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Religião

Avisos e Liturgia da Celebração do Tempo do NATAL – ano A

A FAMÍLIA ENTRA NOS PLANOS DE DEUS

 No plano que Deus tem para a vinda do seu Filho ao mundo, São José tem um papel fundamental. Ele é, socialmente, o representante legal da família de Nazaré e com a sua paternidade, se assim se pode chamar, ele dá validade legal à entrada do Filho de Deus no mundo, porque, no seu tempo, a mulher dependia do homem. Mas seria um erro ficarmos na funcionalidade da figura de José. Sendo, neste sentido, a sua presença necessária, o plano de Deus contempla acima de tudo a presença de um pai e de uma mãe. Jesus assume a condição humana em tudo, menos o pecado e, portanto, também assume a dimensão familiar. Neste dia, celebramos a Sagrada Família, a família de Jesus, a família formada pelo casamento de Maria e de José com Jesus. Nesta família, que tem Jesus no centro, temos o modelo que Deus oferece para cada família cristã. Toda a vida de Jesus, palavras e acções, comunicam-nos o que Deus quer partilhar connosco. Além disso, a presença de Jesus na família de Nazaré é reveladora da mensagem de Deus, ou seja, que a família entra nos planos de Deus e que faz parte do desígnio de cada um poder contar com uma família. Um homem e uma mulher que, a partir do seu compromisso de amor, estão abertos à vida e criam um espaço que se preocupa com a vida nascente. Na família, não só se têm de partilhar as despesas e viver sob o mesmo tecto, mas colaborar para um enriquecimento mútuo. Na família todos interagem de tal forma que todos possam crescer. Assim, o marido faz a mulher crescer e vice-versa, os pais ajudam os filhos a crescer e estes fazem com que os pais cresçam na paternidade e maternidade. Na Oração Colecta desta Festa, a oração inicial da Missa, rezamos assim: “Senhor, Pai santo, que na Sagrada Família nos destes um modelo de vida, concedei que, imitando as suas virtudes familiares e o seu espírito de caridade, possamos um dia reunir-nos na vossa casa para gozarmos as alegrias eternas”. Nesta oração é dito que o modelo da Sagrada Família se torna visível nas suas virtudes: virtudes domésticas, virtudes de casa. Isto significa que, na vida familiar, enriquecer-se uns aos outros significa aprender com a excelência dos outros, a partir das virtudes dos outros membros do núcleo familiar. No Evangelho, olhamos para uma virtude concreta, a obediência de José. O anjo diz-lhe: “Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e foge para o Egipto e fica lá até que eu te diga, pois Herodes vai procurar o Menino para O matar”. E depois receberá uma nova informação: “Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e vai para a terra de Israel”. Certamente que José ia pensando em cada momento o que devia fazer porque as comunicações angélicas não eram contínuas. Mas sempre que o anjo lhe aparece num sonho, muda-lhe os seus planos. A disponibilidade de José para a vontade de Deus é total. Ele colocou toda a sua vida ao serviço da missão que Deus lhe confiou: cuidar de Jesus e de Maria. Sabe que, ao cuidar deles, está a servir a Deus e a obedecer à Sua vontade. E é nesse sentido que quer ser fiel à vocação recebida e por isso quer obedecer à vontade de Deus. José não oferece resistência, sempre disponível a refazer os seus planos. Para os nossos dias, não é novidade afirmar que a obediência não é muito apreciada. Na opinião pública, aparece como o oposto à autenticidade, à liberdade, à maturidade… E, por outro lado, a desobediência apresenta-se como um valor do nosso tempo. No entanto, Jesus revela-nos que a obediência é libertadora e, portanto, devemos vivê-la como uma virtude. A obediência à Palavra de Deus liberta-nos das tendências passageiras, das maiorias que dominam, do capricho do nosso próprio ego, e encaminham-nos à verdade e à bondade. Por isso, Jesus anuncia-nos que a verdade nos libertará. Somos livres porque obedecemos à vontade de Deus, pois sem esta obediência seríamos escravos. E, ao mesmo tempo, obedecemos porque somos livres, porque na nossa liberdade escolhemos obedecer. Somos livres porque obedecemos e obedecemos porque somos livres. Na Sagrada Família todos obedecem. Desde o início, Maria afirma: “Faça-se em mim, segundo a vossa palavra” e declara-se como a “escrava do Senhor”. E Jesus, como diz a Escritura, foi obediente até à morte na cruz. Uma obediência amorosa ao Pai do céu, sob a forma de confiança, que aprendeu desde o primeiro momento na casa de Maria e José.

 

28-12-2025

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Leitura Espiritual

O caminhar da família

 

No caminho de Abraão para a cidade futura, a Carta aos Hebreus alude à bênção que se transmite dos pais aos filhos (cf. 11,20-21). O primeiro âmbito da cidade dos homens iluminado pela fé é a família; penso, antes de mais nada, na união estável do homem e da mulher no matrimónio. Tal união nasce do seu amor, sinal e presença do amor de Deus, nasce do reconhecimento e da aceitação do bem que é a diferença sexual, em virtude da qual os cônjuges se podem unir numa só carne (cf. Gn 2,24) e são capazes de gerar uma nova vida, manifestação da bondade do Criador, da sua sabedoria e do seu desígnio de amor. Fundados sobre este amor, homem e mulher podem prometer-se amor mútuo com um gesto que compromete a vida inteira e que lembra muitos traços da fé: prometer um amor que dure para sempre é possível quando se descobre um desígnio maior que os próprios projectos, que nos sustenta e permite doar o futuro inteiro à pessoa amada. Depois, a fé pode ajudar a distinguir em toda a sua profundidade e riqueza a geração dos filhos, porque faz reconhecer nela o amor criador que nos dá e nos entrega o mistério de uma nova pessoa; foi assim que Sara, pela sua fé, se tornou mãe, apoiando-se na fidelidade de Deus à sua promessa (cf. Hb 11,11). Em família, a fé acompanha todas as idades da vida, a começar pela infância: as crianças aprendem a confiar no amor de seus pais. Por isso, é importante que os pais cultivem práticas de fé comuns na família, que acompanhem o amadurecimento da fé dos filhos. Sobretudo os jovens, que atravessam uma idade da vida tão complexa, rica e importante para a fé, devem sentir a proximidade e a atenção da família e da comunidade eclesial no seu caminho de crescimento da fé. (Papa Francisco, Encíclica «Lumen fidei / Luz da fé», 52-53).

