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ULS Guarda – Obras de requalificação de três centros de saúde Guarda (S. Miguel), Celorico da Beira e Sabugal

Foram já publicados em Diário da República os avisos relativos a obras de requalificação de três centros de saúde da área de abrangência da ULS da Guarda: Guarda (S. Miguel), Celorico da Beira e Sabugal. O prazo para apresentação de propostas decorre até ao dia 4 de agosto de 2025.

A intervenção no Centro de Saúde do Sabugal prevê um investimento de 681.263,65 euros.

No Centro de Saúde de Celorico da Beira, o valor a investir ascende a 732.579,12 euros.

Quanto ao Centro de Saúde da Guarda – S. Miguel, o preço base da obra é de 358.225,88 euros, com um prazo de execução estimado de 66 dias.

Foi ainda publicada, na mesma data, a abertura do procedimento para a recuperação do edifício da sede da ULS Guarda, com um preço base de 2.971.922,75 euros e um prazo de execução de 300 dias.

Estes investimentos somam-se a muitos outros recentemente anunciados, permitindo a melhoria significativa das condições de prestação de cuidados de saúde, com mais conforto para utentes e profissionais.

A ULS da Guarda referiu que continua a investir e a crescer, sempre a pensar nos seus utentes.
Estas intervenções estão inseridas em candidaturas ao PRR – Plano de Recuperação e Resiliência e contam com o apoio das respetivas autarquias.

Foto:DR

Artigo de Augusto Falcão—–Temperaturas elevadas repentinas

Chegou o calor; e nestes últimos dias um calor acima do normal, mesmo em tempo de verão;

Apetece a praia, ou o rio, estarmos à sombra, e bebermos umas cervejas frescas numa qualquer esplanada de um qualquer café onde quer que a gente se encontre; e sim sabe bem beber umas cervejas fresquinhas, na esplanada, estar na amena cavaqueira entre amigos. E nada disto fará mal, se for com dentro dos limites do aceitável; até porque ao contrário do que muita gente possa achar, a cerveja acaba por nos fazer urinar com frequência, o que promove a perda de líquido pela urina, logo beber umas cervejas sim, com alguma regra.

Nestes dias, devemos tentar beber muita água, ou outros líquidos não alcoólicos de preferência, de forma que possamos manter uma hidratação adequada, já que pelo mecanismo da transpiração acabamos por perder água e a sua reposição é sempre necessária; não me atrevo a dizer quanta água cada um deverá beber por dia, até porque isso depende da pessoa em causa; mas uma coisa vos devo dizer; nestes dias bebam muitos líquidos; mantenham-se frescos e hidratados, de forma a prevenir a perda substancial de líquidos, quer pelo suor, quer pela urina; evitem sair à rua durante as horas de maior calor; se tiverem que o fazer, usem roupas frescas, levem água para ir bebendo e usem chapéus; a nossa saúde começa em nós e não devemos achar que os médicos, os Centros de Saúde, os Hospitais servem para curar os nossos erros; até porque, antigamente, além de não haver estas ondas de calor extremo como há hoje ( ou se calhar até havia; a gente chamava isso era verão) não havia a quantidade de informação disponível que há hoje; logo as pessoas deveriam estar mais informadas acerca dos perigos destas ondas de calor, e igualmente importante das medidas preventivas que devem adotar durante estes períodos;

Por isso escrevo estas linhas para relembrar aos nossos leitores estas medidas de autoproteção durante estes dias de calor extremo:

Bebam líquidos, mesmo sem terem sede, de preferência não alcoólicas e com baixo teor de açúcar; comam fruta fresca também; evitem sair à rua durante as horas de maior calor; em caso de necessidade usem roupas frescas, levem água para ir bebendo, chapéus e usem protetor solar;

Aos nossos idosos, tenham muito mais cuidado com estas recomendações já que eles são mais sensíveis ao calor extremo que os adultos, pelo que, protejam-se ainda mais. A quem cuida de idosos, ofereçam água frequentemente já que esta população pode não sentir a sede, logo não manifestam a intenção de querer água; estas medidas são válidas para as crianças também;

Caso possam e tenham possibilidade, a página WEB da Direção Geral da Saúde tem uma página dedicada a este tema muito mais completa; eu apenas deixei aqui algumas das muitas recomendações que esta página tem;

Por fim, um apelo; verão é sinónimo de praia; de férias, de descanso, de festas populares; mas também é sinónimo de incêndios; e este verão, talvez, não seja exceção; deixo aqui um apelo:

Tenham comportamentos adequados quando em espaço florestal ou rural, de acordo com as indicações das autoridades. Vamos tentar evitar incêndios rurais, porque por cada incêndio, perde-se sempre alguma coisa, nem que sejam mato e giestas; além disso, e talvez sempre mais importante, vidas vão ser colocadas em risco; bombeiros e população em geral; a possibilidade de termos um 2017 é real e os académicos referem isso; vamos evitar os comportamentos negligentes ou minimizar os descuidos;

Boas férias e bom julho.

