SER “SERVOS INÚTEIS”, NA HUMILDADE E GENEROSIDADE DE JESUS
Jesus está a caminho de Jerusalém, e vai instruindo os discípulos. Nos versículos anteriores ao texto de Lucas que temos diante de nós neste Domingo, Jesus disse aos discípulos que devemos sempre perdoar o irmão que nos ofendeu: “Se o teu irmão te ofender, repreende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se te ofender sete vezes ao dia e sete vezes te vier dizer: ‘Arrependo-me’, perdoa-lhe”. É possível que este mandamento de Jesus tenha provocado uma reacção nos discípulos, especialmente naqueles que eram apóstolos, devido à dificuldade de o realizar. A partir daí, deve ter surgido uma oração, que poderá ser entendida como um pedido de ajuda ao Senhor: “Aumenta a nossa fé”. Certamente já fizemos esta experiência de nos sentirmos muito limitados no momento de pôr em prática os ensinamentos de Jesus: no seu amor generoso, na necessidade de perdoar aquele que nos ofendeu, na confiança em Deus Pai nos momentos difíceis, em dar a vida na rotina de cada dia… Por isso, está na hora de fazer o mesmo que os apóstolos: voltar o nosso olhar para o Senhor e confiar que ele pode sempre agir nos nossos corações para que sejamos mais fiéis ao Evangelho. Cada um de nós também deve dizer todos os dias: “Aumenta a nossa fé”. Não importa que esta fé seja pequena como a semente de mostarda, porque quem actua no nosso coração não é a nossa força de vontade, mas a graça de Deus; e Jesus diz-nos, com imagens tiradas da sabedoria oriental, que esta graça vai sempre para além do nosso olhar humano. Certamente, alguns pensaram que “isto não era possível”, quando ouviram a parábola da amoreira plantada no mar! Não coloquemos limites à acção de Deus no nosso mundo! Nesta altura do ano, estão a iniciar-se muitas actividades dirigidas a crianças e a jovens: a catequese, o ano escolar, os escuteiros…. Então, podemos ter presente o que Paulo diz a Timóteo: “Toma como norma as sãs palavras que me ouviste, segundo a fé e a caridade que temos em Jesus Cristo. Guarda a boa doutrina que nos foi confiada, com o auxílio do Espírito Santo, que habita em nós”. Deus confia-nos um grande tesouro que é a fé de muitas crianças e jovens das nossas paróquias: “Exorto-te a que reanimes o dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos”. Nós, que temos a missão de ensinar e de acompanhar, somos convidados a reanimar a chama daqueles que nos foram confiados, apesar das dificuldades, e manter vivo o Espírito que nos foi dado, que não é de “timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação”. Esta recomendação de Paulo também se dirige às famílias, para que possam procurar reacender todos os dias a chama do amor mútuo e do amor pelas crianças, que são o tesouro que Deus lhes confiou. Finalmente, temos de pensar como pôr em prática este dom da fé que tem crescer todos os dias; como reacender constantemente a chama deste dom do Espírito que nos foi dado? Jesus responde-nos no Evangelho deste Domingo: no serviço generoso e desinteressado ao irmão. Mais uma vez, coloquemos o nosso olhar em Jesus: ele é o primeiro a dar o exemplo. Assim, quando os discípulos mostram um desejo de fama e prestígio e pedem para se sentarem à sua direita e à sua esquerda, Jesus diz-lhes: “quem entre vós quiser fazer-se grande, seja o vosso servo; e quem no meio de vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo. Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgatar a multidão”. Se o nosso Mestre e Senhor nos dá este exemplo, a nossa missão é servir os nossos irmãos. À nossa volta, temos muitos exemplos de serviço generoso e desinteressado: na família, no nosso local de trabalho, nos vários serviços da comunidade paroquial, ou de algumas instituições sociais. Agradeçamos a Deus por tantas pessoas que hoje ajudam os nossos irmãos e irmãs com a humildade e a generosidade que Jesus nos ensina, vivendo, assim, a fé que professam e celebram.
paroquiasagb
Leitura Espiritual
«Somos inúteis servos: fizemos o que devíamos fazer»
Sê sempre fiel nas pequenas coisas, pois é nelas que reside a nossa força. Para Deus, nada é pequeno. A seus olhos, nada tem pouco valor. Para Ele, todas as coisas são infinitas. Põe fidelidade nas coisas mais mínimas, não pela virtude que lhes é própria, mas por essa coisa maior que é a vontade de Deus – e que eu respeito infinitamente.
Não procures realizar acções espectaculares. Devemos renunciar deliberadamente ao desejo de contemplar o fruto do nosso labor, fazendo apenas o que podemos, o melhor que pudermos, e deixando o resto nas mãos de Deus. O que importa é a dádiva que fazes de ti mesmo, o grau de amor que pões em cada acção que realizas. Não te permitas perder a coragem perante os fracassos, se de facto deste o teu melhor. E recusa a glória sempre que fores bem-sucedido.
Oferece tudo a Deus com a mais profunda gratidão. Sentires-te abatido é um sinal de orgulho, que mostra quanto acreditas nas tuas forças. Deixa de te preocupar com o que as pessoas pensam. Sê humilde e coisa alguma te importunará. O Senhor ligou-me aqui, ao lugar onde estou; será Ele a desligar-me. (Santa Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade, «Não há amor maior»).
http://www.liturgia.
Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres
De 05 a 12 de Outubro