 

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De 28 de dezembro de 2025 a 04 de janeiro de 2026

Mensagem de Natal de D. António Luciano- Bispo de Viseu

No presépio resplandece o verdadeiro sentido do Natal

O Natal é o encontro de Deus com o Homem, através do nascimento do seu Filho, que Ele ofereceu à humanidade. Jesus é o nosso Salvador, aquele que vem trazer a vida nova ao mundo, cheia de luz, de esperança e de paz.

Inspirados pela simplicidade do presépio e pela boa nova do Evangelho, percebemos que a verdadeira felicidade brota de uma vida com gestos fraternos e relações humanas construtivas e cheias de amor.

Num tempo marcado por sombras, incertezas, desafios, conflitos sociais e guerras, o presépio é o grande sinal da esperança cristã, pois é dele que resplandece a verdadeira luz e sentido do Natal.

Este tempo litúrgico, tão importante para os cristãos, recorda-nos que nunca caminhamos sozinhos, pois Deus está sempre connosco, faz-se próximo de cada um de nós, ampara-nos e auxilia-nos em cada momento da peregrinação.

Por mais azáfama que exista nestes dias que antecedem o Natal, peço-vos que tirem um tempo para parar, refletir, interiorizar, orar e contemplar a Sagrada Família. Só assim acontece o nascimento de Jesus no nosso coração.

Cada um de nós deve interrogar-se, interiormente, se vive a verdadeira presença de Jesus nas obras que pratica.

O Menino Jesus deve ser a figura de destaque no presépio construído em cada lar. Por isso, é importante dar a conhecer aos mais novos o presépio, para que eles saibam que existe um Deus que é Pai, que nos protege, e uma Mãe que nos acolhe, mesmo nas noites frias de Belém.

Não esqueçamos aqueles que, nas periferias existenciais, experimentam, nesta época, de uma forma mais profunda, o abandono, a exclusão, a solidão e a doença. A festa do Natal tem consigo a grande verdade do Deus que se fez Homem no meio de nós e que está sempre connosco. Por isso o chamamos de Emanuel.

Que a celebração do Natal desperte, em cada um de nós, o amor a Deus e ao próximo, a esperança que nasce da fé e que não desilude, cure as nossas feridas e abra um caminho novo para uma humanidade que espera respostas igualitárias e justas.

Que a luz, que nos vem do nascimento de Jesus, ilumine o nosso mundo, enchendo-o de ações de paz e esperança, principalmente junto dos que sofrem com a guerra e a violência. Não esqueçamos que o tempo que vivemos é por excelência uma quadra festiva em que somos chamados a educar para a construção da verdadeira paz.

Convido-vos a participar no encerramento do Ano Jubilar da Esperança, no dia 28 de dezembro, dia da Festa da Sagrada Família, às 15h30, na Catedral de Viseu.

A todos os diocesanos e pessoas de boa vontade, votos de umas Santas Festas. Que o Menino Jesus encontre um lugar seguro e permanente nos vossos corações e vos conceda a bênção, a paz, a alegria e a esperança para o Ano Novo que se aproxima.

Viseu, 18 de dezembro de 2025

+D. António Luciano, Bispo de Viseu

Fonte:Diocese de viseu

Mensagem de Natal 2025 – Bispo D.José Pereira da Diocese da Guarda

O Senhor Bom! O Senhor está próximo!

Como acontece ciclicamente, nesta altura do ano estamos a viver a quadra natalícia. Sucedem-se as luzes de Natal, os jantares de Natal, os concertos de Natal; surgem as promoções comerciais de Natal, e as campanhas solidárias de Natal; multiplicam-se os encontros familiares, os votos de boas festas, os sentimentos de solidariedade, harmonia, justiça, paz e bem. E repetem-se os desejos, mesmo que pouco convictos, de que tudo isto se prolongasse por todo o ano porque, no dizer de muitos, “o Natal é quando o Homem quiser”.

Então, porque não saímos deste “eterno retorno” que parece manter o Natal confinado a esta fase final do ano e transição para o ano novo? Talvez porque nos tenhamos esquecido do que é o Natal, e da sua força transformadora e recriadora para o mundo.

Recordam-nos os que o viveram ou conviveram com os seus intervenientes: «o Verbo [n.d.r.: Deus] era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem. […] Veio para o que era seu, e os seus não O receberam. Mas àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós» (Jo 1, 9-14). Ler Mais »

Avisos e Liturgia do XXXIV Domingo do TEMPO COMUM – ano C

 

CRISTO REI

a)       Para as celebrações deste Domingo, é importante ter em consideração dois aspectos. Em primeiro lugar, a comunidade deve sentir que hoje termina o ano litúrgico, como se fosse o último dia de um curso académico. Os nossos encontros semanais não são exclusivamente celebrativos, mas também formativos. No decurso anual dos Domingos, a comunidade cristã faz como que um “curso de formação”, aprofundando a fé e a Pessoa de Jesus Cristo. Assim, seria interessante que na homilia fosse feito um brevíssimo resumo da caminhada realizada neste ano litúrgico, orientados pelo evangelista S. Lucas que nos apresentou alguns aspectos importantes da vida de Jesus: começaríamos pela encarnação do Filho de Deus, no Natal, preparado pelo Advento; lembraríamos a Quaresma que nos preparou para celebrar o mistério da Redenção na Paixão e Morte do Senhor; recordaríamos a alegria da Ressurreição e de todo o Tempo Pascal. O centro de toda a História da Salvação foi Jesus Cristo; por isso, hoje, O aclamamos como Cristo-Rei. Se na celebração deste Domingo há a preocupação de marcar o final do ano, isto permitir-nos-á no próximo Domingo dar o sentido da novidade: o início de um novo ano litúrgico com o Advento.