Augusto Falcão

José Luís Carvalho toma posse como novo comandante dos Bombeiros Voluntários de Penalva do Castelo

José Luís Carvalho vai tomar posse como novo comandante dos Bombeiros Voluntários de Penalva do Castelo , neste domingo, numa cerimónia t nas instalações da própria corporação, a partir das 16h00, e contará com as presenças de Francisco Lopes de Carvalho, presidente da Câmara Municipal, António Nunes, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, e outras entidades.
Desde Maio que os bombeiros tinham um comandante interino, depois de o anterior comandante, também interino, ter pedido a demissão.

Idealista-Os 25 municípios mais baratos para comprar casa em Portugal

Dos 25 municípios mais baratos para comprar casa em Portugal, Penamacor, no distrito de Castelo Branco, ocupa o primeiro lugar. Os proprietários deste município pedem, em termos medianos, 464 euros por metro quadrado (euros/m2), sendo este o metro quadrado mais barato do país para comprar casa, segundo uma análise do idealista, o Marketplace imobiliário de Portugal.

O ranking dos cinco municípios mais baratos completa-se com Penacova, no distrito de Coimbra (488 euros/m2), Sabugal, na Guarda (488 euros/m2), Miranda do Corvo, em Coimbra (513 euros/m2) e Pampilhosa da Serra, em Coimbra (513 euros/m2).

Com valores iguais ou inferiores a 650 euros por metro quadrado, encontram-se ainda os municípios de Melgaço, em Viana do Castelo (524 euros/m2); Crato, em Portalegre (532 euros/m2); Vouzela, em Viseu (600 euros/m2); Gouveia, na Guarda (605 euros/m2); Santa Comba Dão, em Viseu (609 euros/m2); Idanha-a-Nova, em Castelo Branco (622 euros/m2); Fronteira, em Portalegre (643 euros/m2); Sever do Vouga, em Aveiro (648 euros/m2); Paredes de Coura, em Viana do Castelo (650 euros/m2) e Mogadouro, em Bragança (650 euros/m2).

O ranking continua com Alcanena, em Santarém (660 euros/m2); Tábua, em Coimbra (675 euros/m2); Seia, na Guarda (679 euros/m2); Penela, em Coimbra (701 euros/m2); Nelas, em Viseu (706 euros/m2); Arganil, em Coimbra (712 euros/m2); Campo Maior, em Portalegre (718 euros/m2); Montalegre, em Vila Real (727 euros/m2) e Fundão, em Castelo Branco (730 euros/m2).

No último lugar do ranking, encontra-se o município de Chamusca, em Santarém, custando o metro quadrado 736 euros.

Os municípios mais caros

A análise realizada pelo idealista também encontrou as cinco localidades mais exclusivas para comprar casa em Portugal. Lisboa encontra-se no topo da lista onde o metro quadrado custa 5.769 euros, sendo o mais caro do país. Seguem-se Cascais (5.334 euros/m2), Grândola (4.654 euros/m2), Loulé (4.370 euros/m2) e Oeiras (4.276 euros/m2).

Artigo de opinião de Vítor Santos—-O desporto merece mais do que esta hipocrisia coletiva

A época desportiva 2024-2025 está a acabar e não há muitos motivos para festejar.

Os casos de violência no desporto persistem e são, cada vez mais, o espelho da sociedade em que nos tornámos. É grave, e devíamos preocupar-nos. Vários casos como os que se têm repetido deveriam obrigar quem de direito a refletir seriamente e a agir com firmeza. Mas continuamos a fingir que não é connosco.

Não é um exclusivo português, é verdade. Mas é em Portugal que vivemos e é aqui que devemos intervir. Já o escrevi antes: nada, absolutamente nada, justifica a violência – e só nos indignamos quando ela nos toca diretamente.

A sucessão de episódios é clara. O ambiente tóxico em muitos espaços desportivos tornou-se banal. No desporto de formação, onde o ego já ocupa demasiado espaço,
há situações que exigem a presença das autoridades para proteger crianças e jovens.

