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Artigo de Opinião de Luís Miguel Condeço—–O futuro dos nossos sorrisos!

Autor

Luís Miguel Condeço

Professor na Escola Superior de Saúde de Viseu

 

Nas últimas décadas, podemos afirmar que a saúde oral das crianças e adolescentes portugueses tem melhorado, muito por força das campanhas de sensibilização e programas de prevenção. Os dados mais recentes continuam a evidenciar desafios significativos, sobretudo no que diz respeito à elevada prevalência de cáries dentárias na infância e à disparidade no acesso aos cuidados de saúde oral. Apesar dos esforços do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral (2021-2025) da Direção-Geral da Saúde, muitos jovens ainda enfrentam dificuldades no acesso a cuidados médico-dentários, o que compromete por si só, o seu bem-estar e a qualidade de vida.

O problema persistente é – a cárie dentária, que continua a ser a doença crónica mais prevalente na infância, com impacto significativo na saúde geral das crianças. A Organização Mundial da Saúde revelava em 2019, que cerca de 514 milhões de crianças em todo o mundo tinham cáries dentárias em dentes decíduos (ou “de leite”). Em Portugal, os dados do terceiro Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais (apresentados em 2017), indicavam que 45% das crianças portuguesas tinham cáries dentárias. Embora o número tenha vindo a diminuir desde a implementação do cheque-dentista, estas, continuam a ser uma realidade preocupante, especialmente entre as crianças mais novas.

Em 2023, a Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária realizou um inquérito a nível nacional, no qual 13% dos pais portugueses afirmaram que os seus filhos tiveram problemas dentários devido a maus hábitos de higiene oral. A situação agrava-se entre crianças de contextos socioeconómicos mais vulneráveis, onde o acesso regular a consultas de medicina dentária é menos frequente, além das desigualdades regionais também serem um entrave na equidade do acesso aos cuidados de saúde oral.

A DGS e o seu programa nacional (PNPSO 2021-2025), introduziram importantes medidas para reforçar a prevenção e o tratamento das doenças orais em Portugal. Este programa abrange crianças e adolescentes (até aos 18 anos), bem como grávidas e pessoas de outros grupos vulneráveis, promovendo a literacia em saúde oral, a aplicação de flúor, a selagem de fissuras dentárias e o acesso a consultas de higiene oral e medicina dentária, através do cheque-dentista. Contudo, a implementação do programa tem enfrentado alguns desafios, como a falta de adesão por parte de algumas famílias ou a insuficiência de profissionais de saúde oral no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Nem só o acesso aos cuidados médico-dentários, é fundamental para a prevenção das doenças orais, também, a educação para a saúde oral desempenha um papel preventivo por excelência. A promoção de bons hábitos desde a infância, como a escovagem dos dentes duas vezes por dia com dentífrico fluoretado, a redução do consumo de açúcares e a realização de consultas regulares de medicina dentária, são essenciais para garantir uma boa saúde oral ao longo da vida.

O impacto na alteração da saúde oral, vai muito além da boca, descrevendo vários estudos que, crianças e adolescentes com problemas dentários têm maior probabilidade de sentir dor crónica, dificuldades na alimentação, distúrbios do sono e menor rendimento escolar. Em 2023, um estudo publicado na prestigiada revista científica Pediatric Dentistry Journal, evidenciou que crianças com cáries não tratadas apresentavam um desempenho académico inferior, às crianças com uma boa saúde oral.

Portugal tem dado passos importantes na promoção da saúde oral infantil, mas ainda há um longo caminho a percorrer. É essencial reforçar:

  1. Alargamento do cheque-dentista, para inclusão precoce de crianças com dentes decíduos;
  2. Presença de especialistas em medicina dentária no SNS e outros profissionais habilitados para a vigilância da saúde oral das crianças e adolescentes;
  3. Investimento na literacia em saúde oral, através de campanhas educativas que envolvam os pais, os professores, e claro, as crianças e adolescentes, promovendo hábitos alimentares saudáveis e de higiene oral;
  4. Atenção ao impacto das desigualdades socioeconómicas, apoiando as famílias com menos recursos económicos na consecução dos cuidados dentários expectáveis.

