero. Como também seria eliminada a forma de conceber a religião e a relação com Deus, simbolizada no templo e nos astros; também chegaria ao fim o reino do mal, que será vencido definitivamente. O Advento coloca diante nós o Natal. E o texto evangélico deste domingo diz-nos que o Natal é um momento radical. É Cristo que vem instaurar um mundo novo, onde o “velho” já não tem sentido e o “novo” é obra do Espírito do Amor. Cristo é aquele “rebento…que exercerá o direito e a justiça na terra”, como afirma Jeremias, na primeira leitura. Neste Domingo, o que Jesus nos anuncia? Não anuncia somente o que acontecerá, mas também nos diz como devemos esperar a sua vinda. Jesus lança o convite: “erguei-vos e levantai a cabeça…não suceda que os vossos corações se tornem pesados pela intemperança, a embriaguez e as preocupações da vida…Portanto, vigiai e orai em todo o tempo, para que possais livrar-vos de tudo o que vai acontecer e comparecer diante do Filho do homem”. “Erguei-vos”. Não cair na resignação diante de toda a espécie de escravidão. Não cair nas garras do pecado ou no remoer da desolação e da tristeza. “Levantai a cabeça”, sede optimistas! Advento é um tempo de espectativa alegre; recordemos que se aproxima a nossa libertação. Não podemos ficar sentados no sofá da vida, quietos, mas erguidos, com o olhar dirigido para um futuro melhor, muito melhor! É Cristo que vem ao nosso encontro. “Cristo pode nascer mil vezes em Belém, mas se não nasce em mim, nasceu em vão” (Mestre Eckhart) Então, o que fazer? Ser vigilantes é estar atentos para que o nosso coração não seja insensível aos verdadeiros valores; é não perder os critérios de Jesus, porque, se tal acontecer, ficaremos escravos das angústias da vida. Cristo convida-nos a não ficarmos bloqueados com as preocupações da vida, mas a levantar a cabeça, alargar horizontes, estar sempre alerta para contemplar a Sua vinda. Tenhamos a coragem de estar sempre em sintonia com o pensamento de Deus. O Evangelho não antecipa o fim do mundo, narra o segredo do mundo: toma-nos pela mão e leva-nos para fora de portas, a olhar para o alto, a sentir o universo pulsar à nossa volta; chama-nos a abrir as janelas de casa para fazer entrar os grandes ventos da história, a sentirmo-nos parte viva de uma imensa vida. Que padece, que sofre, mas que nasce.

01-12-2024

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Leitura Espiritual

«Vigiai e orai em todo o tempo»

Quem quiser orar em paz não terá em consideração apenas o local, mas o tempo. O momento do repouso é o mais favorável, pois quando o sono da noite estabelece um silêncio profundo, a oração torna-se mais livre e mais pura: «Levanta-te, grita durante a noite, no começo das vigílias; derrama o teu coração como a água perante a face do Senhor» (Lm 2,19). Com que segurança a oração sobe na noite, quando só Deus é dela testemunha, com o anjo que a recebe para a ir apresentar ao altar celeste! Ela é agradável e luminosa, pintada de pudor; é calma e tranquila, já que nenhum barulho, nenhum grito a interrompe; é pura e sincera, não manchada pelo pó das preocupações terrenas. Não há espectador que possa expô-la à tentação, pelos seus elogios ou pela sua adulação. Dizemos, pois, que a Esposa (do Cântico dos Cânticos) agiu com prudência e pudor quando escolheu a solidão nocturna do seu quarto para rezar, ou seja para procurar o Verbo, que é a mesma coisa. Rezas mal se, ao rezar, não procuras o Verbo, a Palavra de Deus, ou se o que pedes na tua oração não é relativo ao Verbo. Porque tudo está nele: o remédio para as feridas, o socorro nas necessidades, a melhoria dos defeitos, a fonte dos progressos, em suma, tudo o que um homem pode e deve desejar. Não há razão para pedirmos ao Verbo outra coisa que não seja Ele próprio, pois Ele é todas as coisas. Se pedimos certos bens concretos, e se os desejamos pelo Verbo, não é tanto essas coisas em si mesmas que pedimos, como Aquele que é a causa da nossa súplica. (São Bernardo, 1091-1153, monge cisterciense, doutor da Igreja, Sermão 86 sobre o Cântico dos Cânticos).