É isto que está em causa.

Há ainda demasiados profissionais que repetem comportamentos inaceitáveis – e que continuam impunes. Cabe aos clubes e às entidades reguladoras penalizar quem
insiste em manchar o jogo com atitudes vergonhosas. A isto juntam-se adeptos que invadem os campos, confrontam árbitros ou atletas e, por vezes, cometem verdadeiros
crimes, aos olhos da lei e da ética desportiva. Ainda assim, estas atitudes são frequentemente romantizadas, como se fossem sinal de paixão pelo clube. Não são.
São atos de descontrolo, de incitamento ao ódio, de falta de civismo e, pior ainda, de um exemplo tóxico que se tolera e, em certos casos, até se aplaude.

É inadmissível ver atletas a pisarem adversários, a encostarem a cabeça aos árbitros, a simularem faltas ou a provocarem sistematicamente. Todos podemos ter um mau
momento. Mas quando o comportamento se repete, deixa de ser um acaso – passa a ser um padrão. E isso não se pode aceitar.

As redes sociais, longe de serem um espaço de reflexão ou debate, tornaram-se amplificadores da violência e do ruído. Dão palco a quem não gosta verdadeiramente
de futebol – e até a quem não percebe nada de desporto. Promovem o extremismo, o insulto, a intolerância. O que se publica nas redes ou se discute em programas de
entretenimento com o futebol como pano de fundo não tem credibilidade. E muitos dos protagonistas desses espaços nem sequer aparecem quando o erro os favorece.
O erro faz parte do jogo. Sempre fez e sempre fará. Por muito que custe aceitar determinados lances ou decisões, não é com escândalo nem com histeria que se
melhora o desporto. É com trabalho. É com cultura desportiva. É com ética – ou seja, com respeito pelo jogo e pelos seus valores.

De pouco serve indignarmo-nos quando perdemos e celebrarmos sem pudor quando ganhamos sem mérito. O desporto merece mais do que esta hipocrisia coletiva.

Vitor Santos

Embaixador do Plano Nacional de Ética no Desporto

Artigo de Opinião de Luís Miguel Condeço—Festa de Portugal

Penso que será unânime, considerarmos o dia 10 de junho (de há 445 anos) como o dia do desaparecimento de um autor genial da língua portuguesa – Luís Vaz de Camões. Porque será importante este marco? Porque de forma incessante nos incutem desde a pequenez, o gosto pelos versos decassílabos combinados em oitavas d’Os Lusíadas? Talvez!

Todos os povos têm os seus dias grandes, e para nós portugueses, é o 10 de junho, que mais do que um feriado, é um espelho da alma nacional, que celebra a história, a cultura e a identidade lusitana. Dia que nasce em torno da figura do poeta Camões, que hoje nos abraça, dentro e fora de fronteiras, ou “além da Taprobana”.

A celebração do Dia de Portugal, está intimamente ligada ao Poeta, e à presumível data da sua morte (1580), já que três séculos depois, e sob o impulso do rei D. Luís I, por forma a evocar o tricentenário da sua morte, esta data começa a ser celebrada como festa nacional.

A difícil situação económica e política do país no final do século XIX e início do século XX, e o regicídio (1908) e a implantação da república em 1910, retiraram à data o seu cariz oficial (mas o espírito patriótico manteve-se). Em 25 de maio de 1925, há 100 anos, era publicada no “Diário do Gôverno” por ordem da “Presidência do Ministério”, a Lei n.º 1.783 que considera “nacional a Festa de Portugal, que se celebrará no dia 10 de junho de cada ano”, reforçando o elo entre o génio de Camões e o espírito do povo português.

Durante o regime ditatorial do Estado Novo, a comemoração do dia nacional ganhou nova dimensão, transformando-se o lema do dia num poderoso instrumento de propaganda do regime – “Dia de Camões, de Portugal e da Raça”. E exemplo disso, foi a inauguração do Estádio Nacional (1944), palco de cerimónias grandiosas que exaltavam a ideia de um Portugal uno, heroico e eterno, mesmo quando, do outro lado do mar, as guerras coloniais começavam a abalar esse ideal.

Comemorar Camões, Portugal e a “raça” era, afinal, celebrar uma visão estática e imperial da nação, tornando-se as Forças Armadas presença constante nas cerimónias, sobretudo a partir de 1963, reforçando o imaginário de resistência e missão civilizadora, embora escondendo uma triste realidade nacional, com um país desigual, reprimido e isolado.

