Início » Religião

Religião

Avisos e Liturgia do XXVII Domingo do TEMPO COMUM – ano C

 

SER “SERVOS INÚTEIS”, NA HUMILDADE E GENEROSIDADE DE JESUS

 Jesus está a caminho de Jerusalém, e vai instruindo os discípulos. Nos versículos anteriores ao texto de Lucas que temos diante de nós neste Domingo, Jesus disse aos discípulos que devemos sempre perdoar o irmão que nos ofendeu: “Se o teu irmão te ofender, repreende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se te ofender sete vezes ao dia e sete vezes te vier dizer: ‘Arrependo-me’, perdoa-lhe”. É possível que este mandamento de Jesus tenha provocado uma reacção nos discípulos, especialmente naqueles que eram apóstolos, devido à dificuldade de o realizar. A partir daí, deve ter surgido uma oração, que poderá ser entendida como um pedido de ajuda ao Senhor: “Aumenta a nossa fé”. Certamente já fizemos esta experiência de nos sentirmos muito limitados no momento de pôr em prática os ensinamentos de Jesus: no seu amor generoso, na necessidade de perdoar aquele que nos ofendeu, na confiança em Deus Pai nos momentos difíceis, em dar a vida na rotina de cada dia… Por isso, está na hora de fazer o mesmo que os apóstolos: voltar o nosso olhar para o Senhor e confiar que ele pode sempre agir nos nossos corações para que sejamos mais fiéis ao Evangelho. Cada um de nós também deve dizer todos os dias: “Aumenta a nossa fé”. Não importa que esta fé seja pequena como a semente de mostarda, porque quem actua no nosso coração não é a nossa força de vontade, mas a graça de Deus; e Jesus diz-nos, com imagens tiradas da sabedoria oriental, que esta graça vai sempre para além do nosso olhar humano. Certamente, alguns pensaram que “isto não era possível”, quando ouviram a parábola da amoreira plantada no mar! Não coloquemos limites à acção de Deus no nosso mundo! Nesta altura do ano, estão a iniciar-se muitas actividades dirigidas a crianças e a jovens: a catequese, o ano escolar, os escuteiros…. Então, podemos ter presente o que Paulo diz a Timóteo: “Toma como norma as sãs palavras que me ouviste, segundo a fé e a caridade que temos em Jesus Cristo. Guarda a boa doutrina que nos foi confiada, com o auxílio do Espírito Santo, que habita em nós”. Deus confia-nos um grande tesouro que é a fé de muitas crianças e jovens das nossas paróquias: “Exorto-te a que reanimes o dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos”. Nós, que temos a missão de ensinar e de acompanhar, somos convidados a reanimar a chama daqueles que nos foram confiados, apesar das dificuldades, e manter vivo o Espírito que nos foi dado, que não é de “timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação”. Esta recomendação de Paulo também se dirige às famílias, para que possam procurar reacender todos os dias a chama do amor mútuo e do amor pelas crianças, que são o tesouro que Deus lhes confiou. Finalmente, temos de pensar como pôr em prática este dom da fé que tem crescer todos os dias; como reacender constantemente a chama deste dom do Espírito que nos foi dado? Jesus responde-nos no Evangelho deste Domingo: no serviço generoso e desinteressado ao irmão. Mais uma vez, coloquemos o nosso olhar em Jesus: ele é o primeiro a dar o exemplo. Assim, quando os discípulos mostram um desejo de fama e prestígio e pedem para se sentarem à sua direita e à sua esquerda, Jesus diz-lhes: “quem entre vós quiser fazer-se grande, seja o vosso servo; e quem no meio de vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo. Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgatar a multidão”. Se o nosso Mestre e Senhor nos dá este exemplo, a nossa missão é servir os nossos irmãos. À nossa volta, temos muitos exemplos de serviço generoso e desinteressado: na família, no nosso local de trabalho, nos vários serviços da comunidade paroquial, ou de algumas instituições sociais. Agradeçamos a Deus por tantas pessoas que hoje ajudam os nossos irmãos e irmãs com a humildade e a generosidade que Jesus nos ensina, vivendo, assim, a fé que professam e celebram.

 

05-10-2025

Jubileu2025_panfleto-Dão (2)

paroquiasagb

Leitura Espiritual

«Somos inúteis servos: fizemos o que devíamos fazer»

 

Sê sempre fiel nas pequenas coisas, pois é nelas que reside a nossa força. Para Deus, nada é pequeno. A seus olhos, nada tem pouco valor. Para Ele, todas as coisas são infinitas. Põe fidelidade nas coisas mais mínimas, não pela virtude que lhes é própria, mas por essa coisa maior que é a vontade de Deus – e que eu respeito infinitamente.

Não procures realizar acções espectaculares. Devemos renunciar deliberadamente ao desejo de contemplar o fruto do nosso labor, fazendo apenas o que podemos, o melhor que pudermos, e deixando o resto nas mãos de Deus. O que importa é a dádiva que fazes de ti mesmo, o grau de amor que pões em cada acção que realizas. Não te permitas perder a coragem perante os fracassos, se de facto deste o teu melhor. E recusa a glória sempre que fores bem-sucedido.