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Avisos e Liturgia do XXXIV Domingo do Tempo Comum – ano B

O REI DA VERDADE

Na profecia de Daniel, encontramos a visão de um filho do homem que, com honras reais, veio sobre as nuvens do céu (primeira leitura). Também o Novo Testamento diz que Jesus Cristo, que nos ama, que nos liberta do pecado e faz de nós “um reino de sacerdotes” (segunda leitura), virá como “Príncipe dos reis da terra” (revestido de majestade, como nos diz o salmo). Mas o seu Reino não é deste mundo; veio para dar testemunho da verdade (evangelho). O evangelho deste Domingo recorda-nos que, no momento da condenação, Jesus diz a Pilatos: “sou rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade”. Mas, que relação existe entre a realeza e a verdade? Para entender isto, é necessário reflectir sobre o que significa ser rei, não no mundo actual, mas na época de Cristo, no âmbito bíblico. No povo judeu, há três elementos muito importantes: a nobreza, a sabedoria e a compaixão. A nobreza não é um título herdado, mas a forma de chamar aquele que, na batalha, vai à frente das suas tropas; aquele que sai, não só para defender os seus interesses pessoais, mas os dos seus súbditos, protegendo-os como próprios. Não fica na rectaguarda a dar ordens, mas vai à frente, dando exemplo. Outro aspecto importante é a sabedoria, muito ligada à imparcialidade. Não se trata, aqui, de saber muitas coisas, mas de enfrentar as dificuldades alheias para proferir uma sentença, procurando o mais justo, como um bom pai faz aos seus filhos. Finalmente, temos a compaixão. Ao cuidado do rei, estavam as viúvas e os órfãos, pessoas desprotegidas, que estavam à mercê da pobreza extrema. Só quem possuía estes valores é que podia ser considerado rei, de tal forma que, no decorrer da sua vida, a autenticidade convertia-se no crisol onde aperfeiçoava a verdade da sua vida. Neste Domingo, Jesus é aclamado, por todas as assembleias católicas do mundo, como rei, porque, decorrido mais um ano, reconhecemos que, em qualquer momento, Ele nos abandonou nas dificuldades, mas que sempre nos escutou, que as nossas preocupações foram as suas, e que procurou sempre satisfazer as nossas necessidades, mais do que os nossos desejos. Por isso, podemos afirmar, como o salmo: O Senhor reina revestido de majestade. Mas, reina onde? Na nossa vida! O reino das trevas é o reino das “meias-verdades”, do egoísmo, da avareza. Parece muito apetecível, porque promete satisfazer todos os nossos desejos. Mas, quando abrimos os olhos à realidade, apercebemo-nos que as promessas não se cumprem, gerando frustração. Só quem vive na verdade pode ter Cristo, como rei. “Tu és o rei dos Judeus”? Pilatos faz um interrogatório político, ou seja, situa-se ao nível dos inimigos de Jesus. Todavia, não podemos esquecer que este procurador romano, mais tarde, decidirá manter, sobre a cabeça de Jesus crucificado, a inscrição, que desagrada aos judeus: Jesus de Nazaré, rei dos judeus. Jesus está num nível superior a Pilatos. Explica qual é a sua realeza: veio ao mundo para dar testemunho da verdade (evangelho). A verdade, da qual Jesus dá testemunho, não é elaborada pela razão humana; é a que procede da Palavra de Deus, Daquele que é, que era e que há de vir (segunda leitura), Daquele que é e concede a Vida. Foi para isto que o Verbo, Cristo, veio ao mundo. Aqueles que O acolhem, recebem o poder de ser filhos de Deus (cf. Jo 1,12), ou seja, são gerados para esta Vida de Deus, pertencem à Verdade e podem esperar viver com Ele no reino do céu (cf. Oração depois da comunhão). Neste Domingo, nós, que fomos gerados para a Vida pelo baptismo, ouvimos esta palavra que ressoa constantemente neste mundo e no coração dos nossos sofrimentos e das nossas alegrias; graças a ela, Cristo faz, de todos os que a acolhem, um reino de sacerdotes dedicados a Deus (segunda leitura), com a missão de anunciar ao mundo a única realeza que nunca será destruída (primeira leitura), e que é capaz de conceder a verdadeira paz, que nunca acabará, porque o seu pacto é “por todo o sempre” (salmo). .