Com o 25 de abril de 1974, Portugal democratizou-se, repensou-se e abriu-se ao mundo, assumindo este dia comemorativo em 1978 a designação oficial que hoje conhecemos – Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Reconhecer os milhões de portugueses espalhados pelo mundo, que partiram em busca de melhores condições de vida, é reconhecer que Portugal não é só território: é sentimento, é língua, é memória viva que atravessa continentes. A pátria passou a ser também a diáspora.

Hoje, o 10 de junho é itinerante. Nos últimos anos, uma cidade portuguesa e/ou uma comunidade portuguesa no estrangeiro acolhem as celebrações presididas pelo Presidente da República. É um belo modo de aproximar os órgãos de soberania aos cidadãos, e de dar voz à diversidade do país, refletindo sobre quem somos.

De há cem anos para cá, Portugal atravessou convulsões políticas, mudanças económicas e grandes transformações sociais. Evoluímos de um país agrário e fechado a uma nação democrática, europeia, com uma economia moderna e um sistema de direitos consolidado (educação, saúde, cultura, ciência).

Camões continua presente, não apenas nas estátuas ou nos manuais escolares, mas na força da língua portuguesa, que hoje une mais de 260 milhões de pessoas em todo o mundo (quarto idioma mais falado). E as comunidades portuguesas, tantas vezes esquecidas, são hoje reconhecidas como parte essencial do nosso tecido identitário.

Entre o passado e o futuro, é o momento para honrarmos quem nos trouxe até aqui, heróis épicos ou trabalhadores anónimos, e pensarmos que país queremos construir. Mais justo, mais coeso, mais plural.

Num tempo de incertezas e transformações globais, Portugal não é apenas um lugar: é um projeto comum. E, nesse projeto, há espaço para todos.

Viva Portugal, viva Camões e vivam as Comunidade Portuguesas.

Autor

Luís Miguel Condeço

Professor na Escola Superior de Saúde de Viseu

Artigo de Vítor Santos—A exigência da ética no desporto

“Violência, Racismo e Fair Play no Futebol Juvenil Português: Influência do comportamento dos pais no comportamento e empenho dos jovens atletas do futebol juvenil português” é o título do trabalho de investigação de Renato Batista de Freitas em colaboração com a Associação de Futebol de Viseu (AFV).

Apresentado e defendido na The Hague University of Applied Sciences (Países Baixos), retrata as repercussões dos comportamentos no futebol português, nomeadamente no futebol de formação. A questão que se coloca é perceber de que forma o comportamento dos pais influencia a atitude e o comportamento dos jovens atletas, bem como o seu empenho no futebol em Portugal.

Para responder a esta questão, o autor traça três objetivos: compreender o tipo de comportamento que os pais têm durante os jogos de futebol dos filhos, compreender como o comportamento parental no futebol afeta a atitude e o comportamento do atleta e compreender como o comportamento parental no futebol afeta o empenho do atleta no desporto.

Neste trabalho, o autor salienta que “quando se discute o desporto juvenil, é preciso ter em mente que estes atletas fazem parte das futuras gerações de adultos. Por conseguinte, as estratégias que abordem tais questões sociais nestas idades só poderão alcançar os seus resultados plenos a longo prazo. Além disso, estas estratégias não têm de ter como alvo apenas os atletas, mas também os seus pais e outros adultos presentes nestes eventos desportivos. Ao focar o segmento jovem do desporto, pode-se alcançar uma parte do segmento adulto do país (para objetivos de curto prazo), bem como os mais jovens (para objetivos de longo prazo).”

Foram inquiridos quase 400 atletas entre os 12 e os 21 anos e destaco nos resultados que mais de 52% dos pais já insultaram os adversários e 535 dos pais demonstram fair play às vezes, nem sempre, segundo a opinião dos próprios filhos. Os atletas responderam, ainda, que o seu próprio comportamento é superior ao do progenitor.

Em resposta à questão inicial, Renato Batista de Freitas conclui que “o comportamento dos pais influencia a atitude e o comportamento dos jovens atletas, bem como o seu compromisso com a prática desportiva. Os pais são uma parte importante do desenvolvimento do atleta e não devem, nem podem, ser desconsiderados. Reforçar o comportamento positivo e destacar as consequências nefastas do comportamento negativo pode contribuir muito para o desenvolvimento dos atletas, principalmente dos menos experientes”, afirma.