Oferece tudo a Deus com a mais profunda gratidão. Sentires-te abatido é um sinal de orgulho, que mostra quanto acreditas nas tuas forças. Deixa de te preocupar com o que as pessoas pensam. Sê humilde e coisa alguma te importunará. O Senhor ligou-me aqui, ao lugar onde estou; será Ele a desligar-me. (Santa Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade, «Não há amor maior»).

 

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

De 05 a 12 de Outubro

Avisos e Liturgia do XXVI Domingo do TEMPO COMUM – ano C

A TEOLOGIA DA POBREZA: RICOS NA POBREZA DE DEUS

 

Neste Domingo, temos diante de nós a parábola do pobre Lázaro. O texto começa por introduzir os dois personagens principais, embora o pobre seja aquele que é descrito com mais pormenor: ele está numa situação desesperada, sem forças para se levantar; está deitado à porta do homem rico e come as migalhas que caem da sua mesa; tem o seu corpo cheio de chagas e os cães lambem-lhe as feridas. Esta situação é ainda mais dramática se considerarmos que o pobre homem se chama Lázaro: um nome que é um grito, um apelo à consciência do homem rico que vive indiferente ao seu infortúnio, uma vez que Lázaro significa “Deus ajuda”. Os pobres às portas dos ricos são um apelo para que os ricos se convertam e mudem as suas vidas. O primeiro convite que esta parábola nos faz é abrir a porta do nosso coração ao outro, porque cada um é um dom, seja o nosso vizinho ou um pobre estranho. Um pobre que fica à porta, à espera de compaixão, é um dom para nós e muito grande, porque os pobres estão no centro do Evangelho. Encontramos no Evangelho de Lucas um texto central e programático (Lc 4,14-21). É aquele em que Jesus vai à sinagoga de Nazaré, recebe o pergaminho do profeta Isaías, abre-o e lê a passagem de Isaías 61,1-2: “ O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu: enviou-me para levar a boa-nova aos que sofrem, para curar os desesperados, para anunciar a libertação aos exilados e a liberdade aos prisioneiros”. Os pobres não são pessoas sem importância, é como o rico o vê, mas estão no centro da vida, no centro do Evangelho. Para o Papa Francisco, a base da “teologia da pobreza” está nisto: “a pobreza é o centro do Evangelho, tanto que se retirarmos a pobreza do Evangelho, nada da mensagem de Jesus seria entendida. Paulo, com o seu pensamento, apresenta o fundamento daquilo a que podemos chamar “a teologia da pobreza”: “Conheces a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, fez-se pobre, para nos enriquecer na sua pobreza”. “Ser pobre é deixar-se enriquecer pela pobreza de Cristo e não querer ser rico com riquezas que não são as de Cristo, ou seja, é fazer o que Cristo fez”. Porque a pobreza cristã significa “que eu dou do que preciso e não do supérfluo, mesmo do necessário, aos pobres, porque sei que eles me enriquecem”. E porque é que os pobres me enriquecem? “Porque Jesus disse que ele próprio está nos pobres” (Francisco, “Meditações Diárias”, 16 de Junho de 2015). O seu nome, Lázaro, também significa que, aqueles que são esquecidos por todos, Deus não os esquece: quem não vale nada aos olhos dos homens, é valioso aos olhos do Senhor. O texto mostra como a injustiça na terra é ultrapassada pela justiça divina: após a morte, Lázaro é recebido “no seio de Abraão”, isto é, em felicidade eterna, enquanto o homem rico acaba “no inferno, no meio dos tormentos”. A este respeito, outra pergunta que podemos fazer a nós mesmos é o destino dos ricos. Como se concilia o inferno com a misericórdia de Deus? A mesma pergunta é colocada por Dostoievsky no romance The Brothers Karamazov, que comenta esta parábola com este grande texto: “Meus pais, o que é o inferno? Acho que é como o sofrimento de não ser capaz de amar. A certa altura, num momento de espaço e tempo infinitos, um ser espiritual tem a possibilidade, através da sua aparência na Terra, de dizer a si mesmo: “Eu existo e amo”. Só por uma vez lhe foi concedido um momento de amor activo e vivo. Para tal, foi-lhe dada vida terreste, de tempo limitado. Bem, este ser feliz rejeitou o dom inestimável; não lhe deu ânimo nem olhou para ele com carinho: observou-o ironicamente e permaneceu insensível a ele. Este ser, quando deixa a terra, vê o seio de Abraão, conversa com ele, como vemos na parábola de Lázaro e do homem rico com um coração mau; contempla o paraíso e a possibilidade de se elevar para o Senhor. Mas é atormentado pela ideia de chegar sem ter amado, de entrar em contacto com aqueles que não amou, tendo-os desprezado” (Parte Dois, Livro VI, Capítulo 3). O inferno é o sofrimento de não ser capaz de amar. Vivamos neste mundo, sem desperdiçar o dom que recebemos. Vamos semear o amor e seremos recompensados com o melhor das colheitas.