 

b)       Em segundo lugar, é importante fazer referência ao evangelho do Domingo passado. Se nessa leitura evangélica, Jesus anunciava a destruição do Templo de Jerusalém que era o único lugar de encontro do Povo de Israel com Deus, hoje sentimos que em Jesus podemos construir o novo lugar de encontro e de relação com Deus Pai e com os outros nossos irmãos. Jesus é o Novo Templo, Jesus é o centro. Jesus é o Cristo-Rei.

 

c)       No tempo de Jesus, a imagem do rei tinha muito significado, sobretudo para aqueles que, sob o domínio romano, recordavam o esplendor da monarquia de Israel com David ou Salomão (o construtor do Templo). Na História, a imagem do rei teve sempre uma conotação de governo e de domínio, mas hoje pode ficar um pouco diluída por ideologias e correntes políticas que podem confundir mais que esclarecer. Por isso, não é necessário acentuar demasiadamente o que Jesus diz no evangelho de S. João: “O meu reino não é deste mundo” (Jo 18, 36). Seguindo as recomendações de Jesus, não façamos demasiadas comparações abusando desta metáfora e procuremos mostrar com clareza a “novidade” que é a maneira de reinar de Jesus, ou seja, a partir da cruz, entre dois ladrões. Podemos, também, fazer uma descrição do Reino de Deus com as palavras do prefácio desta solenidade: “um reino eterno e universal: reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz”. O Reino de Deus não é idêntico às diversas formas de governar que encontramos neste mundo. Para a homilia, será mais esclarecedor realçar estas diferenças do que encontrar semelhanças. De facto, o que Jesus não quer é o domínio da humanidade e das nações, mas governar no interior do nosso coração e ser o centro de todas as comunidades. Hoje, como no passado, entre os ladrões que pendiam ao seu lado, Jesus oferece-nos o seu Reino-Paraíso. Não é uma oferta para amanhã ou para um futuro incerto, mas para o “hoje”.

 

d)       A primeira leitura do Livro de Samuel narra-nos como nos finais do século XI a. C. o rei David tinha reunido todas as tribos de Israel num só reino, dando origem a um tempo de grande esplendor. Esta é a visão terrestre e temporal que Jesus modifica totalmente com a oferta de um Reino de Deus que é a união de todo o mundo num universo de salvação. Assim, a casa do Senhor e a Jerusalém que cantamos no salmo 121 será o novo Reino de Deus que Jesus inaugurou e universalizou, do qual todos somos membros, sem qualquer distinção de raça, povos e nações. O hino de S. Paulo na carta aos Colossenses (2ª leitura) é também um reconhecimento deste “Reino da luz” que dissipa todas as trevas do pecado. Para S. Paulo, Jesus, o “Filho muito amado”, é muito mais que um rei de uma nação, é a “imagem” visível de um Deus que, até então, tinha permanecido “invisível”.

 

23-11-2025

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Leitura Espiritual

«Príncipe da paz» (Is 9,5)

 

Se os homens reconhecessem a autoridade real de Cristo na sua vida privada e pública, toda a sociedade seria cumulada de extraordinários benefícios: liberdade justa, ordem e tranquilidade, concórdia e paz. […] Se os príncipes e os governantes legitimamente eleitos estivessem convencidos de que governam muito menos em seu próprio nome do que em nome e no lugar do Rei divino, exerceriam a sua autoridade com toda a virtude e sabedoria possíveis. E que atenção não dariam, na elaboração e aplicação das leis, ao bem comum e à dignidade humana dos seus subordinados! […]

Então, os povos desfrutariam dos benefícios da concórdia e da paz. Quanto mais se estende um reino, quanto mais ele abarca a universalidade do género humano, mais os homens tomam consciência do vínculo mútuo que os une. Essa consciência preveniria e impediria a maioria dos conflitos; ou, pelo menos, suavizaria e atenuaria a sua violência. […] Porque havemos então de desesperar dessa paz que o Rei pacífico veio trazer à Terra? Ele veio reconciliar consigo todas as coisas (cf Col 1,20); «não veio para ser servido, mas para servir» (Mt 20,28); Senhor de todas as criaturas (cf Ef 1,10), deu exemplo de humildade e fez da humildade, unida ao preceito da caridade, a sua lei principal; e disse ainda: «O meu jugo é suave e a minha carga é leve» (Mt 11,30). [Pio XI (1857-1939), Papa, Encíclica Quas Prima, 1925, nn. 14-15].