A Federação Portuguesa de Futebol tem realizado campanhas com este intuito e a própria AFV segue o seu exemplo, retirando resultados e classificações até determinados escalões etários e organizando semanalmente torneios de traquinas e petizes que são encontros com uma vertente quase lúdica. O resultado destas iniciativas ainda está por vir, mas de certeza colherá frutos. Outras terão de continuar a realizar-se.

Neste trabalho, Renato Batista de Freitas realça a importância do espírito desportivo e do fair play no futebol juvenil. A exigência da ética no desporto. Com esta temos justiça, integridade, responsabilidade e respeito, que são valores que valem para o desporto e para a vida.

Por fim, o autor chama a atenção para a inação e a indiferença perante os comportamentos abusivos, já que “não fazer nada também pode ter uma influência negativa. Os pais devem estar cientes disto para evitar que aconteça.”

Parabéns ao Renato Batista de Freitas e à AFV pela realização desta investigação académica e científica. Trata-se de uma excelente base de trabalho no combate à violência no desporto de formação e um incentivo à ética e ao fair play na prática desportiva.

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Batista de Freitas, R., Violence, Racism and Fair Play in Portuguese Youth Football Universidade de Ciências Aplicadas de Haia, 2020.

Vitor Santos

Embaixador do Plano Nacional de Ética no Desporto

Artigo de Luís Miguel Condeço—–Candeia que vai à frente…

Há ditados populares que carregam verdades intemporais.

Apesar do gradual desaparecimento daquela luminária, que queimava lentamente as gorduras (como o azeite) e os hidrocarbonetos (como o petróleo), através da mecha, e que de uma forma geral o povo entendia que à frente alumiava duas vezes, lembra-nos do poder transformador de quem guia o caminho, iluminando não só a sua própria rota, mas também a de quem vem atrás. Esta visão luminosa, deve convidar todos a refletir sobre liderança, progresso e esperança, uma vez que vivemos “uma mudança de época” (como diria o Papa Francisco) política, religiosa e social.

Neste mês de maio, esta visão ganha um significado especial ao recordar o nascimento de Florence Nightingale. Esta mulher de sangue inglês, viu pela primeira vez a luz em Florença, no dia 12 de maio de 1820, sendo reconhecida anos mais tarde como a fundadora da enfermagem moderna. Embora passados mais de cento e cinquenta anos do choque bélico que a tornou célebre – a Guerra da Crimeia (já no século XIX em conflito armado), ainda hoje lhe reconhecemos a coragem e dedicação com que, cuidou de soldados feridos em condições precárias. Também ela munida de uma candeia, com a qual vigiada os doentes durante as noites, aliviando-lhes o sofrimento e a solidão.

O legado de Nightingale mudou para sempre a forma como vemos a enfermagem e a prestação de cuidados de saúde, transformando a prática de enfermagem numa atividade profissional, assente no conhecimento científico, com uma metodologia científica e voltada para a investigação, abandonando de vez, o cariz não profissional. A ênfase que colocou na higiene, na organização hospitalar e na formação de enfermeiras salvou inúmeras vidas e estabeleceu padrões seguidos até hoje. Não admira que, o dia do seu nascimento (12 de maio), tenha sido o escolhido para instituir o Dia Internacional do Enfermeiro, em sua homenagem, evocando o valor destes profissionais.

O Dia Internacional do Enfermeiro é uma oportunidade para valorizarmos quem, tal como Nightingale, se dedica ao cuidado do próximo. Em hospitais, centros de saúde e unidades de saúde familiares, lares e unidades de cuidados continuados, ou em muitos outros, os enfermeiros são candeias que iluminam “caminhos” difíceis, mesclando competências técnicas, relacionais, instrumentais, comunicacionais, científicas, e acima de tudo – humanas. É justo destacar o papel vital que desempenham nas nossas comunidades: estão na linha da frente do cuidado, desde a maior das instituições até ao mais pequeno dos serviços. Ao assinalarmos este dia, reforçamos a gratidão e o respeito por quem cuida, inspirando-nos no seu exemplo.

Mas a luz que guia não se limita à saúde. Também na esfera cívica e política precisamos de candeias que vão à frente, apontando caminhos de futuro. Portugal vive mudanças políticas significativas, com eleições legislativas que nos trará mais um ciclo governativo. Após momentos de incerteza, os portugueses irão às urnas e demonstrarão a vitalidade da nossa democracia. A forte participação e a serenidade do ato eleitoral foram sinais de maturidade, que passados cinquenta anos de voto livre (25 de abril de 1975), devem manter a chama da liberdade acesa, possibilitando ao povo escolher de forma pacífica e consciente.