 

28-09-2025

Jubileu2025_panfleto-Dão (1)

paroquiasagb

Leitura Espiritual

Um pobre jazia junto do seu portão

 

Deus destinou a Terra, com tudo o que ela contém, a todos os homens e todos os povos; de modo que os bens criados devem chegar equitativamente às mãos de todos, segundo a justiça, secundada pela caridade. Sejam quais forem as formas de propriedade, conforme as legítimas instituições dos povos e segundo as diferentes circunstâncias, deve-se atender sempre a este destino universal dos bens. Por esta razão, quem usa esses bens não deve considerar as coisas exteriores que legitimamente possui só como próprias, mas também como comuns, no sentido de poderem beneficiar, não só a si, mas também aos outros. De resto, todos têm o direito de ter uma parte de bens suficiente para si e para a sua família. Assim pensaram os Padres e os Doutores da Igreja, que ensinaram que os homens têm obrigação de auxiliar os pobres, e não apenas com bens supérfluos. E quem se encontra em extrema necessidade tem o direito de tomar, dos bens dos outros, aquilo de que necessita. (Nota: Nestes casos, aplica-se o princípio: «Em momentos de necessidade extrema, todas as coisas são comuns, isto é, todas as coisas devem ser tornadas comuns»). É claro que, para a recta aplicação deste princípio, devem ser respeitadas todas as condições moralmente exigidas. Sendo tão numerosos os que no mundo padecem fome, o sagrado Concílio insiste com todos, indivíduos e autoridades, para que, recordados daquela palavra dos Padres – «alimenta quem tem fome, porque, se o não alimentaste, mataste-o» –, repartam realmente e distribuam os seus bens, procurando sobretudo prover esses indivíduos e povos dos auxílios que lhes permitam ajudar-se e desenvolver-se. (Concílio Vaticano II, Constituição sobre a Igreja no mundo actual, «Gaudium et Spes», 69).

 

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

Avisos de 28 de setembro a 05 de outubro.

Diocese de Viseu – Sacerdotes propuseram 16 aspirantes ao Diaconado Permanente

A Diocese de Viseu tem 16 aspirantes ao Diaconado Permanente, propostos pelos párocos ao Bispo D. Antonio Luciano, que serão acompanhados pelo responsável deste sector da pastoral, Padre António Jorge.

Reuniram no Seminário de Viseu o padre responsável pelo Diaconado, os párocos dos aspirantes e o Bispo, D. António Luciano, para em conjunto refletirem sobre a importância da missão dos diáconos na Diocese, ouvindo as motivações e anseios de cada sacerdote, tendo ainda sido dadas orientações sobre todas as etapas do processo de admissão, que começa com um tempo de discernimento.

Foi ainda apresentado o projeto formativo do Ano Propedêutico para os aspirantes ao Diaconado Permanente, que contempla as dimensões humana, espiritual, intelectual, e pastoral.

Na sua intervenção inicial, o Bispo reforçou que “a Igreja precisa deste ministério ordenado para estar presente no mundo com os leigos”, olhando para as necessidades das paróquias, comunidades e serviços.

Apontou a liderança da Igreja como um trabalho e necessidade que deve “envolver todos os cristãos”. “Este é um projeto que começa agora, que queremos ajudar a crescer e que chegará ao tempo em que os irmãos propostos serão ordenados no ministério do diaconado”, referiu o Prelado.

D. António Luciano pediu ainda aos sacerdotes presentes que, em simultâneo, trabalhem também o projeto das vocações ao ministério presbiteral, laical e à vida consagrada, “porque sem vocação comprometida não há Igreja dinâmica”.

O Padre António Jorge reforçou a importância do Diaconado Permanente para um bom funcionamento da Diocese e da Igreja. “Tendo em conta as responsabilidades e atividades assumidas atualmente pelos sacerdotes nas suas comunidades, os presbíteros têm necessidade de ter pessoas competentes e formadas que possam viver o espírito do serviço”, enalteceu o Padre António Jorge, adiantando que “se uma Igreja diocesana não tem diáconos permanentes significa que a sua diaconia está mal partilhada”.

Atualmente existem na Diocese de Viseu 13 diáconos permanentes. A formação de um diácono permanente é um processo sério e estruturado, que envolve preparação teológica, espiritual, pastoral e humana. É voltada para homens (casados ou celibatários) que se sentem chamados a servir a Igreja por meio do ministério diaconal. É um processo que envolve várias etapas, ficando concluído com a formação teológica-pastoral, que tem a duração de três anos.

Foto:DR

Município de Fornos de Algodres recebeu Prémio “Autarquia do Ano” – Grupo Mosqueteiros e Jornal ECO

Projeto “Resíduos Orgânicos com Valor” (recolha porta-a-porta de resíduos)

Teve lugar a entrega do Prémio “Autarquia do Ano” – organizado pelo Grupo Mosqueteiros e Jornal ECO , com o Município de Fornos de Algodres a ser distinguido pelo projeto “Resíduos Orgânicos com Valor” (recolha porta-a-porta de resíduos).
Na entrega deste prémio, esteve Bruno Costa (Chefe de Gabinete do Executivo) e referiu que :”Este prémio é dos Fornenses, que são um exemplo ao nível da consciencialização e boas práticas ambientais.
Mas não é um ponto de chegada, antes um ponto de partida que nos incentiva a fazer ainda mais e melhor. É por isso que temos como meta, no próximo mandato, alargar o projeto a todas as freguesias do concelho”.