 

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Avisos de 23 a 30 de novembro de 2025

Avisos e Liturgia do XXXIII Domingo do TEMPO COMUM – ano C

A VIDA ETERNA EXIGE A VIVÊNCIA DA POBREZA DE JESUS

 No Evangelho ouvimos um fragmento do discurso escatológico que Jesus proferiu junto às portas do templo de Jerusalém. A palavra “escatológico” convida-nos a olhar para o fim dos tempos. Depois disto, Jesus iniciará o seu caminho rumo à paixão. O evangelho diz-nos que alguns dos presentes comentavam as maravilhas e o esplendor do segundo templo que ainda estava a ser construído; a grandeza do templo de Jerusalém, que era o lugar da presença e do encontro dos fiéis com Deus. E Jesus profere uma frase surpreendente: “Dias virão em que, de tudo o que estais a ver, não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído”. Desta forma, Jesus faz referência à decadência de toda a grandeza aparente, mesmo que seja a causa do orgulho de um povo. Os profetas, como Malaquias, já o tinham mencionado: “Há-de vir o dia do Senhor, ardente como uma fornalha; e serão como a palha todos os soberbos e malfeitores. O dia que há-de vir os abrasará”; perante a santidade de Deus, todo o mal e toda a injustiça são aniquilados.

Além disso, há uma série de factos que nos recordam a fragilidade da condição humana, como são as guerras, a fome, as pandemias e todos os tipos de cataclismos. Pensemos nas alterações climáticas, que nos lembram não só a nossa fragilidade enquanto espécie, como também a nossa responsabilidade ecológica, a que o Papa Francisco dedicou a encíclica “Laudato si”. Temos de estar conscientes de que o futuro das próximas gerações depende de nós! O templo de Jerusalém, que na altura em que São Lucas escreveu o seu evangelho já tinha sido destruído pelos romanos, foi substituído por um novo templo incorruptível, que é o corpo do Jesus ressuscitado. A partir de agora, este será o lugar da presença e do encontro com Deus. Assim, todas as promessas ditas pelos profetas realizam-se, tendo como fundamento a confiança no Deus da Aliança, que é o salvador: “Mas para vós que temeis o meu nome, nascerá o sol de justiça, trazendo nos seus raios a salvação. É lógico que alguns dos primeiros cristãos pensassem que o fim dos tempos e a gloriosa vinda de Cristo não demorariam muito a chegar. São Paulo tentou esclarecer este mal-entendido que levou alguns membros da comunidade de Tessalónica a não trabalhar e a ter uma atitude de esperança passiva. Além disso, os primeiros cristãos já tinham sofrido conflitos e perseguições, a sua actividade missionária já tinha provocado a rejeição e a oposição daqueles que os viam como uma ameaça. É tão doloroso quando a traição procede da família e dos amigos! Como encarar esta situação com paz e serenidade? Jesus, no evangelho, propõe algumas atitudes: o discernimento perante os falsos profetas e salvadores, “Tende cuidado; não vos deixeis enganar”; ver as perseguições como uma ocasião para dar testemunho; confiar na ajuda de Cristo nestas situações: “Eu vos darei língua e sabedoria a que nenhum dos vossos adversários poderá resistir ou contradizer”. Finalmente, Jesus convida-nos a confiar na promessa de alcançar a vida eterna: “nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá. Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas”. Hoje, também devemos saber dar testemunho de Cristo na nossa sociedade e no mundo. E como dar testemunho, na perseverança, para alcançar a vida eterna? Como Jesus, sermos próximos, disponíveis e pobres para os outros. Há que reflectir sobre o modo de dar uma resposta adequada que traga alívio e paz a tantas pessoas, deixadas à mercê da incerteza e da instabilidade. Temos de crescer no sentido de comunidade e de comunhão, como um modo de vida.

Temos de ir mais além do comportamento assistencialista para com os pobres. A miséria é a pobreza que mata, é a filha da injustiça, da exploração, da violência e da redistribuição injusta dos recursos. Em contrapartida, temos uma pobreza que enriquece; é a que nos é oferecida por Jesus que nos liberta e nos faz felizes. Este é o paradoxo da vida da fé: a pobreza de Cristo torna-nos ricos. A riqueza de Jesus é o seu amor, que não se fecha a ninguém e vai ao encontro de todos, especialmente dos que são marginalizados e privados do que é necessário. Faremos parte dos “novos céus e da nova terra”, ou seja, da vida eterna, se a pobreza de Jesus Cristo for a nossa fiel companheira na vida.

 

16-11-2025

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Leitura Espiritual

«Tereis ocasião de dar testemunho»

 

Dou sem cessar graças ao meu Deus, que me guardou fiel no dia da minha tentação, de modo que hoje possa oferecer confiadamente a minha alma em oblação como «sacrifício vivo» (Rom 12,1) a Cristo meu Senhor, que me protegeu de todas as angústias. Por isso digo: quem sou eu, Senhor? Donde me vem esta sabedoria (cf. Mt 13,54), que não era minha, eu que nem o número dos meus dias conhecia e que ignorava a Deus? De onde me veio depois o tão grande e salutar dom de conhecer a Deus e de O amar, a ponto de deixar pátria e família, e de vir para junto dos pagãos da Irlanda pregar o Evangelho, para sofrer insultos por parte dos incrédulos, suportar muitas perseguições, «e até prisões» (2Tim 2,9), de forma a dar a minha liberdade pelo bem de outros? Se for digno disso, estou pronto para dar a minha própria vida sem hesitação; escolho consagrar a minha vida até à morte, se o Senhor mo permitir. Porque sou grandemente devedor de Deus, que me atribuiu esta grande graça de fazer, por meu intermédio, renascer em Deus numerosos povos, conduzindo-os depois à plenitude da fé. Permitiu-me também ordenar por toda parte ministros para este povo recentemente chegado à fé, este povo que o Senhor adquiriu nos confins da Terra, como tinha sido prometido pelos seus profetas (cf. Lc 1,70): «a ti virão os povos dos confins da Terra» (Is 49,6) e «estabeleci-te como luz das nações, para levares a salvação até aos confins da Terra» (Act 13,47). (São Patrício (c. 385-c. 461), monge missionário, bispo, Confissão, 34-38; SC 249).