Se cuidarmos da saúde oral das “nossas” crianças e adolescentes, construímos um futuro sorridente, no entanto, as famílias, as escolas e os profissionais de saúde devem unir esforços para garantir que todas as crianças tenham um sorriso saudável. Pois mais não é, do que o indicador de um corpo saudável e de uma sociedade mais justa e equilibrada.

 

Artigo de Luís Miguel Condeço—(Neuro)Diferentes

Autor

Luís Miguel Condeço

Professor na Escola Superior de Saúde de Viseu

Hoje muitos se questionam sobre o perfil neurológico e cognitivo de alguns líderes mundiais, que enchem continuamente a nossa comunicação social com expressões, afirmações ou insinuações, que testam a forma como vemos o mundo.

A diferença das capacidades neurocognitivas sempre existiu, basta comparar personalidade como Platão e Mozart, ou Gengis Khan e Cervantes. E será porventura, aquilo que mais nos diferencia e nos torna seres únicos.

A Ciência atribui à maioria dos seres humanos, o que se designa por neurotípico, ou a pessoa que apresenta um desenvolvimento neurológico esperado e um padrão cognitivo que “encaixa” no que consideramos normal. Mas nem todos são enquadráveis neste “rótulo”, por isso se designam como neurodivergentes.

As crianças neurodivergentes, podem apresentar diferenças em várias áreas do desenvolvimento, como a cognição, a linguagem, a socialização e o comportamento, conhecendo-se como exemplos destas condições, as perturbações do espetro do autismo, o défice de atenção e hiperatividade, a dislexia, entre outras. Esta classificação não reflete uma deficiência, mas sim uma diversidade de funcionamento cerebral (dificuldades na interpretação de sinais sociais, interesses restritos, padrões de comportamento repetitivos ou uma sensibilidade sensorial elevada), que deve ser compreendido e valorizado no contexto educativo e social.

Inserida na perturbação do espetro do autismo, desde 2013 e após a publicação da 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, a Síndrome de Asperger é caracterizada por especificidades marcantes que desafiam e enriquecem a compreensão sobre o desenvolvimento infantil.

Descrita pela primeira vez em 1944, pelo pediatra austríaco Hans Asperger, que observou um grupo de crianças com comportamentos sociais diferentes, dificuldades de comunicação não verbal e interesses restritivos, a Síndrome de Asperger está presente em crianças com inteligência normal ou acima da média, apesar das dificuldades na compreensão e interação com o mundo que as rodeia.

As causas associadas a esta neurodivergência, ainda não estão bem esclarecidas, apesar de a comunidade científica aceitar que se deve a um conjunto de fatores neurobiológicos que afetam o desenvolvimento cerebral.

O diagnóstico desta perturbação é conseguido pelo esforço de uma equipa multidisciplinar, que procura identificar alterações, “dificuldades” ou descoordenações relativamente às competências comunicacionais, comportamentais, e de interação social, para que a intervenção seja o mais precocemente possível, favorecendo a evolução do quadro clínico e promovendo as potencialidades de cada criança. Não devemos, pois descurar os sinais de alerta: atraso significativo na linguagem, dificuldades no relacionamento com outras crianças, obsessão por determinados temas ou comportamentos repetitivos, dificuldade em expressar emoções, baixo nível de tolerância à frustração, e sensibilidade a ruídos, cheiros ou luzes.

Todos os anos, no dia 18 de fevereiro, várias instituições e organizações não governamentais evocam o Dia Internacional da Síndrome de Asperger, procurando sensibilizar a sociedade civil e instituições com poder de decisão, para a necessidade de investir mais nestas crianças e jovens.

É essencial garantir o bem-estar da família e o desenvolvimento da criança, apoiando-os na educação/literacia sobre a sua condição (desmistificando o “ser neurodivergente” e como isso influencia o comportamento e as necessidades da criança), nas estratégias para gerir o comportamento (ensinar técnicas sobre como lidar com situações desafiantes, crises ou resistência a mudanças), na divulgação de redes de suporte (encaminhar para grupos de apoio, reduzindo a impotência e o isolamento), e na promoção de planos de intervenção personalizados (colaborar com terapeutas e demais técnicos).