Fotos:BC

Novos Cónegos na Diocese da Guarda

O Bispo da Guarda, D. José Pereira, publicou nesta terça-feira, dia 23 de setembro de 2025 um decreto de nomeações pastorais, com especial incidência no Colégio de Consultores e no Cabido da Sé Catedral.
No documento, o Prelado sublinha a importância deste órgão colegial, que coopera com o Bispo diocesano na missão de santificar e ensinar, promovendo também a formação litúrgica e teológica a partir da Catedral.
O Cabido da Sé é chamado a desempenhar um papel significativo no diálogo entre fé e cultura e no anúncio do Evangelho da Esperança à sociedade.
Por seu turno, o Colégio de Consultores, que coincide na Diocese da Guarda com o Cabido da Sé, é um importante órgão de colegialidade e comunhão com o Bispo na condução da ação pastoral.
Após o pedido de jubilação, por idade e saúde, do Rev.do Cónego Abel António Albino, o Colégio de Consultores encontrava-se em risco de não reunir o número mínimo de membros necessário para deliberar. Deste modo, tornava-se necessário regularizar a situação, garantindo a continuidade e vitalidade destes órgãos.
Assim, depois de consultado o Cabido, o Bispo da Guarda nomeou como Cónegos e membros do Colégio de Consultores: Pe. Francisco Pereira Barbeira, Pe. Henrique Manuel Rodrigues dos Santos e Pe. Joaquim Cardoso Pinheiro.
Com estas nomeações, D. José Miguel Barata Pereira reforça o dinamismo pastoral e a missão do Cabido e do Colégio de Consultores, sublinhando que este serviço não deve ser entendido como uma posição de privilégio, mas como uma verdadeira missão ao serviço da Diocese

Avisos e Liturgia do XXV Domingo do TEMPO COMUM – ano C

  1. a)       De vez em quando, aparecem vozes nos meios de comunicação social que falam das crenças das pessoas e como elas são vividas. Habitualmente, fala-se disto, valorizando a liberdade: cada um tem o direito de acreditar no que quiser, quer ao nível do pensamento, quer ao nível das crenças religiosas. Muitas vezes acontece que a expressão do pensamento ou das crenças religiosas fica no âmbito pessoal, porque não se adequa ou encaixa na expressão social. Esta maneira de pensar traz uma dificuldade: considerar a fé somente numa dimensão pessoal e social e que facilmente se enquadra num âmbito privado e com fronteiras delimitadas. Esta visão não é compatível com a nossa fé, porque, se é autêntica, queremos vivê-la em toda a sua plenitude, toca o mais profundo de cada pessoa e da sociedade, ou seja, todas as dimensões da vida da pessoa e da sociedade. A proposta do Evangelho é global e destina-se a todos. A liturgia deste domingo põe sobre a mesa o tema do dinheiro que tem uma dimensão social muito grande. Por exemplo, muitas notícias começam ou terminam tendo em conta o dinheiro já gasto ou a gastar, ou seja, é uma realidade complexa que tem evidentes repercussões pessoais e sociais. Ajudar os cristãos a reflectir e a ser conscientes de todas as dimensões da existência – tanto sociais como pessoais – e a importância que a fé tem nas mesmas, é uma tarefa muito importante e necessária neste contexto complexo actual.

  1. b)       A nossa vida está cheia de oportunidades e de opções em busca da plena realização e da felicidade. A dificuldade reside é saber optar bem, para além das simples aparências e das felicidades passageiras. A nossa sociedade não é muito diferente da do tempo de Jesus. Por isso, continuam a ser actuais e importantes as palavras de Jesus: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. A opção pela fé continua a ser um mistério: um mistério que nasce da relação entre a graça divina e a nossa livre vontade e decisão. A fé é uma oferta que recebemos continuamente de Deus: não provém das nossas prestações, nem das nossas capacidades, nem dos nossos méritos. Mas pede a colaboração e a resposta de cada um de nós, fruto de saber descobrir onde está realmente a verdadeira felicidade e optar por ela. Podemos ajudar, preparando o nosso coração e desbravando o terreno. Podemos trabalhar a terra para que possa acolher e fazer germinar a semente. Podemos zelar para que haja um “clima” favorável, com humidade e iluminação necessárias. Podemos estar atentos para desmascarar as subtis manobras de outras “divindades” que nos deslumbram com as suas propostas de “felicidade”.

Mas, o melhor caminho, aquele que foi decisivo para a vida de cada um, é conhecer um testemunho concreto, alguém que fala, que anuncia, que vive a fé com normalidade na sua vida, alguém que soube escolher e que conseguiu que a fé inundasse toda a sua vida, não cedendo à atracção do consumismo, do poder, da fama, das riquezas ou das realidades mundanas. Estes testemunhos vivos falam-nos da “verdade” da fé no Deus de Jesus Cristo, da “verdade” da sua proposta de vida e de felicidade.

21-09-2025

Jubileu2025_panfleto-Dão

paroquiasagb

Leitura Espiritual

Concede-me a graça de ser digno do teu louvor!

Graças à tua natureza criadora,

foi construída uma casa para o ser pensante;

e o primeiro homem foi nomeado administrador

da casa deste mundo.

Os seus descendentes que vieram à existência

recebem de Ti várias funções de administração:

uns para gloriosas obras corporais,

outros para distribuir bens espirituais. […]

Colocaste ainda, como administrador fiel

do corpo e da alma, o espírito incorpóreo,

para dar a cada um aquilo de que precisa

com solicitude e de acordo com a sua posição:

alimentando a alma com a Palavra,

cuidando do corpo com sobriedade;

desempenhando entre os dois o papel de árbitro,

ele mantém a rectidão das respectivas posições.