24-11-2024

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Leitura Espiritual

«O meu reino não é deste mundo»

Sois Rei, Deus meu, para sempre. Quando se diz no credo que vosso reino não terá fim, isto dá-me quase sempre particular consolação. Louvo-Vos, Senhor, e bendigo-Vos para sempre; enfim, o vosso reino durará para sempre! Nunca permitais, Senhor, que se tenha por bom que quem for falar convosco o faça só com a boca. Não nos devemos aproximar para falar a um príncipe com o mesmo descuido que a um lavrador ou a uma pobre como nós, pois como quer que seja que nos falem, está bem. E assim, já que, por humildade deste Rei, se eu por grosseira não Lhe sei falar, Ele nem por isso deixa de me ouvir nem de me chegar a Si, nem me lançam fora os seus guardas; porque bem sabem os anjos que ali estão a índole do seu Rei, que gosta mais desta rudeza dum pastorzinho humilde, pois vê que se mais soubera mais diria, que dos mui sábios e letrados, por elegantes arrazoados que façam, se não vão acompanhados de humildade, não é razão que, por Ele ser bom, sejamos nós descomedidas. Sequer ao menos para Lhe agradecer o que Ele sofre da vizinhança, consentindo uma como eu ao pé de Si, é bem que procuremos conhecer a sua limpeza e quem é. É verdade que, logo em chegando, se conhece, não como a senhores de cá, que em nos dizendo quem foi seu pai e os contos que tem, nada mais há a saber. Sim, aproximai-vos pensando e entendendo, ao chegar, com quem ides falar ou com quem estais falando. Em mil vidas das nossas, não acabaremos de entender como merece ser tratado este Senhor, diante de quem tremem os anjos. Em tudo manda, tudo pode; seu querer é operar. Pois razão será, filhas, que procuremos deleitar-nos nestas grandezas que tem o nosso Esposo e entendamos com quem estamos casadas e que vida havemos de ter. (Santa Teresa de Ávila, 1515-1582, carmelita descalça, doutora da Igreja, Caminho de Perfeição, 22, Edições Carmelo, 2000).

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Avisos da Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

25 de novembro a 1 de dezembro

Avisos e Liturgia do XXXII Domingo do Tempo Comum – ano B

                                                                                                                DISTINGUIR A VERDADE DA APARÊNCIA

No texto do evangelista Marcos, proclamado neste Domingo, é dito que Jesus, exercendo o seu ministério em Jerusalém, pouco antes da paixão, elogia uma pobre viúva e dirige palavras duras aos escribas, condenando a sua hipocrisia. Deus coloca-se sempre do lado dos pobres e dos fracos (primeira leitura e evangelho) e, assim, revela que a salvação, operada por Cristo, não faz acepção de pessoas, é para todos os que esperam o momento para O receber (segunda leitura). A nossa resposta apropriada é de louvor e de acção de graças (salmo).

Podemos ter a tentação de pensar que o fio condutor das leituras deste Domingo é a viuvez. Mas, aprofundando um pouco mais a nossa reflexão, iremos encontrar algo mais agradável. Na carta aos Hebreus, é dito que depois da morte decorrerá o julgamento. O juízo final não é algo estranho na pregação de Jesus; recordemos a parábola do trigo e do joio. E o texto evangélico deste domingo parece que está fora do contexto. Pois, mas estas leituras não se referem ao juízo, mas ao juiz.

A primeira leitura, com o episódio da viúva de Sarepta, recorda-nos que Deus é sempre fiel à sua palavra, aconteça o que acontecer. A viúva estava convicta de que, esgotados todos os seus recursos, iria morrer com o seu filho. Tinha perdido a esperança, já não havia nada a fazer. Todavia, contra todos os prognósticos, Deus entra em acção e não nos abandona.

O nosso Deus não é um juiz gélido e indiferente, que tudo julga sem ter em conta as dificuldades da vida. De facto, o salmista convida a louvar a Deus, porque o nosso juiz não concede o mesmo a todos, mas segundo a necessidade de cada um: aos famintos, o pão; aos cativos, a liberdade; aos órfãos e às viúvas, amparo. No entardecer da vida, quem nos irá julgar não se irá deter no exterior ou no poder, mas irá ler (ou seja, julgará) o que habita na profundidade do nosso coração.