O Estado, deve investir na formação de técnicos (essencialmente profissionais de saúde) e na criação de centros de avaliação e intervenção precoce; deve garantir a educação inclusiva, provendo a escola de um ambiente acessível e acolhedor; deve disponibilizar terapias, dispositivos e benefícios fiscais, por forma a colmatar algumas das necessidades destas famílias; e por fim, implementar campanhas de sensibilização para a neurodiversidade, reduzindo o estigma e o preconceito enraizado na sociedade.

As crianças neurodivergentes enriquecem a diversidade humana e desafiam a sociedade a criar estruturas mais inclusivas e compreensivas. A Síndrome de Asperger, com as suas especificidades únicas, é um exemplo poderoso de como a neurodiversidade exige um olhar atento, empático e inclusivo.

Artigo de Sara Morais—Aprendizagem – Hipnose Clínica

A aprendizagem e a Hipnose Clínica andam de mãos dadas de várias maneiras, uma vez que a hipnose pode ser uma ferramenta poderosa para ajudar no processo de aprendizagem, no desenvolvimento de novas habilidades e na superação de dificuldades cognitivas ou emocionais que possam, de alguma forma, interferir nesse processo.

Um dos grandes desafios da aprendizagem é, sem dúvida, a concentração e o foco. A Hipnose é uma ferramenta fundamental para melhorar estas duas premissas. A própria alteração de estado de consciência é caracterizado por uma intensa concentração, foco e relaxamento induzido pelo profissional, o que possibilita ao leitor a mudança das ondas cerebrais para um padrão mais organizado, como por exemplo: as ondas alfa (associadas ao relaxamento e foco) ou beta (associadas a um estado de alerta e atenção); o que por sua vez, estimulam a libertação de substâncias como a dopamina e norepinefrina que vão, consequentemente, aumentar a atividade cerebral no Córtex pré-frontal o que permite o exercício de tomada de decisões, planeamento e controle executivo. Isto, possibilita desempenhar um papel central na concentração ao filtrar as distrações e a manter o foco na tarefa que é essencial em todos e, quaisquer, ambientes de aprendizagem, onde a atenção plena é crucial para absorver, processar e armazenar novas informações.

Contudo, a ansiedade pode irromper como um obstáculo à concentração e foco e, como resultado, contribuir para o insucesso escolar / profissional. Porém, a Hipnose Clínica pode influenciar positivamente a fisiologia da ansiedade de diversas maneiras: ajudando a reequilibrar os sistemas orgânicos e promover um estado de relaxamento e controlo emocional. Durante o processo de hipnose é ativado o sistema nervoso parassimpático, o que reduz a resposta de “luta e fuga” tão característica da ansiedade. É, também, diminuída a frequência cardíaca, a pressão arterial e promovida uma respiração mais lenta e profunda o que reduz os sintomas físicos da ansiedade, como a taquicardia, a hiperventilação e a tensão muscular. Neste alinhamento, existe uma diminuição da produção do cortisol – a hormona do stress – o que favorece um ambiente físico mais calmo e equilibrado.

Ainda, durante a hipnose, o leitor pode ser orientado pelo profissional a explorar e reprogramar os padrões de pensamento que alimentam a ansiedade. O terapeuta pode sugerir maneiras de interpretar situações de grande agitação de forma mais realista e menos ameaçadora, o que reduz a ativação emocional negativa. Esta forma de reestruturação desenvolve respostas mais equilibradas e menos ansiosas. Desta forma, a Hipnose Clínica pode ajudar a reduzir a ansiedade associada às várias situações de aprendizagem, como exames ou apresentações, criando um estado de calma e confiança.

A par destas intervenções na aprendizagem a Hipnose Clínica tem, também, um papel preponderante no que diz respeito às dificuldades emocionais que podem intervir no processo de aquisição de conhecimentos. Por vezes, as pessoas têm crenças limitantes sobre a sua capacidade de aprender ou de se desenvolver em certas áreas. A hipnose pode ajudar a identificar e a mudar essas crenças, permitindo que o leitor possa desenvolver um padrão mental de crescimento e produtividade. Por outro lado, o leitor poderá apresentar dificuldades na aprendizagem por estar relacionado a um bloqueio emocional. Neste enquadramento, a hipnose clínica ajuda aceder a essas memórias e experiências traumáticas passadas e a resolver as mesmas para que possa usufruir da sua capacidade de aprender de maneira eficiente.