 

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Avisos e Liturgia do XXX Domingo do TEMPO COMUM – ano C

DIANTE DE DEUS, APRESENTA-TE COMO ÉS E NÃO COMO APARENTAS

 No Domingo passado, na parábola do juiz injusto e da viúva persistente, Jesus ensinava a necessidade de rezar sem desanimar, sem nunca perder a esperança. No Evangelho deste Domingo, na parábola do fariseu e do publicano, Jesus recorda que a oração é a expressão do que temos dentro de nós, e que devemos estar constantemente atentos ao que permitimos que cresça dentro de nós. “Dois homens subiram ao templo para rezar”; dois homens que são muito diferentes um do outro: um fariseu, uma pessoa respeitada por todos e reconhecida por ser um cumpridor exemplar da Lei de Moisés; e um publicano, um cobrador de impostos, um traidor para o seu povo, um pecador. Esta é a aparência deles, ou seja, o que todos vêem exteriormente, esta é a imagem que eles próprios têm de si mesmos: o fariseu, orgulhoso, de pé diante de Deus, faz uma exposição detalhada das suas virtudes e expressa o seu desprezo por “outros homens”; por outro lado, o cobrador de impostos não se atreve a levantar os olhos para o céu, expõe a razão da sua necessidade de ser perdoado, e, batendo no peito, diz: “Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador”. E Jesus afirma: só o publicano regressou a casa perdoado. O fariseu não goza de tal perdão, uma vez que, como diz a primeira leitura, o Senhor não se orienta, através de considerações humanas. O fariseu, a partir da sua arrogância, pede contas a Deus, fala-lhe “tu a tu”, mas diz uma oração inexistente; por isso, não pode ser ouvido nem perdoado. O publicano, a partir da sua humildade, reza a Deus e pede-lhe compaixão, o que Deus não lhe pode negar, porque um pai não pode negar ao seu filho o que ele lhe pede, como disse na semana passada. Com esta parábola, Jesus apresenta-nos uma estrutura para nos fazer pensar, porque o fariseu e o publicano coexistem nos nossos corações. Todos temos dentro de nós aquele orgulhoso fariseu que se considera justo perante Deus e melhor do que os outros; e também temos aquele publicano que reconhece a sua fraqueza e o seu pecado, necessitado da misericórdia e do perdão de Deus. Por isso, Jesus avisa-nos para que a nossa oração, que é a expressão da nossa atitude diante de Deus e dos nossos irmãos e irmãs, não seja feita com a arrogância do fariseu, mas com a humildade do publicano. Assim, teremos a certeza de que esta oração é ouvida. Recordemos o que nos diz a segunda leitura, na qual São Paulo, que também foi um fariseu orgulhoso, que não só desprezava, mas também perseguia os cristãos, reconhece a graça de ter sido conquistado por Cristo e a vontade de se encontrar definitivamente com Ele, agora que “a sua partida está iminente”. A primeira leitura do livro de Ben-Sirá, diz-nos que Deus ouve o grito daqueles que sofrem: “Não despreza a súplica do órfão, nem os gemidos da viúva”. E diz-nos que esta súplica, mesmo que não seja expressa sob a forma de oração, “atravessa as nuvens” até chegar ao Altíssimo. Deus ouve o grito dos oprimidos e acolhe o sofrimento dos pobres. Como é bom saber isto! Mas, e nós não temos nada para ouvir, nada para dizer, nada para fazer? Será que Deus não nos convida a ouvir e a acolher este grito de súplica? É o grito de muitos dos nossos irmãos e irmãs que vivem as consequências de uma sociedade focada no interesse e no benefício económico a qualquer preço, fazendo surgir a exclusão social e muito sofrimento. É o grito daqueles que não conseguem encontrar emprego, daqueles que são expulsos das suas casas, das mulheres que estão sozinhas com os seus filhos, dos imigrantes que são maltratados e que se afogam às portas das nossas fronteiras. Deus ouve estes apelos e comove-se; o que estamos dispostos a ouvir, o que estamos dispostos a fazer? Também hoje, há quem pense, como o fariseu, que está “dentro” do grupo dos predilectos de Deus, mas está fora; e há quem pense que está excluído, mas está “dentro” do grupo dos predilectos de Deus.

 

26-10-2025

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Leitura Espiritual

«Tem compaixão de mim, que sou pecador»

 

Um fariseu e um publicano subiram ao Templo para a oração. O fariseu começa por enunciar as suas qualidades: «Meu Deus, dou-Vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem como este publicano». Miserável, que te atreves a julgar todo o mundo! Porque espezinhas o teu próximo? E ainda tens necessidade de condenar o publicano! Acusaste todos os homens, sem excepção: «por não ser como os outros homens nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de todos os meus rendimentos». Infeliz! Quanta presunção nestas palavras! O publicano, que ouviu esta oração, podia ter retorquido: «Quem és tu, para te atreveres a proferir tais murmurações sobre mim? Donde me conheces? Nunca viveste no meu meio, não pertences ao grupo dos meus amigos. A que se deve tamanho orgulho? Aliás, quem pode comprovar as tuas boas acções? Porque fazes o elogio de ti próprio e quem te incita a gloriares-te desse modo?». Mas não fez nada disso; muito pelo contrário: prostrou-se por terra e disse: «Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador». Porque fez prova de humildade, saiu justificado. O fariseu abandonou o Templo privado de absolvição, enquanto o publicano se foi embora com o coração renovado pela justiça. E, no entanto, não havia nele ponta de humildade, no sentido em que usamos este termo quando algum nobre se abaixa do seu estado. No caso do publicano, não era de humildade que se tratava, mas de simples verdade: ele dizia a verdade. (São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja, Homilias sobre a conversão, 2).