O corpo deve ser tido como servo

seguindo a tua ordem na criação,

e a alma como princesa soberana,

seguindo a imagem do teu Arquétipo.

Eu, porém, infiel a ambos,

à minha alma e à dos outros,

tornei-me semelhante ao administrador infiel,

que é o tipo da minha cobardia.

É que, no final da minha vida neste mundo,

nem posso fazer o bem,

nem mendigar àqueles que o possuem:

tenho vergonha, porque não me darão nada.

(São Narsés Snorhali (1102-1173), patriarca arménio, Segunda Parte, § 605-623; SC 203).

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

Avisos

De 21 a 28 de setembro

 

Guarda – Livro “A Capela de Música da Sé da Guarda (Séc. XVI – Séc. XIX). Algumas Obras (Séc. XVIII)” apresentado

Foi apresentado, nesta quinta-feira, no espaço ExpoEcclesia, o livro “A Capela de Música da Sé da Guarda (Séc. XVI – Séc. XIX). Algumas Obras (Séc. XVIII)”  do padre José Joaquim Pinto Geada. A obra, com edição da Câmara Municipal e do Museu da Guarda, é resultado de um longo trabalho de pesquisa, de recolha e leituras sobre a música sacra composta na Sé da Guarda, desde o séc. XVI até ao século XIX.

Marcaram presença, o bispo da Guarda, D.José Miguel Pereira, o presidente da Assembleia Municipal , José Relva e o Presidente da Câmara, Sérgio Costa.

José Joaquim Pinto Geada nasceu a 24 de agosto de 1937, na Orca, concelho do Fundão, e foi ordenado sacerdote, a 9 de março de 1963, por D. Policarpo da Costa Vaz.

O sacerdote tem publicadas as obras: “Concelho do Fundão, além-Gardunha”; “Santa Maria das Avelãs”; “P. Joaquim Dias Parente e a sua obra musical”. Coordenou o livro “Na presença dos Anjos Vos louvarei, Senhor!”, que reúne a obra musical do irmão, padre Manuel Geada Pinto.

O padre José Joaquim Pinto Geada, presentemente, é pároco de Alvendre, Avelãs de Ambom, Rocamondo, Sobral da Serra e Vila Franca do Deão (Guarda).

Para além da composição, ensino musical e direção coral, o sacerdote da Diocese da Guarda tem-se dedicado, no domínio da investigação, à história musical da Catedral egitaniense e à recuperação das obras de José Maurício e João José Baldi, mestres-capela da Sé da Guarda.

Fonte:MG e Ecclesia

Avisos e Liturgia do XXIII Domingo do TEMPO COMUM – ano C

 

a)       Os discípulos de Jesus já se tinham apercebido e também expressado este sentimento comum: “estas palavras são demasiado duras”. Jesus anuncia a Boa Nova, através de palavras e de gestos, com uma firmeza e uma exigência que, por vezes, nos assusta e que nos faz procurar esclarecimentos ou interpretações, ou seja, procurar “desculpas” para adaptar a mensagem evangélica à nossa vida. Porventura não teremos medo de ajudar os outros a encontrarem-se com Deus? É evidente que já caminhámos muito no contacto directo, no conhecimento pessoal e vivencial com a Palavra de Deus, apesar de ainda estar muito por fazer. O cardeal Danneels disse esta frase: “Poucas pessoas entram em contacto com a verdade do Evangelho. Os canais de comunicação estão saturados de informações vazias, de pequenas novidades mesquinhas e escandalosas. Tudo isto procura penetrar na pessoa, apostando na curiosidade e no interesse pessoal. São raros os convites à reflexão e à meditação. Raramente se tem a oportunidade de compreender o Evangelho na sua pureza e na sua verdade”. É importante não ter medo de enfrentar a Palavra de Deus.

 

b)       Tantas vezes o evangelho não chega a muitos membros da nossa sociedade e das nossas comunidades paroquiais, ou chega sob a forma de “obrigações e de proibições” morais, ou sob a forma de afirmações dogmáticas rígidas, ou influenciado por determinadas páginas “negras” e de crise da História da Igreja. Perante isto, Danneels interroga-se: “Quem ainda pode escutar? Nestas condições, quem ainda tem acesso à Boa Nova? A casca ainda estará tão dura que não se consegue chegar ao fruto?”. A leitura da Palavra de Deus é um elemento central da nossa celebração, é a primeira das “mesas” da Eucaristia. Procurar que a sua leitura pública seja bem feita – leitores bem preparados, preparação remota e próxima daquele que irá ler, atenção ao género literário da citação, boa qualidade sonora – é um elemento central para uma vida cristã que responda verdadeiramente à proposta de Jesus. É importante velar pela formação bíblica de todos os membros da comunidade cristã, animá-los e dar-lhes subsídios para sua formação contínua. Uma formação bíblica tem que abranger todos os cristãos, desde os que têm alguma responsabilidade pastoral até àquele que aparece em algumas celebrações. Esta formação tem de encontrar na nossa celebração litúrgica uma primeira e simples expressão, mas terá que ter uma linha de continuidade.