Em conclusão, a Hipnose Clínica pode ser uma ferramenta valiosa no processo de aprendizagem, ajudando a melhorar o foco, a reduzir a ansiedade, a incrementar a memória, e a superar os bloqueios emocionais que possam interferir na aquisição de novos conhecimentos e habilidades.

No próximo artigo poderá verificar mais sobre o papel da Hipnose na relação intrapessoal.

 

Sara Morais

Hipnoterapeuta

 

Hospital São Mateus – Guarda vai ser construído na cidade mais alta

Foi anunciado, pelo presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa, na última reunião do executivo que um operador venceu a hasta pública para compra de um terreno junto ao Parque Industrial para construir um hospital privado. O investimento de 25 milhões de euros visa construir o Hospital São Mateus – Guarda, dotado de todas as valências e especialidades, incluindo internamento, bloco operatório, análises clínicas e exames de diagnóstico. O projeto, a desenvolver numa área de 10 mil metros quadrados, prevê a criação de cerca de 200 postos de trabalho. A unidade de saúde pretende servir toda a Beira Interior com epicentro na Guarda.

Figueira Cast.Rodrigo – Reunião entre Presidente da Câmara e Conselho de Administração da ULS da Guarda

Teve lugar, uma reunião entre o Presidente da Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo, Carlos Condesso,  com o Conselho de Administração da ULS da Guarda, que iniciou funções no final do ano passado, com o objetivo principal de debater o problema da falta de médicos de família e de recursos humanos nesta Unidade de Cuidados de Saúde.
Para além da urgência em dotar o Centro de Saúde de meios humanos capazes de garantir uma resposta adequada às necessidades da população, foi debatida a criação de respostas e mecanismos públicos, em sinergia e ambiente colaborativo, para que se possam atrair mais profissionais da área da saúde para o nosso território.

Foto:MFCR

Dia Mundial do Cancro-“Vamos Falar sobre Cancro?”- artigo da Ordem dos Psicólogos

O cancro não afecta apenas a Saúde Física, mas também a Saúde Mental, o funcionamento familiar e social e a qualidade de vida. Não admira, portanto, que seja uma das doenças mais temidas do mundo. Associamos a palavra cancro a sofrimento, a perda de bem-estar, a morte a luto. Por isso, é natural que nos provoque desconforto, preocupação, ansiedade e medo.

Para ajudar a lidar com estes sentimentos, a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) disponibiliza, na véspera do Dia Mundial do Cancro, que se assinala a 4 de fevereiro, o
documento “Vamos Falar sobre Cancro”, que responde a várias questões relacionadas com a doença.

COMO NOS PODEMOS SENTIR NA ALTURA DO DIAGNÓSTICO?
Quando recebemos um diagnóstico de cancro pode parecer-nos que o mundo se virou do avesso e sentirmos muitos sentimentos. Por exemplo:
• Choque e descrença (“não consigo acreditar”);
• Sensação de alienação (“nada disto parece real”), entorpecimento ou esvaziamento emocional;
• Zanga, revolta e injustiça (“porquê eu?”);
• Sobrecarga e dificuldade em compreender toda a nova informação e palavras;
• Falta de controlo;
• Dor pelos planos que tínhamos para a nossa vida e que poderão já não se realizar;
• Preocupação, ansiedade e/ou pânico;
• Medo de morrer;
• Tristeza e desesperança;
• Solidão.

COMO SE PODEM SENTIR OS CUIDADORES?
O cancro também tem um impacto psicológico nos cuidadores, familiares e amigos. Por exemplo, no caso dos parceiros da pessoa que tem cancro, o sofrimento psicológico pode ser equivalente ao longo da doença, sendo que na fase de tratamentos, são os cuidadores que experienciam mais sofrimento. No caso dos pais e mães de crianças com cancro, o sofrimento psicológico, o distress e as taxas de Perturbação de Stresse Pós-Traumático são superiores às das próprias crianças com cancro e às dos adultos que recuperaram. Os filhos de pessoas com cancro também revelam maior risco de desenvolver problemas de Saúde Mental e de ter problemas na escola.