 

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Avisos

De 26 de outubro a 02 de novembro
Paróquias de Maceira, Fuinhas,Sobral Pichorro, Muxagata, Figueiró da Granja e Mata.

Avisos e Liturgia do XXIX Domingo do TEMPO COMUM – ano C

A FONTE DA ORAÇÃO BROTA DA PALAVRA DE DEUS

As leituras deste Domingo são um convite a nunca perder a esperança na nossa caminhada como cristãos. Jesus, que está a instruir os seus discípulos a caminho de Jerusalém, quer ensinar-lhes a importância da oração perseverante. E fá-lo com esta parábola, que explica o contraste entre um juiz sem escrúpulos e uma viúva que lhe pede justiça; a insistência constante da viúva irá provocar uma reacção favorável deste homem injusto. Jesus sublinha que é a insistência desta mulher, e não tanto o desejo de fazer justiça do juiz, que fará que ela alcance os seus objectivos. Com esta parábola, Jesus quer encorajar os seus discípulos, e a nós hoje, a não enfraquecer a sua confiança em Deus. Muitas vezes as dificuldades que encontramos na vida – fracassos, doenças, adversidades de todos os tipos – podem provocar em nós um profundo sentimento de desânimo, tristeza, angústia. Se um juiz injusto é capaz de ouvir o grito de uma pobre viúva, como podemos duvidar que Deus não esteja perto do nosso sofrimento pessoal? Como podemos pensar que Deus, nosso Pai, não ouve, dia e noite, o nosso grito de angústia? Os discípulos foram testemunhas de que a oração era o centro de toda a vida e missão de Jesus. Nos principais momentos da vida de Jesus, a oração está presente: no seu baptismo no Jordão, diz-se que “estando em oração, o Céu rasgou-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele, como uma pomba. E do Céu veio uma voz: Tu és o meu Filho muito amado”; na sua morte, antes de expirar na cruz, diz uma oração: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. Também sabemos que Jesus ia, assiduamente, a lugares isolados para rezar; especialmente quando tinha de tomar uma decisão importante na sua missão. Este testemunho constante da oração de Jesus será tão importante para os discípulos que lhe pedirão que lhes ensine uma oração, e Jesus lhes ensinará o Pai-Nosso. Hoje, dois mil anos depois, podemos também contemplar Jesus como mestre de oração para todos nós; e podemos pedir ao Pai para nunca perdermos a confiança nele; que faça crescer em nós as virtudes da perseverança diante das adversidades e da fidelidade à sua mensagem, pois são elas que alimentam a confiança. E perante os problemas do mundo e dos nossos irmãos e irmãs, não podemos esquecer que somos todos responsáveis por enfrentar juntos estas situações. Assim como Moisés na colina de Refidin rezou diante de uma batalha (1ª leitura), hoje somos convidados a travar o combate pela justiça num mundo cheio de leis injustas. A construção do Reino de Deus, que Jesus iniciou e pela qual deu a sua vida na cruz, não pode depender apenas da acção divina, mas também da nossa conduta diária, como cristãos. O grito dos irmãos e irmãs que sofrem, não só deve ser ouvido por Deus, como também deve chegar até nós, e temos de ter a coragem e o compromisso de lhes oferecer uma resposta eficaz. Estejamos cientes de que a esperança de muitos dos nossos irmãos pode depender desta resposta. As leituras de hoje convidam-nos, também, a valorizar a oração comunitária, que é uma fonte de unidade e comunhão, especialmente na Eucaristia; como também a oração comunitária feita pela família em sua casa, onde os pais ensinam as crianças a rezar; a oração que fazemos no início ou no fim de cada encontro de catequese; a presença constante da oração nas várias actividades que decorrem na paróquia; a oração que os visitadores dos doentes fazem com eles nas suas casas. Finalmente, a leitura da segunda carta a Timóteo fala-nos da importância do conhecimento e do uso da Palavra de Deus na comunidade cristã, que “é útil para ensinar, persuadir, corrigir e formar segundo a justiça. Assim o homem de Deus será perfeito, bem preparado para todas as boas obras”. São Jerónimo dizia que “ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo”. Procuremos, portanto, que o nosso conhecimento de Cristo esteja bem fundamentado na leitura da sua Palavra.

19-10-2025

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Leitura Espiritual

Rezar sempre sem desfalecer

Gostar de rezar. Sente muitas vezes, ao longo do dia, a necessidade de rezar. A oração dilata o coração, a ponto de ele se tornar capaz de receber o dom de Deus, que é Ele próprio. Pede, procura, e o teu coração alargar-se-á para O receber e O guardar como seu bem. Desejamos tanto rezar bem, e depois não conseguimos; então perdemos a coragem e desistimos. Se queres rezar melhor, tens de rezar mais. Deus aceita o fracasso, mas não quer que percas a coragem. Ele quer que sejamos cada vez mais crianças, cada vez mais humildes, cada vez mais cheios de gratidão na oração. Quer que nos recordemos de que pertencemos ao corpo místico de Cristo, que é oração perpétua. Ajudemo-nos uns aos outros com a oração. Libertemos o espírito. Não rezemos longamente: que as nossas orações não sejam intermináveis, mas breves e cheias de amor. Rezemos por aqueles que não rezam. Quem quiser ser capaz de amar tem de ser capaz de rezar. (Santa Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade, «Não há amor maior»).

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Padre Carlos Casal e o Padre Jorge Carvalhal mantém funções de Vigário Geral e Vigário Geral Adjunto

Padre Carlos Casal e o Padre Jorge Carvalhal, que assumiram nos últimos cinco anos as funções de Vigário Geral e Vigário Geral Adjunto, respetivamente, tomaram hoje posse para um novo mandato de cinco anos.
A posse foi dada hoje à tarde, na Casa Episcopal, pelo Bispo da Diocese de Viseu, D. António Luciano, com a presença do Chanceler da Cúria, Padre Alcides Vilarinho, e de mais dois membros da Cúria.
Os vigários nomeados assumiram o compromisso, com a respetiva profissão de fé e juramento de fidelidade.
O Bispo agradeceu aos sacerdotes o trabalho realizado no mandato anterior e desejou-lhes as maiores bênçãos no exercício do seu ministério, em prol do maior bem da Diocese de Viseu e do povo de Deus que lhe está confiado.