 

c)       S. Francisco de Assis afirmava: “Evangelium sine glossa”. É algo que hoje temos de fazer: o evangelho no seu estado puro, sem demasiadas notas de rodapé, sem demasiados comentários que acrescentam sempre um “mas” ao que de radical tem o texto: “Se alguém vem ter comigo, e não Me preferir ao pai, à mãe…Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo”. Sim, mas… Quantos ainda não deram a sua resposta de fé, porque nunca entraram em contacto directo com a mensagem original, sem filtros. Cada celebração é um momento para ajudar a “mergulhar” na originalidade da mensagem do evangelho.

 

07-09-2025

paroquiasagb

Leitura Espiritual

Oferecer a Deus o nosso verdadeiro tesouro

 

Muitos dos que, para seguirem a Cristo, desprezaram fortunas consideráveis, enormes quantias de ouro e de prata e propriedades magníficas, mais tarde deixaram-se apegar a um raspador, a um estilete, a uma agulha, a um junco de escrita. […] Depois de terem distribuído todas as suas riquezas por amor a Cristo, recuperaram a anterior paixão e aplicaram-na a futilidades, sendo capazes de se deixar levar pela cólera para as manter. Não tendo a caridade de que fala São Paulo, a sua vida foi tocada pela esterilidade. O bem-aventurado apóstolo previu essa infelicidade: «Ainda que eu distribua todos os meus bens pelos pobres e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, de nada me aproveita», dizia (1Cor 13,3). Prova evidente de que não atingimos de imediato a perfeição pela simples renúncia a todas as riquezas e pelo desprezo de todas as honras, se a isso não juntarmos a caridade cujas características o apóstolo descreve.

Ora, esta caridade apenas se encontra na pureza do coração. Porque rejeitar a inveja, a arrogância, a ira e a frivolidade, não procurar o próprio interesse, não se alegrar com a injustiça, não guardar ressentimento e tudo o resto (cf 1Cor 13,4-5), que é tudo isso se não oferecer continuamente a Deus um coração perfeito e puro, e mantê-lo livre das moções das paixões? Assim, a pureza do coração deve ser o fim último das nossas acções e dos nossos desejos. (São João Cassiano (c. 360-435), fundador de mosteiro em Marselha, Conferências, I, 6-7).

 

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

De 07 a 14 de setembro

Avisos e Liturgia do XXII Domingo do TEMPO COMUM – ano C

O ELOGIO DA PEQUENEZ

No evangelho deste Domingo, encontramos a imagem do banquete nupcial, que foi utilizada muitas vezes por Jesus. Uma imagem que nos recorda a comunhão, a alegria de estar juntos. Portanto, esta imagem recorda-nos que todos fomos convidados para estas núpcias, porque Deus assim o quis, porque pensou em todos, porque quer partilhar a sua alegria connosco. Um banquete de casamento também nos faz recordar que a alegria provém da doação, da entrega mútua de dois esposos. Na vida de casal, quem vive procurando a sua própria felicidade pessoal, dificilmente a encontrará, porque a natureza do casamento é outra. No casal, a felicidade não é pessoal e egoísta, mas mútua e doada. É assim também no Reino de Deus. Não devemos procurar os primeiros lugares, nem ter uma atitude narcisista perante a vida. A grandeza que temos de desejar é a grandeza do coração. Por isso, a primeira leitura diz-nos que quanto “mais importante fores, mais deves humilhar-te, e encontrarás graça diante do Senhor”. Deus, imensamente rico em amor e na capacidade de se doar, rebaixou-se até ao extremo, em Jesus Cristo. A cruz de Cristo recorda-nos sempre a grandeza do seu amor por todos nós. Todos conhecemos exemplos da humilde grandeza que, por serem tão rotineiros, não lhe damos a importância devida: os pais que cuidam dos seus filhos, os nossos amigos que nunca nos deixam de apoiar e de estar presentes, os que se dedicam aos mais necessitados, sacrificando, por vezes, o pouco tempo que já têm para si; podíamos dar muitos mais exemplos. A alegria e a satisfação que estas pessoas experimentam no coração, sentindo que nesta entrega recebem mais do que dão, acontece, porque participam na maneira de ser e de agir de Deus, da sua inesgotável riqueza. Com o amor oferecido gratuitamente, quanto mais se dá, mais se tem. No evangelho, Jesus diz-nos para convidarmos aqueles que não podem dar nada em troca. Recebemos muito em troca, mas de outra maneira, como pode constatar que já esteve perto dos que sofrem e lhes prestou atenção. Necessitamos de ter um coração compassivo, que privilegie os outros. Se tal não acontecer, podemos viver confortavelmente, mas sentimo-nos vazios, como mortos por dentro. Quanto mais queremos ser e ter, mais pequeno fica o nosso coração, porque deixamos menos espaço a tudo o que é entrega e generosidade. Infelizmente, a sociedade actual não envereda muito por aqui: há a preocupação de cultivar uma imagem, a procura da popularidade; tudo leva a uma forma de ser em que a humildade e a entrega são desconhecidas e pouco apreciadas. Nesta sociedade, temos de procurar e promover encontros de qualidade, cultivar relações humanas enriquecedoras, profundas; aproximarmo-nos dos que sofrem e evitar deslumbramentos das miragens da fama e do bem-estar. Jesus convida-nos a sentarmo-nos no lugar mais humilde, tal como Ele fez. Ali descobriremos o que significa ser o primeiro no Reino de Deus: viver para amar, ter um coração livre que permita ser sem necessidade de máscaras, nem de imagens pré-fabricadas. É chegar à essência do que somos, sentindo-nos amados, sem necessidade de escalar posições sociais nem reconhecimentos do mundo e dedicarmo-nos àquilo que viemos fazer nesta vida: partilhar a plenitude que já nos foi dada e já nos pertence.