COMO PODEMOS LIDAR COM A EXPERIÊNCIA DE VIVER COM UM CANCRO?
A partir do momento em que recebemos um diagnóstico de cancro precisamos de percorrer um processo de adaptação a uma situação nova. É importante lembrar que não há formas certas e erradas de o fazer. Todos somos diferentes e, por isso, cada pessoa reage e adapta-se de forma diferente à doença. Muitas vezes, este processo implica inúmeras mudanças na nossa vida (por exemplo, passar a viver continuamente com a incerteza do prognóstico, alterações na aparência física ou imagem corporal, dor crónica, alteração de capacidades ou limitações na mobilidade, preocupações com dinheiro, estigma social, tensões nas relações familiares e de amizade ou alterações do projecto de vida pré-estabelecido) e uma “montanha-russa emocional”, que nos obriga a gerir pensamentos e sentimentos ambivalentes e contraditórios.

Algumas estratégias podem ajudar-nos a lidar e a viver com um problema oncológico:
 Expressar as nossas emoções e sentimentos
 Procurar informação e aprender sobre a doença
 Confiar nos profissionais de saúde
 Procurar informação e aprender sobre a doença
 Contar com familiares e amigos
 Antecipar o que pudermos antecipar
 Planear alterações à rotina
 Manter hábitos e projectos de vida
 Cultivar a esperança, o optimismo e o sentido de humor
 Cuidar da saúde psicológica e privilegiar o autocuidado
 Procurar ajuda
Um documento que responde ainda a várias outras questões: como contar a alguém que temos cancro?, como lidar com uma situação terminal? ou como podemos cuidar e apoiar alguém com cancro ou como lidar com a experiência de sobreviver a um cancro?

Consulte o documento completo no link:
https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/opp_vamosfalarsobrecancro.pdf

Nelas- Mais saúde no Coração do Dão- Novas viaturas, requalificação de edifícios e projeto da Unidade Móvel de Saúde

O Município de Nelas entregou, recentemente nas instalações da Unidade de Saúde Familiar Estrela do Dão de Nelas e Unidade de Saúde Familiar Coração da Beira de Canas de Senhorim, três viaturas elétricas, num investimento financiado pelo PRR (Plano de Recuperação e Resiliência). Os veículos destinam-se para unidades móveis de saúde, no apoio domiciliário,
nomeadamente a pessoas em situação de dependência funcional, doença crónica, promovendo a prestação de cuidados de saúde primários a todos os munícipes. Uma medida que constitui um passo importante na modernização dos serviços de saúde, alinhando-se com metas de sustentabilidade ambiental e eficiência energética.

De salientar que a partir de 27 de janeiro 2025, está agendada a consignação e o início da empreitada de requalificação dos Centros de Saúde do Concelho, num investimento total de 3,5 milhões, no âmbito do PRR. Em fevereiro arranca também o projeto da Unidade Móvel de Saúde com intervenção junto da comunidade, no âmbito do projeto municipal “Nelas com mais Saúde”.

Com estas medidas o Município de Nelas pretende reforçar uma maior proximidade e a qualidade de  prestação de serviços de saúde, concretizando mais um compromisso em prol da qualidade de vida de toda a população do Concelho de Nelas.

fonte:Mun.Nelas

Artigo de Luís Miguel Condeço—–A Saúde do orçamento

 

 

Autor

Luís Miguel Condeço

Professor na Escola Superior de Saúde de Viseu

O fim do ano aproxima-se a passos largos, e o começo de um novo traz consigo os habituais aumentos (nas despesas e nas receitas) para a generalidade dos portugueses.

É de facto, o equilíbrio entre receitas e despesas, que permite à governação o pagamento de ordenado e pensões, o funcionamento de escolas e hospitais, manter polícias na rua e tribunais abertos, entre outros serviços, que a administração pública disponibiliza à população residente em Portugal.