Com uma nova legislatura, renova-se a esperança de que o país possa enfrentar os desafios com energia redobrada. Independentemente das cores partidárias, espera-se que prevaleça o compromisso com o bem comum. Apesar dos gigantescos desafios na saúde, educação e economia, há sempre a oportunidade de fazer melhor. As nossas populações anseiam pela promoção do desenvolvimento económico e social, e pela valorização dos serviços essenciais à comunidade.

Da enfermagem à governação, a lição é clara: a liderança pelo exemplo tem um efeito multiplicador. Florence Nightingale, com a sua “candeia”, iluminou mais do que os corredores de um hospital de campanha – abriu caminho para a dignificação do cuidar e para o desenvolvimento da saúde pública. Do mesmo modo, cada candeia que assume a dianteira – seja um enfermeiro proficiente, seja um governante comprometido – pode iluminar o porvir de todos.

“Candeia que vai à frente alumia duas vezes”: cada passo pioneiro beneficia tanto quem o dá como toda a comunidade que o segue. O futuro constrói-se com a confiança de quem leva a candeia e a determinação de quem segue essa luz.

Autor:

Luís Miguel Condeço

Professor na Escola Superior de Saúde de Viseu

Artigo de opinião de Augusto Falcão—- A esperança de um dia seguinte melhor

Hoje, quando vos escrevo isto, é 25 de abril; dia da nossa liberdade, da nossa revolução, dos cravos; faz hoje 51 anos que alguns, poucos militares conquistaram a nossa liberdade, o fim da ditadura, o início da passagem à Democracia; o fim da guerra colonial, que tantos jovens portugueses levou a fugirem, a tombarem ou a ficarem estropiados pelo ideal “Deus, Pátria, família” que Salazar perpetuou durante a sua ditadura, foi o fim da repressão da PIDE-DGS; a libertação dos presos políticos; um turbilhão de mudanças anunciava-se na aurora daquele dia já longínquo, mas que todos nós relembramos ano após ano, a passamos esta memória aos nossos filhos e esperamos que eles a passem às gerações vindouras, para que eles nunca se esqueçam que a liberdade é algo que nunca é garantida, portanto devemos todos os dias, lutar para a manter entre nós;

O meu filho, já nasceu no século 21, portanto filho pleno da liberdade, e a consciência que tem da liberdade, do 25 de abril, dos cravos, do “Grândola, vila morena”, de Salgueiro Maia, é aquela que eu, lhe irei passar.

Eu, por outro lado, nasci 2 anos após a Revolução; o meu Pai, ainda esteve no Ultramar, assim como outros familiares meus; aquele a quem a gente carinhosamente chamava de “padrinho” esteve em Peniche quase 1 ano (nem o filho viu nascer) por ser membro do PCP; cresci a ouvir as histórias de Salazar, da fome, da miséria, da guerra colonial, e algumas (poucas) passagens das celas e corredores de Peniche; aquele Homem, não falava muito disso; era conversa de almoços de família, quando nos juntávamos em que as lembranças daqueles dias tristes e cinzentos vinham ao de cima; e eu cresci a ouvir isto; o preço da liberdade, o quanto custou a luta contra a ditadura, e todos aqueles que tendo sido presos, por professar um ideal politico diferente, foram mortos, torturados e ficado com mazelas para o resto da vida, nos calabouços da PIDE.

O povo, esse na manhã do 25 de abril, ao aperceber-se que algo estava em marcha, foi perdendo o medo aos poucos, e saiu às ruas a apoiar os militares que aos poucos fizeram cair o regime, que Marcelo Caetano teimava em manter inalterado;

Havia esperança que a partir dali tudo seria diferente; que tudo seria melhor, que nós, coletivo e povo, iriamos ter a partir daquele momento, uma nova oportunidade de construir um País melhor, para eles e para os vindouros; o povo votou pela primeira vez, de forma livre, depois do 25 de abril; com a esperança, que aquele momento fosse o momento da libertação total, e que o caminho de construção de algo melhor tivesse início; todos eles tinham a esperança que o dia seguinte fosse melhor;

Passou-se 51 anos; e todos mantemos esse mesmo sonho; construir algo melhor para as gerações vindouras;

E todos temos a mesma esperança; que o dia seguinte seja melhor; foi essa esperança que os nossos avós nos passaram e deixaram; ousemos, pelo menos ser iguais; deixarmos aos nossos filhos essa mesma esperança; que o dia seguinte seja melhor.

Augusto Falcão