31-08-2025

paroquiasagb

Leitura Espiritual

«O banquete está pronto, tudo está preparado: vinde às bodas» (Mt 22,4)

O Senhor tinha sido convidado para umas bodas. Ao observar os convivas, reparou que todos escolhiam os primeiros lugares, desejando sentar-se adiante de todos os outros e passar à frente de todos. Então, contou-lhes uma parábola (Lc 14,16ss), que, mesmo tomada no seu sentido literal, é muito útil e necessária a quantos gostam de usufruir da consideração dos outros e têm receio de ser rebaixados. Como esta história é uma parábola, possui um significado que ultrapassa o seu sentido literal. Estas bodas realizam-se diariamente na Igreja. Todos os dias o Senhor celebra bodas, todos os dias Se une às almas fiéis por ocasião do seu baptismo ou da sua passagem deste mundo para o Reino dos Céus. E nós, que recebemos a fé em Jesus Cristo e o selo do baptismo, somos convidados para estas bodas, onde foi posta uma mesa sobre a qual diz a Escritura: «Preparais-me um banquete à vista dos meus adversários» (Sl 22,5). Aí, encontramos os pães da oferenda, o vitelo gordo e o Cordeiro que tira os pecados do mundo (cf Ex 25,30; Lc 15,23; Jo 1,29); são-nos oferecidos o pão que desceu do Céu e o cálice da Nova Aliança (cf Jo 6,51; 1Cor 11,25); são-nos apresentados os evangelhos e as epístolas dos apóstolos, os livros de Moisés e dos profetas, quais alimentos extremamente deliciosos. Que mais poderíamos desejar? Porque havemos de escolher os primeiros lugares? Seja qual for o lugar que ocupemos, temos tudo em abundância e nada nos faltará. (São Bruno de Segni (c. 1045-1123), bispo, Comentário ao Evangelho de Lucas, 2, 14; PL 165, 406).

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

 

De 31 de agosto a 07 de setembro

Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

Avisos e Liturgia do XX Domingo do TEMPO COMUM – ano C

  1. a)       Não há alternativa. Ou acolhemos a Palavra de Deus e, por ela, o Deus da Palavra – fogo que queima, julga, purifica, salva – ou nos gastaremos na busca incessante de seguranças para a vida, que resultarão sempre limitadas, inconsequentes, falhadas. A mensagem da Palavra de Deus deste Domingo é, por si mesma, desconcertante. Esperaríamos do Deus da Palavra “paz”, “segurança”, “felicidade”. Mas ela diz-nos que se “apoderaram de Jeremias e meteram-no dentro de uma cisterna”. Que Jesus sofreu, da parte dos pecadores, uma total oposição à Sua pessoa: “Eu vim estabelecer a desavença… “. É a Palavra de Deus convertida em palavra de contradição, de julgamento.

  1. b)       Na primeira leitura, o profeta Jeremias é o protótipo acabado do mártir pela Palavra de Deus, que será “figura” de Jesus, na missão e no martírio, pela Palavra e pelo Reino. No ano 588, Nabucodonosor, rei de Babilónia, à frente do seu exército, avança para Ocidente e domina os vários pequenos estados em rebelião contra o Império. Depois, segue para Sul e cerca a cidade de Jerusalém. A Babilónia é o grande poder político e militar do tempo. Contra ele nada pode o pequeno Reino de Judá. É, então, que entra em cena o profeta Jeremias. Preocupado com a sorte do povo, insta com as autoridades de Jerusalém para que dialoguem com o rei babilónico e negoceiem com ele a paz. Mas o poder político de Jerusalém está sobretudo voltado para o Egipto. De facto, o Faraó Hofra entra em acção e, para melhor enfrentar o exército egípcio, a tropa babilónica levanta o cerco de Jerusalém. Parece evidente a vitória da classe política judaica e a derrota do profeta. Contudo, o profeta vê mais longe e intui que tentar resistir ao poderio babilónico significará, a breve prazo, a destruição da cidade e o suicídio colectivo da nação. Assim o pensa e assim o proclama, alto e bom som, a todo o povo que o quer escutar. Torna-se uma voz incómoda, desestabilizadora. É preciso eliminá-lo. Apoderam-se dele e metem-no dentro de uma cisterna. Mas a intervenção amiga de um estrangeiro salva-lhe a vida. Como homem ao serviço da Palavra de Deus, ganhará novo alento para, com coragem renovada, continuar a pregar os desígnios do Senhor.