O orçamento do Estado, é isto mesmo, uma complexa articulação entre a receita do estado, que no próximo ano atingirá mais de 133 mil milhões de euros (dos quais 54% provêm dos impostos arrecadados pela “máquina” fiscal pública), e a despesa dos programas orçamentais, relativos às próprias funções do Estado, como o trabalho, solidariedade e segurança social (responsável pela maior fatia da despesa), a saúde, a educação, a defesa e segurança interna, ou as infraestruturas e habitação.

Mas, é minha pretensão focar-me naquilo que deve ser a responsabilidade governativa na área da Saúde.

Este ministério irá consumir no próximo ano mais de 16 mil milhões de euros (o segundo maior “gastador” dos recursos públicos), justificando-se por um conjunto de reformas direcionadas à desburocratização e simplificação no acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), requalificação de equipamentos, e reconhecimento (das carreiras) dos mais de 150 mil profissionais, que todos os dias procuram cumprir o plasmado no Artigo 64º da Constituição da República Portuguesa – “Garantir o acesso de todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação”.

A saúde, direito constitucionalmente consagrado, tem vindo a ser abaulado nos últimos anos, e como gosto de referir, por um lado devido a fatores externos (como o contexto socioeconómico e geopolítico europeu, ou os constrangimentos pandémicos) e por outro devido a fatores internos (a desmotivação das classes profissionais, as fracas condições de trabalho, ou a burocrática organização que dificulta a resolução do problema das pessoas – usufruir de cuidados de saúde, com qualidade e em tempo útil).

O orçamento do Estado para o setor da saúde, preconiza: um acesso regularizado aos cuidados de saúde, onde o foco deve ser o tratamento dos doentes em tempo clinicamente recomendado; um ambiente e espaço seguro para as grávidas poderem ter os seus filhos, sob uma vigilância qualificada; um serviço de urgência capaz de atender todas as situações clínicas urgentes e emergentes; um Centro de Saúde ou Unidade de Saúde Familiar provido de médicos e enfermeiros de família capazes de responder às necessidades de cuidados de saúde da população, promovendo e vigiando a saúde; uma rede de serviços promotores de saúde mental, possibilitando a rápida recuperação e integração destas pessoas, no contexto familiar, social e laboral.

Os planos são ambiciosos e desafiantes, e mais do que justos para as populações que em muitas das regiões e áreas geográficas do país, dependem do SNS para fazer face às suas necessidades de cuidados de saúde.

Contudo, nesta faixa interior, que dista a poucos quilómetros das grandes metrópoles nacionais, não pode ser esquecido o reforço na capacidade de resposta dos Cuidados de Saúde Primários, com mais meios humanos e materiais, e com a esperança de que a nova organização na gestão das unidades de saúde (Unidades Locais de Saúde – ULS), possa ajudar a minorar estas assimetrias. Assim como, o alargamento da capacidade de resposta nos cuidados paliativos e nos cuidados continuados, muitos deles à mercê das instituições privadas ou de solidariedade social.

Garantido estará já, e será uma boa notícia para as “gentes” dos distritos da Guarda e de Viseu, a conclusão da requalificação do Departamento da Criança e da Mulher na ULS da Guarda, e o início do tão aguardado (há vários anos) Centro Oncológico na ULS Viseu Dão-Lafões.

Este plano orçamental é ainda “jovem” e “saudável”, aprovado na generalidade no passado dia 31 de outubro, mas aguardamos ansiosamente que seja exequível e executável, para o bem de todos e da saúde de cada um.

Webinar  intitulado: “AVC em Portugal: o que dizem os dados?”

Vai decorrer um webinar  intitulado: “AVC em Portugal: o que dizem os dados?”, uma iniciativa com o patrocínio da Astrazeneca. Será nesta quarta-feira, dia 20 de novembro, entre as 17h30 e as 18h30.