Este é um aviso para aqueles que se esforçam por ter uma boa aparência exterior e escondem aos olhos do mundo o que, verdadeiramente, são. Gostam de se salientar diante dos outros, com as suas palavras e acções. É esta hipocrisia que Jesus denuncia nos escribas. Ela opõe-se à discrição de uma viúva pobre, a qual é elogiada por Jesus. O Mestre deseja que olhemos para mais além do espectáculo visível do mundo e quer conduzir-nos à revelação do invisível que actua num coração humilde, capaz de se desprender de tudo. Com a dor da morte do marido, a viúva do evangelho soube descobrir que só encontrava apoio em Deus. Por isso, ela, como todas as outras viúvas da Bíblia, é o símbolo, por excelência, da pobreza e do desprendimento. Contar somente com Deus é o que já mostrava o episodio do livro dos Reis: o Senhor recompensa a viúva de Sarepta que partilhou tudo o que tinha com o profeta Elias, convidando-o para sua casa (primeira leitura). Oferecendo a sua miséria, a viúva do evangelho revela onde está o verdadeiro tesouro: naquele que penetra o mais profundo do coração. Jesus convida-nos a alegria do abandono total a Deus: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus” (versículo do Aleluia).

Oferecendo-nos o seu Filho, Jesus Cristo, o Pai deu-nos tudo. Obedecendo ao Pai, Jesus entregou-se totalmente para nos salvar. Contemplando Cristo na cruz, podemos descobrir a nossa pobreza: a de um coração ferido pelo pecado que coloca toda a sua esperança no Senhor, seu Deus, que reina eternamente. Deus bem sabe as nossas fraquezas: invejas, ciúmes, murmurações, imprudências. Por isso, arrependamo-nos do mal cometido, “para que possamos livremente cumprir a vossa vontade”.

 

10-11-2024

paroquiasagb

Leitura Espiritual

«Ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha»

 

Vivo sem viver em mim; e minha esperança é tal, que morro de não morrer. Vivo já fora de mim desde que morro de amor; pois vivo no Senhor que me quis para Si. Quando Lhe dei o coração, nele inscreveu estas palavras: morro de não morrer. Ah! que triste é a vida que não se alegra no Senhor! E, se o amor é doce, não o é a longa espera; livra-me, meu Deus, desta carga, mais pesada que o ferro, pois morro de não morrer.

Vivo só da confiança de que um dia hei de morrer, pois pela morte é a vida que a esperança me promete. Morte em que se ganha a vida, não tardes, que te espero, pois, morro de não morrer. Vede como é forte o amor (Ct 8,6); ó vida, não me sobrecarregues! Vê o que apenas resta: para te ganhar, perder-te! (Lc 9,24) Venha ela, a doce morte! Que minha morte venha bem cedo, pois morro de não morrer.

Esta vida lá do alto, que é vida verdadeira, até que morra a cá de baixo enquanto se viver não se a tem. Ó morte, não te escondas! Que viva porque morro já, pois morro de não morrer. Ó vida, que posso eu dar a meu Deus, que vive em mim, senão perder-te, a ti, para merecer prová-lo! Desejo, morrendo, obtê-lo, pois tanto desejo o meu Amado que morro de não morrer. (Santa Teresa de Ávila, 1515-1582, carmelita descalça, doutora da Igreja, Poema «Vivo sem viver em mim»).

 

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Avisos da Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

Avisos e Liturgia do XXXI Domingo do Tempo Comum – ano B

 