  1. c)       No evangelho, S. Lucas mostra-nos como Jesus assume, claramente, o mesmo caminho do Profeta. Sendo a “Palavra incarnada” do Pai, Ele vive-a, proclama-a e dá-lhe dimensões insuspeitadas. Este evangelho de hoje faz parte de uma composição mais vasta em que São Lucas agrupa o ensinamento de Jesus quanto ao modo como os discípulos e a própria comunidade se devem comportar em relação ao mundo. Na primeira sentença – “Eu vim lançar o fogo sobre a terra e só quero que ele se tenha ateado” – a forma utilizada sugere que o fogo deverá ser ateado no futuro. A palavra “fogo”, entre outros matizes, poderá expressar, aqui, o estado de tensão e de guerra contra o mal, que Jesus vem eliminar. Neste sentido, assume a significação profética de “juízo” e “julgamento” de Deus que purifica os eleitos e extermina os ímpios. Jesus anunciaria, assim, a realização escatológica de um Povo purificado e santo. O “fogo” será o instrumento de formação e purificação da comunidade dos discípulos de Jesus. E porque não ver nele também o “fogo” do Pentecostes, o “fogo” do Espírito, que é dom do Ressuscitado à Sua Igreja, e a antecipação dos últimos dias?

  1. d)       Seja como for, o próprio Jesus está implicado neste combate, que é de luta e tensão dentro do Reino, pois Ele mesmo declara que tem um “baptismo” para receber, e este baptismo, de acordo com Mc 10, 38, é claramente um baptismo de sofrimento, de paixão e de morte. “Pensais que Eu vim estabelecer a paz na terra? Pois Eu digo-vos que não: O que Eu vim estabelecer foi a desavença”. Mas não era a paz um dos temas mais decantados e ardentemente esperados pelo povo judeu, para os tempos messiânicos? Não cantam os Anjos essa paz no nascimento de Jesus em Belém? Jesus vem, efectivamente, trazer a “paz messiânica” prometida e cantada pelos profetas. Mas a paz messiânica exige a decisão pessoal de fé. E tal decisão acarreta consigo crises, riscos, rupturas, desavenças. São Mateus substitui a palavra “desavença” pela palavra “espada”. Exprimem ambas a mesma realidade: a cisão provocada pelo próprio Evangelho. As “desavenças” familiares descritas em S. Lucas e em S. Mateus são uma citação de Miqueias referida expressamente ao fim dos tempos, aos tempos da decisão. Aliás, os elementos aduzidos não serão mais do que um pequeno retracto do que estaria já a acontecer em muitas famílias de Jerusalém, por causa dos que aderiam, de alma e coração, à mensagem de Jesus. Dito de outra maneira: Quem acolhe e aceita o Evangelho de Jesus Cristo começa a experimentar, dentro de si mesmo, a guerra e a divisão. É que não se pode aceitar, com a mesma naturalidade, o bem e o mal, a verdade e a mentira, a justiça e a opressão. A imagem de um cristianismo fácil, contemporizador com todos os valores do mundo, tem de dar lugar a um cristianismo adulto, feito de decisões de Fé, marcado por atitudes assumidas, à luz do Evangelho. É neste sentido que a Palavra de Deus introduz a crise no mais íntimo do homem, porque contesta os valores da ordem estabelecida e exige uma decisão por Cristo ou contra Cristo. O homem actual é um homem de opções adiadas. Inserido num mundo de mediocridade e consumismo, treme perante as opções fundamentais da vida e da sua própria fé. Pretende, simultaneamente, dizer “sim” e “não” à sua vocação transcendental. Tem medo do risco. Ora o Evangelho é risco, que projecta o crente para a aventura sedutora de um futuro eterno e feliz em Deus.

  1. e)       Não será esta, precisamente, a mensagem da segunda leitura? Depois de enumerar uma “nuvem” de testemunhas “ a atestar-nos as grandezas da fé”, a Carta aos Hebreus apresenta-nos Cristo como modelo supremo da nossa “corrida” para a perfeição. Com Ele, “guia da nossa fé” e sinal de contradição para o mundo, também nós atingiremos a meta final.

17-08-2025

paroquiasagb

Leitura Espiritual

«Eu vim trazer o fogo à Terra e que quero Eu senão que ele se acenda?»

Nosso Senhor Jesus Cristo vive neste mundo nas almas, crescendo nelas segundo as operações da sua graça, como fazia na sua infância, conversando com sua Mãe; e prossegue a sua vida interior em nós quando somos exclusivamente dele. Aquilo que começou em Si mesmo, prossegue-o na sua Igreja, de modo que a vida divina que lhe comunica, e que tão gloriosa é para Deus seu Pai, não terá fim na eternidade. Ele deseja que toda a Terra esteja cheia de fogo, pois enviou-o cá para baixo com o único fim de que esse fogo devore o mundo […].

Não há nada melhor, nem que dê mais descanso e consolo à alma, do que ser arrebatada para fora de si mesma por Jesus Cristo e pelo seu Espírito divino, que, para tal, não precisa do carro de fogo de Elias (cf 2Rs 2,11), pois nos eleva da Terra ao Céu pelo seu próprio poder, e do fundo de nós mesmos nos transporta para o seio de Deus. E eu seria infiel a Jesus se não pressionasse incessantemente a vossa alma, a fim de impedir que ela descanse, um momento que seja, voltada para si mesma. (Jean-Jacques Olier (1608-1657), fundador dos padres de São Sulpício, Leituras espirituais, 44).

http://www.liturgia.diocesedeviseu.pt/

Avisos Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

De 17 a 24 de Agosto