A sessão contará com a presença do Prof. Vítor Tedim Cruz, presidente da Direção da SPAVC, para a abertura e contextualização, seguindo-se duas apresentações com dados inéditos: o Dr. Miguel Rodrigues, com o tema “O custo de tratar o AVC em Portugal”; e a Dr.ª Elisa Campos Costa, para comunicar os novos resultados do estudo PANORAMA-AVC. 💡

Artigo de Luís Miguel Condeço—Há sonhos que morrem cedo demais

 

Autor

Luís Miguel Condeço

Professor na Escola Superior de Saúde de Viseu

 

A Associação Salvador tem-se distinguido nos últimos anos, pela constante preocupação em tentar que os sonhos de todos aqueles que circulam ou utilizam a via pública (caminho, estrada ou via rápida), não morram cedo demais.

Desde 2003, que Salvador Almeida desenvolve projetos ambiciosos e com enorme impacto na comunidade, relativamente à integração e melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência motora. A maior parte, tal como ele, vítimas do flagelo que tem assolado Portugal e a Europa nas últimas décadas – a sinistralidade rodoviária.

Há 23 anos em Viseu, várias instituições ligadas à saúde e ao ensino, criaram o Grupo de Alerta para a Segurança, associação legalmente formalizada em 2006. Com objetivos distintos da Associação Salvador, mas com a mesma matriz: contribuir para uma cultura de segurança através das estruturas comunitárias e diminuir a taxa de morbilidade e mortalidade infantil, associadas aos acidentes rodoviários e de lazer (ou domésticos).

A segurança infantil e rodoviária, tem sido abordada de forma frequente por profissionais de saúde, profissionais da educação e forças de segurança, além da comunidade em geral. A sinistralidade rodoviária em Portugal continua a ser uma sombra persistente sobre as nossas estradas, uma tragédia que nos confronta com a perda de vidas e o sofrimento das famílias.

No último relatório (Sinistralidade a 24h e fiscalização rodoviária), dos primeiros cinco meses do ano, a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária traçava um panorama muito negro no nosso país. Apesar do esforço e melhorias pontuais, o panorama atual revela 14.658 acidentes com vítimas registados, resultando 182 vítimas mortais e mais de mil feridos graves. De salientar, o aumento do número de acidentes em alguns distritos, como é o caso da Guarda, situando-se em terceiro lugar com maior aumento da sinistralidade (15%).

Preocupada com este flagelo, a Assembleia Geral das Nações Unidas, formalizou em 2005, o Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada, a ser evocado no terceiro domingo do mês de novembro. Este ano, no dia 17, pretende-se honrar as vítimas dos acidentes rodoviários, bem como prestar apoio às famílias e sensibilizar a sociedade para a importância da segurança nas estradas. A evocação é também uma oportunidade para refletir sobre medidas preventivas e políticas de trânsito que possam reduzir o número de acidentes.

E que medidas podemos implementar para reverter esta tendência?

Educação e consciencialização permanentes – a educação rodoviária deve começar cedo e ser integrada de forma contínua no percurso escolar e profissional. Mais do que nos preocuparmos com os condutores, precisamos de uma campanha robusta, capaz que chegar a outros condutores (ciclistas, motociclistas e peões), formando para a adoção de práticas seguras.

Melhoria das infraestruturas – As zonas urbanas e as vias de tráfego elevado exigem uma renovação urgente das infraestruturas. A prioridade deve estar na criação de ciclovias e percursos pedonais, reduzindo a exposição ao perigo de veículos maiores. É exigível, estradas bem sinalizadas e com iluminação adequada, assim como, manutenção contínua dos pavimentos.

Reforço da fiscalização e tecnologia de controlo – Hoje a tecnologia tem um papel essencial em várias áreas do conhecimento, sendo benéfica a sua utilização na fiscalização e controlo da velocidade.

Fomento da utilização de tecnologias de segurança – Incentivo ao uso de veículos equipados com assistência à condução (sensores de colisão, travagem automática e alertas de fadiga).

Apoio a vítimas e famílias – Embora a prevenção seja crucial, devemos também melhorar o apoio oferecido às vítimas de acidentes e às suas famílias. Mais assistência psicológica e jurídica, e programas de reabilitação física e mental para os feridos são fundamentais para uma recuperação mais célere e menos dolorosa.

A segurança rodoviária deve ser encarada como uma prioridade nacional, exigindo um compromisso político que vá além das estatísticas anuais. Cada vida perdida, é um sonho que morre cedo demais.