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Avisos e Liturgia do XXVIII Domingo do TEMPO COMUM – ano C

A FÉ TEM FRUTOS QUE SE PROLONGAM NO TEMPO E QUE REQUEREM A PACIÊNCIA DO CAMINHO

 

Jesus continua a caminhar para Jerusalém com os seus discípulos. A certa altura, dez homens vão ao encontro de Jesus e, de longe, imploram ajuda: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós”. São leprosos. No tempo de Jesus, a lepra era mais do que apenas uma doença grave e contagiosa; implicava a exclusão social dos doentes e, além disso, era um sinal de castigo divino. O leproso era um homem doente, um marginalizado, um maldito de Deus; ou seja, alguém que não era digno da compaixão de ninguém. Mas, não é assim que Jesus olha para os dez homens que pedem a sua ajuda. Jesus considera-os filhos de Deus, irmãos e irmãs e, portanto, dignos de receber a misericórdia do Pai. Jesus ouve e acolhe o grito destes homens, lançado a partir da sua miséria, mas pede-lhes que façam um acto de fé nele e que se apresentem aos sacerdotes, como está prescrito pela Lei de Moisés. Era o sacerdote que tinha de certificar a cura e diligenciar a reinserção social do restabelecido. E aqueles homens, que depositaram a sua confiança em Jesus e que se puseram a caminho, são curados. Deus escutou as suas preces. Hoje, podemos sentir-nos identificados com estes dez leprosos, porque todos temos atitudes e pecados que nos tornam impuros aos olhos de Deus e que prejudicam a nossa relação com os outros. Reconhecer estas atitudes e pecados faz-nos conscientes da nossa pobreza diante de Deus. Façamos nosso o seu pedido de ajuda: “Jesus, tem compaixão de mim”. É uma oração que será sempre ouvida e acolhida. Se reconhecermos a nossa pobreza, tornamos possível a acção amorosa e gratuita de Deus em nós. E lembremo-nos que esta oração – “tem piedade de mim, Senhor” – está presente no início da Eucaristia por três vezes: “Senhor, tende piedade de nós”, “Cristo, tende piedade de nós”, “Senhor, tende piedade de nós”. Iniciamos sempre a celebração da Eucaristia reconhecendo a necessidade de sermos acolhidos, perdoados, amados por Aquele que “permanece fiel” (2ª leitura). Jesus curou estes dez leprosos de uma doença que lhes causa sofrimento, que os faz viver fora das cidades. Seguindo estritamente as instruções de Jesus, põem-se a caminho para obter o documento do sacerdote que certificará a sua cura. No entanto, um deles toma consciência de uma realidade mais profunda; percebeu que a sua cura não significa apenas a cura de uma doença, mas foi uma experiência da salvação amorosa e gratuita, oferecida por Deus; e tem necessidade de agradecer e de transformar esta gratidão em louvor; por isso, “voltou atrás” para ir ter com Jesus. “Era um samaritano”; ou seja, um irmão odiado e rejeitado que a história separou do tronco comum partilhado pelo resto dos judeus; de tal forma que se consideravam, mutuamente, como “estrangeiros”. Jesus fica sensibilizado com a atitude deste homem e reconhece nele a acção salvífica do Pai, que não faz distinções por origem ou nacionalidade, dizendo-lhe: “Levanta-te, e segue o teu caminho, a tua fé te salvou”. Tal como antes nos podíamos identificar com os dez leprosos que imploraram misericórdia, agora podemos identificar-nos muito mais com este leproso que agradece a Jesus e glorifica a Deus por ter experimentado a sua salvação. Pensemos naquilo que temos para dar glória a Deus: pelo dom da vida, por ter conhecido Jesus Cristo, por ter encontrado uma família na nossa comunidade cristã…. Certamente todos podem acrescentar as suas causas pessoais. Tenhamos a consciência do general sírio Naamã, na primeira leitura, e do salmista que canta ao Senhor “pelas maravilhas que Ele operou” e que afirma que “os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus”. Nós também experimentamos na vida a salvação do nosso Deus. Louvemos o Senhor pelas maravilhas que faz em nós e por todas as graças que nos concede.

 

12-10-2025

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Leitura Espiritual

A fé que purifica

 

Estes dez leprosos representam o conjunto dos pecadores. Quando Cristo Nosso Senhor veio ao mundo, todos os homens sofriam de lepra da alma, embora nem todos estivessem fisicamente doentes. Ora, a lepra da alma é bem pior que a do corpo. Mas vejamos a continuação: «Conservando-se a distância, disseram em alta voz: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!”». Esses homens mantiveram-se a distância porque não ousavam, tendo em conta o seu estado, aproximar-se mais dele. O mesmo se passa connosco: enquanto permanecemos nos nossos pecados, mantemo-nos afastados. Para recuperarmos a saúde e nos curarmos da lepra dos nossos pecados, supliquemos com voz forte: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!». Porém, que esta súplica não nos saia da boca, mas do coração, porque o coração fala mais alto. A oração do coração penetra nos Céus e sobe até ao trono de Deus. (São Bruno de Segni (c. 1045-1123), bispo, Comentário sobre o Evangelho de Lucas, 2, 40; PL 165, 426-428).

 

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Unidade Pastoral das P.Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres.

