A ALEGRIA CRISTÃ DE UMA VIDA SOLIDÁRIA
Este Domingo é conhecido como o Domingo da alegria: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Exultai de alegria: o Senhor está perto” (Antífona de Entrada); e João Baptista apresenta-nos mais uma exigência cristã. Antes, convidou-nos à conversão, a mudar de mentalidade, a modificar a nossa escala de valores; agora, convida-nos a dar frutos, a demonstrar, por obras, que a nossa vida mudou. É um convite à vivência alegre de uma vida com frutos cristãos concretos. Por três vezes, perguntaram a João Baptista: “Que devemos fazer”? Em primeiro lugar, foram as multidões, não se especifica quem. João responde: “Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma; e quem tiver mantimentos faça o mesmo”. Não é um convite a uma vida piedosa e de “consumo devocional”. O fruto da conversão é vencer o pecado de omissão para com o próximo, levando uma vida onde o próximo, especialmente o que sofre, tem um lugar de relevo. O fruto da conversão é viver descentralizado do “eu” para me centralizar no “tu”. Esta é a dinâmica do Natal: o Filho de Deus que se rebaixa para trazer a salvação aos outros. Em segundo lugar, uns publicanos fizeram a mesma pergunta: “Que devemos fazer”? João responde: “Não exijais nada além do que vos foi prescrito”. A profissão dos publicanos não era bem aceite, pois cobravam os impostos para o império romano e desviavam muito dinheiro para si; é o que sucede quando há muito dinheiro e pouca transparência na sua administração. Com efeito, pela classe sacerdotal judaica, eram considerados pecadores públicos. A resposta de João é surpreendente. Não os convida a deixar o seu trabalho, sabe que é necessário, mas que o exerçam de uma nova maneira: com justiça e rectidão. Cada um de nós tem a sua profissão e os seus encargos. João Baptista está a dizer-nos que a conversão das nossas vidas se note no exercício dos nossos empregos. O que fazemos, devemos fazer bem, com justiça e rectidão. Para o cristão, a injustiça não tem lugar. Devemo-nos contentar com o essencial. A forma como exercemos a nossa contribuição social e o nosso trabalho é muito importante: a saudação, o acolhimento, as palavras, o olhar, saber ouvir; em tudo, se deve manifestar a nossa conversão, marcada pela justiça, rectidão e bondade. Em terceiro lugar, foram os soldados a perguntar: “Que devemos fazer”? E João responde: “Não pratiqueis violência com ninguém nem denuncieis injustamente; e contentai-vos com o vosso soldo”. João compreendia a necessidade de uma “força armada” para manter a paz social, mas também sabia que possuir armas, existindo, ao mesmo tempo, descontentamento por causa da cobrança dos impostos e da ambição do poder, poderia levar a um grave abuso da autoridade e, mesmo, à violência. A vinda de Cristo traz uma mensagem muito clara: não aos abusos! Aos publicanos e aos soldados, João faz um sério convite: controlar o desejo excessivo de riqueza. Os bens materiais são necessários, mas há que saber dar-lhes o lugar justo na vida, travando todo o indício de ganância. Viver o Advento, seguindo as directrizes de João Baptista, consiste em conversão e dar frutos de vida cristã. É aqui que reside a alegria cristã. “Exulta, rejubila de todo o coração” (1ª leitura), “Alegrai-vos sempre no Senhor. Novamente vos digo: alegrai-vos” (2ª leitura). A alegria da proximidade do Natal não é uma questão de sentimentos, mas de esperança e de conversão activa. A conversão consiste em deixarmos levantar “a pá para limpar a sua eira” do Senhor, para que o vento do seu Espírito sopre para deixar, somente, os frutos cristãos nas nossas vidas e que a “palha” (o que está a mais e nada serve) vá para longe.
15-12-2024
paroquiasagb
Leitura Espiritual
«Com estas e muitas outras exortações, João anunciava ao povo a Boa Nova»
João não falou apenas no seu tempo, anunciando o Senhor aos fariseus e dizendo: «Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas» (Mt 3,3). Ainda hoje ele brada em nós e o trovão da sua voz abala o deserto dos nossos pecados. A sua voz ressoa ainda hoje, dizendo: «Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas». Pede-nos que preparemos o caminho do Senhor pela pureza da nossa fé. O Senhor não toma os caminhos deste mundo, mas penetra no segredo dos corações. Se esta estrada for áspera devido aos maus costumes, for dura pela nossa brutalidade, estiver manchada pelo nosso comportamento, pede-nos que a limpemos, que a aplanemos, que a nivelemos. Deste modo, aquando da sua vinda, o Senhor não tropeçará, mas encontrará um caminho balizado pela castidade, aplanado pela fé, decorado com as nossas esmolas. O Senhor tem o hábito de percorrer este género de vias, porque o profeta clama: «Abri caminho àquele que galopa sobre as nuvens; o seu nome é Senhor!» (Sl 67,5). O próprio João traçou na perfeição e ordenou o seu caminho para a chegada de Cristo, porque foi em todas as coisas sóbrio, humilde, pobre e virgem: «João trazia um traje de pêlos de camelo e um cinto de couro à volta da cintura; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre» (Mt 3,4). Pois não há maior sinal de humildade que o desprezo de vestes sumptuosas e o uso de peles por tratar; nem há maior sinal de fé que estar sempre preparado, com os rins cingidos, para qualquer dever de serviço; nem há sinal mais notável de renúncia que alimentar-se de gafanhotos e mel silvestre. (São Máximo de Turim, ?-c. 420, bispo, Sermão 88, PL 57, 733-736).
http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/
Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres de 16 a 22 de dezembro.