TENHO DOIS AMORES

Bem sabemos da importância das normas de conduta na nossa vida. Ajudam-nos, sobretudo, a concretizar um dos trabalhos mais difíceis e, talvez, o mais importante: saber discernir, estabelecer prioridades. Uma vez por ano, na Quaresma, procuramos examinar, discernir e reorientar, novamente, a nossa vida interior. Sempre pedimos a Deus que nos livre de termos os afectos desordenados. Não pedimos a Deus que nos livre de ter afectos, mas que nos ajude a pô-los na sua ordem. As leituras deste Domingo falam-nos do que é prioritário e colocam o amor de Deus em lugar de primazia. É curioso verificar que são poucos os que se preocupam em verificar se as suas obras afirmam que o amor de Deus é o primeiro afecto do seu coração. Devemos, em primeiro lugar, amar a Deus e depois a Igreja. Mas, amar a Deus acima de tudo e de todos? Mais do que o meu marido ou a minha esposa? Como amar a Deus mais do que os meus filhos? Mas do que a mim próprio? Isto entristece-nos e somos incapazes de ceder a Deus o primeiro lugar, que Lhe corresponde. De facto, podemos pensar que colocar Deus acima das pessoas que amamos seria convertermo-nos em fanáticos e isso ninguém o quer. Se não dermos o primeiro lugar a Deus, nunca poderemos ser plenamente felizes. Mas isto não é um anúncio de uma calamidade. Amar a Deus acima de tudo não supõe deixar de amar os outros. A experiência de tantos santos diz-nos que dando a Deus o primeiro lugar, a nossa capacidade de amar (ou seja, de ver o bom e desculpar o mal a quem amamos), expande-se de uma forma inimaginável. Assim, entra a felicidade na nossa vida. Quando Deus toma posse do coração, amas muito mais e melhor. Mas, como saber se o nosso amor a Deus é autêntico e não um integrismo fanático? O Senhor responde-nos no evangelho: amar aquele que está ao nosso lado. Esta é a maior prova de autenticidade do nosso amor a Deus. Eis o duplo mandamento do amor que escutamos neste domingo: amar a Deus e amar o próximo. Devemos ter presente este duplo mandamento do amor quando nos reunimos para celebrar a Eucaristia. Nela, procuremos dar glória a Deus, mas não nos desliguemos dos nossos irmãos. A salvação não se encontra só na assistência à celebração, nem só na preocupação pelos outros. Ambas são necessárias e estão relacionadas entre si. É importante que, como filhos de Deus, entendamos como deveremos responder a estes dois amores durante a nossa vida. Com as palavras do Deuteronómio, na primeira leitura, e do Levítico (Lv 19,18), o evangelista Marcos coloca nos lábios de Jesus um resumo do núcleo essencial da lei de Moisés. Ele não veio abolir a Lei, mas dar-lhe plenitude (cf. Mt 5,17). O escriba, que faz a pergunta, revela que reconhece Jesus, como Messias, o que levou o Mestre a afirmar: “Não estás longe do Reino de Deus”. A fidelidade a este duplo mandamento leva a superar, tanto no tempo de Jesus como hoje, procedimentos em que a letra está acima do espírito. Paulo afirmava que, sem caridade, de pouco servirão as obras (cf. 1Cor 13). A perfeição da caridade encontra-se, como afirma a segunda leitura, na forma como Jesus se ofereceu em sacrifício para nos salvar; cumpriu, de uma vez para sempre, o compromisso que Deus, seu Pai, tinha contraído em favor do seu povo, dando-lhe a Lei, por Moisés. Quando, na Eucaristia, celebramos este único sacrifício, Cristo torna-se presente; pela sua ressurreição abre-nos o acesso ao Pai e prepara-nos para receber as promessas com que Deus nos quer enriquecer.

03-11-2024

 paroquiasagb

Leitura Espiritual

«Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças»

 

Gloriosa e mui querida Mãe, senhora rainha, a vossa indigna Catarina, serva e escrava dos servos de Jesus Cristo, escreve-vos no seu sangue precioso, com o desejo de que sejais verdadeira filha e esposa escolhida de Deus. Suplico-vos instantemente, em nome de Cristo Jesus, que consagreis todo o vosso coração, a vossa alma e as vossas forças a amar e a servir este doce e querido Pai, este Esposo que é Deus, Verdade suprema e eterna, que tanto nos amou sem ser amado. Sim, que nenhuma criatura Lhe resista, qualquer que seja a sua categoria, a sua grandeza e o seu poder, pois todas as glórias do mundo são vãs e passam como o vento. Que nenhuma criatura se afaste deste amor verdadeiro, que é a glória, a vida e a felicidade da alma. Então, mostraremos que somos esposas fiéis. Quando a alma apenas ama o seu Criador, nada deseja fora dele. Tudo o que ama e faz, é por Ele que o faz, e detesta tudo o que vê fora da sua vontade: os vícios, os pecados, as injustiças; e o ódio santo que tem ao pecado é tão forte que prefere morrer a violar a fé que deve a seu eterno Esposo. Sejamos, pois, fiéis, seguindo as pegadas de Jesus crucificado, detestando o vício, abraçando a virtude, fazendo por Ele grandes coisas. (Santa Catarina de Sena, 1347-1380, terceira dominicana, doutora da Igreja, co-padroeira da Europa, Carta 36, à rainha Joana de Nápoles).

 

Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

Avisos de 04 a 10 de novembro