De 12 a 19 de outubro de 2025

Avisos e Liturgia do XXVII Domingo do TEMPO COMUM – ano C

 

SER “SERVOS INÚTEIS”, NA HUMILDADE E GENEROSIDADE DE JESUS

 Jesus está a caminho de Jerusalém, e vai instruindo os discípulos. Nos versículos anteriores ao texto de Lucas que temos diante de nós neste Domingo, Jesus disse aos discípulos que devemos sempre perdoar o irmão que nos ofendeu: “Se o teu irmão te ofender, repreende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se te ofender sete vezes ao dia e sete vezes te vier dizer: ‘Arrependo-me’, perdoa-lhe”. É possível que este mandamento de Jesus tenha provocado uma reacção nos discípulos, especialmente naqueles que eram apóstolos, devido à dificuldade de o realizar. A partir daí, deve ter surgido uma oração, que poderá ser entendida como um pedido de ajuda ao Senhor: “Aumenta a nossa fé”. Certamente já fizemos esta experiência de nos sentirmos muito limitados no momento de pôr em prática os ensinamentos de Jesus: no seu amor generoso, na necessidade de perdoar aquele que nos ofendeu, na confiança em Deus Pai nos momentos difíceis, em dar a vida na rotina de cada dia… Por isso, está na hora de fazer o mesmo que os apóstolos: voltar o nosso olhar para o Senhor e confiar que ele pode sempre agir nos nossos corações para que sejamos mais fiéis ao Evangelho. Cada um de nós também deve dizer todos os dias: “Aumenta a nossa fé”. Não importa que esta fé seja pequena como a semente de mostarda, porque quem actua no nosso coração não é a nossa força de vontade, mas a graça de Deus; e Jesus diz-nos, com imagens tiradas da sabedoria oriental, que esta graça vai sempre para além do nosso olhar humano. Certamente, alguns pensaram que “isto não era possível”, quando ouviram a parábola da amoreira plantada no mar! Não coloquemos limites à acção de Deus no nosso mundo! Nesta altura do ano, estão a iniciar-se muitas actividades dirigidas a crianças e a jovens: a catequese, o ano escolar, os escuteiros…. Então, podemos ter presente o que Paulo diz a Timóteo: “Toma como norma as sãs palavras que me ouviste, segundo a fé e a caridade que temos em Jesus Cristo. Guarda a boa doutrina que nos foi confiada, com o auxílio do Espírito Santo, que habita em nós”. Deus confia-nos um grande tesouro que é a fé de muitas crianças e jovens das nossas paróquias: “Exorto-te a que reanimes o dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos”. Nós, que temos a missão de ensinar e de acompanhar, somos convidados a reanimar a chama daqueles que nos foram confiados, apesar das dificuldades, e manter vivo o Espírito que nos foi dado, que não é de “timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação”. Esta recomendação de Paulo também se dirige às famílias, para que possam procurar reacender todos os dias a chama do amor mútuo e do amor pelas crianças, que são o tesouro que Deus lhes confiou. Finalmente, temos de pensar como pôr em prática este dom da fé que tem crescer todos os dias; como reacender constantemente a chama deste dom do Espírito que nos foi dado? Jesus responde-nos no Evangelho deste Domingo: no serviço generoso e desinteressado ao irmão. Mais uma vez, coloquemos o nosso olhar em Jesus: ele é o primeiro a dar o exemplo. Assim, quando os discípulos mostram um desejo de fama e prestígio e pedem para se sentarem à sua direita e à sua esquerda, Jesus diz-lhes: “quem entre vós quiser fazer-se grande, seja o vosso servo; e quem no meio de vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo. Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgatar a multidão”. Se o nosso Mestre e Senhor nos dá este exemplo, a nossa missão é servir os nossos irmãos. À nossa volta, temos muitos exemplos de serviço generoso e desinteressado: na família, no nosso local de trabalho, nos vários serviços da comunidade paroquial, ou de algumas instituições sociais. Agradeçamos a Deus por tantas pessoas que hoje ajudam os nossos irmãos e irmãs com a humildade e a generosidade que Jesus nos ensina, vivendo, assim, a fé que professam e celebram.

 

05-10-2025

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Leitura Espiritual

«Somos inúteis servos: fizemos o que devíamos fazer»

 

Sê sempre fiel nas pequenas coisas, pois é nelas que reside a nossa força. Para Deus, nada é pequeno. A seus olhos, nada tem pouco valor. Para Ele, todas as coisas são infinitas. Põe fidelidade nas coisas mais mínimas, não pela virtude que lhes é própria, mas por essa coisa maior que é a vontade de Deus – e que eu respeito infinitamente.

Não procures realizar acções espectaculares. Devemos renunciar deliberadamente ao desejo de contemplar o fruto do nosso labor, fazendo apenas o que podemos, o melhor que pudermos, e deixando o resto nas mãos de Deus. O que importa é a dádiva que fazes de ti mesmo, o grau de amor que pões em cada acção que realizas. Não te permitas perder a coragem perante os fracassos, se de facto deste o teu melhor. E recusa a glória sempre que fores bem-sucedido.

Oferece tudo a Deus com a mais profunda gratidão. Sentires-te abatido é um sinal de orgulho, que mostra quanto acreditas nas tuas forças. Deixa de te preocupar com o que as pessoas pensam. Sê humilde e coisa alguma te importunará. O Senhor ligou-me aqui, ao lugar onde estou; será Ele a desligar-me. (Santa Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade, «Não há amor maior»).

 

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Unidade Pastoral das P. de Fornos de Algodres, Cortiçô, Casal Vasco, Infias, Vila Chã e Algodres

De 05 a 12 de Outubro

Paróquias de Fuinhas, Maceira, Muxagata, Sobral Pichorro e Figueiró da Granja.